1 + 1 – A Matemática do Amor (Augusto Alvarenga e Vinícius Grossos)
“Não lembro muito bem como eu e o Bernardo nos conhecemos. Até onde sei,
ele sempre esteve ali, do meu lado. Na escola, sempre estudávamos na mesma
sala. Ele me ajudava em matemática, e eu lhe dava uma mão em português. E assim
nos completávamos, ajudando um ao outro, apoiando-nos mutuamente”
MEU DEUS, QUE
LIVRO APAIXONANTE! “1+1 – A Matemática do
Amor”, escrito por Augusto Alvarenga e Vinícius Grossos, fez com que eu
realmente sentisse o que os
personagens estavam sentindo a cada momento… foi por isso que parece que cada
pedacinho da história deles também
era um pedacinho da minha história.
Vivemos ao lado de Bernardo e Lucas durante as
últimas férias de verão que eles têm juntos antes que a vida deles seja virada de cabeça para baixo. E é só nessa
situação quase extrema que eles despertam para o que sentem um pelo outro… o que sempre sentiram um pelo outro, sem
entender. Os autores conseguem que o livro seja sexy e excitante em
diversas passagens, sem nunca deixar de ser terno, fofo, revitalizador… também
pode ser desesperador, nas suas passagens finais, pode ser melancólico, pode
ser triste.
Pode ser um
pouquinho de tudo.
Porque assim
é a vida. Assim é o amor.
E o que o
Bernardo e o Lucas sentem um pelo outro é isso: AMOR. Eles acreditam que são
melhores amigos, porque foi assim que sempre se viram e, até então, eles eram
jovens demais e tinham toda a vida pela
frente. Os prólogos já são lindíssimos, e é evidente como eles se amam, mesmo que nenhum deles se
dê conta ainda. Um é o café, o outro é o achocolatado; um é o português, o
outro é a matemática. Mas eles se completam… amo a cumplicidade, as coisas que só eles entendem, que fazem parte do
“mundo deles”. Um mundo no qual eles
permitem que entremos e nos instalemos, e vivamos todas as emoções ao lado
deles. Amei o Bernardo falando sobre o poema de Vinícius de Moraes que o
Lucas adora, mas que fala sobre o “amor”, um sentimento que o Bernardo não entende… ou que ele acha que não entende. Porque o
entende sim.
Perfeitamente.
Tudo parecia
perfeito, até que Bernardo conte a Lucas a notícia que vai mudar a vida deles: os pais decidiram ir embora para Portugal
dentro de algumas semanas, o que quer dizer que ele também está indo embora. Sofremos ao lado de Lucas… como ele,
entramos no quarto e nos fechamos, chorando por 10 minutos, antes de conseguir
enfrentar o Bernardo novamente. Então, eles saem juntos de bicicleta (Lucas
segurando a cintura de Bernardo), mas os dois acabam meio que brigando, porque
os nervos estão à flor da pele, porque eles lamentam ter que se separar, porque
eles não sabem aonde descontar a frustração.
A maneira como um cuida do outro já é, embora eles demorem um pouco mais a
perceber, como mais que “melhores amigos”.
A maneira como Lucas chora e Bê passa a mão no seu cabelo, coloca a cabeça do
Lucas no seu peito e recita para ele o
poema favorito do Lucas…
<3
Lucas
promete, então, que essas serão AS FÉRIAS MAIS INCRÍVEIS dos dois.
O que eu mais
gosto na escrita do livro é o fato de que o sentimento deles é difícil de
replicar, de explicar, de transcrever… está
em cada fala, cada olhar, cada brincadeira que pertence apenas a eles. É
fortíssimo e presente. O tipo de amor que sempre sonhamos em viver. Lucas
faz uma lista de atividades que pode fazer com Bernardo antes de sua partida, e
a primeira delas é levá-lo ao clube… Bernardo
adora nadar. E enquanto Bernardo nada e Lucas torra no sol, antecipamos cenas realmente quentes e gostosas de se ler, passagens que expressam esse desejo adolescente, esse desejo do primeiro amor – essa proximidade, esse
nervosismo, esse arrepio ao toque, essa vontade de tocar mais… eu gosto de como o Lucas se vira para falar com o
Bernardo, como o Bernardo está só de
sunga e completamente à vontade,
ou quando o Lucas o chama para comer, o Bernardo pede a chance de um último mergulho, e o Lucas fica
olhando para ele nadar…
Ou quando o
Bernardo o molha, e sai da piscina e lhe dá um abraço apertado… molhado e só de sunga. Ou ainda quando o
Lucas se vira para falar alguma coisa e o Bernardo está atrás dele, “bem
perto”. Ou quando Lucas usa a toalha de Bernardo para se secar, e percebe que
“a tolha tem o cheiro dele”. “Foram os
olhares e o abraço gelado mais esquisitos que eu já ganhei. Algo ali me deixou
muito confuso”. São esses momentos especiais
que despertam algo, que começam a fazer com que Lucas perceba que talvez Bernardo seja mais que seu melhor
amigo – ou ele quer que seja. Aquele era apenas o primeiro dia de férias, e
isso fez com que eu tivesse a vontade de devorar o livro, virando a página com
cada vez mais avidez, porque não podia esperar pelo próximo momento em que
estaria na companhia de Bernardo e Lucas, vivendo isso com eles…
Como quando
Lucas foge para a casa do Bernardo durante a noite.
