Chiquititas (2015) – O Tesouro
“Acaso não perdeste o jogo pra ganhar a vida?”
Quando as
crianças se envolveram na busca pelo famigerado TESOURO escondido nos túneis do
Orfanato Raio de Luz, a trama ganhou um fôlego que nunca antes tivera. Até
então, parecia quase uma alucinação fruto da ambição nas mentes de pessoas como
a Carmem, a Cíntia, a Matilde e o Armando. Eram caminhadas sem fim por túneis
novos e confusos, telas dos Quatro Cavaleiros que nunca levavam a lugar nenhum…
até que Maria sugeriu que Neco levasse
Lúcia para morar nos túneis. Então a história começou a andar, Lúcia descobriu
um “ovo de porcelana” que “atendia aos desejos de um coração puro”, e o Samuca
ficou todo envolvido com esse tema, e acabou ajudando a desvendar alguns
mistérios, como aquele que deixou as letras sobre a primeira porta douradas e
permitiu a passagem até o local onde eram necessárias as pinturas para seguir.
Os adultos,
por sua vez, aproveitam-se da porta aberta por Samuca para chegar um passo mais
perto do tal tesouro, embora ainda demorem para conseguir passar adiante,
devido a toda a trama das telas. Eu me diverti com a Matilde, a Cíntia e o
Armando sentados esperando a Carmem chegar, e é uma das melhores fases da
Marian, porque eu adoro quando ela
desafia a Carmem, e ela sabia que para ela estar tão interessada assim na
pintura que ela roubou de seu antigo pai adotivo, ela devia ter um motivo muito bom. Por isso, a Carmem acaba
obrigada a envolver Marian na busca pelo tesouro também, e então, em posse das
quatro telas dos Cavaleiros do Apocalipse, A PRÓXIMA PORTA SE ABRE. É muito
mágico e legal a maneira como tudo acontece, e eu adoro ir explorando novos
lugares interessantes e salas cada vez mais intrigantes.
E bonitas.
Na próxima
sala, um novo mistério, que os adultos não chegam nem perto de conseguir
resolver. Enquanto os meninos descem e pensam em conseguir os quadros para eles
mesmos passarem, Matilde e Armando ficam na casa da Cíntia tentando desvendar o
mistério das letras OMTE, com uma teoria mais absurda do que outra, o que gerou algumas sugestões bem bizarras e
divertidas. De quebra, essa cena ainda nos traz um momento muito aguardado:
QUANDO A VIVI QUEBRA A CARA. Ela aparece na casa da Cíntia, durante a noite,
para a “viagem” a Paris, e então Cíntia não suporta mais. A chama de chata,
interesseira e depois de destruí-la, manda ela pegar a sua mala e “deixá-la em
paz”. ENFIM Vivi descobre que a mulher esteve mentindo para ela esse tempo
todo, e era algo que infelizmente precisava acontecer para que ela pudesse acordar para a verdade.
Os amigos de
Lúcia eram os primeiros no orfanato a saberem do tesouro. Binho, Neco e Samuca.
Depois, o Mosca os ouviu falando sobre isso, e também entrou nessa jornada
toda, no dia em que os meninos conseguiram roubar as telas dos Quatro
Cavaleiros enquanto os adultos estavam na outra sala. Logo em seguida, Mili e
Teca acabam encontrando os meninos lá embaixo e passam com eles para a próxima
sala, onde o próximo mistério, OMTE, os aguarda, e uma vez lá, as crianças são
encontradas pelos “vilões”: Carmem, Matilde, Cíntia e Marian. Então, o negócio
fica sério… as crianças são ameaçadas, mas no fim todos acabam se ajudando,
embora as crianças não devessem fazê-lo… duvido
muito que os adultos poderiam ter desvendado o mistério sem a ajuda do Samuca.
As letras OMTE representam a frase “O
Maior Tesouro É…”, e eles precisam completá-la.
As teorias
variam, e isso é importante para notar a diferente mentalidade dos “vilões” e
dos “mocinhos”. Enquanto as crianças dizem conhecimento, amor, amizade e
família, os adultos só pensam em dinheiro, diamantes, poder. Mas o maior tesouro
de todos, como as peças formam, é a VIDA, e então eles são transportados para
um túnel inédito onde o caminho final até o tesouro começa. A jornada começa
com os vilões e Neco, Binho, Mosca, Samuca, Teca e Mili. Logo em seguida, Rafa
leva o Thiago em busca das crianças desaparecidas, e Maria desce também, com a
Laurinha. Depois, bravas porque não foram com eles, Tati e Lúcia também se
juntam à expedição e levam Pata e Vivi com elas, enquanto a Pipoca as encaminha
para a entrada do porão. Assim, mais sete crianças se juntam à aventura e
desaparecem do orfanato, para um desespero lá em cima.
