Cemitério Maldito (Pet Sematary, 2019)
“Sometimes dead is better”
Stephen King
está ganhando novas adaptações para o cinema e, particularmente, eu adoro o
teor de suas obras. Embora seja considerado o “mestre do terror”, as histórias
do autor têm originalidade o suficiente para serem mais que “simples histórias
de terror”. Elas nos apavoram de um
jeito diferente, além do terror tradicional, nos perturbando psicologicamente
com sequências doentias e bastante
suspense. Em “Cemitério Maldito”,
graças a uma terra amaldiçoada que traz animais e pessoas de volta à vida, Stephen King nos convida a pensar até onde seríamos capazes de chegar por
alguém que amamos. Dentre minhas adaptações favoritas do autor estão “IT: A Coisa”, do livro de mesmo nome, e
“11.22.63”, baseado em “Novembro de 63”. Dentre meus maiores
desejos de leitura, além desse último, também incluo a saga “A Sétima Torre”.
Na história
de “Cemitério Maldito”, uma família
se muda de Boston para uma cidadezinha do interior, Ludlow, no intuito de “desacelerar”
um pouquinho. Os Creed, então, assumem um novo estilo de vida, que inclui, para
Louis, um trabalho em uma clínica médica em que acredita que os problemas serão menos graves que na
cidade grande. Enquanto explora a nova propriedade, Ellie encontra, não muito
longe de casa, um “Cemitério de Animais”, onde as crianças da região enterram
seus animaizinhos mortos, em um ritual tradicional da cidade, como ela mesma
viu com a mãe, assim que elas chegaram à nova casa. O lugar, que tem um quê de
macabro (eu adorei o cenário, a proposta, o clima),
esconde outros segredos depois de uma
barreira, que Ellie é advertida a não cruzar, por Jud, um senhor da região
que rapidamente se torna um de seus melhores amigos. E a garota não insiste em saber o que tem do outro lado.
Para a
surpresa de Louis Creed, a cidadezinha pode não ser assim tão “pacífica” quanto
ele esperava que fosse, e logo no início de seu trabalho, ele recebe um
paciente chamado Victor Pascow, um garoto que foi atropelado e, agora, está à
beira da morte, com o rosto desfigurado, e perdendo muito sangue… a cena é
horrível de se assistir, e é o primeiro momento de terror gráfico. Louis não consegue
salvar a vida do garoto, que morre, mas parece “retornar” para dar a Louis um
aviso. Naquela noite, também, Louis tem uma espécie de sonho maluco em que é
levado por Victor até o meio da floresta, até o Cemitério de Animais, onde
Pascow o avisa para não cruzar a barreira
– embora acreditasse que tudo tenha sido um sonho, Louis rapidamente descobre
que está com os pés completamente sujos,
como se realmente tivesse estado na mata naquela noite.
Então, ele
provavelmente esteve.
As coisas
começam a ficar mais perigosas quando
Jud encontra Church, o gato de Ellie, morto durante o Halloween. Jud manda
Louis continuar as programações do dia com a família, e diz que “à noite eles
cuidarão do gato”. Rachel, enquanto isso, pede a Louis que ele não conte a
Ellie que o gato morreu… que diga que ele
fugiu. Naquela noite, Louis e Jud se preparam para enterrar Church no
Cemitério de Animais, o lugar “onde os mortos descansam”, mas Jud acaba levando
Louis além, para o lugar “onde os mortos andam”, porque Ellie ama demais aquele gato. Então, caminhamos por um longo trecho
até chegarmos a um segundo cemitério, muito mais macabro (a fotografia estava
brilhante!), onde Jud pede que ele enterre Church e coloque umas pedras em
cima… então, eles retornam para casa, sem que Louis inicialmente entenda o
porquê de enterrar o gato tão longe.
Até que o veja vivo na casa.
Quando retorna,
CHURCH JÁ NÃO É MAIS O MESMO, e é interessante como as pessoas não aprendem com seus erros em filmes de
terror – toda história de necromancia acaba dando errado, porque as pessoas
nunca voltam as mesmas do outro lado,
mas Church retorna à vida. Agora, ele é um gato desgrenhado e fedorento, que
age de maneira estranha e/ou ameaçadora, e eu achei incrível (e apavorante) o que isso fez com o clima do filme. Acontece
que, para mim, qualquer terror fica infinitamente
mais assustador quando se coloca crianças como as vilãs, mas parece que
colocar um gato como antagonista parcial
também causou uma grande impressão. Ellie
acaba rejeitando o gato depois que ele a arranha, e Church segue Louis a todo
lugar, mas Louis se apavora quando ele parece disposto a atacar Gage, seu filho
mais novo. Então, ele resolve matá-lo.
Mas não consegue.
Assim, ele apenas o abandona longe de casa.
Depois disso,
Ellie completa 9 ANOS DE IDADE, e a tragédia anunciada em um sonho acontece. No
sonho, Pascow volta a falar com Louis, e eu ADOREI a direção da cena quando Louis
está andando na floresta, olha para baixo, vê o chão virar um asfalto, e então a
luz de um caminhão quase o pegando – aquilo
me arrepiou até a alma! A sequência do acidente foi realmente TRISTÍSSIMA. Ellie
está triste porque acha que o Church “foi embora” por sua culpa, e fica tão
feliz quando o vê de volta no meio da rua, que não presta atenção no risco que
está correndo… tendo em vista toda a finalização do filme, sou levado a
acreditar que o Church planejou aquele
acidente. Ele QUERIA que Ellie fosse atropelada pelo caminhão. O pequeno
Gage sai correndo em direção à rodovia, Louis corre para salvá-lo, mas não tem
tempo de salvar a filha.
