Drácula (1992)
“Love never dies” (?)
Acabo de
assistir à versão de 1992 do grande livro de Bram Stoker (que eu não li, então
minha review é exclusivamente da
versão cinematográfica), e que produção instigante! Eu nunca fui um grande fã
de histórias de vampiros, mas o Conde Drácula é o Conde Drácula… ele é a base com a qual julgamos qualquer
outra história de vampiros. E eu adorei o tom sombrio, o suspense e a
sensualidade, que são as marcas do filme, para contar a história do perverso
Conde que mora em um castelo na Romênia, mas vai para Londres não apenas para
se alimentar e, possivelmente, criar um exército, como também para se encontrar
com Mina Murray (futuramente, Harker), a mulher que é exatamente como a sua antiga amada, de séculos atrás, quando ele
ainda não era um vampiro, mas um guerreiro que perdeu tudo na guerra e
renunciou a Deus.
“Drácula” é parte dos clássicos do
gênero de terror, uma das histórias mais amadas e admiradas por todos os fãs do
gênero… toda vez que penso em “Drácula”,
como obra que transcende séculos e gerações, eu penso em outros grandes nomes
da época, como “Frankenstein”, de
Mary Shelley, e “O Estranho Caso do Dr.
Jekyll e Mr. Hyde”, de Robert Louis Stevenson. Assistindo ao filme de 1992,
eu não pude deixar de pensar, também, em “O
Fantasma da Ópera”, de Gaston Leroux, que ainda é um livro que fascina
minha curiosidade, mas que eu nunca peguei para ler. Embora com diferenças em
relação ao livro (segundo comentários), o filme faz um belo trabalho em definir
um tom para o Conde Drácula, mesclando a visão moderna do personagem (mais
sensual e sedutora) ao clássico descrito por Bram Stoker…
E Gary Oldman
arrasa nas duas versões!
Começamos o
filme conhecendo Jonathan Harker, interpretado por Keanu Reeves, um jovem
advogado inglês que é mandado para a Romênia e, sem perceber, acaba se tornando
um prisioneiro do macabro Conde
Drácula. Eu gosto da construção do cenário, do suspense, e adoro,
particularmente, essa primeira visão que temos do Conde Drácula, séculos depois
de sua transformação… um homem velho, pálido, e de vestes elegantes, com certa
“gentileza” macabra que nos angustia, porque o tempo todo ele parece prestes a
fazer algo… em uma das melhores cenas da introdução do filme, o vemos aparecer
de súbito enquanto Jonathan faz a barba, e ele pede que Jonathan deixe a barba crescer (!), enquanto
tira a navalha de sua mão, lambendo o sangue do corte que Jonathan acabou de
fazer com o susto, e quebrando o espelho, para que o rapaz não perceba que ele
não mostra o reflexo do Conde.
Jonathan não
tarda a perceber coisas estranhas
acontecendo. Ele sabe que é um prisioneiro e que qualquer carta enviada será
lida pelo Conde, portanto ele é sucinto e direto no que escreve para Mina, que o espera de volta para concretizarem seu
casamento, e, assim que tem a oportunidade, Jonathan começa a perambular pelo Castelo do Drácula,
explorando o lugar, encontrando, inclusive, as “Noivas do Drácula”, três
vampiras sensuais que eu tenho que me controlar para não chamar de
“Draculetes”, e que se divertem com a
carne (e sangue) nova, mas que Drácula quer guardar apenas para si… Jonathan passa dias e dias atormentado por tudo na
casa, enquanto o Conde Drácula parte da Romênia para Londres, em busca de Mina,
a mulher que se parece à sua Elisabeta, e quem ele planeja seduzir, do mesmo modo que o Fantasma seduzia Christine…
Mina está
envolta em sua própria trama com o Conde Drácula, e eu gosto de sua proximidade
com Lucy, que protagoniza algumas das melhores cenas do filme… acontece que
Lucy é uma personagem interessante. Jovem, sonhadora e louca para se casar, sua personagem é cheia de sensualidade
explícita, enquanto tem “encontros” macabros com o Conde, transformado em uma
espécie de lobo que o deixa mais selvagem
e mais perigoso, embora eu ainda acredite que a sua forma “velha” seja a
mais macabra de todas… as constantes “visitas” do Conde a Lucy acabam,
eventualmente, cobrando de sua saúde. A personagem fica fraca, sem cor, perde
muito sangue e, quando o renomado Van Helsing é chamado para vê-la, a sua
transformação em vampira, como o Conde Drácula, já se iniciou… ela chega a tentar morder pessoas.
