The End of the F***ing World 1x02


“I am gonna be so fucked off if we get murdered”
AH, E EU ESTOU AMANDO ESSA MALUQUICE! Em quesitos técnicos, a série é impecável. Ela tem uma fotografia impressionante e uma trilha sonora lindíssima! Em termos de história, eu estou amando. Tudo é bizarro, e incrivelmente forte. “The End of the F***ing World” é vendida como uma comédia quando, na verdade, tem esse tom cômico europeu que é bem diferente daquilo a que estamos habituados. É uma série forte, com situações pesadas, e personagens complexos. E isso não quer dizer que você também não consiga se divertir em alguns momentos. Esse episódio, mais do que o personagem de James, aprofunda o personagem de Alyssa, e eu gosto mais dela a cada momento… gosto da sua atitude, e de como (não) lida com as coisas, e a verdade é que ela não é uma “rebelde sem causa”, porque a quantidade de sofrimento que enfrenta é alta.
E ela quer atenção, carinho… agora está em busca do pai.
Começamos o episódio com aquela ÓTIMA cena do trailer em que o carro está batido em uma árvore, e James se pergunta se o carro vai explodir, mas Alyssa diz que aquilo não é um filme. “If this was a film, we’d probably be American”. Três horas antes, vemos o que nos levou até o acidente de carro, com aquela brilhante e divertida partida de laser tag (“Sometimes I look at him and I think: ‘Are you a bit dead?’”, o que é uma ótima maneira de descrever o James!), e a cena da lanchonete: “Alyssa was really good at annoying people”. É o momento em que falam brevemente sobre os pais e descobrem que eles precisam fugir sem pagar a conta, porque nenhum dos dois tem dinheiro… mas tudo bem, segundo os ensinamentos do pai de Alyssa, porque não tem problema roubar de grandes redes. “If it's a chain, it's free rein”. E James já sabe que, com Alyssa, precisa demonstrar atitude.
“Shit!”
É assim que ele acaba sem camisa e o carro explodido… “We should have sex” “What? Now?” E só de tentar tirar a blusa enquanto dirige, o carro bate em uma árvore e, dentro de alguns segundos, embora eles “não estejam em um filme”, O CARRO EXPLODE. E eu ri. Também ri muito da risada da Alyssa… ela é louca. “What the fuck are we gonna do now?” Uma das coisas mais geniais de “The End of the F***ing World” são os pensamentos dos personagens, e como é bom escutá-los e notar o quanto eles diferem do que eles estão dizendo em voz alta… Alyssa tem um desejo secreto de “ir para casa”, por exemplo, mas ela fica na defensiva quando James sugere isso. E enquanto ela pede que ele pense no que fazer, uma vez ao menos, ele pensa em matá-la, mas a verdade é que não é o momento. “I couldn’t have done it there. The car would’ve linked me to the crime”.
Outra coisa que merece ser elogiada na série: QUE TRILHA SONORA IMPECÁVEL. Enquanto eles caminham sozinhos pela floresta, sem rumo, prestes a pedir uma carona, embora, como Alyssa bem ressalta, só um weirdo pararia para ele. “Why is no-one stopping?” “Probably because you've got your tits out. I'm serious, no-one stops for weirdos, except other weirdos. And you look like a proper day release”. Então, exatamente como ela previu, um velho bizarro e criminoso para para eles, e James é incapaz de ver que pode ter alguma coisa errada, e entra no carro quase sem hesitar… eu me diverti com as expressões de Alyssa, com comentários como “I am gonna be so fucked off if we get murdered”, ou então a respeito de como o carro cheirava a chulé… e é ali, no carro, que o homem fala sobre ligar para a mãe dele e ele fala que sua mãe está morta.
Alyssa não fica muito feliz por James ter mentido para ela que a mãe estava no Japão, e lentamente eles vão se conhecendo melhor, enquanto Alyssa segue na defensiva contra o velho caroneiro, e James segue inocentemente (?), em notar nata… até aquela tenebrosa cena no banheiro, em que o velho “puxa uma conversa” com “What happened to your hand?”, mas acaba aproximando-se de James e abusando dele, fazendo-o pegar em sua genitália… e a verdade é que James não é capaz de reagir a isso, até que Alyssa apareça perguntando “What's going on?” Se a cena foi bizarra, forte e criminosa, Alyssa é quem realmente ARRASA, sendo toda poderosa contra o velho, ameaçando de ir até a sua família para “contar tudo”, e conseguindo a sua carteira e o seu dinheiro. Também é forte quando Alyssa pergunta a James por que ele deixou o homem fazer isso, e pergunta se aconteceu algo com ele quando ele era criança.
Mas ele diz que não, e o assunto é encerrado.
Tanto Alyssa quanto James é o que chamamos de “fucked up”, e talvez por isso aos poucos eles se conectem. A cena do hotel, toda zoada como tudo em “The End of the F***ing World”, é potencialmente forte. Ela pede para ele ligar a TV, encontrar um pornô, e então chora, e vai para o banheiro chorar. Enquanto ela está do lado de dentro, triste e chorando, ele está do lado de fora, com a faca, nervoso esperando ela sair para matá-la… mas ele desiste quando a escuta chorar, e isso é bonitinho, de um jeito bem louco. Então Alyssa toma uma decisão: ela liga para casa, o NOJENTO do seu padrasto atende e é cruel dizendo que a mãe não queria falar com ela, e ela decide ir para a casa do seu pai, liberando James caso ele não queira acompanhá-la. Acontece que ele pode voltar para casa, ela não. Mas ele diz que vai com ele. Para finalizar, ela deita, se vira e pergunta: “James? Will you cuddle me?”, E AQUILO FOI TÃO FOFO.
O episódio termina com os dois deitados juntos, de conchinha…
E de uma forma bizarra, aquilo é absolutamente fofo.
As coisas estão mudando.

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