E eles passam a noite sozinhos na casa do Bê…
“E então
uma chuva forte desabou. Em questão de segundos já estávamos encharcados. Por
impulso, segurei a mão do Lucas e o ergui.
A mão dele
era quente e macia.
A chuva
estava fria e cortante.
E eu
gostava das duas sensações juntas…”
Então, os
dois pulam o muro para a casa do Bernardo, embaixo de chuva, mãos tocando-se,
risos… Lucas pede uma roupa seca do Bernardo emprestada, enquanto ele vai ligar
a TV e escolher um filme para eles verem, e aqui temos outra cena excitante – e o mais legal é que as cenas
excitantes e quentes são, ao mesmo tempo, razoavelmente puras, inocentes… e podem ser fofas, ao mesmo tempo.
Ensopado, o Bernardo tira a camisa e o shorts e joga no canto da cozinha.
Lucas, enquanto isso, sobe as escadas e, ao descer, está usando roupas do
Bernardo e trazendo outras para ele se trocar, mas ele para, de boca aberta,
quando vê o Bernardo só de cueca na cozinha… Bernardo age como se não fosse nada de novo, porque o Lucas já o viu de
sunga inúmeras vezes, mas a diferença é que a cueca é branca, e ela está
totalmente molhada agora.
Transparente…
“Mas eu e o Lucas somos tão próximos que eu,
sinceramente, não senti vergonha, ainda mais na penumbra em que estávamos
mergulhados”
Lucas percebe
o que sente mais cedo que Bernardo. Ou talvez não, talvez seja apenas o fato de
o Lucas ser mais tímido, enquanto o Bernardo é pra frente, desinibido, em
momentos como esse, por exemplo. Bernardo se aproxima de Lucas para pegar a
roupa seca que ele lhe trouxe, e percebe que “o Lucas está tremendo”, mas não é
de frio… é de nervosismo. “Você ainda
está com frio?” “Acho que sim… sei lá…” E o Bernardo é MESMO desinibido.
Ele tira a cueca ali, na frente do Lucas mesmo, no meio da cozinha, e veste o
moletom, a camiseta, seca os cabelos, enquanto Lucas ainda o encara, “assustado
e surpreso”, mas ele se sai bem, dizendo que está “assustado e surpreso” porque
é a primeira vez que o Bernardo queima a
pipoca na vida…
“Ficamos
por um bom tempo calados, vendo alguma animação francesa e comendo o resto de
pipoca que sobrara.
Ultimamente,
eu vinha me sentindo exausto, triste e esgotado. Mas, naquele momento, eu
estava feliz.
Deitei a
cabeça no ombro do Lucas e fiquei lá. Me senti tão relaxado que logo adormeci…
a última coisa que me lembro é de um ser místico sussurrando: ‘Qual é o seu
desejo?’”
Na manhã
seguinte, Lucas tem planos… uma bicicleta, uma mochila cheia de comida e um
passeio. Ele acorda o Bernardo com uma música e uma guerra de travesseiros,
eles acabam nas cócegas, e o Bernardo o imobiliza e eles ficam ali, naquela
espécie de abraço e se olhando por minutos, por músicas, até que uma buzina os assuste e os tire desse momento. Os
dois vão para o alto de uma colina, de onde podem ver toda a cidade e pensar no
futuro, e é lindo como eles passam o dia lá, curtindo a companhia um do outro,
como Bernardo deita sua cabeça no ombro de Lucas novamente, e é muito lindo
como o Bernardo escreve, em segredo, um “B e L” em uma árvore lá no bosque… Lucas passa uns cinco minutos olhando para
isso, os olhos marejados. No caminho de volta, no entanto, eles meio que
têm outra discussão, porque tudo está inflamado, e Bernardo cai da bicicleta e
se rala todo…
É engraçado
como mesmo de uma situação dessa, pode vir uma cena tão linda quanto a que se
segue, quando o Lucas o leva para casa e tenta cuidar dele, da mesma maneira como o Bernardo sempre fez
com ele. Primeiro, o Lucas o senta na privada, tira sua camisa, e é
interessante como existe aquele milésimo de segundo em que sua mão roça a
barriga de Bernardo, e isso envia calafrios
por sua espinha. Depois, Lucas tira a sua bermuda, e Bernardo o provoca,
perguntando se ele vai dar banho nele,
mas gostando da ideia… Bernardo ainda vai mais longe, dizendo que “é injusto
que ele o tenha visto pelado duas vezes em algumas horas e ele não tenha tido a
mesma oportunidade”, e então o convida para tomar banho também com ele, mas
Lucas hesita, e isso deixa o Bernardo meio bravo, meio chateado… e então os pais do Bernardo chegam, e ele
manda o Lucas embora…
Naquela
noite, Bernardo chora sozinho. Um pouquinho
por causa de tudo.
E é forte.
“– Oi –
cumprimentou, sorridente.
De repente,
todos os medos e sentimentos ruins que vinham se alastrando pelo meu peito
foram embora”
Eu gosto de
como vamos descobrindo mais sobre eles e a relação deles aos poucos… gosto de
como o Lucas nos leva a uma viagem no tempo, uma memória de quando eles tinham
10 anos e eles se perguntavam como era
dar a mão a outra pessoa, se perguntavam se o suor seria nojento ou não… e
eles decidem que, para eles, o suor do outro não é nojento. Eles dão as mãos, então, para ver como é, e ficam
assim por um tempo. E, naquele momento, parece que o Lucas gostou mais da
sensação do que o Bernardo, ou talvez o Lucas só tenha deixado transparecer mais. De volta ao presente, quando
Lucas vai à casa do Bernardo (e se demora um tempinho olhando para seu peito
sem camisa) e aperta de leve o seu ombro, a narração do Bernardo nos conta que
“é como se seus ossos se desmanchassem”: “O
toque dele era diferente; me provocava tantas reações e sensações”.
