Chiquititas (2015) – A mãe da Maria
“Mamãe, fica boa logo pra gente brincar de boneca!”
Recentemente,
“Chiquititas” entrou em uma nova fase
em que tudo mudou. Crianças saíram e voltaram do Orfanato Raio de Luz, por
exemplo. Primeiro a Pata e o Mosca, que voltam a morar com a Grazielly. Logo em
seguida a Mili, que vai morar com a Gabi durante o período em que está cega e,
por fim, a Bia, que vai morar com o tio Edgar. Com o tempo, uma a uma também
retornam ao Orfanato. A Pata e o Mosca depois de serem roubados pela tia, a
Mili depois de voltar a enxergar, porque não aguenta mais ficar perto da
Marian, e a Bia porque pede a Cíntia pra voltar, porque não gosta de morar com
o tio e sabe que ele está envolvido com pirataria. Depois dessas histórias se
fecharem, mais ou menos, é hora de uma pequena ganhar destaque na trama: A
MARIA. E todos queríamos ver Sophia Valverde brilhar no momento da trama
dedicado a ela.
Naturalmente,
a Maria sempre foi uma das personagens favoritas de todo mundo. Queridinha do
público, ela tem bastante destaque na trama na sua entrada, quando é encontrada
entre as latas de lixo por Carolina, e então acaba no orfanato junto com as
outras crianças, sem nunca falar nada, a não ser quando está sozinha com sua
boneca que vira menina, a Laurinha. Ali a personagem foi construída, com um
trauma ainda desconhecido a impedindo de falar, e sabemos que tem a ver com o
seu pai ou padrasto, porque ela tem medo de homens que se aproximam dela. Com o
tempo, recebendo amor e carinho, Maria vai se soltando, e embora Sophia
Valverde ARRASASSE em sua interpretação da Maria sem falas, é muito bom ouvi-la falar pela primeira vez, e ela o faz
em um momento e tanto, para ajudar a Dani. Justamente
a Dani.
Agora, para o
seu sofrimento, ela é obrigada a reviver todo o trauma que a deixou “muda” lá
no começo da novela. Sua mãe surge no portão do orfanato, espiando, e Maria,
assustada, sai correndo para dentro de casa, para conversar com a Laurinha e
contar-lhe que “fugiu de casa porque não queria mais morar com ela e o
padrasto, que é um homem muito mal”. Maria sabe, e diz, que sua mãe é uma
mulher boa, mas fica triste por ela não conseguir deixar Milton, que tanto a
faz sofrer – e ela teme que vá ter que voltar a morar com eles, agora que a
encontraram. A tristeza e o medo de Maria estão estampados em seu rostinho
inocente quando a mãe a abraça, falando com Cíntia sobre levá-la para morar com
ela, dizendo que agora Milton “é um homem diferente”, e é um discurso bastante
vergonhoso e triste… a mulher acredita no
homem que bebia e batia nelas.
Também temos
que cuidar muito com o que vamos tratar aqui, e eu acho que “Chiquititas” faz um bom trabalho ao
mostrar os dois lados de uma mesma história, através de três personagens. A
história de Maria com o padrasto é similar à de Vivi com o pai. Gostamos muito
do Cícero, confiamos plenamente em sua melhora, e agora ele é um homem
admirável. Diferente de Milton, que não
mudou nada. Então é com muito sofrimento que vemos Maria chorando e saindo
correndo com medo quando Joana, a mãe, diz que quer que ela volte a morar com
ela… quem a acolhe é Gabi, que estava no orfanato para conversar com a Mili, e
quando Maria fala do retorno de sua mãe e de seu medo, Gabi a abraça e promete
ajudá-la, dizendo que se ela não se sente segura com a mulher, ela não é obrigada a nada. E a Carol não é
mais diretora do orfanato para ajudar a resolver esses problemas.
Maria tem
pesadelos, acorda assustada durante a noite, sofre só com a possibilidade de
retornar para a casa da mãe, e começa a nascer uma relação bonita entre Maria e
Gabi, onde elas conversam, onde Gabi se mostra uma mãezona, e elas falam até da
saudade que ambas sentem do Fantasma. Gabi promete que vai cuidar dela, e a
garota diz: “Sabe, você é tão boazinha
quanto o Fantasma!” Com medo de voltar a morar com a mãe, Maria foge para
os túneis, para desespero geral daqueles que realmente se importam com ela, e Gabi fica furiosa com Carmem e Cíntia, e é ela, conhecendo bem a garota, quem
desce até os túneis atrás da Maria, novamente prometendo proteção, mas
eventualmente Maria cede… a mãe vem conversar com ela e perguntar o motivo de
ela ter medo de morar com ela (?), e por causa dos olhinhos tristes da mãe e
por amá-la, Maria resolve tentar morar com ela…
E eu sofri demais.
“Filha, eu queria te pedir perdão por não
ter conseguido te proteger. Você me ama?”
“Amo. E amo muito”
A verdade é
que Maria evidentemente queria ser
feliz, ela não estava triste de ter encontrado a mãe, mas a perspectiva de
voltar a morar com o cara que outrora batera nas duas é apavorante. A chegada
em sua nova/antiga casa é triste, repleta de tensão, e imediatamente ela e a
Laurinha sentem saudades do orfanato… quando o padrasto aparece, pela primeira
vez, Maria o recebe com um silêncio que escancara seu pavor. É só no segundo
dia que ele começa a encrencar, primeiro com a Laurinha durante as refeições,
dizendo que “a mesa não é lugar de brinquedo”, e o seu principal problema é o
quanto é autoritário e intolerante.
