The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story 2x01 – The Man Who Would Be Vogue
“First,
people wheep. Then, they whisper”
QUE ESTREIA
ESTUPENDA! Maravilhosa e impressionante, “American
Crime Story” nos prendeu desde os primeiros segundos, quando estamos em
Miami Beach, 15 de Julho de 1997, em uma longa sequência de apresentação de
Gianni Versace, o rico estilista italiano, de um lado, e de Andrew Cunanan, o
assassino em série, de outro. Fiquei sem fôlego desde o primeiro momento, e
agora eu tenho que dizer: DARREN CRISS, ESSE MOMENTO É SEU! O primeiro
episódio, de 52 minutos, foi cheio de fôlego e apreensão, em uma produção
impecável e atuações imperdíveis – mas Darren Criss como Andrew Cunanan foi um
verdadeiro exemplo, personificando toda uma complexidade de sentimentos
contraditórios dentro de si, expressando, talvez, a própria mente conturbada de
um assassino em série. A expectativa que acompanhou a longa espera por “The Assassination of Gianni Versace”
foi muito bem recompensada.
A trama de “American Crime Story” foi muito bem
conduzida em sua primeira temporada, e as expectativas são altas para o segundo
ano, mas parece que não há o que temer: o roteiro está impecável. E isso está
expresso já em cenas como a dita introdução, de uns 7 minutos, aproximadamente,
que pouco contou com falas, mas que
foi brilhante para apresentar Versace e Andrew Cunanan, em paralelo. De um
lado, a vida quase fútil de Gianni Versace, e a maneira como ele podia ser um
tanto quanto arrogante e indiferente com seus fãs (“Versace? Can I have your autograph?” “Not today, thank you”), e de
outro todo o tormento de Andrew Cunanan, ainda a ser explorado. Temos a sua
mochila, o seu livro, a arma, a cicatriz na perna… aquele grito forte no mar. Darren Criss brilhou em sua
interpretação desde esses primeiros minutos…
E então Andrew atira em Versace, na frente
de sua casa.
Surpreendentemente,
voltamos no tempo depois desse take.
Estamos em Outubro de 1990, e parece que temos MUITO que entender para chegarmos
ao momento do assassinato com todas as peças em seu devido lugar. San
Francisco, Califórnia, e Andrew está todo contente porque “conheceu Gianni
Versace”, contando uma versão diferente da que vemos acontecer, de fato, em um
clube gay bastante provocante – inclusive, a temporada promete ser QUENTE!
Darren Criss está lindo, e temos o Ricky Martin… WOW. Ali, no clube, sentimos,
quiçá, uma obsessão de Andrew e uma primeira indiferença de Versace, mas Andrew
é insistente e dá um jeito de conquistar
sua atenção, eventualmente. Ele se aproxima, ele se impõe, e ouvi-lo contar
“como aconteceu”, mas em outras palavras, me faz pensar que ele realmente acredita naquelas coisas que
está dizendo. Uma mente perturbada e um tanto quanto paranoica, mas
profundamente determinada, inegavelmente.
“Versace has invited me to the Opera. Of course I said yes”
Andrew
Cunanan tem um encontro com Gianni Versace na ópera, cujo figurino foi
desenhado pelo estilista, e ele se prepara para “impressionar”, segundo suas
palavras – o que nos permite até uma espiada na bunda do Darren Criss, diga-se
de passagem! E ele está realmente impressionante,
se esse é seu intuito, com aquele terno, os óculos, o cabelinho arrumado… além de sua habilidade de dissimulação para
fingir lágrimas, por exemplo. Cunanan é manipulador.
A sua conversa com Versace após o espetáculo evidencia isso com vigor. A forma
como diz o que Versace “quer ouvir”, jogando o tempo inteiro, e promovendo uma
tensão sexual e um desejo entre os dois palpável, mas mesclado ao perigo, à ameaça velada. À sensação de que “algo vai
acontecer”. E a verdade é que o próprio Versace sabe ser perfeitamente
provocante e cruel… como quando
aproxima a mão de Cunanan, mas não para um carinho, como ele esperava.
Um intenso jogo de poder.
“I’m so happy right now”
“You should be. You’re handsome, clever”
Por ora, é
tudo o que temos sobre o que aconteceu no passado entre Gianni e Andrew. Voltamos
a 15 de Julho de 1997, o momento em que Cunanan matou Versace e observou o
corpo entre a poça de sangue que começava a se formar, com um misto de prazer e
confusão em sua expressão quase indecifrável, antes de escapar quando o
namorado de Versace aparece. Aqui, Darren Criss dá outro exemplo de atuação na
cena do carro, quando mexe com os óculos e grita, numa espécie de celebração
doentia que mistura o prazer e a raiva, a euforia e o sofrimento. Tudo é muito complexo nele. E então a
perseguição já se inicia, enquanto Versace é levado para o hospital, onde acaba
morrendo às 9:21 da manhã. Andrew Cunanan, por sua vez, consegue escapar, mesmo
quando eu achei que ele tinha quase sido pego… mas era outro cara com a roupa parecida com a dele.
Ele é bom no que faz!
Uma das
coisas que mais me assombrou e mais me incomodou é a maneira como as pessoas
tornam isso um ESPETÁCULO. Muito se fala atualmente sobre as pessoas que pegam
seus celulares e tiram fotos de desgraças para postar nas redes sociais e tudo
o mais, mas vide como, mesmo em 1997, as
coisas não eram muito diferentes. Aquele cara que, ao invés de ajudar ou se
calar, corre até o carro para buscar sua polaroide, tira uma foto de Versace, e
depois fica tentando vendê-la para a imprensa na frente da casa, numa espécie
de LEILÃO. Também aquela mulher que arranca a página de Versace de uma revista
e corre até a cena do crime para empapar a folha no sangue do homem, por “recordação”
ou para vender mais tarde… de toda maneira, ISSO É DOENTIO. E eu achei isso
extremamente perturbador, porque tornou tudo muito mais REAL.
Outra cena
marcante, e rápida, foi o momento em que Andrew vê a notícia da morte na
televisão, e uma mulher na frente dele cobre a boca, horrorizada. Ele dá uma
olhada e imita o movimento, como se não
soubesse como reagir numa situação dessa. É BRILHANTE. E as coisas andam
depressa, em um primeiro episódio repleto de informações. Andrew Cunanan,
responsável por quatro outros assassinatos antes desse, já é o principal
suspeito do crime, e a polícia interroga o namorado de Versace, as relações
estranhas entre eles e os caras que vinham até a casa para fazer sexo com eles,
além da chegada de Donatella, com toda uma força que tenta preservar a memória
do irmão e impedir que eles também o julguem ao lado do responsável por esse
crime horrendo. Responsável esse em
liberdade, comprando jornais com a notícia.
Egocêntrico e satisfeito com seu crime.
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