Como Treinar o Seu Dragão 3 (How to Train Your Dragon: The Hidden World, 2019)



Pra lá do fim do mundo, existe um lugar…
EM BUSCA DO “MUNDO ESCONDIDO”. A terceira aventura de Soluço e Banguela encerra a história iniciada em 2010, com “Como Treinar o Seu Dragão”, e é um filme LINDÍSSIMO – eu esperava ver um pouquinho mais do Soluço adulto (posso dizer que ele estava muito lindo com aquela barba no final?), mas o filme é inteligente ao avançar a história e encerrar com uma incrível mensagem. Os visuais da animação, como sempre, estão belíssimos, especialmente do “Mundo Escondido”, que tem um quêzinho de Júlio Verne em sua concepção, e eu adorei o tom do filme, que mesclou o humor dos personagens com a tensão do momento difícil que estavam vivendo, culminando na descoberta do amor e uma finalização EMOCIONANTE que encerra bem a história dos vikings que moram em Berk, um lugar onde, agora, humanos e dragões convivem em paz.
As coisas não mudaram muito para Berk – Soluço é seu líder, e ele adora resgatar dragões mantidos prisioneiros em navios nas proximidades e levá-los até o povoado, onde eles podem viver em segurança… ao fazê-lo, no entanto, ele está começando a chamar a atenção de pessoas que podem querer acabar com a “utopia” colorida em que humanos e dragões convivem. E, para fazê-lo, Grimmel libera uma “Fúria da Luz”, um dragão fêmea da mesma espécie de Banguela, totalmente branca. Estonteantemente bela, não demora muito para que a Fúria da Luz capture a atenção de Banguela, e eu achei linda, inocente e divertida aquela cena em que eles se conhecem em uma praia da ilha, e se encantam um pelo outro, enquanto o Soluço assiste de longe e meio que acaba espantando a Fúria da Luz com a sua presença, por fim.
Soluço precisa tomar decisões arriscadas nesse filme. Ele sabe que Grimmel está disposto a atacar Berk e matar todos os dragões que vivem lá, então ele acha que, talvez, a melhor opção é escapar para um outro lugar… talvez encontrar o “Mundo Escondido” sobre o qual o pai falava para ele desde que ele era uma criança – um lugar perfeito, além da borda do mundo, onde os dragões podiam ser livres e viver em total segurança. Soluço quer buscar esse lugar, então ele guia o povo de Berk adiante, mas eles param na próxima ilha, querendo construir uma nova vida, e Soluço permite que eles façam isso por ora, enquanto ele e Banguela seguem adiante em busca do mágico “Mundo Escondido”. Mas logo Soluço percebe que o seu amigo está precisando voar sozinho, e embora lhe doa separar-se dele, ele cria uma cauda automática para Banguela.
Com sua nova cauda, podendo voar sem a ajuda de Soluço, Banguela voa livre com a Fúria da Luz, em um momento bastante emocionante. É lindo como ambos têm expressões demais e conduzem todo um elaborado diálogo sem que precisem dizer nada com palavras – é a uma inocente representação da descoberta do amor. BANGUELA ESTÁ CRESCENDO! Adorei, particularmente, ver a Fúria da Luz ensinando o Banguela a ficar invisível, com a ajuda do fogo que ele mesmo dispara, e os dois voam através de uma tempestade e, por fim, até a Aurora Boreal… um dos momentos mais visualmente bonitos do filme até aquele momento, isso que não sabíamos o que estava logo abaixo. A Fúria da Luz leva Banguela até uma cachoeira “no fim do mundo”, e então ambos mergulham juntos, sem que possamos ver para onde ela o está levando… só descobriremos isso mais tarde, quando Astrid ajuda Soluço a ir atrás de seu amigo Banguela.
Ali, TEMOS A SEQUÊNCIA MAIS LINDA DE TODO O FILME, EM TERMOS VISUAIS! A parte emotiva ficará para o fim do filme, mas em questão de cenários… QUE SEQUÊNCIA MAIS LINDA! Astrid e Soluço buscam Banguela, e acabam encontrando eles mesmos o MUNDO ESCONDIDO, que é realmente escondido, em algum lugar lá embaixo da cachoeira, como se fosse um cenário imaginado e descrito por Júlio Verne em sua “Viagem ao Centro da Terra”. Gostei demais da mudança de cores, da superfície até a parte mais escura do subterrâneo, em que a água e os dragões brilham e, mais tarde, todo o mundo que se abre lá embaixo. Imenso e repleto de dragões, vivendo em paz, com tranquilidade… Soluço percebe depressa que esse é UM MUNDO DE DRAGÕES, e que seu plano inicial de mudar Berk ao Mundo Escondido já não faz mais sentido. Por isso, ele decide ir embora.