Não custava nada deixar a garota ficar com a Laurinha na mesa, uma vez que
nenhuma das duas estava incomodando ninguém, mas ele a pega à força e a joga na
sala. E a Laurinha é o seu refúgio, o
lugar em que ela se sente segura.
Quando a mãe
tenta defender a filha (“Você não
precisava ter jogado a boneca da Maria assim!”), ele diz que “ela faz as
vontades dela”, o que é bem idiota da parte dele. Então as brigas começam entre
os dois, e Maria escuta tudo abraçada com a Laurinha e chorando sem parar.
Milton é um babaca irrecuperável, e diz atrocidades como que “agora eles têm
mais uma boca pra alimentar” e que “ela tava melhor no orfanato”, embora eu não
possa argumentar contra isso. Foi crueldade
tirar a Maria do Raio de Luz! Nojento e violento, Milton fala tudo aos
gritos, e em tom de acusação, e o medo de Maria apenas cresce, por experiência.
“Você viu o que ele fez com a minha
boneca, mãe? Eu tô com medo que ele me bata”. E eu assisti apreensivo e com
medo enquanto Maria e Laurinha brincavam de casinha, inocentemente, e usaram
uma bandeira de Milton como toalha…
“Engole esse choro. Você acha que eu vou
ficar com peninha de você igual sua mãe?”
Depois dessa
cena, sabíamos que era uma questão de tempo até que tudo piorasse. “Mãe, ele chegou igual quando ele brigava
com a gente. […] Eu não quero que ele faça nada de ruim com você”, ela diz,
chorando e abraçando a mãe quando Milton chega em casa bêbado. Depois de todo
esse estresse, uma doença de Joana começa a se manifestar, e como se a pequena
já não estivesse sofrendo o suficiente, Milton ainda a acusa de ser a culpada
por Joana estar mal assim… então Joana acaba no hospital, e as coisas pioram e
pioram, com Milton sendo responsável por Maria, que prefere ir da escola direto
para o orfanato, e então Milton desconta na Laurinha, jogando ela no lixo, até
que uma garota de rua a encontre, interpretada por Julia Simoura, a Sabrina de “Cúmplices de um Resgate”. Em busca de
Laurinha, Maria e as pequenas do orfanato acabam no ferro-velho!
A cena do
ferro-velho é absurdamente TRISTE.
Ali, elas encontram garotas procurando comida no lixo, e percebem o quanto
reclamam de coisas pelas quais deviam ser gratas, e a cena me partiu o coração…
a Laurinha é encontrada com a “Sabrina”, e felizmente a menina tem bom coração
e aceita devolvê-la para Maria, embora tenha gostado muito dela… as duas se
abraçam, e as meninas conversam com a garota que mora na rua sobre pais,
escola, trabalho e brinquedos, então as meninas resolvem fazer algo por elas, e acabam de volta no
lixão, distribuindo comidas e levando brinquedos para as crianças carentes, e é
uma atitude muito bonita e que me levou às lágrimas. Maria está prestes a
perder a mãe, mas felizmente ela não perdeu a companhia inseparável de
Laurinha, porque essa garota realmente
precisa dessa boneca.
Depois de
muitas cenas desesperadoras de Maria chorando enquanto Milton está bêbado,
Joana acaba internada no hospital, e
então sabemos que o fim está próximo. Maria
a visita em momentos lindíssimos (“Mamãe,
fica boa logo pra gente brincar de boneca!”), e reza muito ao Papai do Céu
para cuidar de sua mãezinha, e embora alguns dias ela fique com a Gabi ou no
orfanato, Maria acaba uns dias com Milton, passando fome no que depender dele…
quando ele chega em casa, bêbado novamente, o medo está estampado no rosto de
Maria, e ela resolve fugir, dormindo na rua com a Laurinha até que Paçoca (!) a
encontre no dia seguinte e a leve de volta ao orfanato. Já é mais do que
evidente que Maria tem que ficar no
orfanato, onde ela tem pessoas que gostam dela de verdade e que poderão
cuidar dela se algo acontecer com Joana.
Mas a Gabi
também faz essa promessa. Quando leva Maria para visitar a mãe pela última vez,
Joana, preocupada, pede que ela prometa que vai cuidar da Maria se ela morrer, a faz prometer que “não
vai deixá-la desamparada”. Então, depois dessa cena triste, é como se Joana
precisasse dessa segurança para morrer em paz, e então morre. As cenas são rápidas, quase parecem editadas, embora
não estejam, e é Gabi quem vai até o orfanato contar para Maria que sua mãe
morreu, e a tristeza da garota é palpável: “Por
que minha mãe morreu? Quem vai cuidar de mim agora?” Enquanto chora
abraçada à Gabi, Gabi promete que vai cuidar dela de agora em diante, como
prometeu à sua mãe, e então sua decisão é clara: ELA QUER ADOTAR A MARIA.
Naturalmente isso pode ser um grande problema, porque ela será “irmã da
Marian”, mas Maria está feliz em ser
filha da Gabi.
Vamos ver
como isso se desenrola!
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