3% 3x01 – Areia
“Um mundo dividido em 2 partes. Até a construção de um
terceiro…”
CHEGOU A
TERCEIRA TEMPORADA DE “3%”, E EU ESTAVA COM TANTA SAUDADE! As coisas estão
mudando, e agora não temos mais apenas
as brigas entre o Continente e o Maralto, porque Michele e Fernanda construíram
um terceiro lugar, começando no fim
da temporada passada: A Concha. Agora, com um tempo que nos separa entre o fim
da temporada passada e o início dessa, acompanhamos esse novo mundo “utópico”
criado a partir dos planos de Samira, e nos perguntamos quanto isso pode durar… acontece que é um lugar aparentemente
“perfeito”, mas essas fantasias utópicas sempre escondem problemas, e a
temporada já começa com tudo. Eu adorei os novos cenários, e como isso mexeu
com a cara da série, mas como,
ironicamente, talvez estejamos presos exatamente no mesmo ciclo do qual
tentamos fugir desde o início.
O Processo. O
Maralto.
Michele
fundou um novo lugar, e Joana não está nada feliz com isso – “Não bastava um inimigo, agora a gente tem
dois”. Esse terceiro lugar, a Concha, é um lugar onde “todos são
bem-vindos”, e que mescla a realidade e as cores do Continente com a tecnologia
e o conforto do Maralto… é uma fusão interessante e bela de se assistir, e a
conhecemos ao lado de Joana, quando, um ano depois, ela resolve visitá-lo, e
ganha um tour guiado por Xavier… um personagem de quem não gostei muito, devo
dizer. A ideia é interessantíssima, visualmente é uma construção
fascinante, distinta tanto do Maralto quanto do Continente, mas com elementos
de ambos, e é uma ideia boa… que pode falhar, mas concebida como algo bom. A
transformação do deserto em algo fértil e seguro, com paredes firmes, água
filtrada, plantações…
Parece
mágico.
É inusitado
ver, não só fora do Maralto como no meio
do deserto, uma pequena sociedade prosperando, com direito a hortas verdes
e tudo… e as pessoas trabalham, se ajudam. O Marco, por exemplo, é um dos que
mais trabalham na horta… mas como ninguém
é obrigado a trabalhar, sempre tem aqueles que não o fazem, e é assim que
reencontramos o Rafael nessa temporada. Com a barba mais longa, bêbado e
pouco confiável, esse é o “novo” Rafael. Mas embora tudo pareça mágico, as
coisas começam a desandar depressa… afinal de contas, ainda estamos no meio do
deserto, e não se pode evitar, por exemplo, uma violenta TEMPESTADE DE AREIA.
Pelo rádio, Michele manda todos os moradores da Concha para a segurança, e é
bonito perceber como ela aprendeu a se importar com as pessoas – primeiro ao não
deixar Joana pra trás; depois quando Arthur diz que “seu irmão ainda está lá
fora”.
A tempestade,
infelizmente, passa pela Concha destruindo
tudo ao seu alcance. É areia para todo lado, plantações inteiras perdidas,
vidros destruídos, mas o que faz com que o sonho finalmente se parta junto com
todo o resto é o coletor quebrando do
lado de fora: sem ele, não há como coletar água, e eles vão morrer sem
provisões dentro de pouco tempo – a não ser que possam consertá-lo, mas como
ele veio do Maralto, apenas a tecnologia do
lado de lá pode ajudá-los, e Michele não vai pedir a ajuda deles, embora se
culpe por não ter pensado em nada que protegesse o coletor… é humano dela que
ela tenha pensado primeiramente em salvar as pessoas, mas a verdade é que ela
pensou a curto prazo e, embora tenha salvado a vida das pessoas durante a tempestade de areia, ela não
pensou no futuro, no que faria depois
que a tempestade tivesse passado.
E agora?
