Weird City 1x05 – Chonathan & Mulia & Barsley & Phephanie



“It’s almost like they’re people too”
QUE CRÍTICA SOCIAL MAIS F*DA! Eu amei tanto esse episódio que eu nem sei por onde começar a comentar! Esse é um dos melhores episódios de “Weird City”, porque é bizarro como toda a série, tem um quê de comédia muito bem produzido, mas, nesse caso, ainda tem uma CRÍTICA contínua e eu poderia transcrever todos os diálogos e comentar alguma coisa a respeito deles. Foram tantas coisas memoráveis, que eu já estou fazendo uma listinha das pessoas com quem eu PRECISO assistir esse episódio novamente… Chonathan, Mulia, Barsley e Phephanie são quatro privilegiados que moram Acima da Linha e que querem se sentir “solidários” ou qualquer coisa assim… então, eles fazem as maiores loucuras em busca de uma criança pobre de Abaixo da Linha de quem eles possam cuidar… mas, é claro, apenas por um dia, não mais que isso.
O primeiro diálogo já é fútil e bizarro, e nos faz rir ao mesmo tempo em que nos revolta. Eu achei GENIAL a forma como a série conseguiu transpor para esse outro mundo, não tão diferente assim do nosso, e representar com propriedade as pessoas ricas que adoram se sentir superiores às outras, mas, para alimentar seu ego e deixar sua consciência em paz, eles gostam de “fingir que estão ajudando”, fingir que “se importam”. Um deles vai até a Linha para recolher lixo, por exemplo, mas ele não desce até o outro lado para catar lixo Abaixo da Linha, e ele tampouco responde a esse questionamento quando ele é levantado. Também existe essa preocupação excessiva com a alimentação… tudo é preciso e eu posso reconhecer tantas pessoas endinheiradas em nosso mundo que são exatamente do mesmo modo. Elas “doam” pra “causas sociais”… mas não se importam de fato.
É só para aliviar a consciência.
Assim, quando os quatro relembram um comercial sensacionalista sobre crianças que passam fome Abaixo da Linha e sobre como eles podem mandar créditos para eles, eles resolvem fazer algo diferente: acolher uma criança. Mas não porque realmente se importem, apenas porque eles querem provar para outras pessoas que são melhores do que eles. Assim, de forma zoada e cômica, o roteiro consegue tocar em assuntos pertinentes e sérios – a crítica é REAL e presente. Eles roubam uma van e descem para Abaixo da Linha, e essa é UMA DAS MELHORES CENAS DO EPISÓDIO, com uma escrita absurda e revoltante, colocada de uma forma divertida e bizarra, que faz muito sentido para todo o estilo “Weird City” construído ao longo dos episódios, eles se assombram com tudo o que veem pela frente, enquanto se perguntam o que é cada coisa. E as explicações são loucas.
Mas o mais absurdo foi o:
“Where are the kids in need? Is there a bin full of them somewhere?”
QUASE ENGASGUEI AQUI!
O roteiro é genial, debochado e sarcástico. Eles veem grafites nas ruas e explicam que as pessoas não têm tablets, então escrevem nas paredes… veem um homem dormindo na rua e se perguntam “que tipo de ioga é essa”, veem as máquinas de lavar e perguntam se esse é “um parque temático”, enfim… e quando eles começam a passar por uma rua com algumas casas, vem aquele perfeito: “Houses? Barsley, did you get us lost? We’re back Above the Line!” Porque, aparentemente, pessoas Abaixo da Linha não deviam ter casas e tudo o mais… então, eles se sentem um máximo por “serem os primeiros” a pensar que talvez as pessoas Abaixo da Linha não sejam assim tão diferentes deles, e chegam a soltar um “It’s almost like they’re people too”. Então, os quatro decidem que o melhor lugar para encontrar uma criança pobre é dentro de uma daquelas casas.
QUE CENA MAIS BIZARRA. Eles encontram um garoto que tem uma vida bem boa para quem vive Abaixo da Linha, jogando videogame e tudo, e o tratam como um animalzinho de estiação ou como um objeto… mas eu adoro como o Oliver é inteligente, astuto, e como ele diz que eles não podem entrar assim na casa das pessoas, e como chama o pai, que os expulsa prontamente. Mais tarde, no entanto, Chonathan, Mulia, Barsley e Phephanie estão comendo alguma coisa na rua quando veem “Ooliver” brincar com uma bola e O SEQUESTRAM! É um tanto desesperador, mas também é tão cartunesco que chega a ser engraçado, porque a ideia é divertir ao mesmo tempo em que faz toda uma crítica. Oliver manda uma mensagem ao pai, dizendo que foi sequestrado – “I’m pretty sure if you lock a kid that’s not yours in a van, it’s called kidnapping”, ele explica.
Mas gente, aqui eu acho que está A MAIOR CRÍTICA DO EPISÓDIO! Eles se fazem de boas pessoas, fingem se importar com os “pobres”, e dizem que vão mostrar para ele a felicidade, mas completam, dizendo: “Mas só por algumas horas. Você estará de volta até o jantar”. CARA, ISSO É TÃO REAL! A “solidariedade” cumpre um objetivo egoísta que não é ajudar a pessoa de fato. Enquanto isso, o pai do garoto chama a polícia para tratar do sequestro da criança, enquanto Ooliver até se diverte um pouco Acima da Linha, mas os adultos só se preocupam em “tirar fotos com ele para mostrar para os amigos”, e uma série de outros problemas que não têm nada a ver com ele. Tudo é exagerado e sem-noção, e Oliver é facilmente a pessoa mais sensata e mais inteligente dali. A cena da terapia é GENIAL, e o momento em que ele manda mensagem ao pai dizendo que tá entediado e pedindo que ele venha buscá-lo também!
Adorei o episódio, crítico, divertido, real e detalhado. A sequência final é tão bizarra quanto todo o resto. Oliver se levanta, anuncia que está indo embora, e eles perguntam se “não são o suficiente para ele”, e se “ele não vai agradecer depois de ‘tudo’ o que fizeram por ele”, e a cena é hilária… eles discutem, Oliver olha para eles desconcertado, o pai entra todo heroico, o policial entra pelo vidro, atirando no melão orgânico que foi carregado durante todo o episódio e, por fim, os quatro malucos acabam presos. Mas eles acabam condenados por terem roubado uma van, não por terem sequestrado uma criança. Uma vez na prisão, eles até que se sentem um pouco melhor, porque podem voltar a comer, podem conversar e ser ouvidos pelas pessoas sobre seus problemas, podem catar lixo e podem ser acolhidos em um próprio programa de presidiários…
Enfim. O episódio é uma loucura.
Mas é uma loucura INTELIGENTE, um roteiro e um elenco admiráveis. Aplausos, de fato!

Para mais postagens de Weird City, clique aqui.


Comentários