Sítio do Picapau Amarelo (2002) – Os XII Trabalhos de Hércules, Parte IV
“Lelé, se eu for dizer tudo o que sinto, vai demorar
dez séculos!”
As crianças
do Sítio do Picapau Amarelo estão terminando sua aventura na Grécia Mitológica
e preparando-se para se despedirem do “Lelé”, quando “Os XII Trabalhos de Hércules” chega ao fim, apresentando os dois
últimos trabalhos (O Pomo das Hespérides e o Cérbero) e uma série de histórias
da Mitologia Grega, vivenciada pelos personagens ou contada por Dona Benta que,
por sua vez, está no Sítio, morrendo de saudade de seus netos, na aventura mais
longa da primeira temporada. Com 20 episódios, esse será um tamanho normal, ou
até pequeno, para histórias em
temporadas futuras, mas é um marco no primeiro ano da série, em 2001/2002. Os últimos
capítulos foram exibidos entre os dias 15 e 19 de Abril de 2002, e contam com
um final muito emocionante, porque tendo passado tanto tempo com o herói, as
despedidas a Hércules são tristinhas.
O próximo
trabalho proposto pelo Rei Euristeu é O
POMO DE OURO DAS HESPÉRIDES, e Hércules sabe que há um dragão de 100
cabeças que guarda o jardim, mas antes que eles possam se preocupar com esse
dragão, precisam encontrar o Jardim
das Hespérides, cuja localização ninguém conhece. A não ser, talvez, Nereu, “o
deus do mar aposentado”, que Hércules e o pessoal do Sítio vai visitar em busca
da informação – “Parece mais um casco de
navio velho do que um deus!” A velhice de Nereu, no entanto, é tão grande
que “pega”, e Hércules, Pedrinho, Narizinho e até a Emília (!) começam a
envelhecer também… só o Visconde não.
Segundo a teoria da Emília, ela também envelheceu porque “evoluiu, e é meio
boneca e meio gente”. Ao menos, a visita ao deus Nereu é o suficiente para que
eles descubram a localização do Jardim: LÍBIA.
Uma das
minhas histórias favoritas na Mitologia Grega é a história de ÍCARO, que
desafiou os deuses tentando provar que podia voar, e acabou morto por isso. Andando
pela Grécia Mitológica, as crianças veem Ícaro voando, e o Visconde conta a sua
história, enquanto a assistimos. Voando perto demais do sol, com a cera que
colava suas asas derretendo, Ícaro cai no mar, e Hércules e Meio-a-Meio, embora
tentem, não podem salvá-lo. É um momento trágico, que Emília transforma em
cômico durante o enterro, anunciando: “Aqui
jaz Ícaro, o pai da aviação errada!” Seguindo nessa linha de “pai da aviação”,
as crianças aproveitam e contam a Hércules sobre o Santos Dumont e o 14-BIS, e
explicam para ele o que é um “avião”, contando tanto a sua parte boa quanto a
sua parte ruim… como é usado em guerras
para jogar bombas e tal.
O mundo moderno é “complicado”.
Na verdade,
os humanos é que são!
Chegando ao
deserto da Líbia, Hércules precisa enfrentar o gigante Anteu, filho de Poseidon
e Gaia, que não deixa forasteiros andar por “suas terras”; ele mata os
invasores e usa seus ossos para erguer um templo ao pai, Poseidon. É Minervino
quem, novamente, os ajuda a enfrentar esse problemão.
Ao aparecer, ele conta ao pessoal que Anteu é filho de Gaia e, por isso, nunca
se cansa: pois ela o fortalece dando
energia pela terra, através de seus pés. Assim, Emília tem uma ideia
batatal: suspender Anteu do chão. Assim,
seguindo as ordens de sua “dadeira de ideias”, Hércules vence o gigante Anteu,
e eles estão livres para andar pelo deserto, por muito e muito tempo, até
encontrarem um oásis, onde se banham e se refrescam, até a Emília, que primeiro
se recusa, dizendo que “não foi à Grécia para ficar secando no varal”, mas que
também acaba entrando na água.
