Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse, 2019)



“Pergunta lá na Comic-Con!”
QUE ANIMAÇÃO FANTÁSTICA! Eu cresci amando as histórias do “Homem-Aranha”, que sempre foi meu herói favorito, e por muito tempo Peter Parker foi o único personagem por trás das máscaras. Há alguns anos, lembro-me do espanto com que lemos a morte de Peter Parker, e isso permitiu o nascimento de um novo Homem-Aranha: Miles Morales. Atualmente, o “ARANHAVERSO” tem uma série de dimensões paralelas e várias versões dos personagens que amamos, e é com isso que a mais nova animação brinca, conseguindo fazer um filme que é sobre o Miles Morales, mas repleto de referências e homenagens a outras versões dos quadrinhos… sinceramente, acho que essa é a melhor adaptação de “Homem-Aranha” para o cinema, e eu estou ávido por mais! Pelas sequências que já estão em andamento, os spin-offs possíveis… QUEREMOS TUDO!
O filme é um marco. Em toda sua originalidade, ele busca inspiração nos quadrinhos da Marvel, de diferentes linhas temporais, e nunca pareceu TANTO que estávamos lendo às HQs enquanto estávamos sentados em uma sala de cinema – adorei a direção do filme, cujos traços se parecem muito com os traços das páginas que temos em mãos, e o principal destaque nesse sentido fica para as incríveis CENAS DE AÇÃO! Além de termos uma série de onomatopeias espalhadas pela tela, também temos os pensamentos dos personagens em quadrinhos, e explosões que são DIGNAS do que vemos nas páginas… é como uma HQ realmente transposto para a tela do cinema, e isso é incrível. Uma animação diferente, original, e que deve encantar a todos os que amam qualquer versão do personagem. Peter Parker, Gwen Stacy, Miles Morales, Peni Parker, Peter Porker…
A ideia do Aranhaverso é inteligentíssima. E eu adoro isso de “dimensões paralelas”. No início do filme, temos uma narração de Peter Parker, que se apresenta, conta que foi mordido por uma aranha radioativa, e diz que “o resto nós já sabemos” – é legal como, além dos quadrinhos, o filme faz referência também a outras mídias em que o personagem apareceu, como umas referências à época de Sam Raimi, com o Homem-Aranha salvando o trem ou dançando pela rua… em paralelo, acompanhamos Miles Morales, um garoto comum do Brooklyn que foi transferido de escola e não gosta muito da nova escola. Então, durante a noite, ele escapa para ver o seu tio, Aaron, e eles vão juntos para o subterrâneo da cidade, onde Miles encontra uma parede lisa onde pode fazer uma de suas pichações… ali, ele é picado por uma aranha radioativa.
E a sua vida muda para sempre…
Na manhã seguinte, Miles Morales começa a enfrentar as mudanças que a picada lhe causa, e ele acredita que “está na puberdade”. A calça subitamente não lhe serve mais, por exemplo, e ele tem situações vexatórias, como quando coloca a mão no ombro de Gwen e, ao tentar tirá-la, percebe que a sua mão ficou grudada com o cabelo dela, produzindo um novo corte mega estiloso. É legal vê-lo descobrir os seus poderes, e é mais legal ainda o fato de Peter Parker ser famoso no seu universo… ali, as histórias do “Homem-Aranha” nos quadrinhos são VIDA REAL, e Miles Morales percebe que tudo o que está acontecendo com ele também já aconteceu com Peter Parker quando ele foi picado pela aranha… exatamente da mesma maneira. E é SUPERDIVERTIDO como Miles vai descobrindo seus poderes e andando grudado na parede de um prédio, por exemplo.
Mesmo que seja GRANDIOSO o fato de ter ganhado esses superpoderes, Miles Morales não está muito animado com isso – “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. Sem contar que o seu pai, policial, ODEIA o Homem-Aranha. Tudo muda, no entanto, quando Miles conhece Peter Parker, e eles percebem que são iguais. Peter Parker está lutando para impedir que um plano maligno e que coloca o contínuo de espaço-tempo seja colocado em ação, mas então as coisas dão errado, e Peter Parker acaba sendo assassinado. É DOLOROSO como todo o mundo se comove com a morte de Peter Parker, como Mary Jane faz um discurso lindíssimo em sua homenagem, e como todos a escutam vestidos como o Homem-Aranha… inclusive o próprio Miles Morales, que comprou uma fantasia barata do próprio Stan Lee, veja só!
Ali, Miles percebe que todos estão contando com ele