Passamos
muito tempo com Lucas e Bernardo no mundo
deles, e tudo ali parece perfeito, o gostinho da descoberta e do desejo é apaixonante, mas existe também o mundo
exterior – quando eles vão ao parque, por exemplo, e tudo é perfeito até que
Bernardo encontre uns “amigos” do time de futebol, e então o clima fique
pesado, porque eles nem registram o Lucas,
e quando eles voltam embora, ainda juntos, o clima é muito diferente de tudo o
que estava sendo construído até então. Bernardo provoca, andando próximo a Lucas,
e balança os braços exageradamente, fazendo a mão dele tocar a de Lucas, até
que impulsiva e desajeitadamente, ele a
segure. Lucas o encara, confuso, e Bernardo ri. Quando Lucas traz de volta
a memória de quando seguraram a mão do outro aos 10 anos, Bernardo diz que não
gostou, na ocasião, e o Lucas não gosta de ouvir isso, mas o Bernardo emenda: “Mas agora quem sabe eu mude de ideia”.
E aperta a
sua mão de leve…
Lendo o
livro, eu fico INCRIVELMENTE FELIZ e, ao mesmo tempo, um pouco melancólico. É bom ver dois
adolescentes descobrindo o que sentem um pelo outro, um amor tão puro e tão
verdadeiro… ver o Lucas passando a mão por seu pulso e seu antebraço, antes de
realmente segurar sua mão, e o Bernardo reagindo com o coração disparado, a
respiração irregular, o corpo todo arrepiado… eles vão embora de mãos dadas, e o Bernardo gosta disso. Mas também
é bastante evidente que eles só fazem isso quando estão sozinhos no quarto ou,
naquele momento, quando estão andando de volta para casa, tarde da noite, e não
tem ninguém em volta para vê-los, julgá-los ou comentar. E parece que, nós estamos sempre pensando nisso… um casal
heterossexual jamais pensa nas implicações de segurar a mão do outro no meio da
rua. Por que nós deveríamos pensar?
Por que não
podemos fazer isso quando quisermos e pronto?
Gosto de como
Bernardo e Lucas veem filmes juntos, como se deitam na mesma cama, sob o mesmo
cobertor, e não existe nada de malicioso nisso… eles só querem estar perto um do outro. Naquela noite, Bernardo
escolhe o filme, mas não escolhe um de super-herói, como sempre faz, mas um
filme romântico que ele sabe que o Lucas vai adorar, e eles veem “Um Dia”, deitados juntos. Também gosto
de perceber, pouco a pouco, como OS PAIS DELES SÃO INCRÍVEIS! Quer dizer, os
pais do Bernardo estão levando ele embora, é verdade, mas, no mais, todos os
quatro são incríveis… como quando a mãe do Lucas ensina o filho a fazer a sua
macarronada, para que ele possa fazer para o Bernardo, como uma surpresa… e eu
adoro, também, como eles vão se acostumando a passar as noites juntos, quando o
Bernardo pede que ele durma ali, porque com ele “o silêncio é suportável”.
As férias não
saem necessariamente da maneira como Lucas planejou… no próximo dia de clube, o
Lucas também resolve nadar, e é lindo
vê-los nadando juntos, se divertindo, mas está cada vez mais claro o que está
acontecendo entre eles, e o Bernardo está mais
assustado que o Lucas – vide aquela cena do vestiário, em que o Bernardo
fala sobre o que está sentindo, na sua narração. A sensação de tirar a sunga e
a tensão no peito ao pensar que o Lucas
está pelado na cabine ao lado. Ou quando ele vê o Lucas de cabelo molhado,
antes de eles saírem do vestiário, e não pode evitar tocá-lo, porque ele lhe causa essas coisas… e quanto mais perto, mais ele quer explorar essa proximidade. Mas
ele não entende o que está acontecendo, então sai sem falar com o Lucas e,
também sem entender, o Lucas coloca a mão no seu ombro, o que o faz pular,
ofegante.
É ali que as coisas desandam, mais ou menos.
Tomando consciência de seus sentimentos, Bernardo fica todo confuso e
assustado, e eu devo dizer que, naquele momento, eu fiquei com muita raiva dele… uma menina o convida para uma festa
(porque o Bernardo é bonito e popular), ele pensa em ir, ele e o Lucas meio que
brigam, e o Bernardo acaba indo embora do clube a pé, sozinho, e pede a Lucas
que “eles se afastem um pouco”, pede que ele
não o procure. COMO ELE TEM CORAGEM DE PEDIR QUE O LUCAS NÃO O PROCURE?
COMO ELE PODE PERDER DIAS PRECIOSOS AO LADO DO AMOR DE SUA VIDA? É muito triste
pensar nisso, e é muito triste pensar que isso é fruto de uma sociedade que
lhes impôs que ele estar apaixonado por Lucas não era bom… porque é, não tem nada de errado. É uma pessoa
apaixonada por outra…
Mas isso é muito forte em sua mente.