Enquanto
isso, “sozinho em casa”, Jonathan consegue escapar do Castelo do Drácula e
encontrar abrigo em um convento, de onde escreve para sua amada Mina, dizendo
que está em segurança e que está retornando para que eles se casem… e aqui
temos outra cena excelente, que mostra, em paralelo, o casamento de Mina e
Jonathan e a transformação completa de Lucy… particularmente, toda a sequência
de Lucy foi, no filme, a minha parte favorita. Gostei de sua transformação,
gostei do entendimento do Van Helsing sobre o que estava acontecendo, gostei de
como eles vão até o lugar onde a garota foi enterrada para ver que o seu corpo não está ali, antes de ela
aparecer, carregando nos braços uma criança, e então Van Helsing e os
“pretendentes de Lucy” a enfrentam, enfiando uma estaca em seu coração,
cortando sua cabeça e libertando sua alma…
Depois de
Lucy, então, o Conde Drácula se volta a Mina… Jonathan o vê pelas ruas de
Londres e o reconhece imediatamente, embora ele esteja “mais jovem” do que
quando ele o conhecera, mas isso não é o suficiente para que ele possa proteger
a sua amada. Mina está fascinada pelo Conde Drácula, de uma forma doentia e
perversa. Como se ele exercesse um fascínio quase hipnótico sobre ela, que o
chama de “meu príncipe” e “meu amor”, e anseia pelo próximo encontro com ele…
acontece que Mina tem vários momentos com o Conde Drácula em sua forma mais
jovem e mais bonita, e agora ela continuamente anseia pelo próximo momento em
que o verá, mesmo que seja uma mulher casada. Em uma das cenas mais fortes do
filme, ele aparece em seu quarto durante a noite, a seduz e a faz clamar por
ele, por seu sangue, e por uma vida
eterna ao seu lado.
Quando
Jonathan e os demais a encontram, ela está nos braços do Conde Drácula, bebendo
sangue de seu peito, e sabemos que a sua
transformação é eminente. Para tentar salvá-la desse destino cruel, então,
Jonathan, Abraham Van Helsing e os demais se unem em uma caçada ao Conde que dura o restante do filme, em uma verdadeira corrida contra o tempo, e com direito a Mina atrapalhando tudo… acontece que o
domínio doentio que Drácula exerce sobre ela é percebido mesmo à sua distância,
e a mulher acaba tendo comportamentos que se assemelham a uma Noiva do Drácula, como quando se oferece
para o Van Helsing, ou quando tenta ajudá-lo, usando seus recém-adquiridos
poderes para fazer anoitecer mais
depressa, quando ele estará mais poderoso, ou ainda gritando o seu nome em
pura angústia quando ele é atacado.
A cena final
do filme coincide com o clímax, o momento em que o Conde Drácula sai de dentro
de uma caixa para lutar contra Jonathan e todos os demais, e então ele é
atacado, com uma arma cravada em seu peito e todo o sangue deixando seu corpo…
todo o fim do filme é incerto, pois não sei o que será de Jonathan, tampouco o
que será de Mina, muito menos o que será da relação
entre eles. Mina estava obcecada e “hipnotizada” ou ela, de algum modo
doentio, realmente amava o Conde Drácula? Porque, em seu leito de morte, ela o
beija (!), o chama de “meu amor” pela última vez, e diz que “entendeu que o
amor deles é mais forte que tudo”, e então o mata, num ato de misericórdia…
quando vemos o Conde Drácula e Mina pela última vez, ela está cravando de vez o
punhal em seu peito, e cortando a sua cabeça fora… matando-o.
Ou libertando-o.
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