O Fantasma da Ópera – Texto 1 de 3
“O Fantasma da Ópera está dentro de mim…”
No ano
passado, “O Fantasma da Ópera” ganhou
uma nova versão nos palcos brasileiros – o musical, de Andrew Lloyd Webber,
estreou nos palcos de Londres pela primeira vez em 1986, e na Broadway em 1988
e, desde então, vem encantando gerações
por onde passa. A história, baseada em um romance de Gaston Leroux, de
1909, já bastante impactante, é intensificada pela composição perfeita de
canções que fazem de tudo para tornar cada pequeno momento ainda mais grandioso… acontece que além de ser um “musical”, “O Fantasma da Ópera”, como faz todo o
sentido que assim fosse, também tem características da ÓPERA. Não é uma ópera
em sua totalidade, mas como sua principal ação se passa dentro da ópera, esse é o estilo musical escolhido, e com uma
orquestra fortíssima e notas
marcantes, o musical realmente nos ARREBATA.
Acho extremamente
fascinante como o musical começa um pouco
diferente da maioria dos musicais encenados no palco com orquestra ao vivo –
é comum que tenhamos a introdução com uma seleção de canções tocadas pela
orquestra, até que a cortina se abra e o espetáculo comece… com “O Fantasma da Ópera”, isso é diferente.
O PRÓLOGO nos leva ao Palco da Ópera de Paris em 1911, onde o Visconde de
Chagny comparece a um leilão de peças
importantes para o teatro… no lote 663, por exemplo, vemos um pôster da
produção de Hannibal, de alguns anos atrás; no lote 665, o macaco que toca “Masquerade” e ainda me causa arrepios
e, por fim, no lote 666, o mesmo lustre
do desastre na ópera em 1881. Então, o tempo volta e é AÍ que a orquestra
entra, tornando a experiência ainda mais arrebatadora.
Enquanto o lustre sobe sobre nossas cabeças, o palco se transforma e a
orquestra nos envolve…
Nos acordes marcantes de “O Fantasma da
Ópera”.
Na história
de “O Fantasma da Ópera”, Christine
Daaé é uma garota jovem e órfã, que foi ensinada a cantar por um “Anjo da
Música”, que ela acredita ter sido enviado por seu pai, e quando uma série de
eventos misteriosos fazem com que
Carlota, a atual estrela da Ópera de Paris, abandone a mais nova produção de “Hannibal”, Christine assume o seu lugar
e É UM VERDADEIRO SUCESSO. Ao som de “Pense
em Mim”, ela nos arrepia com a sua belíssima voz, e chama a atenção de
Raoul, um antigo amigo/namorado de infância que acabou de se tornar um
investidor da ópera, e quer ter a chance de voltar
a conhecê-la. A Ópera, no entanto, é assombrada
por um “Fantasma”, uma figura misteriosa que faz coisas sinistras acontecerem
e, agora, leva Christine para a sua moradia no subsolo da ópera, onde pretende
mantê-la como sua prisioneira.
Aqui, outra
sequência que nos ARREBATA. Enquanto desce puxada pelo Fantasma, Christine e
ele entoam a classicíssima “O Fantasma da
Ópera”, que ainda ressoa dentro de nós mesmo tanto tempo depois de
assistir, e que NOS ARREPIA POR COMPLETO naquela sequência final, quando o
Fantasma pede que “ela cante para ele”, chamando-a de “Anjo da Música”, como ela o chamara… e quanto mais
Christine canta, mais nós somos arrebatados, mais as lágrimas escorrem de
nossos olhos. TUDO na sequência é perfeita. A atuação, a música, o cenário do
subsolo, e eu realmente lamento que não
tenhamos tido a oportunidade de aplaudir
à música, porque a cena continua com “A
Música da Escuridão”. Sinto que se tivéssemos aplaudido ao fim de “O Fantasma da Ópera”, aquele teatro
teria sido trazido abaixo com todos os aplausos e gritos da plateia.
A história de
“O Fantasma da Ópera” e o homem que
Christine ama já foi material de debate durante
anos, mas para mim é muito claro: CHRISTINE AMA O RAOUL! Eu sempre fui apaixonado pelo Raoul. Ele é atencioso, querido,
verdadeiramente apaixonado, e o amor que ele sente por Christine não pode ser
mensurado. Em contrapartida, o Fantasma é obcecado, possessivo e claramente doente. Em nenhum momento eu acho que
Christine o tenha amado de fato, a
relação é muito mais complicada do que
isso. Ela o chamava de “Anjo da Música”, acreditava que ele tinha sido
enviado pelo seu pai, e ele fora um tutor
que a ensinou a cantar – Christine o respeitava, até o admirava, e ele
conseguiu destruir isso tudo nela. Depois do primeiro sequestro, ela começou a
sentir pena do Fantasma e, mais
tarde, isso se converteu em repugnância.
Eu amo o
trecho que diz, ao fim da peça (não me lembro as palavras exatas na versão em
português), que “não é em seu rosto que está a verdadeira deformidade, mas em sua
alma” – porque é isso o que o Fantasma se tornou para Christine. Ele tentou
impedi-la de ser feliz com Raoul, um homem que a amava de verdade, matando quem
estivesse em seu caminho e impondo todas as suas vontades, como “Don Juan Triunfante”, que devia tê-la
como protagonista. Com o tempo, é NOTÁVEL que Christine apenas faz o que for para defender Raoul. É inegável, também,
que o Fantasma exerce certo tipo de controle
sobre Christine: há certa fascinação que quase a droga em sua presença, mas ela o teme e, ainda assim, se arrisca
para que possa proteger Raoul. Quando ela
o beija no fim da peça, no Covil, não é porque o ama nem nada…
Ela o beija porque sabe que só assim ele
poupará a vida de Raoul.
Christine escolheu
Raoul, e essa escolha é óbvia ao longo de várias cenas bem escritas. Com o
Fantasma, a relação era diferente, e Christine não teria se submetido a esse
pavoroso relacionamento abusivo com
um homem descontrolado e obsessivo que a via como sua “propriedade”. Além disso,
ela tinha ao seu lado um homem bonito, de bom coração e corajoso, que a amava
profundamente e que faria de tudo por ela… e isso me faz pensar no Prólogo,
quando o Visconde de Chagny, o Raoul, está no leilão da Ópera de Paris,
recolhendo memórias do amor de sua vida… depois de ele mesmo notar esse amor, o
Fantasma deixa que Raoul e Christine vão embora, e então desaparece para sempre
nas catacumbas da Ópera, deixando para trás apenas a sua máscara, encontrada
por Meg quando a multidão desce atrás do assassino
da ópera.
Agora,
Christine e Raoul podem ser felizes…
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