IT: Capítulo Dois (IT: Chapter Two, 2019)
“Once a
loser, always a loser”
27 ANOS
DEPOIS, PENNYWISE ESTÁ DE VOLTA! As crianças que conhecemos e que amamos no
primeiro capítulo de “It” agora são
adultos, que levam “vidas normais” fora de Derry, a cidade em que tudo
aconteceu em 1989, quando eles enfrentaram o macabro palhaço pela primeira vez,
e quando Bill perdeu seu irmãozinho, Georgie… agora, quando mortes macabras
voltam a acontecer, eles precisam honrar a promessa que fizeram na infância: a de que se a Coisa voltasse, eles também
voltariam. O filme trabalha, agora, com dois tempos, 1989 e 2016, e mesmo
que tenhamos um foco maior no presente, no
retorno de Pennywise, ainda acompanhamos uma série de flashbacks com as crianças do filme original (provavelmente
filmadas na época do primeiro filme, porque eles ainda estavam iguaizinhos!),
que, para mim, é a melhor parte do filme.
Adorei ver os
dois tempos em paralelo, edição linda!
Na primeira
cena do filme, relembramos a promessa feita pelos Losers (os Perdedores, ou os
Otários, conforme foram traduzidos para o português), antes de descobrirmos que
o macabro Pennywise está de volta – a primeira sequência do filme é, para mim,
uma das partes mais assustadoras, e
mais angustiantes de se assistir, porque mostra um grupo preconceituoso de
Derry em um ataque homofóbico que termina na morte de um rapaz… eventualmente,
então, ele se torna a primeira vítima do Pennywise que conhecemos, nesse novo
ciclo. O palhaço continua macabro como sempre, a atuação é de arrepiar, e eu
gosto muito do tom do filme, que não é o terror comum e clichê de sempre –
acontece que, baseado no livro de Stephen King, mais do que os sustos, o medo e
a tensão, o filme tem uma história a contar, e o resultado
final é realmente muito bom!
Inicialmente,
perguntei-me se eu reconheceria as
crianças do filme original, agora crescidas. Mike foi o único deles que
continuou em Derry durante esses anos todos… portanto, o único que não esqueceu. Todos os demais seguiram suas
vidas, e agora recebem uma ligação de Mike, pedindo que eles retornem a Derry.
E a reação de cada um à ligação é muito mais de instinto do que de razão,
porque a mente deles escolheu apagar
tudo o que acontecera naquele verão… mesmo assim, algo em seu interior ainda se lembra, por isso Richie vomita ao
receber a ligação, por exemplo, Eddie bate o carro e Stanley, por algum motivo,
é o único que se lembra… assim que fala com Mike, ele sabe o que aconteceu: a Coisa está de volta. Por isso, ele
escolhe não retornar a Derry e, ao invés disso, ele se mata na banheira, em uma
cena que é bastante triste.
Os demais
retornam, ainda que alheios à situação atual e às lembranças que reprimiram.
Não é claro o que aconteceu… se existe algo do Pennywise que os fez esquecer,
se a distância com Derry realmente faz com que as pessoas esqueçam, ou se tudo foi simplesmente muito traumático
e, por isso, eles não se lembram do que normalmente se lembrariam. É estranho
como se reúnem no restaurante, 27 anos depois, e é como se só ali eles “se
lembrassem do que esqueceram”. Da vida deles em Derry, das relações entre eles,
do Clube dos Perdedores, tudo… até que, por fim, eles se lembrem de Pennywise.
E ESSA É UMA DAS MINHAS CENAS FAVORITAS DO FILME! É muito forte como eles se
lembram de todo o horror e se desesperam, e como a Coisa mexe com a mente
deles, proporcionando um momento de surto coletivo em que eles quase destroem o restaurante…
Depois, cada
um tenta voltar embora. Beverly,
Richie, Eddie e Ben. Mike consegue falar com Bill, consegue fazê-lo ouvir
e acreditar nele: acreditar que existe uma maneira de matar a Coisa, com um
Ritual. Assim, o Clube dos Perdedores acaba decidindo se manter unido, acaba tentando, ao menos, derrotar o Pennywise
de uma vez por todas: se eles não o
fizerem nesse ciclo, todos eles acabarão mortos como Beverly viu em uma visão.
Para isso, eles precisam revisitar o passado e relembrar coisas que aconteceram
em 1989 e das quais eles se esqueceram… eles ainda não se lembram de tudo. Eles não estiveram juntos o tempo todo
naquele verão. Agora, em uma jornada pessoal, cada Perdedor revisita uma
história do passado, enfrenta a Coisa novamente,
e tenta recuperar um artefato significativo para eles, para realizar o Ritual.
A primeira
pessoa que acompanhamos é Beverly, e eu acho que é uma das melhores cenas dessa
parte do filme. Ela revisita a casa onde morara com o pai abusivo, reencontra a
sua chavinha e uma carta de amor no seu antigo quarto, e precisa enfrentar a
Coisa na forma de uma velhinha muito
macabra que a persegue em um dos melhores jump scares do filme. Também vemos Richie recuperar uma moeda que
significa muito para ele, por fazê-lo lembrar-se de um garoto de quem gostava
na adolescência (!), e agora o Pennywise o atormenta, dizendo que “conhece seu
segredinho”. Eddie recupera uma bombinha de asma numa farmácia, onde tem um
encontro nojento com a Coisa, na
forma do leproso. E Ben revisita a escola onde ele sofria bullying, e onde “escapara” do Pennywise escondendo-se no armário,
onde estava a folha do anuário que apenas Beverly assinou.
