Primeiro Capítulo de “O Diário de Daniela” (23 de Novembro de 1998)

“Me siento a escribir…”

Uma novela que fala sobre o amor pelo TEATRO e o amor pela MÚSICA, tudo regado a muita amizade, parceria, momentos lindos entre as crianças, e entradas no diário de Daniela a respeito de tudo o que está acontecendo – acho que uma das coisas que mais nos fascinam em “O Diário de Daniela” é que a inteligência da audiência não é tratada levianamente, e por isso temos plots e discussões sérias. A novela é APAIXONANTE desde o seu primeiro momento, quando as crianças, lideradas por Daniela e Martín, invadem o teatro de Enrique Monroy, o pai de Daniela, que está exibindo um musical chamado “Un Sueño de Amor”. Tem a leveza daquela coisa de entrar no teatro pela saída de emergência, subindo escadas, versus o “Oigan, ¿por que mejor no entramos por la puerta? Está abierta”. É um simples primeiro momento que FAZ MEUS OLHOS BRILHAREM! <3

Gosto muito do primeiro capítulo, e de como representa bem essa faceta do teatro musical – as crianças se esgueiram até poder assistir à apresentação por umas grades no palco, e a Daniela até sopra as falas para o ator esquecido (embora “Lo que hace rico al corpo es el alma” se torne “Lo que hace rico al porco es el caldo”, o que torna tudo muito divertido!), e o cachorro da turminha acaba invadindo o palco, seguido de perto pelas crianças, o que é UMA VERDADEIRA CONFUSÃO. Enrique fica furioso. A plateia, por outro lado, adora o caos, e se diverte horrores… eu fico sinceramente me perguntando se aquelas matérias de elogios nos jornais do dia seguinte estão ali “apesar” das crianças, ou se estão ali POR CAUSA das crianças, sabe? De todo modo, todos menos o Enrique parecem ter se divertido… o Henrique e a Helena, é claro.

Por outro lado, temos a Natalia, apresentada trabalhando nos bastidores do teatro, passando e cantando inocentemente, dizendo a Henrique que não viu a Daniela por lugar nenhum, quando na verdade ela os esconde sob a sua tábua de passar – que parceria mais linda! Depois de toda essa confusão, Daniela se deita para dormir escrevendo ao seu diário, torcendo para que o pai não fique muito bravo, e se animando com a surpresa que está preparando para o aniversário dele e da mãe. Essas cenas de Daniela escrevendo no seu diário SÃO A CARA DA NOVELA, e é com muita emoção que as vejo no primeiro capítulo! De volta na casa, também conhecemos a relação de Daniela com Adela, sua irmã mais velha que está em uma fase um tanto quanto rebelde… adoro como Daniela tampouco é inocente, e adora provocar a irmã dizendo que “é por isso que ela não tem um namorado”.

Falando em Adela, ela dá um trabalho tremendo para Leonor, a mãe das garotas. As brigas são constantes e, nesse primeiro capítulo, se concentram em Adela querer ir a uma discoteca à qual a mãe não permite. Atenciosa, a mãe tenta explicar que “ela é sortuda por ter pais que se importam com ela”, e aqui Adela faz questão de lembrar que não seu pai. Seu pai não se importa com ela, nunca está em casa. Já ficamos na ansiedade para como as coisas devem SAIR DE CONTROLE quando Leonor não estiver mais ali e Enrique tiver que se virar sozinho com suas duas filhas… a cena em que Adela e a mãe brigam e ela a chama de “puritana” é bem forte, porque Adela pega pesado ao dizer que “é por isso que o pai não para em casa”: porque se entediou com a mãe. A mãe QUASE lhe deu um tapa na cara, mas conseguiu se deter antes de fazê-lo.

Para não se arrepender depois.

Mas exige muito autocontrole.

Enquanto isso, Daniela enfrenta o pai, com a carinha baixa em pedido de desculpas, e é revoltante como Helena se intromete na conversa entre pai e filha, como se lhe coubesse dar-lhe bronca – felizmente, Enrique pede que ela se retire e conversa com Daniela sobre a invasão ao teatro e ao palco na noite anterior, e ele é até fofo, falando sobre o quanto ama o teatro, e sobre como ela também tem que aprender a cuidar dele desde agora, que é pequena. Daniela, fofa, promete que foi um acidente e que aquilo não vai voltar a acontecer. E talvez não voltasse mesmo, se não fossem as armações de Helena, que quer fazer de tudo para impedir que as crianças venham “brincar” nos bastidores do teatro durante o dia… acontece que as crianças AMAM TANTO AQUELE LUGAR que não deviam ser privadas disso, com acidentes forjados como a queda do cenário…

Outra trama, que é apenas apresentada brevemente nesse primeiro capítulo, é a de Martín – e eu lembro o quanto eu sofri assistindo a isso na infância. Uma cena no futuro da novela, particularmente, me marcou profundamente, quando empurram Martín e ele bate com a cabeça no armário e sangra. Por ora, apenas conhecemos o padrasto monstruoso e a sua mãe submissa, tanto ela quanto Martín presos em uma relação abusiva lamentável. É muito triste ver como o Martín se encolhe na presença do homem, como os olhinhos estão assustados, e como ele é proibido de sair para ir ao teatro – felizmente, sua mãe permite que ele vá, e é naquele momento que Martín tem o seu refúgio, ao lado dos amigos. Por isso é TÃO IMPORTANTE que eles não deixem Helena expulsá-los de lá. Assim, quando ela dá a cartada do cenário, eles começam a pensar em um plano B.

Explorando locais desconhecidos do teatro e chegando a lugares mais escuros, em busca de um lugar secreto onde possam se reunir e pensar no que fazer, eles acabam descobrindo passagens secretas, lugares assustadores com armaduras macabras, e correm por todo lado, gritando assustadas… assim, nessa confusão toda, eles chegam a um novo lugar, com um “tesouro do pirata”, onde podem pensar em o que farão daqui em diante para garantirem que não sejam proibidos de entrar para brincar no teatro. E enquanto exploram esses lugares, eles estão prestes também a descobrir um novo amigo que os ajudará no que for possível daqui em diante: YULS, um garoto fantasma! É isso o que Daniela vê no fim do primeiro capítulo e se assusta, deixando-nos curiosos para retornar para esse universo que acabamos de conhecer, mas que já amamos.

“O Diário de Daniela” começa ENCANTANDO! \o/

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