Sítio do Picapau Amarelo (2002) – O Fantasma do Casarão
“Who you
gonna call? GHOSTBUSTERS!”
Ainda faltou
aquela clássica cena em que as crianças amarram o vilão vestido de fantasma ou
monstro e tiram a sua máscara para revelar a sua identidade, e a fala de “Eu teria conseguido se não fosse por essas
crianças enxeridas”, mas, de modo geral, essa história é uma belíssima
homenagem a “SCOOBY-DOO”. Eu sempre amei
o desenho, por isso foi com prazer que assisti ao “Fantasma do Casarão”, curtindo cada momento que me remetia a um de
meus desenhos favoritos… na penúltima história da primeira temporada do “Sítio do Picapau Amarelo”, as crianças
retornam ao CASARÃO que apareceu mais cedo na temporada, e que agora vai virar
o “Centro Cultural Nicolau”. No entanto, coisas esquisitas estão acontecendo
durante a reforma, e os funcionários estão, um a um, fugindo com medo e se recusando a continuar trabalhando.
O tema “fantasmagórico”
é apresentado desde o primeiro momento, quando vemos alguém sob um lençol
branco andando pelo Sítio e assustando Narizinho e Emília, que dormem
tranquilas em seu quarto – e é claro que só podia ser o Pedrinho! Em resposta,
ao descobrirem que é apenas o Pedrinho tentando assustá-las, as meninas
respondem com almofadadas: “Dessa vez,
você passou dos limites!” “Isso mesmo, e nem chamou a gente pra passar dos
limites com você!” No dia seguinte, eles vão ao Arraial com a Bicicloteca,
e encontram Manuel, o sócio de Nicolau que está tocando as obras do Centro
Cultural. Interessado nos livros, ele pergunta se eles têm algo que fala sobre “eventos
paranormais” e sobre “fantasmas”, e as crianças
infelizmente não têm nenhum. Então, Manuel resolve ir até o Sítio de Dona
Benta, para conversar com ela e pedir ajuda.
“Vocês acreditam em fantasmas?”
Manuel conta
que o casarão é “mal-assombrado”, e fala sobre como as pessoas estão ouvindo
vozes, barulhos, gemidos e correntes se arrastando, e desde o primeiro momento
algo me grita: “SABOTAGEM!” Até porque os funcionários estão todos pedindo
demissão e deixando Manuel na mão! Para tentar ajudá-lo de alguma maneira, Dona
Benta se compromete em pesquisar sobre a história do casarão, enquanto o
Visconde lê sobre fantasmas na biblioteca. Adorei o momento das crianças
chegando escondidas sob lençóis para ajudar o Visconde, que não se assusta nem um pouquinho: “Vocês três acham que me assustam com esses lençóis?” “Ah, Visconde!
Assim não tem graça!”, e Emília dá uma de espertinha: “Eu disse que o Visconde era um ser não assustável”. É assim que as
crianças ficam sabendo da história do “FANTASMA DO CASARÃO” e, naturalmente, se envolvem.
Pedrinho,
Narizinho, Emília e o Visconde resolvem investigar por conta própria, e levam
consigo o medroso do Rabicó, que deve
ser o equivalente ao “Scooby-Doo” na
versão do Sítio – afinal de contas, é o animal de estimação do grupo, que só
pensa em comer e tem medo de tudo! Assim, as crianças se aventuram quase que
corajosamente no Casarão, mas são facilmente assustadas com qualquer barulho e
fogem sem nem verificar se o tal “fantasma” é real ou não… elas decidem chamar
o Tio Barnabé para ajudar a capturar o fantasma. Afinal de contas, o Tio Barnabé
foi quem ensinou o Pedrinho a caçar Saci, talvez ele também saiba algo sobre caçar fantasmas, não? Enquanto isso,
Dona Benta lê sobre o Barão de Caraminguá, o primeiro dono do casarão, um homem
severo, pão-duro, dono de uma fazenda de café que muito maltratava os seus
escravos.
Será ele o “Fantasma do Casarão”?
Para a
próxima jornada, o Visconde cria um “Detector de Fantasmas Sabugosa” de última
geração, e o Tio Barnabé também se une à missão! O Rabicó ainda vai, mesmo
morrendo de medo e não calando a boca (“Rabicó,
você quer fazer o favor de me devolver a minha torneirinha de asneiras?”).
A casa é cheia de armadilhas e passagens secretas, e o Tio Barnabé é o primeiro
a acidentalmente passar por uma passagem secreta na estante – seguido de perto
por Pedrinho e Narizinho. O próximo é o Rabicó, que é assustado por um fantasma
na escada que está escrevendo na parede: “FORA
SÍTIO”. Os demais não passam pela passagem secreta, e Emília quase é
transformada em purê de macela quando um lustre quase cai em sua cabeça e ela é
salva no último minuto pelo Visconde… como
eles dizem, “esse fantasma não está para brincadeiras!”
Dona Benta
também continua, em paralelo, suas próprias investigações, e descobre um antigo
artigo de jornal que fala sobre a população do Arraial dos Tucanos “apavora com
o fantasma do Barão de Caraminguá”. Assim, tudo começa a se delinear, a maneira
como usaram uma antiga história real
de fantasmas para dar mais credibilidade à farsa atual, e imediatamente
desconfiamos de Osvaldo, o sócio de Manuel, que parece interessado demais em convencê-lo a vender o casarão e largar a
obra para “pagar as dívidas” e tudo o mais. O Barão de Caraminguá era TÃO
PÃO-DURO, como a Dona Benta contara para as crianças, que ele provavelmente escondia
um tesouro… e é justamente atrás desse
tesouro que estão agora. Assim, novamente a ambição do ser humano é a
grande vilã da história – até onde o ser humano é capaz de ir por dinheiro?