Então, Ellie
morre brutalmente.
Toda a sequência
é de partir o coração. É TRISTE
DEMAIS vê-los obrigados a enterrar uma filha, e nós sabemos o que
inevitavelmente passaria pela cabeça de Louis, fosse isso indicado ou não. Jud tenta
dizer a Louis que ele não pode fazer o
que está pensando, porque o que quer que retornasse não seria a Ellie de verdade, mas Louis está atormentado e traumatizado demais, e ele está sozinho em casa, porque
Rachel e Gage foram para a casa dos pais dela… então, Louis ignora todos os
avisos de Jud, que já entendeu que o cemitério é maldito e não deveria ser usado, e invade o cemitério da cidade
para desenterrar o corpo da filha. Ele
pega Ellie nos braços e a carrega por todo o percurso, voltando a enterrá-la… dessa vez, no cemitério maldito. Ele retorna
para casa, então, e só precisa esperar
que o que fez dê certo de algum modo.
E Ellie volta
à vida… ou alguma coisa que se parece
muito com a Ellie e está usando o seu corpo, mas não é a Ellie. O filme é
peculiar nesse sentido, porque ao mesmo tempo em que julgamos Louis, nós entendemos sua dor e sua esperança, mas não tinha como suas ações resultarem em
algo bom. Ellie é apavorante desde o primeiro instante, seja em sua
aparência, que já não é a mesma de antes, ou nas suas atitudes – aquele abraço
me assustou, e a maneira como o cabelo dela caía enquanto Louis lavava a sua
cabeça… CREEPY! Louis queria tanto
que fosse a sua filhinha de sempre de volta, mas mesmo quando dorme ao seu lado
naquela primeira noite, ele parece começar a perceber que fez algo errado. Porque, embora ele ainda não fale sobre isso,
percebemos que ele ESTÁ APAVORADO deitado ao lado daquilo que se parece com a Ellie.
Dali em
diante, o filme se entregou realmente
ao gênero do terror, com direito a vozes estranhas, a sangue e a momentos
dedicados a nos assustar… Ellie age de forma estranha e apavorante, e ela
mostra toda a sua perversidade
recém-adquirida quando Jud a vê na janela de casa. A coisa, então, segue
Jud até a casa dele, onde ele estava pensando em se proteger e, se necessário
(e sabia que seria necessário), matá-la, mas a garota é muito mais rápida,
esperta e perigosa que ele… ela ataca debaixo da escada, com um bisturi,
cortando parcialmente o pé de Jud e o derrubando da escada. Antes de matá-lo de
verdade, no entanto, ela “se transforma” na mulher de Jud, que já está morta, e
diz umas coisas horríveis para ela, antes de voltar a ser “Ellie” e, então,
matá-lo com uma série de golpes… naquele
momento, eu já sabia que era tarde demais…
Louis já tinha feito o estrago.
Assim, a
sequência final do filme traz de volta Rachel e Gage à cidadezinha, e Rachel não gosta de rever a filha, porque sabe
que aquela “coisa” não é mesmo sua Ellie. Então, ela tenta escapar, mas é
atormentada por uma série de visões da morte de sua irmã, que é um trauma que
ela carrega consigo a anos, enquanto o espírito ou o que quer que esteja
possuindo o corpo morto de Ellie a cerca e a
mata. Louis não tem tempo de salvar a esposa, mas tem tempo de salvar Gage,
que ele pega pela janela e tranca no carro, e tempo de ouvir Rachel
implorar-lhe para não enterrá-la naquele
lugar. Mas mesmo que ele não o faça, “Ellie” o ataca, e então ele não tem
mais a chance de escolher. Assim, “Ellie” carrega o corpo da mãe arrastado pela
floresta, para que ela mesma possa enterrá-lo no cemitério maldito, e então ela retornará assim como “Ellie”, tão apavorante quanto.
Tão não Rachel quanto Ellie não é Ellie.
Wow.
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Eu adorei a adaptação! Uma nova versão de Pet Sematary que eu estava ansioso para ver no cinema.... o filme se torna mais perturbador do que assustador, com o fato de Louis cometido erros irreversíveis por conta da dor de uma perda. E bota irreversível nisso! Adorei as cenas de Ellie comandando a coisa toda (uma brilhante atuação a dessa garotinha). Mas o final foi realmente meio "apocalipse zumbi". Eu estava esperando o mesmo final do livro ao menos, mas sei que para uma adaptação cinematográfica muitas coisas mudam, para que o filme chame mais atenção para o terror... não odiei o final, só achei que me pareceu um ciclo interminável de criação de zumbis, que dali em diante contaminaria a terra (tipo filme de zumbi mesmo). Pobre Cage!
ResponderExcluirEu me arrepiei do começo ao fim do filme! Adorei como eles mudaram o roteiro, apesar de AMAR o original, eu pendi demais pra esse remake... Eu estava esperando o mesmo filme, só mais atual e com efeitos e produção melhores, mas na hora que a Ellie morre no lugar do Gage eu já fiquei de boca aberta e não fechei mais até o final! Sem falar na última cena que, até agora, me arrepia. A carinha do Gage quando a "família" aparece é de partir o coração (e a gente pode até negar, mas que dá vontade de ver o que acontece depois, dá!). Eu só sei que amei o filme e a review.
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