Lucas passa
uma longa semana sozinho. A fantástica Tia Sarah vem visitá-lo, lhe dá uma
filmadora (!) de presente, e ele sente a dor da ausência de Bernardo:
“Ora, que se dane! Afinal, ele era um ingrato. O
Bernardo podia ter lá seus motivos, mas nada justificava tamanha ausência. Eu
tinha consciência de que as coisas entre nós estavam diferentes, mas ele fazia
parte disso também. Eu repassava cenas na minha cabeça e ficava cada vez mais
óbvio que ele me provocava. E que gostava disso”
A ausência
dolorosamente se prolonga, chega a 15 dias, que parecem uma tortura… 15 dias até que Bernardo volte. O pai de
Lucas o avisa que “tem uma pizza chegando”, e quando a campainha toca, pede que
o filho abra a porta, e é o Bernardo que
está ali. Ele não sabe como o Lucas vai recebê-lo, depois desse tempo todo,
depois de ele meio que ter sido um babaca com ele…
“Até que,
então, tudo passou…
Porque o
Lucas me abraçou.
Seus braços
rodearam o meu pescoço, e eu o apertei contra mim. Com força, com saudade, com
medo. Havia todos esses sentimentos ali. E, de repente, a dor foi se esvaindo
do meu peito, como uma fumaça soprada para longe”
Lucas e
Bernardo conversam, Bernardo fala sobre
muita coisa, e chora, sentindo-se mal e sentindo-se culpado… conta que
beijou a garota da festa, a Larissa, e diz a Lucas que sabe que não devia tê-la beijado, não devia tê-lo afastado dele.
Então ele diz ao Lucas que ele o faz “sentir coisas”, fala que pensou “em outra
pessoa” quando fechou os olhos para beijá-la, e o momento é tenso… ele não diz,
com todas as letras, que pensou em Lucas
quando foi beijá-la, mas isso está claro, o Lucas sabe. Embora seria bom ouvir. Mas tudo acaba ficando bem entre eles,
porque o amor que sentem um pelo outro, além do amor romântico, porque não é
apenas isso, é GRANDE DEMAIS. Novamente embaixo de chuva, o Lucas sai e
Bernardo o segue, e os dois pulam o muro, ensopados, para a casa do Bernardo… como foi lá no começo do livro. Eles
riem, rolam, Bernardo cai sobre Lucas…
E não dá para
explicar essa cena:
“Pulei o muro
e, assim que caí do outro lado, meu corpo escorregou no gramado molhado e eu
esbarrei no Lucas, caindo por cima dele. Nós dois ficamos estirados no chão,
rindo alto.
Eu sentia o
coração do Lucas batendo acelerado contra o meu.
Fechei os
olhos.
Meu coração
batia forte também.
A chuva
gelada me fazia lembrar que eu estava vivo.
Senti as
risadas do Lucas se acalmarem embaixo de mim, e ele sussurrou:
– Em quem
você pensou enquanto beijava aquela menina?
Continuei
de olhos fechados.
Procurei a
mão dele no vazio…
E a
encontrei.
Nossos
dedos se encaixaram.
Minha vida
pareceu entrar no lugar naquele instante.
Tudo
parecia certo.
Apertei a
mão dele.
Com força e
carinho.
Eu não
precisei dizer nada.
O Lucas
soube”
Era o MOMENTO
PERFEITO, o momento que gritava pelo PRIMEIRO BEIJO. É claro que o Lucas
entendeu o que ele quis dizer… é claro que o Lucas soube que era nele que o Bernardo pensava quando
beijava aquela menina, mas ele quer testar, do mesmo modo… se ele quis beijá-lo, então por que não o
beija? Ele vira o rosto para o Bernardo, e o Bernardo não se esquiva… eles podiam ter se beijado na chuva, mas
cada pequena coisa estraga o clima e, dessa vez, é o Sushi, o cachorro do
Lucas, saindo latindo na chuva. Acaba o clima, acaba o momento,
INFELIZMENTE. Eles prolongam os segundos, os sorrisos e os olhares enquanto
podem, Lucas abraça o Bernardo, com a cabeça entre seu rosto e sua nuca, e o
Bernardo fica todo arrepiado… queria
“ficar ali a noite toda”. Depois de colocar o Sushi de volta para dentro,
Bernardo leva o Lucas para dentro de casa…
São TANTOS
MOMENTOS. Eles não podem ficar molhados
daquele jeito… então, Bernardo tira a camiseta de Lucas devagar. Depois,
tira a própria camiseta e a bermuda. Lucas só tira a própria bermuda depois que
o Bernardo se vira para subir. Ele fica para trás, bebe água, tremendo, mas não
é de frio, não é por estar molhado… com o Lucas tremendo, Bernardo o seca e lhe
dá uma roupa quente, e dessa vez Lucas faz algo inesperado, algo que o Bernardo
faria sem pensar: Bernardo indica o banheiro para o Lucas, mas, calculando cada
movimento com um esforço tremendo, Lucas tira a cueca ali mesmo, na sua frente,
e se troca… da mesma maneira como o
Bernardo já fez antes. Mas é natural ao Bernardo… para o Lucas, exigiu um
esforço tremendo, mas ele queria fazer isso. E ESSE É UM DOS MEUS MOMENTOS
FAVORITOS NO LIVRO…
“O Lucas
engoliu em seco e, quando dei por mim, ele estava arriando a própria cueca bem
ali, na minha frente. O Lucas não se atreveu a me olhar; ele mantinha o olhar
cravado no chão. E, por Deus, eu só torcia pra que ele não conseguisse ouvir os
batimentos insanos do meu coração… Porque, simplesmente, eu não conseguia parar
de olhá-lo.