Tio Barnabé,
Pedrinho, Narizinho e Rabicó são os primeiros a conseguirem provas de que tudo não
passa de uma ARMAÇÃO. Eles encontram um quarto na casa com um gravador, um
microfone, perucas, máscaras e um lençol, e eu adoro a leitura do Tio Barnabé
da situação, dizendo que “é muito mais fácil enfrentar um fantasma de verdade
do que bandido fingindo que é fantasma”. Osvaldo, então, acaba os encontrando
ali no quarto e prende o Pedrinho, prometendo não machucá-lo se “eles o
ajudarem”. No fim, apenas o Tio Barnabé fica preso, enquanto as crianças e o
Rabicó conseguem escapar para alertar os outros sobre o que está acontecendo, e
aqui temos a menção mais CLARA a “Scooby-Doo”:
enquanto fogem, eles passam por portas e mais portas em um único corredor, na
cena MAIS CLÁSSICA possível de “Scooby-Doo”.
<3
Ao encontrar
Emília, Visconde e o Manuel, eles contam que é tudo um plano do Osvaldo para
afastar o Manuel dali e ficar sozinho para pegar o tesouro, e Manuel vai, então,
atrás de Osvaldo, e também acaba preso… quando parecia que tudo estava prestes
a terminar e que as histórias de fantasmas “não eram reais”, conhecemos o
Fantasma do Barão de Caraminguá: O DE VERDADE! O Detector do Visconde começa a
apitar feito louco, e o Barão de Caraminguá aparece fantasmagórico, rindo e
assustando todo mundo, em uma nova recriação da cena de “Scooby-Doo”, dessa vez perseguidos por um fantasma de verdade. O Barão relaxa quando ouve Pedrinho chamar
o “sabugo de milho” de “Visconde”, e então ele apresenta Emília como Marquesa,
que apresenta Narizinho como “Princesa” e o Pedrinho como “Conde” – como está “tratando com a realeza”, o Barão
se transforma.
É legal ver
que, depois de tantos anos, o fantasma já não é mais uma pessoa tão desprezível
como aquela sobre a qual Dona Benta contou de acordo com os livros de história!
Ao falar de sua vida e ao ser perguntado a respeito de como se transformou em
um fantasma, ele responde: “Sendo
estúpido, meu caro. Sendo estúpido”. Ele explica sobre como sempre teve o
que queria, sobre como só se importou em enriquecer e esqueceu-se do que
realmente importava: as pessoas. Ele maltratava os escravos, e um dia condenou
ao castigo até a sua ama que tanto o amou, por isso o capataz o amaldiçoou a essa eterna vida sem graça de fantasma. Depois
de ouvir a história, as crianças contam ao Barão de Caraminguá sobre o
vigarista que quer sabotar a construção do Centro Cultural e pedem sua ajuda
para acabar com a farsa, mas ele diz que “os temas humanos não o interessam”.
Mas as crianças sabem convencê-lo.
Elas o vencem
quando dizem que, além de tentar roubar o seu tesouro, Osvaldo está SE PASSANDO
POR ELE! Aí o Barão fica inconformado e resolve se envolver. Assim, as crianças levam o Fantasma até o Osvaldo para
assombrá-lo, e ele sai correndo, atormentado de verdade por um fantasma da pesada! [Momento Sessão da Tarde]
Então, Osvaldo promete “fazer o que eles quiserem”, desde que o tirem dali, e
eles dizem que vão “embrulhá-lo para levar à polícia”. Afinal de contas, “Com assombração e a turma do Picapau não se
brinca!” Com Osvaldo tirado do caminho, o Barão mostra o seu tesouro às
crianças e diz que eles podem levá-lo – eles, por sua vez, escolhem entregá-lo
ao Manuel, para que ele possa terminar a obra do Centro Cultural, o que é uma
atitude muito fofa! Por fim, Emília convida o Barão a ir com eles para o Sítio
do Picapau Amarelo…
Afinal de
contas… “Tudo o que falta no Sítio é um
fantasma!”
Gostei bastante,
também, das últimas cenas do episódio. Depois que o Barão se despede do pessoal
do Sítio, ele recebe a visita de Zumira, a sua ama, que aparece dizendo que,
enfim, “reconhece o seu menino”. Arrependido do que fez em vida, ele diz que
sabe que suas ações não têm perdão, mas ela está ali justamente para isso: para
conceder-lhe o perdão, livrá-lo da maldição e liberar a sua alma para descansar.
Ela ainda revela que o Tio Barnabé, que ele ajudou, é um descendente seu, e a
história ganha um tom emotivo bastante sério e muito legal! O Barão de
Caraminguá agradece ao perdão, mas antes de partir para o outro lado, ele diz que “tem um lugar que precisa conhecer”: O
SÍTIO DO PICAPAU AMARELO. No fim do episódio, o pessoal está dando uma “Festa
Bem-Assombrada”, que recebe a visita de muitos fantasmas de verdade… dentre eles, o próprio Barão!
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