O elenco e as músicas de “O Fantasma da Ópera” – Texto 2 de 3

“E diz pra mim / Que nada mais importa…”

Eu sou um FÃ desse musical há muito tempo, e a experiência de poder assisti-lo ao vivo é recompensadora, porque podemos viver tudo intensamente, enquanto vemos essa história ganhando vida em frente aos nossos olhos! “O Fantasma da Ópera” tem três protagonistas muito marcados: O FANTASMA, CHRISTINE DAAÉ e RAOUL DE CHAGNY. A nova produção brasileira, que estreou em 2018, conta com dois atores alternando-se como O Fantasma e duas atrizes como Christine Daaé, e trata-se de uma equipe verdadeiramente talentosa que entrega uma interpretação pungente como o musical exige. As vozes interpretam magistralmente essa trilha sonora que nos encanta há anos, e eles se entregam aos personagens com toda a PAIXÃO que eles exigem, dando vida a uma das produções mais épicas que a Broadway já viu. Gostaria de comentar um pouco sobre o elenco…

Como o personagem título do musical, temos Thiago Arancam, que faz um belíssimo trabalho interpretando essa figura inicialmente misteriosa e, eventualmente, perigosa, que anda pela Ópera de Paris, causando problemas a todos que não atendam aos seus pedidos. O Fantasma é um homem desequilibrado, que foi rejeitado pela própria família por ter nascido com o rosto deformado, que ele esconde sob uma máscara, e que agora vive sozinho nas profundezas da Ópera de Paris. Fascinado por Christine Daaé, ele a recebe como sua pupila, tornando-se seu “Anjo da Música”, mas a sua relação com ela não tem nada de saudável. Ele é totalmente obcecado por ela, e isso o torna perigoso, capaz de cometer alguns assassinatos pelo seu caminho, para que seus pedidos sejam todos atendidos… é verdadeiramente apavorante, na verdade.

As músicas de Thiago Arancam, o Fantasma, são de ARREPIAR, e no geral parecem muito ameaçadoras, como ele. Gosto muito de “Anjo da Música” e mais ainda de “A Música da Escuridão”, que é um par perfeito à “O Fantasma da Ópera”. Também é impressionante como ele interpreta a reprise de “Preciso Ouvir de Ti”, no fim do primeiro ato, quando descobrimos que ele estava escondido no telhado da Ópera de Paris, secretamente assistindo a todo o encontro de Christine e Raoul, enquanto eles juravam amor eterno um ao outro… depois disso, o Fantasma retorna AINDA MAIS AMEAÇADOR no segundo ato, durante o Baile de Máscaras, entregando o roteiro de “Don Juan Triunfante”, com algumas especificações bem claras de como quer que a ópera seja encenada. Ele pretende usar a ópera para levar Christine com ele, de uma vez por todas.

Ao seu lado, temos Lina Mendes interpretando a doce, inocente e talentosa Christine Daaé. Christine perdeu o pai muito jovem e, desde então, teve “aulas de canto” com o seu “Anjo da Música”, o que a coloca, merecidamente, no topo do elenco da Ópera de Paris – Lina Mendes interpreta Christine lindamente, com seu carisma marcante, sua voz belíssima e um talento e tanto. Ela nos encanta durante “Pense em Mim”, que é o seu primeiro momento de destaque no musical, mas ela nos arrebata logo em seguida, quando interpreta, ao lado de Thiago Arancam, “O Fantasma da Ópera”, cantando como o Fantasma lhe pede que faça, e aquilo ainda me arrepia, apenas de lembrar-me. [Nesse momento, minha parte favorita do musical, olhei para o lado, para o meu namorado, e percebi que as lágrimas escorriam de seu rosto, a emoção transbordando. Esse é o sentimento da cena]

Por fim, temos Fred Silveira interpretando Raoul, o Visconde de Chagny, que é MEU PERSONAGEM FAVORITO em “O Fantasma da Ópera”. Acredito que, por muito tempo, o personagem de Raoul foi menosprezado, e muitas pessoas ainda não entendem que ele é o homem que Christine ama de verdade. Raoul foi um amor de infância que retorna agora, e que representa para Christine tudo o que o Fantasma não é: segurança, amor, carinho, em oposição à maneira obsessiva como o Fantasma a trata. E o hino desse amor é a belíssima “Preciso Ouvir de Ti”, que é uma das minhas músicas favoritas… a sequência é linda, com Raoul e Christine no terraço da Ópera de Paris, cantando um ao outro sobre como se amam e sobre aquilo é tudo de que precisam agora. Christine o ama e teme que o Fantasma vá privá-la de viver esse amor com Raoul.

