His Dark Materials 1x05 – The Lost Boy



“Witches hear the immortal whispers of those who pass between the worlds. They speak of a child who is destined to bring the end of destiny. If told what she must do, she will fail. But she won't walk alone. There is a boy whose fate is bound with hers. Together, they will change everything”

Esse foi o episódio, até aqui, que mais me deixou dividido. Eu amei poder acompanhar um pouco mais sobre o Will, e as coisas que acontecem com ele antes de o encontrarmos pela primeira vez no início de “A Faca Sutil”, mas a sequência de Lyra teve seus altos e baixos… acontece que essa parte do “fantasma” assombrando o vilarejo sempre foi uma das cenas mais fortes e mais angustiantes de “A Bússola de Ouro” e, por uma série de motivos, a série não chegou nem perto de transmitir a força e a emoção que esse momento transmite. Até agora, “His Dark Materials”, a série, ainda não conseguiu nos convencer da importância dos daemons como a escrita de Philip Pullman o fez (evidenciando a ligação sagrada e vital que existe entre humano e daemon) e, por isso, o episódio adaptou uma das passagens mais importantes do livro para conferir-lhe emoção, transformando o garoto encontrado por Lyra no Billy Costa… acontece que, no livro, não precisava ser ele para que entendêssemos como aquilo era triste.
Era só o fato de ter um garoto sem seu daemon, chamando por ele…
Os gípcios, Lee Scoresby e Lyra Belacqua estão em seu caminho para Bolvangar, e a garota precisa ler o aletiômetro para saber como é a segurança por lá e o que eles têm que fazer. O aletiômetro, então, a avisa sobre os tártaros na Estação, mas também tenta alertá-la de algo a mais, sem que ela entenda, a princípio. Quando ela entende a mensagem, ela descobre sobra uma vila “com uma coisa terrível nela”, e as pessoas assombradas por um “fantasma”. Lyra não entende qual é a ligação disso com a missão, mas ela sabe que é importante, ou então o aletiômetro não estaria pedindo que ela fosse até lá… então, ela só precisa da autorização de John Faa para que se separe do grupo por tempo o suficiente para checar o que o aletiômetro quer que ela cheque, porque “pode ser uma pista essencial, algo que vai ajudá-la a salvar as crianças”.
Uma das melhores coisas na série é como a ideia de mundos paralelos está bem na nossa cara desde sempre. Kaisa, o daemon de Serafina Pekkala, por exemplo, fala sobre o Lorde Asriel, sobre sua prisão, sobre o Pó e sobre a “ponde desse mundo ao mundo além da Aurora Boreal”. Do mesmo modo, Serafina Pekkala também fala com o Farder Coram sobre o outro mundo que elas podem sentir, mas apenas vislumbrar através da Aurora: “Witches have known of the other worlds for thousands of years. We are as close as a heartbeat... but we cannot touch... or see or hear these other worlds... except in the Northern Lights”. Falamos, inicialmente, sobre aquele outro mundo através da Aurora Boreal, o mundo com o qual Lorde Asriel também está obcecada, o mundo que a própria Lyra e o Pan, por um breve momento, conseguiram vislumbrar também.
O mundo para o qual Will ainda vai também…
Uma das partes mais interessantes desse episódio foi poder acompanhar Will. Há algum tempo, vemos o Lorde Boreal atravessar entre mundos e, recentemente, ele descobriu que o Grumman na verdade se chamava John, e vinha desse outro mundo – e deixou para trás uma esposa e um filho. Agora, ele vai atrás da família de Grumman para saber o que Grumman sabia. E, assim, conhecemos Will – muito antes do que esperávamos conhecê-lo, E FOI UMA INTRODUÇÃO BRILHANTE. Will é a outra criança importante sobre a qual as feiticeiras falam, a segunda parte da importante missão de Lyra. Will e Lyra. As informações que temos da família, por ora, se referem ao fato de o pai ter sumido numa missão no Alasca há 13 anos, e a mãe ter o que se parece com problemas mentais, mas talvez ela só veja e saiba mais do que a maioria das pessoas.
Amei ver o Will bater naquele menino desaforado que chama sua mãe de “loura”, e a verdade é que ele é um ótimo filho. Will é muito mais velho do que eu esperava que ele fosse, mas isso também confere ao ator domínio sobre sua atuação, dando ao personagem toda a força de que ele precisa – amei todas as cenas dele com a mãe, amei o mistério enquanto a mãe falava sobre como ele parecia seu pai, ou quando ela vasculha as coisas para ver se as cartas que o pai a enviara ainda estavam lá… cartas que ainda podem ser importantes para ele, cuja leitura ela enfim autorizou. Vai ser interessante acompanhar o Will e tudo o que o leva até os acontecimentos que já são narrados na sinopse de “A Faca Sutil”: “Will tem 12 anos e acabou de matar um homem”. Assim, o conheceremos antes de encontrarmos com ele em Cittàgazze, na próxima temporada.
