O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos (The Nutcracker and the Four Realms, 2018)
“Everything
you need is inside”
QUE DELÍCIA
DE MUNDO MÁGICO! Eu estava ansioso para assistir a “O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos”, e infelizmente perdi de ir ao
cinema porque me recusei a assistir
dublado… finalmente assisti ao filme e estou encantado! Muito mais do que
pela história, eu estou encantado pelo
que o filme me fez sentir – é um verdadeiro espetáculo visual, com
lindíssimos cenários e figurinos, tudo muito mágico, envolvente e belo... e as sequências de ballet, embora não tantas quanto se podia esperar, são lindas de nos
fazer babar! Mas também adorei a maneira como a produção fez com que eu
pensasse em outras obras do gênero, e como eu parecia uma criança novamente,
transportado para outros universos, escondidos da nossa vista, mas ali, para
quem quisesse visitá-los… os Quatro Reinos, criados por Marie Stahlbaum, e que
agora são “encontrados” por sua filha, Clara…
O filme
começa nos apresentando Clara Stahlbaum e seu irmão, Fritz, em uma linda
Londres durante a Véspera de Natal. Clara é uma inteligente mente inventora que
entende tudo a respeito de engrenagens e afins, mas cuja relação com o pai não é
das mais agradáveis desde a morte
recente da mãe, já que os dois não sabem entender
a dor do outro, ou como lidar com ela… na Véspera de Natal, então, o pai
entrega a Clara e aos irmãos um presente
que foi deixado por Marie para cada um deles, para serem entregues naquele dia –
e, para Clara, a mãe deixou uma espécie de ovo, mas sem a chavinha que o abriria. Assim, quando Clara vai com a
família para a festa na casa de Herr Drosselmeyer, a busca pelo seu presente naquela noite a leva para uma viagem
totalmente nova… o padrinho a coloca no caminho da chavinha, rumo aos Quatro
Reinos.
Eu ADORO a
travessia, e aqui eu preciso comentar o início das referências. Tanto a
travessia, de dentro de casa para um
mundo totalmente novo, quanto a chegada do
lado de lá me fizeram pensar muito em “As
Crônicas de Nárnia”, mas, ao invés do “Ermo do Lampião”, tínhamos a “Floresta
da Árvore de Natal”. A travessia também tem um quê de “Alice no País das Maravilhas”, referência/influência que fica muito
mais evidente no Quarto Reino, especialmente no visual do filme. E também devo
comentar que eu pensei em “O Mágico de Oz”,
especialmente quando conhecemos a Terra dos Doces, e Clara se assemelha a
Dorothy, no seu trato com os pequenos munchkins na sua chegada a Munchkinland –
além disso, também é inevitável não pensar na obra de 1939 quando Clara ecoa as
palavras de Dorothy e diz que “não está mais em Londres”.
A princípio,
tudo o que Clara quer é conseguir a
chavinha que vai abrir o presente deixado por sua mãe, mas um ratinho
arteiro a roubou da Árvore de Natal e saiu correndo rumo ao Quarto Reino, e
embora ela e o Capitão Quebra-Nozes tenham ido
atrás dele, não conseguiram pegá-la de volta. Assim, Clara acaba ficando
naquele outro mundo, no qual o tempo
passa mais devagar (gosto muito da
cena que explica isso, com Clara passando pelo relógio, de volta na casa de
Drosselmeyer), e conhecendo a Fada de Açúcar, que a leva para assistir a UM
LINDÍSSIMO ESPETÁCULO DE BALLET que conta a história da chegada de Marie aos Quatro Reinos: primeiro, a Terra das
Flores; depois, a Terra dos Flocos de Neve; então, a Terra dos Doces; e, por
último, o “Quarto Reino”, o momento em que as coisas supostamente começaram a
dar errado…
Gosto muito
de toda a proposta dos Reinos e de como eles foram criados, por Marie
Stahlbaum, a partir de brinquedos a quem ela deu vida. Agora, graças ao Motor, os brinquedos (como os soldadinhos
de chumbo) tem sentimentos como Clara e
todos os humanos, e a Fada de Açúcar fala sobre “criar um exército para acabar
com a guerra”, porque o Quarto Reino
aparentemente está em guerra com os outros três… mas no momento em que a
Fada de Açúcar falou sobre “criar um exército”, eu imediatamente fiquei com um pé atrás em relação a ela: era muito
evidente que suas intenções não podiam ser boas, falando desse modo! E nós nem sabíamos
ao certo o porquê da guerra do Quarto Reino contra os outros três, na verdade.