Eu queria
que aquilo tivesse durado horas; mas foram apenas alguns segundos, sem dúvida,
porque num piscar de olhos o Lucas já estava com o short que lhe emprestei. Ele
vestiu o casaco, ainda sem me olhar, ainda evitando contato visual, fazendo
tudo como se fosse calculado”
Depois, eles
dormem juntos, corpos colados, a sensação boa…
Lucas dorme no peito de Bernardo.
Ali, o livro muda de fase, E ENTRA NA MINHA PARTE
FAVORITA. A parte da cidade grande, da Tia Sarah maravilhosa… uma viagem de
ônibus à casa da tia de Lucas, por uns dias, uma câmera na mão, tudo
registrado…
“Olhei pro
Lucas e fiquei reparando nos detalhes do seu rosto. Os olhos meio puxados, os
cabelos negros e lisos, o nariz reto e os lábios finos. A pele parda e umas
sardas bem pequenas, quase invisíveis.
E acho que
só aí eu entendi…
A questão
não era me mudar de casa, país, continente. Não importava o lugar pra onde eu
fosse: se o Lucas estivesse comigo, tudo ficaria bem.
No fundo,
acho que o Lucas era a minha casa”
Eu digo que é
a minha parte favorita do livro, porque Lucas e Bernardo moram numa cidadezinha
do interior, cheia de preconceitos e pessoas que adoram cuidar da vida dos
outros e julgá-los, e a Sarah MORA NA CIDADE GRANDE. É um novo mundo para os
garotos, um lugar diferente, belo, mágico… Sarah é um cupido fofo. Ela fala com
o Bernardo sobre os dois, e então apresenta o apartamento para eles… e a cama grande de casal que vão compartir
enquanto estiverem ali. Amei o passeio no shopping, onde as coisas se
mostram ainda mais distintas do que o
veem na cidadezinha deles: dois homens andando de mãos dadas; duas garotas se
abraçando e se beijando no cinema. Lucas está feliz, encantado. Bernardo está
meio paralisado, meio em choque, e me doeu tanto quando ele disse que “não
sabia se valia o risco”. O medo dele é o
que mais me entristece…
Porque representa tudo o que foi imposto
sobre ele.
Esse medo faz
parte de Bernardo, ele teme ser “maltratado” – ele se acostumou que, na cidade
pequena, isso precisa ser “escondido”, e o assusta ver os casais gays “às
claras” na cidade grande… mas ele também tem sua parcela de encantamento. Ele
nem presta atenção ao filme, no cinema, porque está mais interessado na vida
real, nos casais corajosos, procurando algo que “lhe prove que o mundo está
mudando e ele é parte disso”. Depois do passeio no shopping, Sarah convida dois
amigos para jantar na casa dela, Jorge e Pedro – UM CASAL GAY. Sarah faz tudo
propositalmente, para incentivar os garotos, para mostrar-lhes que tudo bem. E eles prestam atenção em cada
detalhe… na mão no ombro, na coxa, no selinho rápido… e o Bernardo vai pro
quarto, meio assustado. Ele está mais
feliz ali do que na sua cidade, mas tudo é novo demais para ele.
Amei as cenas
do jantar, dos dois tomando vinhos, as mãos sobre a mesa, os olhares de Jorge e
Pedro e os sorrisos cúmplices de Sarah. Amei o Jogo da Vida, o Bernardo
cuidando do Lucas, mais tarde, porque o
vinho lhe fez muito efeito, como ele nunca bebera antes, e ele o coloca
para dormir, e coloca um remédio ao lado da cama, para caso ele precise… e
depois volta se despedir dos amigos de Sarah, e a ouve agradecer a eles, porque
sabia que era ela que teria que dizer aos garotos que “tudo bem” eles estarem
apaixonados, e ela diz que “sente que eles se amam desde…” Bernardo não segue
ouvindo a conversa. Fecha a porta, tira a roupa e se deita ao lado de Lucas, as
palavras dela ecoando em sua cabeça, e ele dorme sem saber exatamente o que
está sentindo. Durante a madrugada, Lucas acorda, confuso ao se ver sem a calça
jeans que usava, e ele sente arrepios
ao ver o corpo descoberto de Bernardo, mas ele adora que Bê cuide dele…
E quando o Bernardo o puxa sobre o seu braço
e faz cafuné.
EU AMO ESSES
DOIS!
Os meninos
acabam passando mais tempo com Sarah do que o inicialmente planejado… porque
estar com ela parece perfeito! Depois de sua casa, eles vão para um sítio dela,
a meio caminho de volta para casa, e é interessante como tudo aqui é INTENSO.
Como a propriedade tem mais quartos, os meninos não precisarão dividir uma cama, e Lucas fica desnorteado quando
escolhe seu quarto e o Bernardo diz que “vai ficar com o quarto ao lado”. Bê
vai para o outro quarto, confuso, tendo que lidar consigo mesmo, com o que
ouviu de Sarah, e quando ele vê os vídeos dos dois na filmadora de Lucas, ele
vê que está tudo estampado ali. É
evidente o sentimento, é inegável. Então, ele vai ao quarto de Lucas, e o leva
para fora, para a piscina… de madrugada.
E eu acho muito legal como o Bernardo tem uma espécie de “devaneio”, em que o
Lucas o confronta:
“MERDA! Eu estou aqui te querendo. Sempre te quis.