De volta a Lyra… quando Lyra consegue a autorização para ir, com Iorek Byrnison, até a vila assombrada, eu juro que fiquei tenso. Sempre quis ver essa cena, sempre quis saber se toda a emoção e a dor do livro seriam transmitidas e, como eu disse, infelizmente foi meio decepcionante – eles tentam se redimir na chegada de volta ao acampamento e o funeral, mas ainda assim a parte mais importante da cena não foi bem-feita. Lyra sente o fantasma, se aproxima do lugar onde ele está escondido, e Pan pede que ela não vá; que ela dê meia volta e vá embora… mas faltou toda a construção para o momento. Faltou vermos as pessoas da cidade apavoradas por causa do garoto “mutilado”, embora Lyra e Pan sentissem que algo muito horrível estava ali dentro… com medo, Lyra reúne toda a sua coragem e entra no lugar onde o garoto está escondido.
“When I’m frightened, I shall master my fear”
Lyra, então, encontra um menino parcialmente desacordado, e esse menino, na série, é o Billy Costa. É só através da voz de Pan que percebemos que o garoto está sem seu daemon, e a dor da cena está nas lágrimas de Lyra enquanto se aproxima dele e se abaixa ao seu lado, não com medo, como todas as outras pessoas, mas assustada. Infelizmente, a conexão do humano e daemon na série nunca foi tão evidente, portanto a dor de uma criança sem daemon ainda não foi dolorosa como no livro – esse sempre é um capítulo que me engasga, que me perturba, que me faz pausar durante a leitura, para poder seguir adiante… faltou evidenciar seu sofrimento, faltou a angústia do garoto abraçado a um peixe morto como se fosse o seu daemon, tremendo e pedindo pelo seu daemon, enquanto as pessoas do vilarejo, apavoradas, mandam Lyra levá-lo embora.
Porque uma criança sem sua alma é um horror.
Uma criança mutilada.
E eu acho que foi só esse motivo que fez com que o menino da série fosse o Billy. Na falta dessa emoção, da evidência desse horror, o roteiro coloca Billy como o garoto, para que as pessoas possam sentir a dor de uma mãe perdendo o filho e tudo o mais – algo com que se relacionar, algo que faça com que o sentimento seja real. Philip Pullman, por sua vez, escreve tão bem e nos insere tão perfeitamente nesse outro mundo, que não precisamos disso para nos comover. Lyra e Iorek, então, levam Billy Costa de volta ao acampamento, e Mama Costa, em profundo sofrimento, pergunta sobre Ratter, sua daemon, e vemos o Billy praticamente sem vida. Ainda vivo, mas incapaz de ficar em pé, como se estivesse vazio… porque está. E a série foca, então, em diálogos que expressam a dor daquela situação, como a conversa de Lyra e Lee Scoresby.
Como essa é “a pior coisa que podiam fazer”
“Why would they take someone’s daemon?”
Billy está praticamente morto, e a emoção da série vem com a Mama Costa cuidando dele… é forte a cena em que ela canta para ele e depois diz que “vai ficar tudo bem” e que “ele pode ir encontrar Ratter”, porque “eles vão ficar bem”. Assim que Mama Costa o deixa ir, ele morre – porque não faz sentido continuar “vivendo” sem uma alma que movimente o corpo. Billy Costa morre, então, e, dali em diante, tudo é como no livro. Lee Scoresby acorda Lyra e, imediatamente, ela sabe o que aconteceu, pede para ver o corpo, e então eles fazem um funeral lindíssimo, seguindo as tradições gípcias, e queimam o corpo, enquanto a Mama Costa chora, e parece mais interessada em vingança agora… agora, é mais claro que nunca o horror cometido pelo Conselho de Oblação. Eles precisam saber outras crianças desse mesmo destino de Billy Costa.
A música é de arrepiar.
Cena f*da.
Por fim, temos a introdução para a trama do próximo episódio, que tende a ser ainda mais forte que esse, seguindo a emoção do livro, e eu estou angustiado e ansioso para ver como isso vai ficar na série – espero que consiga passar toda a angústia que senti enquanto lia o livro, porque, até agora, nenhuma das cenas mais angustiantes do livro foram tão fortes na série. O acampamento é atacado e Lyra Belacqua é sequestrada e levada até a Estação. Pensando rápido, ela mente seu nome, dizendo se chamar “Lizzie Brooks”, e percebemos como tudo é HORRÍVEL quando eles falam sobre ela “ser jovem o bastante”, e veem o Pantalaimon mudar de forma… uma nova criança para seus terríveis experimentos, uma nova criança para eles tirarem a alma. Como eu odeio o Conselho de Oblação! Enquanto Lyra se despe, ela vê as roupas que a aguardam…
Exatamente como as roupas que Billy usava.
Ela está ali. E ela é uma das próximas vítimas.
“This is it, Pan. This is Bolvangar”

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