Eu quase
chorei junto com a Michele quando ela percebeu como tudo estava perdido. Motivacional e líder, ela tenta acalmar a todos: “Eu ouvi gente dizendo que esse é o fim da
Concha. Não é. Se a gente ficar unido, a Concha vai sobreviver”. Assim, ela
coloca todo mundo para trabalhar, e é bonito ver a união nascendo enquanto eles
replantam, reconstroem, e ela busca uma maneira de consertar o coletor, embora
seja impossível sozinha. E o clima já não
é mais o mesmo de antes. Os moradores da Concha estão começando a se voltar uns contra os outros, como o Xavier e o
Marco querendo mandar o Rafael embora por não trabalhar, mas Michele continua
defendendo a ideia original da Concha, que não
é o prédio, são eles. Eles estão ali para construir um lugar melhor no
Continente, para mostrar para o Maralto que os
97% sim tem valor.
Mas, para
isso, precisam estar juntos.
O maior
estrago acontece durante o turno de Xavier para cuidar do depósito, e então ele
é enganado, trancado em um armário e alguém saqueia o estoque, acelerando o
desgaste da Concha – acontece que, sem provisões, eles não têm mais tempo para
esperar pelo coletor, e eles terão que tomar alguma outra atitude. “Por
que as pessoas fizeram isso, Marco?” Desanimada, Michele não sabe o que
fazer, enquanto uma confusão se instala no átrio, em que as pessoas,
enfurecidas, começam a expulsar umas às outras. Rafael e Otávio entram em uma
briga que é muito mais pessoal (por Elisa) que qualquer outra coisa, e a
Michele chega para pôr um fim naquilo, por ora: “Tem uma placa lá fora dizendo que todo mundo é bem-vindo, e ninguém
vai ser expulso daqui até a Fundadora falar”. Essa era uma dica: “[…] até a Fundadora falar”.
Tentando
aproveitar-se do desespero da Concha, André e Marcela vêm, porta-vozes do
Maralto, para tentar negociar um
acordo com Michele: eles podem ajudá-los a reconstruir a Concha e o coletor,
mas ela deixará que usem a Concha para “treinar jovens pro Processo”,
basicamente o que quer dizer que ela estaria entregando a Concha nas mãos do
Maralto, como uma extensão do
Maralto, e eles mandarão em tudo. E então
tudo terá sido em vão. “Michele, você vai deixar seu ego destruir tudo o que
você mesma construiu? Se é com as pessoas que você se importa mesmo, essa é sua
única saída”. E as opções de Michele não são as melhores… Glória, por
exemplo, quer que ela faça uma espécie de “Processo” para ver quem poderá
continuar na Concha, já que as provisões são escassas, e ela diz que acredita
que o Processo depende de quem está por trás dela…
E talvez
Michele possa fazer diferente.
MAS NÃO PODE.
A verdade é
que, aceitando fazer sua própria versão do “Processo”, Michele está se
submetendo a criar um segundo Maralto e
se tornar aquilo que tanto repudiou. “Eu
pensei muito. Só existe uma solução pra gente. Não é o que eu queria fazer”.
Então, ela institui a SELEÇÃO, e é só um Processo com outro nome e outras promessas
vazias, como que “é temporário e apenas até que eles reconstruam a Concha e
então todos possam voltar, ser ‘bem-vindos’”, mas não é verdade, e a hipocrisia me cansa. A mentira de que “é o
único jeito”, de que “é necessário” torna tudo incrivelmente pior. Assim, Michele já fala sobre a “Primeira
Prova”, e é arrancar o próprio registro e
quebrar de vez a relação com o Maralto, porque “quem acredita na Concha não
acredita no Maralto”. Assim, algumas pessoas já começam a abandonar a
Concha, uns se voltam contra os outros, o sonho acabou. O que era diferente acabou. Agora, tudo voltou ao
zero.
Joana resume
isso perfeitamente em uma frase:
“É sob pressão que as pessoas mostram quem
elas são… Ezequielly”
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