Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo! (Mamma Mia! Here We Go Again, 2018)
“Super
trouper lights are gonna find me / Shining like the sun”
De volta à
ilha de Kalokairi, de volta às músicas de ABBA e à diversão e emoção de “Mamma Mia!” Como é bom retornar, 10
anos depois, e reencontrar os personagens que tanto amamos, contando uma
história que se passa tanto depois do
primeiro filme quanto antes dele, ao
visitarmos o passado de Donna Sheridan e os seus encontros com os três
possíveis pais de Sophie, como chegou à ilha na Grécia, como se tornou dona do
futuro hotel, como engravidou e construiu tudo aquilo sozinha… no presente, que
se passa cinco anos depois do
primeiro filme, Donna morreu há 1 ano, e agora Sophie quer fazer uma grande festa
de reinauguração para o hotel, com o
nome de “Bella Donna”, em homenagem à mãe, e que agora está reformado e,
finalmente, do jeito que Donna sempre
sonhou. E nisso tudo, ela nunca se
sentiu mais próxima da mãe!
O filme é
EMOCIONANTE, acima de tudo. Na primeira metade do filme, no entanto, eu senti
que ele tem um tom muito mais melancólico
que o original – especialmente até que nos conformemos com a ideia de que Donna
morreu e que as coisas finalmente
comecem a dar certo para os planos de Sophie. Mas com os mesmos cenários
lindíssimos de Kalokairi, com novas músicas do ABBA e outras músicas que já ouvimos no primeiro filme, e todo
esse sentimento NOSTÁLGICO, o filme é um grande trunfo. Diferente do primeiro,
que foi composto como um musical no teatro
e transposto para as telas do cinema com poucas alterações, esse filme perde o
tom teatral de “Mamma Mia!”, tanto nos momentos musicais como nas transições de cenas, que parecem menos
fluídas, embora tenhamos uma grande produção de encher os olhos em todos os sentidos.
Uma das
melhores coisas de “Mamma Mia! Here We Go
Again” (além do título, porque, sério, eu ainda acho que isso é GENIAL!) é
o elenco e a interação entre o presente e o passado, muito mais conectados do
que eu esperava, sem que pareça forçado. E em parte isso tem a ver com o ótimo
elenco que abraça os personagens que já existem há quase 20 anos nos teatros e
10 no cinema, e fazem com que essa obra esteja intimamente conectada com a outra, e o resultado é belíssimo.
Também gostei do cuidado extremo em pequenos detalhes que me remeteram a “Mamma Mia!” e que fazem toda a
diferença – são pequenos detalhes como a Sophie liderando “Dancing Queen” como Donna outrora liderara, ou a finalização da
música “Mamma Mia”, que acaba com a
Donna caindo na casa de cabras e, agora, acaba com a Donna caindo do palco nos
braços de Bill…
Pequenas
referências que tornam o filme grandioso!
Ah, sem
contar o elenco que RETORNA! Eu tenho receio de sequências, de modo geral, e eu
temo ainda mais sequências de musicais – até porque já tivemos algumas
experiências ruins quando se trata
disso. Mas um dos segredos de uma BOA SEQUÊNCIA, além de uma boa história, é a
presença dos atores que fizeram o filme
grandioso em primeiro lugar. Assim, todo o elenco principal (Sophie, Sky,
os três pais, as amigas e Donna) retorna, e o fato de Donna Sheridan ter
morrido há um ano é o mote para o filme, o que conecta 1979 e 2004 (pelos meus
cálculos, é quando a história se passa, mais ou menos), e o que gera um
suspense pela aparição ou não de Meryl Streep, o que é guardado para um momento
profundamente emotivo já perto do final do filme, mas que destruiu-nos por
completo e no momento certo: no ápice de
toda a emoção que nos levou até ali.
O filme tem
uma primeira cena curta e linda, nos remetendo ao filme original pela primeira
vez: Sophie escrevendo e enviando cartas. Dessa vez, os convites são para a
Festa de Reinauguração do hotel, e ela envia para os pais, dessa vez,
chamando-os de pais, enquanto canta “Thank
You (For the Music)”, que ainda não ganha uma apresentação completa, mas que é uma das músicas mais
lindas do ABBA na minha opinião. Em paralelo, vemos a loucura de Donna Sheridan
em 1979 (interpretada por Lily James), se graduando da escola, chegando
atrasada para ser oradora da turma, com botas chamativas, fazendo uma brilhante (!) interpretação de “When I Kissed the Teacher” com as
amigas. É divertido, é leve, é “Mamma
Mia!”, e isso me fez sorrir de emoção – percebi o quanto eu sorria bobamente, apenas curtindo aquele momento, aproveitando cada segundo.
