Annabelle 3: De Volta Para Casa (Annabelle Comes Home, 2019)



“It’s the doll, Ed. It’s a beacon for other spirits”
PARA MIM, O MELHOR DOS TRÊS FILMES DA “ANNABELLE”. Eu gostei demais de como toda a história foi conduzida, de como o filme fez com que eu me sentisse, e de como ele consegue ser macabro e assustar em sequências desesperadoras, mas como também ele construiu um clima de suspense que perdurou durante todo o filme, por vezes nos angustiando mais pela tensão e por saber que algo estava por acontecer, do que realmente porque as coisas já estavam acontecendo… e eu também gostei muito do fato desse filme se passar na casa de Ed e Lorraine Warren, com direito a muitas cenas da maligna sala onde eles guardam tantos objetos sinistros, dentre eles o que consideram o mais maligno de todos: a boneca Annabelle. O filme tem uma trama muito interessante e envolvente, bem construída, com o tom clássico da franquia e do gênero de terror (mas sem protagonistas burros).
É bem gostoso de se assistir. E também gostamos dos sustos.
A introdução do filme nos mostra o que deve ser a resolução do caso mais famoso de Annabelle, que ainda não foi de fato mostrado nos filmes da franquia, e então Ed e Lorraine Warren precisam levá-la para casa e dar um jeito de conter o mal. A cena já é tensa, e eu gosto do casal de demonologistas tendo destaque em um filme fora de “Invocação do Mal”, mas no mesmo universo. Aqui, enquanto coisas estranhas acontecem para tentar impedir que eles cheguem em casa e Lorraine vê uma série de espíritos (um deles até ataca Ed, que quase é atropelado por um caminhão), ela descreve Annabelle como algo que “atrai outros espíritos”. Então, chegando em casa, o casal benze Annabelle, mas sabe que a benção do padre não será o suficiente, por isso a colocam em uma caixa, onde a boneca fica presa atrás de um vidro bendito…
Por ora, “o mal está contido”.
O filme, que tem uma participação eletrizante de Ed e Lorraine Warren, não é, no entanto, protagonizado por eles – e não esperávamos que fosse. Em destaque, temos sua filha, Judy Warren, e daqui em diante eu tenho que elogiar o filme, por não se basear apenas em horror gráfico e sustos, mas por conduzir toda uma trama interessante e inteligente para cada um de seus personagens. Nos papéis principais, temos Judy, sofrendo por causa de uma matéria recentemente publicada no jornal sobre o trabalho de seus pais; Mary Ellen, que é a sua babá, e que está apaixonada por Bob, um garoto extremamente fofo que também está apaixonado por ela e, por mais que tenha uma trama e uma importância menor no filme, também é bem desenvolvido; e, por fim, Daniela, a melhor amiga de Mary Ellen, que se interessa muito pelo sobrenatural.
Mas descobrimos, eventualmente, seus motivos.
Judy é BRILHANTEMENTE interpretada por Mckenna Grace, que conduz boa parte do filme com propriedade… eu gosto da forma dicotômica como a personagem sabe lidar com o sobrenatural (o padre na escola, os espíritos na casa), de como ela é razoavelmente independente e totalmente determinada, mas como o bullying na escola a afeta. Desde que todos ficaram sabendo sobre o trabalho de seus pais (com a matéria no jornal perguntando se eles são exorcistas ou uma farsa), Lorraine passou a ser atormentada por crianças malvadas na escola, além de que seus próprios amigos começaram a se afastar dela, por vezes com seus pais dizendo que “eles não podiam ficar perto de Judy”. E isso tudo enquanto o seu aniversário se aproxima, com direito a uma festa que promete ser um desastre… mas ela não fala disso com os pais.
Ao lado de Judy, temos Mary Ellen, interpretada por Madison Iseman, e ela é praticamente uma babá perfeita. Ela sabe de todo o mistério dos casos dos Warren, e não se importa – sem contar que ela ama Judy com todo o coração, e a maneira como ela fala com ele quando a garota conta sobre estar vendo espíritos, como a mãe, por exemplo, é muito fofa. Mary Ellen é quem cuida de Judy na ausência dos Warren, e ela planeja uma pequena festinha antecipada para a garota, para que elas façam um bolo juntas e se divirtam, e são pequenos momentos como esse que são tão significativos… sem contar, também, que Mary Ellen tem um crush num dos garotos MAIS FOFOS do mundo! Interpretado por Michael Cimino, Bob é perfeitamente fofo e determinado… e eu adoro como o romance dele e Mary Ellen é inocente, adolescente.
Por fim, temos Daniela, interpretada por Katie Sarife, e eu confesso que inicialmente eu fiquei muito bravo com ela. Ao descobrir na matéria de jornal sobre o tipo de coisa com que Ed e Lorraine Warren trabalham, ela fica fascinada e obcecada: ela quer, a qualquer custo, ir à casa deles, e tenta aproveitar-se de Mary Ellen (e do seu crush por Bob) para conseguir um convite formal… no começo, ela parece apenas uma louca obcecada pelo macabro, metendo o nariz onde não é chamada, mas quando ela vaga pela casa e invade a sala sinistra dos Warren, percebemos que existe algo por trás de tudo o que ela está fazendo: acontece que, recentemente, ela perdeu o pai, e ela quer encontrar uma maneira de contatá-lo, porque sente sua falta e porque quer pedir desculpas. Como descobrimos mais tarde, ele morreu em um acidente de carro, e era ela quem estava dirigindo na ocasião.