Ao lado do
Jardim das Hespérides, o pessoal manda o Visconde fantasiado de “bicho folha”
para procurar o dragão de cem cabeças e contar para eles como ele está. Assim, ele conta o que viu: o dragão dormia com
metade das cabeças, e vigiava os pomos de ouro com a outra metade. Portanto,
para “enfrentar” o dragão, Emília tem outra ideia: dar chá de erva dormideira para o dragão dormir! Ela consegue o chá
com uma das poucas “viradas” remanescentes de sua varinha, que ganhou da bruxa
Medeia, e funciona bastante bem… na verdade, apenas 99 cabeças dormem, e uma
continua acordada e cuidando do jardim, mas é muito mais fácil lidar com uma só
cabeça do que com 100. Assim, Hércules vence a batalha, conversa com as Hespérides
e consegue a autorização para levar alguns pomos… assim, MAIS UM TRABALHO
CUMPRIDO.
No caminho de
volta à Grécia, no entanto, eles precisam enfrentar
uma tempestade. Poseidon está FURIOSO porque Hércules matou o seu filho
Anteu, e Hera o incentiva a se vingar, sugerindo uma tempestade no caminho! Atena,
por sua vez, convoca os golfinhos para “acalmarem os olhos de Poseidon e
fazê-lo enxergar sem a fúria dos olhos de Hera”, e assim, Hércules e os demais são
guiados em segurança até a margem, chegando à ilha onde Prometeu está amarrado
há séculos, castigado por ter roubado o fogo do Olimpo e dado aos homens. Agora,
pela eternidade, Prometeu está acorrentado a uma montanha, com um abutre que
repetidamente come o seu fígado, e Hércules não quer deixar Prometeu ali,
naquela condição. Quer salvá-lo. Atena
o aconselha a cegar o abutre, pois não poderia matá-lo, e Emília sugere que “ele
corte parte de sua asa”, como a Tia Nastácia faz lá no Sítio…
Falando em
Tia Nastácia e Sítio, as coisas por lá estão bem bacanas, e seguimos com a
história do curioso e, até então, cético arqueólogo, Jonas, que
coincidentemente apareceu por ali. Ele escuta as fantásticas histórias do
Lugar. Tia Nastácia conta como já esteve na Lua, como conheceu São Jorge, e
como o próprio Dom Quixote esteve ali no Sítio, e ele vai se acostumando com
essas “maluquices” todas. O interessante da história de Jonas é que ele começa
a trocar e-mails com o seu colega Zorba, que está trabalhando na Grécia, e
parece que eles acabaram de descobrir novidades em um novo sítio arqueológico
por lá, perto de onde, antigamente, ficava Micenas… eles encontram pedaços de
pratos e vasos com figuras das aventuras gregas dos netos de Dona Benta e, ao
fim da história, Jonas e Zorba descobrem o “Templo de Ávia”, subido em
homenagem à Dona Benta!
Eu achei emocionante.
O próximo e
último trabalho, O CÉRBERO, leva as
crianças ao Inferno, para o horror de Tia Nastácia. Dona Benta explica sobre o “Reino
de Hades” e o conceito de “inferno” para os gregos antigo, que não é o mesmo
que para nós, mas ainda assim Tia Nastácia está desconfortável com a ideia. Eu, por outro lado, acho a ideia do REINO
DE HADES um máximo! Dizendo que é um
lugar perigoso ao qual vai, Hércules decide ir sozinho, para não colocar as
crianças em risco desnecessário. Visconde, no entanto, como seu fiel escudeiro, diz que não pode
permitir que ele vá sozinho – assim, Hércules aceita a sua ajuda, mas só a
dele. Claro que Emília, no entanto, não ficaria
parada sem fazer nada: “Se o Visconde pode porque é sabugo, eu posso porque sou
boneca!” Assim, Hércules, Visconde e Emília descem ao Submundo, enquanto
Pedrinho, Narizinho e Meio-a-Meio ficam para fora.
A primeira
das crianças a voltarem embora é, também, a última que se uniu à aventura:
Narizinho. Tia Nastácia está angustiada com a demora deles, e com todo o lance
de inferno, por isso chama por seus nomes. Pedrinho e Narizinho decidem no par
ou ímpar quem vai verificar se tem algo acontecendo no Sítio, e Narizinho perde
– assim, ela deixa um recado pro Hércules, em despedida, e vai embora. É uma
alegria que só quando ela chega de volta ao Sítio, recebida com beijos e
abraços de Dona Benta e Tia Nastácia, em um momento muito bonito. E adoro a
Dona Benta rindo da Emília chamar Hércules de “Lelé” – e realmente, é uma das coisas mais fofas da história. Narizinho já
avisa para eles se prepararem porque terão um novo morador no Sítio:
Meio-a-Meio, o centauro que virou amigo deles lá na Grécia Mitológica, e que
virá com Pedrinho, Emília e Visconde.