E que
sequência linda!
Então,
começamos a acompanhar as coisas sobre as quais anteriormente só ouvimos falar.
Donna Sheridan não quer voltar para casa,
ela quer sair, se aventurar e se divertir – conhecer o mundo, descobrir o seu
futuro inesperado. É assim que ela conhece Harry Bright (interpretado por Hugh
Skinner) em Paris, em uma cena divertida e fofa em um hotel, com ele tentando falar francês… sem sucesso algum. Sou suspeito para
falar, porque sou apaixonado pelo
Harry, e o Hugh Skinner é um fofo,
mas me apaixonei novamente. Com cada
momento, com aquela divertida “Waterloo”
no restaurante, com uma coreografia ágil e bonita, ou com como ele é meio
inseguro, mas totalmente querido.
Segundo esse segundo filme, Harry foi
o primeiro dos três com quem Donna transou, embora, de acordo com o diário de
Donna no outro filme, ele foi o terceiro.
Anyway…
Depois de
Harry vem Bill (interpretado por Josh Dylan), já na Grécia. Ela perde a balsa para ir à Ilha (como os três pais
perdem no primeiro filme), e (também como no primeiro filme) Bill está ali para
“resgatá-la”. Ele é mais sedutor, com penetrantes olhos azuis, e ele tem um
charme quase indescritível. A música
que compartilham é “Why Did It Have To
Be Me?”, e eles estão sozinhos no barco, com a ausência de um coro e props compensada pela química fascinante
da dupla e os cenários lindíssimos da Grécia… eles ainda não chegam a transar,
por causa de Alexio pedindo ajuda para encontrar sua amada, Apollonia. É
divertido, um tanto quanto bizarro, e exatamente o tipo de coisa que esperamos
de “Mamma Mia!” e dessas brincadeiras com as tragédias gregas e
tudo o mais… detalhe para o retorno de
Alexio no presente, depois.
Por fim,
Donna conhece Sam (interpretado por Jeremy Irvine), o cara por quem ela
realmente se apaixona – também pudera, lindo daquela maneira, andando naquela
moto embaixo de chuva, oferecendo ajuda para uma desconhecida, arriscando-se
para salvar um cavalo… como resistir?
(Destaque para a cena do cavalo, eu fui o único que pensei em “Cavalo de Guerra”? Dificilmente) O
romance deles é fofo, puro, e durante “The
Name of the Game” (AMO essa música!), quando tudo parecia perfeito, ela encontra a foto de Sam com
outra mulher, para logo em seguida descobrir que ele está noivo e mandá-lo embora, porque não quer ouvir as suas
explicações. Assim, eles incluem lindamente
“Knowing Me, Knowing You” no filme,
uma das músicas que estão no musical e foram omitidas do primeiro filme, de
2008 – outro cuidado importante que
tornou o filme AINDA MELHOR a meu ver! É um dos melhores momentos de Lily James, e eu adoro o Jeremy no fundo cantando "This time we're through, we're really through". Minha música favorita de Donna e Sam... em qualquer idade.
O filme foi
bem dinâmico e claro ao apresentar “os três pais de Sophie” no passado,
mesclando com o presente, onde tudo parecia
estar dando errado. Sophie planejou tudo da maneira como a mãe gostaria que
tivesse sido, mas tudo parecia estar
dando errado. Bill e Harry tinham compromissos e não poderiam vir à Festa
de Reinauguração, e Sky tinha recebido uma proposta de emprego e pensado em não voltar para a ilha, em uma dolorosa
conversa por telefone – a que se seguiu um dos meus momentos musicais favoritos
do filme, que é “One of Us”, outra
canção do musical omitida do primeiro filme e que, aqui, ainda funciona como
uma espécie de paralelo a “S.O.S.”,
de Donna e Sam no primeiro filme, pelo próprio estilo da filmagem, das posições
deles e tudo. Para completar, uma tempestade arruína tudo o que Sophie tinha planejado.
Decoração.
Convidados. Cobertura da imprensa.
Assim, é
interessante notar que “Mamma Mia! Here
We Go Again” não é apenas sobre “os amores de Donna”, mas também sobre sua
determinação e a capacidade de realizar o
seu sonho colocando aquele hotel para funcionar, enquanto Sophie precisa recomeçar todos seus planos. Assim,
vemos a linda apresentação de “I Have a
Dream”, interpretada pela Jovem Donna no passado, enquanto Sophie mostra
todas as reformas e como está o hotel para Tanya e Rosie, enquanto elas se
perguntam como Donna fez aquilo tudo.