Seja corajoso, só um pouco, e me queira também”
Mas o Lucas
não diz nada disso de verdade… embora poderia ter dito e não pareceria fora da
realidade. Bernardo olha para a piscina, e pergunta ao Lucas se, caso ele pule,
o Lucas pulará também, e ele responde: “Sempre”.
Então, os dois pulam, e nadam só de cueca, de madrugada, e não é a cena quente que esperávamos, porque só é
fofa, bela e terna. A tia os vê da sacada, fala do aquecedor, que eles não ligaram, e então liga o
aquecedor e desce com 3 toalhas, e os três brincam durante um bom tempo, num
momento LINDO. Mas o Lucas amanhece no
dia seguinte com febre. E eu fiquei muito triste, porque eram os últimos
dias deles juntos… Bernardo pede perdão e se sente culpado por tê-lo feito
pular, mas o Lucas não se arrepende, enquanto lamenta ter estragado o passeio deles. Bernardo não sai de seu lado, cuida
dele o tempo todo.
Lucas pede
que ele fique ali até ele dormir…
Mas Bernardo fica mais que isso.
No dia
seguinte, Sarah os leva embora, e é lindo como ouvem P!nk, como seguram a mão
um do outro, como Lucas escreve “Não vá
embora” na mão do Bernardo, mas ele não percebe…
“O paraíso
existia – escondido nas pequenas coisas, disfarçado nos breves momentos.
O paraíso
era aquele instante em que eu me sentia completo com a mão do Lucas presa a
minha. Era aquele instante em que eu o olhava e meus olhos se conectavam com os
olhos castanhos dele. Era aquele segundo em que apenas sorríamos um pro outro
sem precisarmos de motivo aparente.
[…]
Eu havia
conhecido o paraíso”
“Amar
alguém nunca é fácil; mas o mundo gosta de definições. O mundo precisa de
definições, e ele cobra isso de você o tempo todo. Você precisa se enquadrar em
padrões criados pra que as pessoas possam te definir. Mas está aí algo em que
sempre penso: quer definição maior que um sentimento puro e verdadeiro?
Eu olhei
pro Lucas de soslaio… E ali estava a minha resposta pro mundo.
Eu o amava.
Isso pra
mim bastava…
E eu torcia
pra que bastasse pra todos os outros”
Quando Lucas
e Bernardo voltam dos dias que passaram com Sarah, eles TÊM CERTEZA DO AMOR que
sentem um pelo outro, e isso é lindo… mas é triste estar de volta na
cidadezinha pequena em que todos julgam, e é mais triste ainda pensar que
Bernardo só tem mais uns dias ali. E então eles terão um oceano os separando. Adoro
quando o Bernardo pergunta algo a Lucas sobre “não se importar com o que os
outros pensam”, e Lucas fala algo bonito e pergunta se isso “muda alguma coisa”,
e Bernardo responde: “Muda, sim… me faz
te amar ainda mais”. Isso parece pairar no ar entre eles. Lucas pensa
nisso, sente isso, e nada mais importa, porque ele também ama o Bernardo. E cada
segundo a relação deles é mais perfeita, mais intensa, mais bonita. Amo também
quando o Bernardo ajuda Lucas a se levantar da grama e “o puxa forte demais”, o
trazendo para “perto demais”. As pernas coladas, a boca de Lucas em seu
pescoço, e ele se arrepia… a boca tão próxima… tudo o que ele queria. Sua boca. O Lucas por completo. O desejo
latente.
Eles teriam
se beijado ali…
Mas,
novamente, não se beijam.
E não é por
causa do Sushi dessa vez… dessa vez é por causa da cidadezinha perversa em que
vivem, com três velhas fofoqueiras os
vendo e começando a comentar. Não sei nem se o Lucas chega a vê-las, mas Bernardo
se assusta, se fecha, novamente apavorado, e isso me angustia de um modo! Eles sobem
na bicicleta e vão embora, mas Lucas não entende o que aconteceu. Bernardo, por
sua vez, está triste, as lágrimas escorrem do seu rosto, e ele sente que perdeu a batalha… ele sente que fala
sobre não se importar com o que pensam, mas foi covarde naquele momento. Ele está frustrado. Então, ele passa uma
noite sozinho, longe do Lucas, e ele chora sozinho em seu quarto, e aqui
ganhamos outra cena lindíssima, em que a mãe vem conversar com ele, e percebemos
que as mães sabem de tudo o que está
acontecendo entre eles, e então ela aconselha o filho:
“– Bê, posso te falar uma coisa? – Ela ainda me
segurava no seu abraço.
Eu fiz que sim.
– Vai
chegar um tempo, daqui a alguns anos, não sei, em que você olhará pra trás e
pensará em todas as oportunidades que a vida lhe deu pra ser feliz e que por
medo você deixou escapar. E não, filho, não quero que você cresça com isso
dentro de si. Você sempre foi tão corajoso… sempre teve tanta luz em seu
interor… apenas não perca isso, ok?
Ela então me
soltou e pegou meu rosto com as duas mãos. Meus olhos estavam marejados, e os
dela também.
