Desventuras em Série 3x05 – O Penúltimo Perigo: Volume 1



“If I can trust you…”
SEM DÚVIDA, O MELHOR EPISÓDIO DA SÉRIE. “Desventuras em Série” está se aproximando do fim, e os Irmãos Baudelaire enfrentam o “penúltimo perigo”, quando são levados em um táxi por Kit Snicket até o misterioso Hotel Desenlace, cheio de rostos conhecidos e tramas que eles não entendem por completo. Disfarçados de concierges no Hotel, as crianças caminham da forma mais invisível possível entre possíveis amigos e inimigos, se perguntando quem é “nobre” e quem é “pérfido”, tentando investigar as iniciais J.S. e o evento que acontecerá na quinta-feira e que parece ter movimentado todas as pessoas que eles conheceram nessas últimas “desventuras”. Os Baudelaire têm duas promessas de que “a história chegará ao fim” agora, e duas possibilidades de assumirem vidas com as quais sempre sonharam…
Mas, outra vez, tudo acaba dando errado.

“For Beatrice –
No one could extinguish my love,
Or your house.”

“O Penúltimo Perigo” é um dos meus livros favoritos em “Desventuras em Série”, e a adaptação fez um trabalho MAGNÍFICO ao transpor as páginas para a tela, de forma fiel e perspicaz, especialmente no que se refere ao estilo do livro… é como se todas as desventuras das crianças tivessem sempre convergido a esse ponto da história, onde revelações são feitas, pessoas retornam e nos perguntamos o que virá a seguir. E é um dos momentos em que mais parecemos inclinados a acreditar nas palavras de Lemony Snicket: “Look away”. As crianças quebraram o ciclo no fim do episódio passado e, ao invés de acompanharem o Sr. Poe na Praia de Sal, mais uma vez, escolheram entrar em um táxi com Kit Snicket, que está fugindo de dois vilões pérfidos em outro carro, e dá algumas informações aos Baudelaire a caminho do Hotel, em um piquenique improvisado no próprio táxi.
Enquanto isso, conhecemos o Hotel Desenlace, o pequeno lago na sua frente, o reflexo perfeito, eventualmente ondulado por uma pedra ou outra, e um Lemony Snicket um pouco mais jovem, que acaba de se hospedar ali. Kit Snicket entrega aos Baudelaire seus disfarces de concierges e lhes dá a missão de espionar os hóspedes em busca de quem quer que esteja se identificando como “J.S.”, para saber se essa pessoa é um amigo ou um inimigo. Tudo o que eles têm que fazer é “ser voluntários”, E ELES SÃO. Antes de deixar os irmãos sozinhos no Hotel, Kit Snicket mostra, através de uma luneta, dois irmãos na porta do Hotel: um deles em quem eles podem confiar, Frank (“F as in friendly”), e um pérfido, Ernest (“E as in Evil”). Típico de “Desventuras em Série”. Então, as crianças precisam determinar, também, se o Último Lugar Seguro ainda é seguro.
Se não for, eles precisam sinalizar a C.S.C.
Eu AMEI como a série tem a possibilidade de dar informações extras às tramas que já conhecemos, e como ainda assim podemos perceber que É A MESMA TRAMA DO LIVRO – isso estava acontecendo lá também, embora não em primeiro plano. Vemos Kit Snicket com um dos irmãos Denouement, por exemplo, depois de se despedir dos irmãos, e ela diz um misterioso “Send my regards to Frank”, fala pensada estritamente para atormentar quem não conhece a história e fazê-los pensar que se trata de Ernest ali com ela… Kit Snicket também reencontra seu irmão, Lemony Snicket, que ela pensava estar morto, e eu adoro como temos dois Lemony nessa cena – um deles, mais velho, é o narrador, que diz que a sua versão mais jovem está prestes a receber uma notícia péssima a respeito de alguém que ama, e ele diz que gostaria de poder dizer a ele mesmo que não entrasse naquele táxi.
Mas ele não pode mudar o passado.
Os Baudelaire, por sua vez, entram no Hotel Desenlace, lindinhos nos seus uniformes, e começam a investigar. Eles podem ver Olaf, Esmé e Carmelita fingindo ser “uma família feliz”, por exemplo, mas eles não têm muito tempo para observar, distraídos por Frank ou Ernest, que aparece para explicar como o Hotel funciona e como está organizado como uma biblioteca, por exemplo – eu ADOREI a primeira interação dos Baudelaire com os Irmãos Denouement, especialmente porque não conseguimos saber quem é quem. E eu adoro as dicas, os possíveis códigos, e as três respostas que recebem à pergunta “Are you Frank or Ernest?”: “Exactly”, “I am” e “That’s an interesting question”. Então, as três sinetas tocam pedindo concierges, e os três irmãos precisam se separar, cada um atendendo a um hóspede diferente… e as três coisas acontecem ao mesmo tempo.