Sinceramente, eu acho que a música não fica tão poderosa na voz de Lily James como ficou na voz de Amanda Seyfried
no primeiro filme, mas é uma música sempre
capaz de me arrancar ARREPIOS. E foi inteligentíssimo mostrar esses dois
aspectos do hotel, separados por 25 anos. Sophie
tem razão em querer tanto homenagear a mãe!
Também queria
ressaltar dois momentos EMOCIONANTES e, a meu ver, paralelos do filme, um no
passado e um no presente. Em 1979, Donna não quer cantar com as amigas no bar
porque “não pode cantar sobre o amor se não o sente”, e começa uma triste
versão de “Mamma Mia” que,
convenhamos, é uma música triste. Mas
fica perfeitamente emocionante ao
mostrar a amizade e a parceria delas, e essa música tem o dom de nos fazer
SENTIR. Em paralelo, vemos as coisas começarem a dar certo no presente quando
Harry e Bill largam tudo para vir à Festa, e trazem com eles uma galera, incluindo o Sky, de volta para
Sophie. Eles vêm à Ilha ao som de “Dancing
Queen”, uma sequência emocionantíssima, com direito a Bill e Harry
reencenando Titanic (!) e Sophie recriando os passos da mãe liderando o
vilarejo… tinha até a mulher dos gravetos
de novo!
EMOÇÃO PURA! <3
Fiquei muito
feliz por Sky retornar, porque seria revoltante
vê-lo trocar tudo por um emprego no
continente – e enquanto Donna descobria, no passado, que estava grávida, Sophie
também descobria, no presente, a própria gravidez, e enquanto ela canta “I’ve Been Waiting for You” com Tanya e
Rosie, sendo parte da “Donna and the Dynamos” pelo menos uma vez na vida, vemos
Donna dando à luz no passado, só não sozinha por causa da presença de Sofia, de quem Sophie herdou o seu nome. Outro
momento lindíssimo é o batizado dos filhos, na igrejinha no topo da colina,
cenário de tanta confusão no primeiro filme, ao som de “My Love, My Life”, e quando a Jovem Donna entra com Sophie nos
braços e se aproxima da bacia, seu reflexo se transforma na Donna que
conhecemos, interpretada pela Meryl Streep, fazendo sua primeira aparição no
filme, como uma presença sempre constante na vida de Sophie… sempre ali para ela, sempre a amando.
Um BELÍSSIMO
momento de Sophie e Donna.
O paralelo de “Slipping Through My Fingers”.
E como não
comentar a divertida participação de Cher no filme, a avó “não convidada para a
festa”, que é quem nos presenteia com uma das músicas mais famosas do ABBA: “Fernando” (“Ruby!” “Fernando!”). O
filme, mais melancólico que o primeiro, encerra oficialmente em “My Love, My Life”, no batizado, e foi
um momento digno. Os créditos, então
(e eu estava ansioso por isso, tendo em vista os créditos do primeiro!), são
GENIAIS. Ao som de “Super Trouper”,
todos os atores podem soltar as vozes, podem colocar roupas no estilo ABBA e
ficarem lindos e, melhor, OS ELENCOS PODEM INTERAGIR. Fiquei todo bobinho e
emocionado ao ver Donna dançando com Donna, Sam dançando com Sam, Bill dançando
com Bill, Harry (não) dançando com Harry e assim por diante… um filme
grandioso, envolvente, dançante… uma bela
revisita à Ilha Kalokairi!
Para a review de “Mamma Mia!”,
de 2008, clique
aqui.
Que texto espetacular! Como eu estava esperando por ele! Eu praticamente reassisti o filme. Eu adoro Mamma Mia, porque foi com ele que você, meu amor, me ensinou a amar musicais. E eu acho que ele para sempre será o meu musical favorito. Chorei muito. Inclusive, agora, meus olhos se encheram de lágrimas ao ler o texto e relembrar algumas cenas marcantes, como: quando Donna e as amigas cantam Mamma Mia... Ah, eu não resisto! E você sabe bem disso, não é mesmo? E também fui muito tocado em Dancing Queen, com aquela gente toda chegando na ilha surpreendendo Sophie. Que cena linda! Impossível esquecer. Sem falar na cena do parto que eu achei super emocionante, porque me fez lembrar momento da vida, como, minha mãe batalhando sozinha para me criar, assim como Donna aparentemente estava. Me identifico muito com Mamma Mia, e tudo isso devo a você, que me apresentou este musical tão maravilhoso. Eu adorei essa sequencia, a escolha dos atores, cada cena e cada canção. Eu gostei tanto que nem vi o tempo passar enquanto assistia. Amei. Mamma Mia é mesmo um clássico.
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