– Apenas
pule, meu amor… Pule sem medo. – Minha mãe sorria, e uma lágrima desceu pelo
seu rosto. – O mundo já é tão complicado para as pessoas que amam de coração
aberto que você não precisa lutar contra si mesmo. Não mais…”
Era daquilo
que o Bernardo precisava… desse apoio da mãe maravilhosa… ele precisava ver que
as pessoas de perto, que o amam, não se importam com quem ele escolha amar. Os outros que se f*dam. Antes de dormir,
então, ele coloca um recado na janela, para que o Lucas veja:
“DESCULPA!
PULA COMIGO?”
E, quando
acorda, ele vê a resposta:
“PULO!”
Então, o
livro entra no ritmo final… as despedidas.
E o apoio dos pais cada vez mais claro, mais evidente, mais belo – porque a
Sarah os ajudou a entender. E ISSO É TÃO BONITO! EU AMO A TIA SARAH! Os pais
deixam um recado no vinho, e é lindo quando o Lucas, confuso, abraça o pai,
entendendo que ele sabe, que ele apoia… porque
não tem como não apoiar o amor. Ou pelo menos acreditávamos que não… mas ao
mesmo tempo em que temos pessoas maravilhosas, como a Sarah ou os pais dos
garotos, temos também pessoas horríveis como as velhas fofoqueiras ou os
garotos do time de futebol… as cenas estavam perfeitas, Bernardo e Lucas
estavam indo para uma festa e um show da Ivete Sangalo, tinham bebido meia
garrafa de vinho, estavam pensando que “a noite tinha tudo para ser épica”, e
então vêm aqueles babacas do time de futebol e estragam tudo… eu sabia o que estava por vi, mas fiquei
angustiado o tempo todo.
E foi
HORRÍVEL de se ler.
Sofri durante
toda a passagem, que durou páginas e páginas…
Os meninos
separam Lucas e Bernardo. Dois deles levam o Lucas para um lugar afastado de
todos, e ali dizem coisas horríveis, batem nele… e quando Lucas revida, eles o
espancam. Enquanto isso, Bernardo ganha um “presente” machista, escroto e
nojento, de um garoto do time de futebol que trata as mulheres como objetos e é
um caso assustador de homofobia… Bernardo empurra o Rodrigo, defende o Lucas,
mas quando ele manda o Bernardo “correr atrás do namoradinho”, que a essa
altura “já deve estar sem dentes e com o rosto irreconhecível”, Bernardo não pensa
em mais nada. Ele só corre… corre tomado pela raiva, pela dor, pelo medo… lágrimas
ameaçam cair, e tudo foi tão horrível de se ler, foi forte demais… e o que mais
me doía era pensar que isso não é ficção.
Isso é o que acontece por causa do tipo de gente que temos no mundo.
Pessoas que
atualmente estão ganhando ainda mais força, graças à época em que vivemos.
É apavorante.
As cenas são assustadoramente
reais, e como eu disse no começo: estamos o tempo todo com Lucas e Bernardo,
sentimos o que eles sentem, e essas passagens me fizeram muito mal. Sofri com eles, o tempo todo. Bernardo os encontra,
Lucas está desacordado, curvado no chão, sangrando. O ódio e o medo tomam conta
dele de uma vez por todas, e ele pula em cima do outro menino, Gabriel, e o
espanca… Gabriel manda ele ir embora com seu “namoradinho”, e Bernardo diz que
ele vai, sim, com SEU NAMORADO, mas só depois que ele estiver no chão também… Bernardo o bate cegamente, e ele só
para quando escuta a voz do Lucas, fraca… a voz do Lucas “o traz de volta do
inferno”. Ao ouvir o Lucas, o Bernardo solta um grito, um grito que imagino gutural, um grito que reúne todos os sentimentos. O medo, a dor, o
amor, o alívio, a frustração, a raiva… TUDO ESTÁ ALI, NAQUELE ÚLTIMO GRITO. E eu
adoro como, na narração, Bernardo chama Lucas de “amor da minha vida”.
Ele lhe beija
a testa, repete três vezes que o ama, com os lábios colados em sua testa, e
então os pais chegam, assustados e preocupados… são parágrafos curtinhos que são
a melhor forma de contar o momento, porque são apenas flashes percebidos por
Bernardo, até se dar conta de que agora
ele pode descansar, e então ele também desmaia, deixando tudo nas mãos dos
pais. Eu fiquei desesperado – eu não podia parar de pensar no Lucas, e em como
a médica dizia que “ele ainda ia sentir muita dor e o inchaço ia durar semanas”,
porque o Bernardo estava INDO EMBORA NO DIA SEGUINTE, e eles não podiam estar
juntos pela última vez naquelas condições…
eu estava nervoso, angustiado, triste. E eu já estava pensando em soluções, que
eventualmente surgem… porque não tinha
como o Lucas continuar morando naquele horror de cidade.
Não tinha.
Lucas ouve
uma conversa da mãe com a médica, ainda meio sedado, e quando desperta, ele
escuta a voz do Bernardo, o que “o faz sorrir por dentro”. Amo a maneira como o
Bernardo acaricia sua mão, como olha para ele, como Lucas flagra uma lágrima
caindo de seu rosto… e então Lucas comenta que ouviu o Bernardo dizer no
estacionamento que ele era “seu namorado”, e ele dissera que “o amava”, e então
ele pergunta se isso é verdade, e
mesmo naquelas condições, esse é o momento que enche os nossos corações de paz
e de alívio, depois de todo o horror pelo qual passamos… Bernardo diz que sim,
que o ama, que ama “cada pedacinho dele”, e que devia ter dito isso antes… diz
que teve muito medo quando o viu caído no chão, e diz que se odiaria se não pudesse
lhe dizer o quanto o ama… e agora eles são
namorados, em uma cena linda.
