Projeto Gemini (Gemini Man, 2019)
Uma ideia equivocada a respeito de clones…
Em resumo,
assistir a “Projeto Gemini” para mim
foi uma grande frustração. Na
verdade, não ansiava pelo filme, e só o assisti para acompanhar o meu pai ao
cinema, mas eu saí do cinema com uma sensação estranha… de que realmente não
valeu a pena. A ideia básica do filme era legalzinha (no máximo, porque é bastante batida, o clichê tomou
conta e ainda não foi bem desenvolvida), mas tenho a impressão de que só isso e
mais nada. Os diálogos em geral eram horríveis, os efeitos me incomodaram, e nem mesmo a atuação parece salvar o filme, porque
aquela conversa do Henry com o Junior nas catacumbas, por exemplo, foi sofrível. Com “Depois da Terra”, passei a não esperar nada das pseudo-ficções
científicas de Will Smith, e percebo agora que, embora eu nunca tenha gostado
muito de “Eu Sou a Lenda”, esse foi o
último filme bom que ele fez no gênero.
Inicialmente,
o visual me incomodou profundamente… e não era para ter incomodado. Há quem
elogie o filme visualmente, e é verdade que temos alguns cenários lindíssimos,
mas eles não são o suficiente. A primeira coisa que notei era o quanto tudo estava
nítido, grandioso e o 3D, surpreendentemente, foi uma boa escolha para o filme…
mas o estilo de filmagem não me agradou. Eu fiquei o tempo todo com a sensação
de algo feito para a TV. Os planos e
a velocidade da câmera eram como de uma novela – às vezes, como naquela parte
na Colômbia, como de uma novela ruim,
e isso me afastou do filme. Não pude
levá-lo a sério. Também a sensação incômoda do chroma key, mesmo em cenas que acredito que ela não tenha sido usada. Bastante canastrão, em cenas e em atuação,
o filme também peca no excesso de efeitos em algumas cenas de ação, tornando-as
eventualmente risíveis e, até, como se
tivessem saído de um videogame.
Na trama,
Will Smith é Henry Brogan, um assassino profissional que trabalha para o
governo e decidiu se aposentar. Ele é
o melhor assassino que existe, como
vemos na cena introdutória do filme em que ele é capaz de matar um cara em um
trem em movimento, a quilômetros de distância, por isso ninguém está disposto a realmente abrir mão dele. E para ter uma
“arma” como Henry em seu poder, o que as
pessoas não seriam capazes de fazer? Assim, dois novos personagens são
apresentados no roteiro de “Projeto
Gemini”: Danny, uma mulher que é colocada pelo governo para vigiar Henry; e Junior, um rapaz que é
um excelente atirador e foi mandado para matar
Henry. Quando Henry enfrenta Junior, no entanto, ele tem a chance de atirar
nele, mas não tem a coragem ao olhar para ele e ver sua fisionomia… que é idêntica à dele.
O filme, como
o título sugere, trata, então, sobre CLONES. Henry foi clonado em 1995 e Clay
Varris criou Junior como seu filho e uma arma poderosa… não gostei nem um pouco
da maneira como a clonagem é abordada no filme. É um tema de ficção, mas a maneira fantasiosa e
simplista com que o roteiro guiou a trama foi um incômodo o tempo todo… Will
Smith se divide, então, nos papéis de Henry e Junior, e o que devemos elogiar
aqui é a versatilidade do ator, a maquiagem e os prováveis efeitos usados para
rejuvenescê-lo, pois ele é convincente como o assassino profissional de 51
anos, e o jovem imaturo, porém talentoso, de seus 23/24 anos. O que me
incomodou foi a maneira como eles trataram, o tempo todo, Henry e Junior como se eles fossem uma mesma pessoa…
eles NÃO SÃO A MESMA PESSOA. Junior é um clone, mas só.
Danny é quem
descobre o clone, enviando DNA de ambos para o teste, e eles resultam
idênticos. Assim, então, aparentemente Junior tem todos os exatos mesmos gostos, sonhos e medos de Henry, e Henry
“sabe todos os seus movimentos antes mesmo que ele os faça”. É bastante
forçado… assim como toda cena de ação do filme (aquela cena da perseguição de
moto foi quase boa, mas teve graves
defeitos), e os diálogos fraquíssimos. A cena das catacumbas é bem mal escrita…
no fim do filme, quando Junior já confia em Henry e trabalha ao seu lado para
derrubar Clay Varris e o Projeto Gemini, porque
é com vidas humanas que eles estão brigando, em busca do “soldado perfeito”,
eles descobrem, ainda, um terceiro clone
(“Resident Evil”?), mas eles matam
Clay e, aparentemente, tudo é magicamente resolvido e não existem mais clones por aí.
Seria “fácil”
enrolar para um retorno.
Mas espero que o filme nunca ganhe uma
sequência.
O problema é
que as falhas do filme, como os seus efeitos forçados, que parecem chroma key ou CGI, o ritmo lento, a
filmagem equivocada, os furos de roteiro e os diálogos mal escritos nos privam
de ter uma experiência boa, mesmo com suas poucas qualidades. Não atende ao
esperado e não se sai bem dentro do
gênero proposto… é diferente de outros filmes a que tenho críticas e, ainda
assim, são interessantes, como o próprio “Eu
Sou a Lenda”. Não gosto do ritmo daquele filme, do fato de Will Smith sustentar a maior parte dele sozinho, e
do final forçado para ser dramático (ele
não precisava realmente ter morrido,
acredito nisso), mas o filme, em geral, é bom. “Looper”, por exemplo, é outro filme a que tenho sérias críticas em
relação à maneira como a viagem no tempo foi abordada, que geraria uma série de paradoxos, mas é um entretenimento
bacana e um filme interessante se você ignora esses detalhes. Agora “Projeto Gemini” é realmente difícil de
ver.
Infelizmente.
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