E que ele
guardou na carteira por 27 anos…
Por fim,
temos a visita ao passado de Bill, que é uma das minhas favoritas… além de ter
a participação de Stephen King quando ele reencontra uma bicicleta de infância
e sai pedalando por Derry com ela, também temos a revisita ao momento em que tudo aquilo começou, quando Pennywise
fez sua primeira vítima no primeiro filme, levando Georgie, o irmão de Bill.
Agora, Bill para na frente do bueiro em que o ataque aconteceu, e ele escuta a
voz do irmão chamando por ele, e ainda que saiba
que não pode ser o irmão, ele irracionalmente coloca o braço dentro do bueiro,
para “ajudá-lo”, o que o faz recuperar o
barco de papel que fizera para o irmão naquele dia de chuva. Aqui, Bill
também reencontra um garotinho que eles conheceram no restaurante do início do
filme, e ele mora na casa em que Bill morara, e ele escuta vozes vindas do ralo.
Ele é a próxima vítima…
Vemos a Coisa
levar duas crianças nesse filme. Uma delas é uma garotinha que ele leva nas
arquibancadas durante um jogo de beisebol, e é uma sequência de arrepiar, porque o Pennywise estava sinistro, e o suspense entre a contagem
do “2” e do “3”, que nunca veio, é de apavorar… a outra criança é, justamente,
Dean, o garoto que vive na casa em que Bill e Georgie viveram quando eram
crianças. Enquanto o restante do Clube dos Perdedores se reúne na biblioteca,
com os artefatos do passado, para realizar o Ritual, Bill perde a cabeça e,
movido pela culpa que sempre sentiu pela morte do irmão, vai até o parque para
salvar Dean, porque dessa vez ele quer
estar presente para o garoto… a sequência é impressionante, macabra e
desesperadora, com o Bill tentando chegar até o garoto na casa dos espelhos,
mas ele não consegue, e vê Pennywise matá-lo bem na sua frente.
Agora, Bill
decide matá-lo sozinho, mas os Perdedores não
vão deixá-lo. Assim, o grupo acaba na frente da casa em que tudo aconteceu
no primeiro filme, prestes a enfrentar a Coisa novamente, e dessa vez na sua
forma mais perigosa… a sequência toda
é angustiante, e muito bem-feita. O ritual, realizado por Mike com a ajuda dos
amigos, parece que vai funcionar, aprisionando as “Luzes da Morte”, mas sentíamos mesmo que as coisas não seriam
assim tão fáceis… novamente, Mike mentiu para todos eles, porque sabia que todos precisariam morrer para que o ritual
se completasse. E, como isso não acontece, a Coisa começa a escapar na
forma de um imenso balão vermelho, e não há nada que eles possam fazer para
contê-lo. A Coisa está livre, está furiosa e está imensa… e está pronta para atormentá-los ainda mais. Outra sequência de
tortura…
A Coisa
atormenta cada um à sua maneira. Gosto bastante de como Bill é enviado de volta
para o porão da sua casa de infância, àquele momento em que seu eu mais jovem
reencontrou “Georgie”, que na verdade era apenas uma forma da Coisa, em uma das
sequências mais marcantes do primeiro filme… Ben e Beverly enfrentam provações
paralelas, em um plano interessantíssimo, até que acabem se salvando, um com a
ajuda do outro… mas os destaques provavelmente foram Richie e Eddie. Os dois
enfrentam um “cachorro fofinho” juntos, e quando Richie está prestes a ser
morto pelas Luzes da Morte do Pennywise, Eddie toma coragem para salvá-lo, e é
uma cena linda, embora a Coisa acabe
matando Eddie logo em seguida. O sofrimento de Richie é palpável, e o filme
deixa bastante claro, eventualmente, que Richie não gostava de Eddie apenas
como um amigo…
O “R +” que o
jovem Richie gravara na madeira é completado por um “E”…
<3
Para enfim
derrotar o maldito palhaço, o Clube dos Perdedores precisa improvisar, e é uma sequência emotiva e forte enquanto eles o fazem
acreditar que ele é muito menor do que
realmente é. Eles o “enlouquecem” fazendo-o mudar de forma, as várias
formas que a Coisa assumiu para cada um deles, e diminuindo de tamanho,
recuando, até que eles possam subjugá-lo, arrancar o seu coração e destruí-lo
com as próprias mãos… com 5 mãos, das 5
pessoas que restaram vivas do Clube dos Perdedores. O final do filme é
bonito, mostra os 5 nadando no mesmo lugar que nadaram na infância, dispostos,
agora, a recomeçar a sua vida, livres, de uma vez por todas, da Coisa… e, dessa vez, quando deixam Derry, eles não
se esquecem de tudo o que viveram ali – talvez porque, dessa vez, eles enfim
tenham mais coisas das quais gostariam de se lembrar do que de se esquecer.
O filme é
INCRÍVEL! Amei! Uma bela finalização à história.
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