Triste,
muito. Mas linda, também.
Também me
emocionei com a cena de Bernardo e os quatro pais (seus e de Lucas) no
hospital, unidos os cinco pelo amor que sentem pelo Lucas – é lindo como eles
são compreensíveis, amorosos, esclarecidos… eles
aceitam que ele ame o Lucas. À noite, quando o Lucas volta para casa, mas
tem que ficar de repouso, Bernardo vai à sua casa, coloca um colchão ao lado de
sua cama, mas Lucas, ao despertar, o acorda dormindo sentado no chão, com a
cabeça sobre sua cama… porque ele
adormeceu olhando para ele.
“Mesmo com
o rosto inchado, os machucados e cortes, e todo o estrago que aqueles idiotas
causaram no rosto do Lucas, eu juro que ele ainda era o garoto mais lindo do
mundo!
E ele era o
meu amor.
O meu
namorado.
A pessoa
que fazia as estrelas do meu céu brilharem mesmo nos dias nublados e tristes”
O que dói
mais em Lucas, no entanto, não é a dor física… é o fato de que Bernardo está
indo embora. Lucas chora, Bernardo se deita ao seu lado, afaga seu cabelo, e o
Lucas pensa no quanto isso é perfeito, mas no quanto dói saber que vai acabar em um dia. O tempo todo em
que eles se despediam, eu esperava que algo mudasse… que o Bernardo ficasse,
que o Lucas fosse com ele… qualquer coisa.
Sofri horrores, mas acompanhei a tristeza da despedida, e sofri por Lucas,
porque isso de o Bernardo estar indo viver uma nova vida enquanto ele ficava
para trás, esperando que “a vida deles fosse a mesma quando estivessem juntos”
parecia um pouco utópico… Bernardo teria
um mundo inteiro pela frente. Mas eu quero acreditar no amor, quero
acreditar que o que eles têm, que é verdadeiro e intenso, vai ser mais forte
que qualquer distância.
Porque tem
que ser.
Eles se
abraçam uma última vez, choram, prometem mandar notícias, conversar o tempo
todo, visitar… não esquecer um do outro.
Bernardo o leva, então, para a sua casa, agora vazia, e lhe dá O PRIMEIRO
BEIJO. E que cena mais linda essa do primeiro beijo… terna, maravilhosa. Bernardo
não podia ir embora sem isso. “O beijo do
Lucas, de uma forma sucinta, me completava”. Amei ver um capítulo de cada
comentando o beijo, o que sentiram, e como os dois sentiram o beijo
intensamente, mas cada um à sua maneira, porque eles são muito diferentes…
“Eu o beijei de novo em um impulso, antes que me
arrependesse por não fazê-lo. Teríamos tempo para as palavras. Mas não teríamos
presença para mais beijos”
Durante as
despedidas finais, Sarah aparece de supetão, horrorizada e furiosa com o estado
do sobrinho (e eu gritava: LEVA ELE EMBORA, SARAH!), e é lindo, porque ela
tinha que estar presente nessa despedida, tendo ela sido tão importante nessa relação
dos garotos… ela abraça o Bernardo, e diz que “Não é um adeus. É apenas um até breve”. Bernardo e Lucas se
abraçam ainda uma última vez, e eu adoro como o Bernardo diz “Não é um adeus”, enquanto uma lágrima
escorre do seu olho, e Lucas completa, secando a sua lágrima: “É apenas um até breve”. Os dois dizem “Eu te amo”, e então Bernardo vai embora…
mas ele deixa um presente para o Lucas, uma coisinha especial em sua câmera,
uma declaração de amor lindíssima, mesmo que o Bernardo nunca tenha sido lá tão bom com as palavras… mas, por Lucas, ele
consegue fazer isso!
“Nunca vou te esquecer. E sim, você sempre será o meu melhor
amigo. A melhor parte de mim. A coisa mais preciosa que terei na vida. E não importa
quanto tempo passe, eu vou te esperar. Me espera também, se você puder… Porque
eu te amo, viu? Demorei um pouco pra entender tudo isso, mas eu te amo muito. Meu
coração é seu. E… obrigado por ter me ensinado que, às vezes, 1 + 1 é 1. Beijos
do seu Bê”
Os epílogos
não trazem um reencontro, novos toques, olhares, sorrisos, beijos, como eu
esperava, mas trazem esperança. Sabemos que Lucas não mora mais na cidadezinha,
porque a Sarah o levou com ela para morar na cidade grande (QUE ALÍVIO!), e que
o amor de Lucas e Bernardo é mais forte que qualquer distância… eles conversam
por internet, eles trocam cartas pessoais, que são fofas e emotivas – gostei muito
da carta do Bernardo, mais que da carta do Lucas, e as finalizações são lindas:
“Espero que nós duremos para sempre” / “Nossos
destinos foram traçados na maternidade, Lucas. Para sempre, seu Bernardo”. O
epílogo de Lucas o mostra indo para Portugal visitar o Bernardo, depois de um
ano sem vê-lo, nervoso e ansioso… o de Bernardo o mostra no aeroporto, sozinho,
esperando o amor de sua vida, igualmente
nervoso e ansioso.
É lindo.
Mas deixa aquele gostinho de “quero mais”.
LIVRO
MARAVILHOSO! INTENSO! PARA SER VIVIDO, MAIS QUE LIDO!
<3
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