Então imagina o trauma.
Não que ela tivesse que libertar um demônio por isso
Mas é o que Daniela faz. Inconsequentemente, brincando demais com o macabro que desconhece, Daniela acaba libertando Annabelle, que lhe dá um sinal quando ela tenta falar com o pai… como Daniela sai do porão assustada com o alarme de incêndio soando (ela deixou o bolo queimar), ela deixa a porta da caixa de vidro de Annabelle destrancada, e a boneca não tem dificuldade alguma para se libertar… então, ANNABELLE ESTÁ LIVRE. E, como eu comentei na introdução desse texto, eu gosto de como esse “Annabelle” é totalmente diferente de seus antecessores. Como se passa na casa dos Warren, e como Lorraine descreveu a boneca como “um chamariz para outros espíritos”, é isso o que acompanhamos: existe uma VARIEDADE de espíritos malignos contidos naquela casa, e, com Annabelle livre, ela pode muito bem libertar todos eles.
E então é um pandemônio.
Assim, embora seja Annabelle por trás de tudo, não é apenas ela a antagonista do filme, atormentando os humanos desavisados, e eu gosto de como o filme parece uma coletânea de casos dos Warren – e dessa sequência em diante começamos os sustos e o pavor, e tudo fica muito mais eletrizante rumo ao clímax do filme. Daniela, ainda inconsequente, acaba presa no porão dos Warren ao tentar se comunicar com o pai através de um Bracelete, na primeira cena verdadeiramente apavorante do filme, e ali ela é constantemente atacada, enquanto vê na TV seus possíveis futuros… enquanto isso, temos a história do Vestido de Noiva, que já fez uma aparição mais cedo no filme, antes da pavorosa noite, o Cão do Inferno, que atormenta principalmente o fofo do Bob depois de sua desastrosa serenata, o Barqueiro, que persegue Mary Ellen, uma armadura samurai e um jogo…
E, claro, a própria Annabelle. A própria Annabelle vem mais em busca de Judy, mas eu quero comentar uma cena antes: a maneira como uma cena rápida na TV mostra a verdadeira Annabelle, de pano, uma “referência” e tanto! Annabelle persegue Judy, e duas cenas são as mais apavorantes: quando Judy está dormindo e a boneca aparece embaixo da coberta e, logo depois, quando Judy joga a boneca longe e a vemos se “transformar” de acordo com a mudança de luz de um negócio no quarto da garota: da boneca sentada para a boneca em pé, para a garota do filme anterior, para a mulher com a faca, para o demônio que ataca Judy… mas a maldita boneca era mais a mente por trás disso tudo, e o que precisava ser contido para que todos os outros espíritos malignos, que estavam atacando a todos na casa, também fossem contidos.
No clímax do filme, repleto de sustos e correria, Daniela acaba possuída pelo Vestido de Noiva (as cenas são ótimas, e a Judy é UM MÁXIMO salvando a nova amiga com um vídeo do pai realizando um exorcismo!), Mary Ellen tem um ataque de asma e Judy é atacada pelo Cão do Inferno enquanto vai para o lado de fora para buscar a bombinha da babá, e o Bob ganha uns pontinhos todo corajoso salvando Judy do espírito… por fim, aquela cena IMPRESSIONANTE em que Mary Ellen precisa buscar Annabelle, enfrentar um susto do Barqueiro e empurrar a boneca para Judy, para que ela a tranque novamente na caixa de vidro – mas isso não é muito fácil. Enquanto a garota toma a liderança de tudo, uma verdadeira Warren, Mary Ellen tenta empurrar o vidro, sem sucesso, só conseguindo, por fim, quando Daniela, exorcizada, finalmente aparece para ajudar.
E então, o mal está contido novamente.
Por ora.
O final, então, é muito fofo – E EU ESTAVA TORCENDO TANTO POR MARY ELLEN E BOB. Passei o filme todo morrendo de medo que algum dos dois morresse… afinal de contas, Annabelle estava pedindo uma alma. Mas todos se salvam, o Bob é um fofo, fugindo da casa antes da chegada de Ed e Lorraine, mas convidando a Mary Ellen para o baile, num momento nada apropriado, e ficando no vácuo na hora do beijo, mas na próxima vez que os vemos, ela o chama de “meu namorado”. E pronto, aquilo ali já era o suficiente para mim. No fim, Lorraine também tem uma cena LINDA com Daniela, passando um recado de seu pai, em que ele diz que ela não precisa se culpar por sua morte, e a festa de Judy não é o completo desastre que previmos. Além de Daniela, Mary Ellen e Bob, que foram importantíssimos, também temos uns amigos chegando.
E a alegria de Judy é o que importa.
Amei o filme!

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