Mas, inocente, Clara acredita na missão que lhe é passada, e se propõe a
terminar a guerra, indo até o Quarto Reino para recuperar a sua chavinha…
E, então, ligar o Motor e dar vida a novos
soldados.
Assim, Clara
lidera uma missão rumo ao sombrio
Quarto Reino, em busca da chavinha que abre o presente deixado por sua mãe,
acompanhada pelo Capitão e outros soldados, e é uma sequência interessante, na
qual eles caminham por um cenário destruído de um parque de diversões que deve ter sido lindo no passado… e aqui,
toda a minha desconfiança se intensifica, porque a Mãe Ginger, que supostamente
é a “vilã”, parece se importar de verdade
ao descobrir que Marie morreu, mas Clara não lhe dá a oportunidade de falar,
porque ela não quer ouvir. Apenas recupera a sua chave e vai embora dali,
parando antes de voltar à Terra dos Doces para abrir ao ovo deixado pela mãe,
que ela descobre ser “apenas” uma
caixinha de música… decepcionada, ela resolve que vai voltar para casa, mas
o Capitão a convence a ficar e “salvar o Reino”.
Mas o Reino
precisa ser salvo de outra vilã…
Assim que
recupera a chavinha que tanto queria, a Fada de Açúcar começa a transformar
soldados de lata em guerreiros que
obedecem apenas a ela, e o “Hello, boys”
dela foi bastante macabro. É impressionante
como, de uma hora para outra, ela muda
completamente, de sua postura à sua voz e modo de falar, e então ela se
converte na vilã que ela queria que todos acreditassem que a Mãe Ginger era.
Ela manipulou Clara para que ela recuperasse a chavinha que ligava o Motor que
transforma brinquedos em seres sencientes, e agora ela quer
promover a GUERRA, atacando o inocente Quarto Reino – e é doloroso como ela diz
a Clara que “não se importa com o que sua mãe ia querer, porque ELA NÃO ESTÁ
ALI”, porque Clara confiou nela, e
agora a decepção é grande demais…
sentindo-se abandonada por Marie, a Fada de Açúcar se rebelou.
Cansou de ser
“boazinha”.
Seu grande
plano? Transformar todos que se opõe em
brinquedos de novo.
O filme tem
uma boa mensagem na luta pelo poder, e Clara, presa pela Fada de Açúcar junto
do Capitão Phillip, não desiste de salvar
o Reino, e então descobre que “tudo o que precisava”, que a mãe prometera estar dentro do presente, era um espelho
– ou seja, ela mesma. Assim, usando a sua inteligência e entendimento das leis da física, ela escapa de sua prisão
para desligar o motor, lutar contra a Fada de Açúcar, que está criando cada vez
mais soldados de lata, e salvar a Mãe
Ginger. Com a ajuda de Phillip e do ratinho que roubou a sua chave, lá no
início do filme, ela consegue, e eu gosto muito das sequências de ação, que
culminam na Fada de Açúcar provando de seu próprio veneno e sendo transformada
de volta em brinquedo… assim, quando ela cai inerte ao chão, os soldados de
lata fazem o mesmo, porque obedeciam
apenas a ela.
Assim, Clara
restaura a paz aos Quatro Reinos, devolve a Mãe Ginger o seu lugar, e se
posiciona como Rainha pela primeira
vez, E ELA ESTÁ LINDÍSSIMA naquele figurino! Mas ela não pode ficar ali por
muito tempo… ela precisa retornar para o seu próprio mundo, e precisa consertar
algumas coisas, como pedir desculpas ao pai pela forma como o tratou. Esse é um
dos momentos mais bonitos e emocionantes do filme, no qual ambos se desculpam e
reconhecem a dor e o sofrimento do outro, e então ela coloca a caixinha de
música da mãe para tocar e dança com o
pai na Véspera de Natal, enquanto os irmãos se juntam a eles para dançar
também. Absolutamente LINDO. Quando o filme chega ao fim, com a festa na casa
de Herr Drosselmeyer ainda acontecendo, acompanhamos durante os créditos uma
apresentação de um trecho do ballet do “Quebra-Nozes”,
e É TÃO BONITO DE SE ASSISTIR.
Um espetáculo
aos olhos!
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