Vale o Piloto? – The End of the F***ing World 1x01


FUCK. THIS. SHIT”
A estreia de “The End of the F***ing World” é peculiar. No mínimo, bizarra. E, no meio de toda essa bizarrice com a qual, talvez, não estejamos acostumados, encontramos carisma, boa interpretação e agilidade do roteiro… dá vontade de ficar para assistir mais. Acho que o grande acerto da série é parecer tão absurdamente surreal que chega a ser cômica, embora tenha algumas cenas angustiantes, e outras bem tristes, no meio de toda essa inovação do humor britânico. Além de tudo, o humor é baseado em uma boa dose de ironia, que torna tudo ainda mais interessante. Conhecemos James (“I’m James. I’m 17, and I’m pretty sure I’m a psychopath”) e em seguida conhecemos Alyssa. Dois adolescentes problemáticos que se unem inesperadamente e, quem diria, formam uma dupla e tanto. Não sei onde a vida os levará no restante da temporada.
Mas mal posso esperar para descobrir.
James ficou a vida inteira tentando sentir algo. Quando era criança, percebeu que não tinha senso de humor (também pudera, com aquelas piadas sem graça do pai dele!), e então ele nos conta: “I’ve always wanted to punch my dad on the face”, o que é surpreendentemente importante nesse primeiro episódio. Aos 9 anos, ele colocou sua mão na fritadeira em busca de sentir algo, e aquela foi a cena mais angustiante! Aos 15 anos, ele colocou o gato da vizinha em uma caixa, levou até o mato, e O MATOU. Foi o primeiro animal que matou, e desde então matou muitos mais e, segundo ele, ele se lembra perfeitamente de cada um deles. Atualmente, ele pensa em “matar algo maior”: “School was beneath me, but it was a good place for observation and selection. Because I had a plan. I was going to kill something bigger. Much bigger”.
Tipo a Alyssa.
Alyssa é uma garota que, compreensivamente, quer FUGIR. Ela escapa por alguns segundos para um mundo só seu onde parece que se sente livre, até que seja brutalmente arrastada de volta para sua vida miserável. Tony, o marido de sua mãe, é um sujeito desprezível e nojento, sua mãe é uma babaca, e o seu pai está ausente desde que ela tinha 8 anos de idade – ela nunca mais o viu. “I don’t trust people who fit in”. É assim, cansada de tudo e de todos, que ela se aproxima de James, aquele garoto estranho sentado sozinho no refeitório, com fones de ouvido: “I’m not saying he’s the answer… but he’s something”. AMO AS NARRAÇÕES, amo como ela busca algo nele, e como ele acha que ela seria interessante de matar. Então, ele finge que está “apaixoando” por ela, e acho que não há nada mais BIZARRO do que aquela cena do primeiro beijo!
E esse “diálogo” genial:

“I don’t have a phone”
“Okay”
“I smashed it”
“Okay”
“Like… on purpose”
“Okay”
“So you can't call me”
“Okay”

Como eu disse, A SÉRIE TEM MUITO CARISMA. Não tem como não se envolver e não gostar desses personagens quase de imediato. Ele e sua falta de emoção são HILÁRIAS, e ela é um máximo, especialmente em cenas como aquela do “primeiro encontro”, quando ela desafia aquela mulher idiota que quer dar lição de moral por causa de um “palavrão” que ela disse. ALYSSA ARREBENTA! \o/ “Bye, Marvin!” Depois disso, ela se voluntaria para ir até a casa dele, e ele acha que é a oportunidade perfeita para matá-la… “Whatever. Can we go to your house?” E as cenas, bem estranhas, já nos mostram Alyssa morta nos cenários dentro da mente de James! E ela diz as coisas que ninguém deve ter dito antes: perguntando sobre o porquê de a casa ser tão estranha, ter tantas janelas… enfim. Ali, brevemente, conhecemos um trauma de James, que diz que não gosta do balanço “retrô”, sem dizer o motivo, e é porque é onde tem memórias com sua mãe.
Eu ri do “Alyssa was kind of a nymphomaniac”, e de como Alyssa enfrentou o pai tremendamente babaca de James depois de comentários desprezíveis sobre como achou que o filho era gay ou que nunca nem tivesse se masturbado (“I actually masturbated once a week for medical purposes. I knew it wasn’t good to let things build up”). Ela diz: “Maybe I’m gay. Maybe he’s asexual. We're dealing with a really broad spectrum these days”. APLAUDI. Então ela fala sobre como o pai dele é um idiota, e ele fala sobre como sente vontade de dar um soco nele, e ela diz que acha que ele devia mesmo fazer isso. Por fim, ela completa com “Have you ever eaten a pussy before?”, que deixa ele todo nervoso (e é hilário vê-lo contendo suas emoções, e “demonstrando confiança”). “I want you to eat mine”. Novamente, outra oportunidade perfeita para matá-la.
Mas ele ainda não vai conseguir fazê-la. Ela nos conta sobre como “se sente segura com ele”, enquanto o vemos afiar a faca para matá-la, o que é bem irônico, e então vem à mente de Alyssa a ideia de fugir. Afinal de contas, a sua mãe é uma idiota, e o seu padrasto é nojento. Ela não tem mesmo porque ficar ali. E o padrasto pergunta porque ela não vai embora, se odeia tanto aquilo tudo. É com esse pensamento que ela chega na casa de James, e eu ADORO ver os diferentes pensamentos de cada um, ela pensando que talvez pudesse se apaixonar por ele, ele pensando qual seria a melhor posição para matá-la… então ela sugere que eles fujam, e ele decide que não tem pressa. Eles podem fugir. Então, a que talvez tenha sido a melhor cena e a melhor fala do episódio: “I didn't know where we were going or when I was going to kill her, but I punched my dad in the face and stole his car and that felt like a good place to start”.
COMEÇOU.
James e Alyssa estão soltos pelo mundo…

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