A descida ao
Submundo é razoavelmente fácil. Caronte,
o Barqueiro dos Mortos, se recusa a carregá-los, porque “não carrega seres
vivos”, mas Emília resolve isso em dois segundos: “Faz-de-Conta que você vê a gente como sombras”. Às vezes o “Faz-de-Conta”
parece uma solução muito simples que
diminui a importância dos desafios, mas relevamos pelos comentários seguintes,
divertidos, de Emília reclamando que o Visconde não deve pagar passagem, e ela
só devia pagar meia. Chegando ao Reino de Hades, Pérsefone promete levá-los até
o deus, que permite que Hércules cumpra o seu trabalho e pegue Cérbero, mas o proíbe
de usar qualquer tipo de arma. Assim, Hércules depende, como sempre, de alguma
ideia de Emília para que possa lutar contra o Cérbero, mas mantém a pele do
Leão da Nemeia, como um tipo de escudo.
Dessa vez,
Visconde funciona como “narrador”, e ele faz um trabalho HILÁRIO! Destaque para
as influências de Emília, quando Visconde chama Hércules de “Lelé” e o Cérbero
de “Cara de cachorro lambido”. Por fim, Hércules vence o seu último trabalho (“Hércules não sabia que era tão impossível, foi
lá e conseguiu”. Com o último trabalho cumprido, e Cérbero levado até o Rei
Euristeu, Emília coloca um BASTA nisso tudo (“E tenho dito! Vambora, macacada!”), dizendo que doze trabalhos já
foram o suficiente. Euristeu foi vencido, e ainda fica lá, escondido atrás do
trono, morrendo de medo do Cérbero. Hera, ainda não satisfeita, recebe um
recado de Zeus: “Chega, Hera. Basta! Meu filho
Hércules já provou que é um semideus, chega de tanta crueldade. […] Deixa o
Hércules em paz, ou você vai se ver comigo”. Assim, Zeus faz a mesma coisa
que Emília e dá um BASTA nisso tudo.
Os Trabalhos de Hércules chegaram ao fim.
De volta ao
Templo de Ávia pela última vez, é hora de começar as despedidas. Minervino,
como Emília o batizou, se revela como Belerofonte, aquele mesmo herói que,
anteriormente, já esteve no Sítio do Picapau Amarelo, e isso só deixa
Meio-a-Meio mais ansioso para conhecer o
Sítio. As despedidas são lindas. Pedrinho foi super fofo, e ele abraça o
Hércules. Emília diz: “Lelé, se eu for
dizer tudo o que sinto, vai demorar dez séculos!”, e foi LINDO, porque a amizade
e o carinho da Emília pelo Lelé, e vice-versa, são verdadeiros. “Além de ser o mais forte, tem o maior
coração de todos”. Visconde começa, com a voz embargada, mas não consegue
continuar. Depois, Hércules faz um discurso lindo e quer saber? EU CHOREI. Chorei mesmo. Foi tudo tão lindo, tão
emotivo, tão sincero! Hércules fala sobre sua educação e como cada uma de suas
conversas foram verdadeiras lições, que ele nunca vai esquecer…
Todos choram.
Todos se
abraçam.
E “Os XII Trabalhos de Hércules” termina.
No Sítio do
Picapau Amarelo, organizada por todos que sentiam falta desses viajantes, temos
UMA FESTA DE RECEPÇÃO. E é muito bonitinho ver todo mundo se ajudando para prepará-la,
e ver a chegada de Pedrinho, Emília e Visconde, trazendo com eles o
Meio-a-Meio, uma recepção cheia de abraços e sorrisos. A história termina com “o
maravilhoso fenômeno do pôr-do-sol”, no Sítio e na Grécia, e a cena da Grécia é
muito fofa. Hércules já está com saudade do pessoal do Sítio e, assistindo ao Carro
de Apolo chegar ao horizonte, ao lado de Belerofonte, pede que ele lhe conte
histórias sobre o Sítio do Picapau Amarelo, já que ele já estivera lá atrás da
quimera! O final é lindo e emocionante, acho que só faltou uma pequena visita
do Hércules ao Sítio para ficar mesmo perfeita… afinal de contas, a Dona Benta
nem chegou a conhecer o herói!
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