Durante 6 meses, então, Christine e Raoul namoram escondidos, sem que o Fantasma da Ópera volte a aparecer. Então, quando o elenco reunido canta “Carnaval” (essa é minha única ressalva em relação à tradução, pois não gosto de “Masquerade” ter sido traduzida como “Carnaval”), o Fantasma reaparece com uma roupa extravagante, entregando o roteiro da próxima ópera que exige que seja encenada naqueles palcos: DON JUAN TRIUNFANTE. E essa sequência conta com algumas das cenas mais tensas do musical, como quando o Fantasma mata o ator em cena e o substitui, seduzindo Christine no palco, ou achando que o faz, até que ela arranque a sua máscara, revele, por fim, a sua face deformada – então, o Fantasma a leva com ele para as profundezas da Ópera, de volta ao Covil do Fantasma, onde exige que ela faça uma escolha…

Ele ou Raoul?

A sequência final do musical é FORTÍSSIMA. Mesmo sabendo do perigo que corre, Raoul não vai permitir que Christine esteja em risco, por isso desce seguindo o caminho indicado pela Madame Giry, mantendo as mãos na altura dos olhos, até encontrar o Fantasma e Christine. O Fantasma, enlouquecido, coloca uma corda em seu pescoço e ameaça matá-lo, dizendo a Christine que ela precisa ficar ali com ele, ou então ele matará Raoul. Aqui, o Fantasma passou de todos os limites, e qualquer que fosse a admiração que, quiçá, ela ainda tivesse por ele, se esvai. Ela beija o Fantasma, uma cena que Raoul mal pode assistir, mas o tempo todo sabemos que ela o faz para que ele possa poupar a vida do homem que ama… ela estava disposta a se sacrificar por Raoul. Notando isso, o Fantasma acaba deixando que os dois saiam livres, enquanto ele desaparece.

O musical é repleto de momentos, e eu adoro ver a Christine mudando de opinião em relação ao Fantasma. Não acho que ela, em algum momento, o tenha amado como homem, mas ela sentia algo por ele. Christine o admirava e o respeitava, até que passou a sentir pena dele e, por fim, asco. Ela passou a temê-lo, a querer uma vida de paz ao lado de Raoul, coisa que ele não permitia que jamais ocorresse… a cena do cemitério, com “Quem me dera vê-lo uma outra vez” e “Pobre Criança”, é um exemplo PERFEITO de como a fascinação que Christine sente pelo Fantasma permite que ele a manipule de uma forma doentia, quase a atraindo para dentro do mausoléu, mas quando Raoul aparece para resgatá-la, as coisas mudam… a partir daquele momento, Christine só pensou em proteger Raoul. Porque, como eu já disse várias vezes, ela o ama.

“O Fantasma da Ópera” é LINDÍSSIMO. Não é à toa que é um dos musicais há mais tempo em cartaz e que, mesmo depois de todos esses anos, ainda nos fascina a cada sessão! Eu ADORO o trabalho da orquestra de “O Fantasma da Ópera”, e como as notas marcantes são usadas durante todo o musical. De modo geral, a música enaltece a belíssima e fortíssima história, e tudo é uma produção GRANDIOSA. Do lustre, que cai no fim do primeiro ato como uma vingança do Fantasma ou que se levanta no fim do prólogo, voltando o tempo em 30 anos, do leilão até 1881 na Ópera de Paris, a todo o cenário, detalhado e belo, bem como os figurinos de cair o queixo. Uma produção grandiosa que é acompanhada de um elenco apaixonado e talentoso, consagrando a nova produção brasileira de “O Fantasma da Ópera” como outro marco na história!

Apaixonante.

Para mais postagens de O Fantasma da Ópera, clique aqui.