Só aqui é que a ideia de MULTIVERSO começa a ser apresentada, quando Miles Morales, ainda tentando ser o herói que esperam que ele seja, encontra Peter B. Parker – vindo de um universo paralelo. Essa versão de Peter Parker, mais velha, já passou por coisas bem diferentes daquelas que o Peter Parker daquele universo, loiro e de 26 anos. Esse outro Peter se separou de Mary Jane, sua Tia May morreu, e agora ele é a única esperança de mentor que Miles Morales tem. Esse Peter Parker, no entanto, só quer resolver logo o problema da máquina do Rei do Crime e voltar para o seu próprio mundo… adoro como o Miles é fofo e como “o faz se sentir culpado”, conseguindo que ele tope ajudá-lo, dando umas dicas que, basicamente, se resumem a usar talco no uniforme e tirar a capa. Como diria Edna: “Nada de capas!” Juntos, então, eles tentam roubar informação para refazer o pen-drive que o primeiro Peter Parker fizera e fora quebrado.
As sequências seguintes são MARAVILHOSAS. Peter Parker, por não pertencer àquela dimensão, começa a sofrer os efeitos colaterais, e precisa retornar para o seu mundo se não quiser morrer naquele, enquanto Miles Morales apresenta alguns poderes que Peter Parker desconhece, como a eletricidade nas mãos e a capacidade de FICAR INVISÍVEL! O filme é cheio de comédia da melhor maneira possível, a ação é impressionante, e tudo parece funcionar perfeitamente, do início ao fim! Enquanto enfrentam uma Dra. Octopus, Miles Morales precisa aprender a usar as teias da forma mais rápida e sob pressão possível, e os meninos acabam sendo ajudados por uma figura misteriosa na floresta: GWEN STACY, A PRIMEIRA MULHER-ARANHA. E ela tem toda uma destreza que nem Peter nem Miles demonstraram naquela cena toda.
Com a ajuda de Gwen Stacy, Miles e Peter se juntam às outras três “Pessoas-Aranhas” que estão refugiadas na casa da Tia May: o Homem-Aranha Noir, “em preto-e-branco”, o Porco-Aranha e Peni Parker, com SP//dr. Aqui, o filme atingiu seu ÁPICE, colocando seis versões do personagem lado a lado, interagindo e trabalhando em equipe… e eu adoro a diferença de tom e dos traços de cada um deles, mas também notar que HÁ SEMELHANÇAS entre eles. Peter Porker é muito mais cômico, Peter Parker Noir é sério, Peni Parker é UMA FOFURA em anime. Todos eles, no entanto, têm a história de uma morte que os marca profundamente, e ajuda a defini-los como heróis. Peter Parker tem a morte do Tio Ben, Peter Parker Noir do “Tio Benjamin”, Peni Parker do pai, Gwen Stacy do melhor amigo, o próprio Peter Parker, e Miles Morales em breve terá a morte do Tio Aaron.
Toda uma sequência interessantíssima para o personagem.
É com a descoberta de que o Tio Aaron é o Gatuno e trabalha para o Rei do Crime, e sua eventual morte, que Miles Morales se transforma no garoto que esperamos que ele seja. Até então, ele estava “brincando”, embora prestativo, e agora ele tinha um motivo para lutar. É uma transformação interessante do garoto Miles Morales no HOMEM-ARANHA, e embora inicialmente Peter Parker diga que ele não está pronto ainda, Miles Morales prova que está, aprendendo a controlar os seus poderes, fazendo seu próprio uniforme (que é lindo, por sinal!), e se juntando à batalha. A jornada final, então, é de MILES MORALES. Ele consegue ativar o acelerador que abre a passagem entre as dimensões, e manda cada um dos amigos de volta para suas próprias dimensões, onde estarão em segurança… a batalha, agora, é apenas dele e ele a aceita.
Adorei ver Miles Morales lutando como o Homem-Aranha, em destaque total, ganhando o reconhecimento do pai que, ao assistir, percebe que ele é um herói, mesmo sem saber que é o seu filho sob a máscara – isso dá forças a Miles para que ele vença o vilão, e ele termina o filme conseguindo destruir a máquina do Rei do Crime mesmo sem nenhum pen-drive, apenas com o seu próprio poder, além de entregar o Rei do Crime para a polícia do Brooklyn, com um bilhete que é a cara do Homem-Aranha… então, MILES MORALES ASSUME O MANTO DE HOMEM-ARANHA DE UMA VEZ POR TODAS. Oficialmente, agora ele é o “amigão da vizinhança”, o novo Homem-Aranha da cidade, com quem eles podem contar… agora, vamos esperar por mais aventuras de Miles Morales, Gwen Stacy, Peter Porker, Peni Parker… ESSE UNIVERSO AINDA TEM MUITO A OFERECER.
E SERÁ UMA FRANQUIA DE SUCESSO.
Mal posso esperar! \o/

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P.S.: ADORO quando eles quebram a quarta parede e fazem piadas com o mundo real ou com eles mesmos. O diálogo “Tem quantos Aranhas?” “Pergunta lá na Comic-Con” de Peter Parker e Miles Morales logo que eles conhecem Gwen-Aranha, por exemplo; o “Por que ele está em preto-e-branco?”, quando eles conhecem o Aranha Noir, além da fascinação dele pelo Rubik’s Cube; e, claro, aquele “Isso é tudo, pessoal” do Peter Porker se despedindo, com o comentário: “Isso é de outro desenho… não vai dar problema não?” Que clima INCRÍVEL tem esse filme, maravilhoso do início ao fim.



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