Primeiro, vemos Violet indo até a cobertura, onde encontra Carmelita Spats, Esmé Squalor e o Vice-Diretor Nero. Com o rosto escondido parcialmente por uma pilha de toalhas, Violet tenta estar próxima o suficiente para escutar a conversa enquanto Nero, supostamente o “fã número um” de Esmé, faz perguntas a Esmé sobre o que ela está planejando. Violet ouve falar sobre um coquetel, sobre a Esmé observando o céu com uma luneta (da qual ela se livra com um “Bird watching is in”), e Carmelita pede que Violet lhe traga um lançador de arpões. Quando desce da cobertura até o lobby em busca do lançador de arpões, Violet encontra um dos Irmãos Denouement, e se pergunta se entregar um lançador de arpões a Carmelita não seria errado, mas ele diz que não entregá-lo “seria suspeito”, e ele tem razão. Então, ela leva o lançador.
“Can I trust you, concierge?”
“If I can trust you”
Então, o relógio bate três horas. Na sequência seguinte, vemos Klaus encontrando Babs, do Hospital Heimlich, e ela o pede que a leve até a sauna, para encontrar seu “namorado”. Seu suposto namorado é Jerome Squalor, mas quando Klaus fecha a porta e eles presumem que ele não esteja mais escutando, ele escuta eles confessarem que não são namorados, e que estão ali porque foram convocados por um tal de J.S., que convocou todos que conheceram os Baudelaire… a informação que Klaus consegue, aqui, é que “J.S.” é uma mulher, mas quando o Conde Olaf aparece e se coloca entre Jerome e Babs, sujo de sangue, Klaus precisa se retirar. Encontrando outro dos Irmãos Denouement, Klaus recebe a missão de colocar papel pega-pássaros do lado de fora da janela, e ele acha que essa ação é estranha, mas ele não conhece a história toda.
“Can I trust you, concierge?”
“If I can trust you”
Por fim, vemos Sunny encontrar o INÚTIL do Sr. Poe, e eu acho que ela tem um dos seus melhores momentos na série com aquele ótimo “I despise you”. Sunny é a coisa mais fofa do mundo, e acaba temporariamente empregada como “secretária” do Sr. Poe quando ele pede que ela o leve até um restaurante indiano, onde reencontramos Larry – o Sr. Poe ainda se encontra com o Conde Olaf, disfarçado como “Jacques Snicket”, encontro no qual ele mostra o imenso índice de todos os arquivos que ele reuniu com a história completa dos Baudelaire e tudo o que pode ser usado para incriminar Olaf. Diferente do livro, em que Jerome Squalor foi quem escreveu a “História Completa da Injustiça”, aqui foi o Sr. Poe. Sunny, no entanto, se esgueira até a cozinha onde escuta a conversa de Larry com um dos Irmãos Denouement, antes que Olaf o assassine (!) e o Denouement leve Sunny até a lavanderia, para que ela coloque uma trava C.S.C. na porta.
“Can I trust you, concierge?”
“If I can trust you”
Então, o relógio bate TRÊS HORAS e as crianças se reúnem novamente, embora apenas durante a noite possam conversar sobre o que viveram durante a tarde. Enquanto comparam informações e recebem uma dica valiosa de Sunny, eles conseguem entender tudo o que está acontecendo: as conversas sobre uma encomenda, as pessoas observando o céu, o corvo, o lançador de arpões, o papel pega-pássaros, o tubo de ventilação, a lavanderia… o açucareiro. O AÇUCAREIRO ESTÁ VINDO AO HOTEL DESENLACE E TODOS ESTÃO EM BUSCA DELE! Então, enquanto as crianças matam toda essa charada, elas também descobrem quem é a misteriosa figura por trás das iniciais “J.S.”: A JUÍZA STRAUSS. É bom vê-la de volta, e é muito bom ver que, depois que ela abandonou os Baudelaire lá em “Mau Começo”, ela se arrependeu e fez de tudo para ajudá-los.
Ela os buscou – e eu adorei como a cena dela mostrou isso, colocando-a no bonde de “Mau Começo”, mas fazendo-a passar pelos cenários destruídos de todos os livros seguintes, em sequência; a casa do Tio Monty, o Lago Lacrimoso, a Serraria Alto-Astral, a Prep Prufrock, a Avenida Sombria 667, a cidade dos Cultores Solidários de Corvídeos, as ruínas do Hospital Heimlich e do Parque Caligari, as Montanhas de Mão-Morta… interessante que, nesse último, Quigley estava no bonde ao seu lado, intensificando a ideia, muito forte em “Desventuras em Série”, de que TUDO ESTÁ INTERLIGADO. Tudo é parte de uma história maior. Agora, ela está no Hotel Desenlace, não apenas com o intuito de encontrá-los, mas também de levar o Conde Olaf à justiça, para que ele pague por todos os seus crimes… e ela teve a ajuda de vários “J.S.” pelo caminho…
Jerome.
Jacqueline.
Jacques.