Não é apenas Banguela que está crescendo… o filme é uma história de amadurecimento.
Também temos o Banguela e a Fúria da Luz como reis daqueles dragões, em uma posição de destaque, e Soluço sabe que sentirá muita falta dele, mas que não pode tirá-lo daquele, QUE É O SEU LUGAR. No entanto, Soluço e Astrid acabam descobertos e quase são atacados pelos dragões do subterrâneo, então precisam ser salvos por Banguela – ele pode querer ficar o resto da sua vida ali, mas ele AMA o Soluço e ele é FIEL… então, ele leva Soluço e Astrid de volta até Berk, em segurança. E tudo parecia que ia ficar bem, até porque a Fúria da Luz acaba seguindo eles, mas esse é o pior problema: Grimmel aparece, descobrindo onde o povo de Berk estava escondido, e leva Banguela e a Fúria da Luz COMO SEUS PRISIONEIROS… ainda sequestra todos os dragões de Berk, que seguem Banguela por ele ser seu alfa. Agora, os humanos precisam trabalhar sem a ajuda dos dragões.
E EU ADORO COMO ELES FAZEM ISSO. Porque assim como aqueles dragões amam os humanos, os humanos também os amam, e a fidelidade é mútua. Então, Soluço e os demais se arriscam lindamente para resgatar os dragões, em uma sequência de ação que nos empolga e nos angustia… Banguela acaba abatido durante a batalha, e ali ganhamos OUTRO MOMENTO LINDÍSSIMO do filme: quando Soluço faz de tudo para salvar a Fúria da Luz e, então, pede que ela vá salvar o seu amigo… enquanto ele mesmo está caindo em direção à morte certa. A Fúria da Luz vai primeiro salvar Banguela, que está caindo dopado e não sobreviveria se não fosse por ela, mas assim que o coloca em terra, em segurança, a Fúria da Luz também vem ajudar o Soluço: “Eu sabia que a gente ia acabar se entendendo!” Enquanto é salvo pela Fúria da Luz, Soluço derruba Grimmel, provavelmente para a sua morte.
E É UMA CENA E TANTO!
Depois disso, é momento de se despedirem… Soluço percebe que não faz sentido manter Banguela com ele se ele tem um mundo inteirinho só para ele, onde pode estar no meio de outros dragões, pode estar feliz e, mais importante: pode estar seguro. Então, Soluço se despede dolorosamente e o deixa ir, dizendo que percebeu que “o tempo todo estava pensando no que ele sonhava, sem pensar no que eles, os dragões, queriam e do que precisavam”. Eles precisam estar seguros, e eles têm a chance de estar seguros no Mundo Escondido, longe de pessoas maldosas como Grimmel, que nunca os deixarão em paz. Então, acompanhando o Soluço, os demais vikings também libertam os seus dragões, que são guiados até o Mundo Escondido por Banguela e a Fúria da Luz, seus líderes… e lá, eles estarão em segurança por quanto tempo for preciso.
O filme ainda nos entrega um último LINDÍSSIMO MOMENTO, como um epílogo… vemos Astrid e Soluço se casarem, e eles têm dois filhinhos lindos que, anos depois, eles levam até “a beira do mundo” para visitar Banguela e os demais dragões… é um momento EMOCIONANTE em que, por uns segundos de tensão, Soluço e Banguela tentam se reconhecer, e então, passado esses segundos, eles são os mesmos amigos brincalhões de sempre. Então, Soluço ensina os filhos a se aproximarem de Banguela, assim como ele fez lá no primeiro filme, com a mãozinha esticada, respeitosamente, e esperando que o dragão se aproxime… e as crianças foram absurdamente fofas! Enquanto Banguela, Astrid e as crianças voam com os dragões que foram visitar, Soluço tem uma última fala linda – ele fala sobre como os dragões viverão em segurança lá embaixo até que os humanos possam aprender a respeitá-los… e os Berkians guardarão esse segredo.

“Há quem diga que quando a terra treme ou as montanhas cospem lava, são os dragões nos lembrando de que eles ainda estão lá. Algumas pessoas não acreditam que dragões ainda existem, outras nem que eles já existiram um dia… mas nós, Berkians, nunca esqueceremos!”

[Ou qualquer coisa assim, nessa narração final]
UM FILME LINDÍSSIMO. EMOCIONANTE!


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