Esses últimos
sete passam até rapidamente pelo mistério. É Pata quem diz a frase certa, e é
Maria e Lúcia que, ao brincar com as “peças pra montar”, formam a palavra VIDA.
Então a caminhada lá embaixo se prolonga, eles começam a ficar desesperados,
até que CHEGAM AO TESOURO. É muito ouro, de verdade, tipo em filmes antigos de
aventura, mas não é fácil assim de consegui-lo. Eles não conseguem passar até a
sala do tesouro, porque os quatro guardiões, outrora estátuas, viram homens de
verdade e se nomeiam como os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: Fome, Guerra,
Peste e Morte. Eles estão ali, condenados à eternidade cuidando do tesouro, e
essa é a grande proteção final, depois de todas as coisas que impediram que os
personagens chegassem até ali até o momento. Mas a ambição não vai deixar que eles parem de tentar.
Aqui,
infelizmente, temos a parte de que menos
gostei nessa trama toda do TESOURO, e em parte é pela péssima atuação de quase todos os caras que interpretaram os
Cavaleiros. Além disso, o texto deixou muito a desejar com aquela tentativa
vergonhosa de tornar a fala deles mais “antiga” e “erudita” ao abusar da
segunda pessoa do plural e, pior, enfiar até uma mesóclise forçada que, ao lado da atuação fajuta, foi bem difícil de engolir. Agora, para
chegarem até o tesouro, quem quiser passar terá que vencer um JOGO DE XADREZ,
mas eles avisam, antes, que o tesouro traz uma maldição com ele, e quem o levar
para fora dos túneis, também levará com ele a destruição de outrora. Enquanto
algumas pessoas sensatas comentam “Vocês
ouviram o que os Cavaleiros falaram? Esse tesouro é maldito, a gente tem que
sair daqui!”, outros naturalmente resolvem tentar o jogo.
Afinal, a tentação é grande.
Até a Teca
fica para trás, mas não é uma grande surpresa não! As crianças do orfanato, com
exceção da Teca, desistem do tesouro ao saber da “maldição”, e os gritos dos
seus amigos próximos dali, além da preocupação e o coração no lugar certo, são
suficientes para que eles voltem. Os vilões, então, começam os jogos de xadrez.
Matilde, Marian, Carmem e Cíntia. Enquanto isso, Teca passa mal, por causa da
diabetes, e para nossa grande surpresa, Matilde diz que vai abandonar o jogo,
tudo para poder levar Teca de volta lá para cima, e Armando surge para
substituí-la. Durante o jogo, os Cavaleiros conversam com os vilões e fazem uma
série de perguntas, como “Achais que isso
trará a ti alguma felicidade?” (respondida com “Quem se importa com isso? Poder. Dinheiro é poder!”, por Carmem) e
outras mais assim, o que só nos mostra o quanto a intenção deles é corrupta.
Embora não seja nenhuma novidade.
Acredito que
a grande novidade é a revelação sobre Armando: ele não era tão mau assim. Enquanto Carmem, Marian e Cíntia vencem
o jogo e vão lá celebrar no meio de tanta riqueza, Armando não consegue vencer
seu jogo, e o Cavaleiro dá a entender que talvez ele não queira mesmo, porque
não vencer talvez o livrará de algo maldito, enquanto lhe dá uma nova chance de
buscar sua felicidade. Me pareceu que Armando é o único, portanto, que tem o
coração ainda salvável (além de
Matilde, evidentemente), e eu gosto dessa chance que ele ganha, de buscar o
amor: “Acaso não perdeste o jogo pra
ganhar a vida? Assim sendo, no seu coração ainda há bondade”. Diferente dos
outros, ele é mandado embora com o maior
tesouro, que é a liberdade e a chance de recomeçar a sua vida como um homem
bom. Armando até chora, então eu acho que ele tem mesmo salvação.
As outras
não. Elas estão lá, desejando mais pares de braços para carregar mais tesouro
embora, mas os Cavaleiros advertem: elas
só podem sair daquela sala do tesouro se os Quatro Cavaleiros forem derrotados,
e como Armando não venceu sua partida, elas não podem levar nada com elas. A não ser que recomecem toda a trajetória
até ali. Agora, mesmo que já tenham estado tão próximas do tesouro uma vez, as coisas se complicam, porque as
crianças se tornam novas protetoras do tesouro, por causa da maldição, e Júnior
manda subir uma parede no porão para impedir a tia de passar, então as coisas
não são mais tão simples… e essa confusão toda ainda vai até motivar Matilde a
fazer o que é certo, especialmente quando Carmem brincar com ela e tentar usar
a Brunilda para que ela entregue sua pintura de graça… afinal, ela não devia brincar com a Brunilda!
Oi bom dia
ResponderExcluir