Enquanto os Baudelaire têm a chance de, talvez, ter uma vida calma, acolhidos pela Juíza Strauss, vemos Lemony Snicket com Kit Snicket em uma das MELHORES CENAS DO EPISÓDIO. Aqui, Lemony Snicket descobre que sua amada Beatrice está morta, e Kit Snicket tenta fazê-lo perceber que ele ainda não está morto e, portanto, pode fazer algo – ajudando C.S.C. O mais legal é que ele fala sobre as crianças com que viu Kit mais cedo, acreditando que são seus filhos, e ela explica que não, que eles são os Baudelaire, e a expressão de Lemony se transforma nesse momento. “You mean they’re…” Infelizmente, ele não consegue terminar a frase, mas para nós que sabemos quais são as últimas revelações de “O Fim”, é MUITO BOM ver essa reação de Lemony Snicket, porque sabemos o quanto essas crianças significam para ele, afinal… mas agora, eles precisam ajudar Hector e os Quagmire.
Dentro do Hotel, os Irmãos Baudelaire se dão conta de que cada um deles esteve com um dos Irmãos Denouement exatamente no mesmo momento, enquanto o relógio batia as três horas, e que “dois irmãos não podem estar em três lugares ao mesmo tempo”. Então, os irmãos descobrem uma maneira de levar o elevador até um sub-porão, onde eles encontram um catálogo de biblioteca e um dos irmãos, que não é NEM Frank NEM Ernest: DEWEY DENOUEMENT. É tão lindo que, na série, eles cheguem a VER a imensa biblioteca de que Dewey toma conta – a sua existência, como a da sua biblioteca, é um segredo, no entanto, e ele explica que existem voluntários pelo mundo todo, observando e escrevendo coisas em cadernos que mandam para lá, e que são organizados por ele… tudo escondido no subsolo do Hotel, no “reflexo da água”, a salvo de qualquer pessoa que planeja atear fogo ao Hotel Desenlace, por exemplo.
Dewey conta aos Baudelaire que vai deixar o seu trabalho e partir com Kit Snicket, para criarem seu filho, e por isso os convida a ficar ali em seu lugar, como os NOVOS BIBLIOTECÁRIOS, e é um trabalho interessante, uma proposta totalmente diferente daquela feita pela Juíza Strauss… ela os ofereceu segurança, enquanto ele lhes ofereceu um trabalho importante, a chance de fazer a diferença no mundo e serem VOLUNTÁRIOS – e talvez eles não sejam mais crianças, talvez não seja mais “segurança” aquilo pelo que mais anseiam. Antes que possam responder, tudo vira um PANDEMÔNIO. O Conde Olaf aparece, assim como Esmé e Carmelita, com o seu lançador de arpões, e enquanto tudo começa a vir à tona, como o plano de Esmé de infectar a festa toda com o Mycelium Medusóide (Dewey diz que ela não faria isso sem o Açucareiro), as coisas mudam.
O Conde Olaf, por exemplo, EXPLODE CONTRA CARMELITA E CONTRA ESMÉ SQUALOR, e é outra das melhores cenas do episódio. “Esmé, you’re fired. And I’m breaking up with you”. A cena é forte, a atuação de Neil Patrick Harris é pungente, e ele se desfaz de Carmelita e Esmé porque, como sabemos há algum tempo, ele já está cansado delas. Então, ele pega o lançador de arpões de Carmelita e aponta para Dewey Denouement – para impedir que o Conde Olaf atire contra Dewey, os Baudelaire se colocam em frente ao lançador de arpões, e caminham em direção ao Conde Olaf enquanto ele conta até 10, dizendo que “ele não precisa fazer isso”, mas Olaf diz que é a única coisa que sabe fazer. Eventualmente, no entanto, ele solta o lançador de arpões, e parece que tudo vai ficar bem. Mais uma vez, realmente parece que tudo vai ficar bem…
Mas não fica.
Porque nada pode ficar bem em “Desventuras em Série”. Os Baudelaire acabaram de pegar o lançador de arpões quando alguém aparece do outro lado do lago, tossindo e gritando para saber o que está acontecendo e, no susto, os irmãos derrubam o lançador de arpões. E, ao cair, ele atira. Tudo o que vemos é o Sr. Poe dizendo que “um homem foi ferido”. Aqui, Lemony Snicket faz uma pausa para comparar o momento com a tragédia de uma ópera, na qual uma arma também é derrubada e dispara acidentalmente, matando uma pessoa… e é claro que os Baudelaire não teriam matado o Conde Olaf, não em “Desventuras em Série”. Por isso, como o episódio ainda evidencia, eles mataram, mesmo que acidentalmente, Dewey Denouement, que agora cai morto no lago em frente ao Hotel Desenlace… É UM FIM TRISTÍSSIMO PARA O EPISÓDIO!
E então, uma figura interessante aparece oferecendo uma carona para os Baudelaire!
“Violet, Klaus and Sunny Baudelaire… my name is Lemony Snicket”
O MELHOR EPISÓDIO E O MELHOR FINAL DA SÉRIE!

Para mais postagens de Desventuras em Série, clique aqui.


Comentários