Minha Mãe é uma Peça 3
“Minha família, em cinco minutos, aumentou três
membros”
COMO É BOM
RIR DESSA MANEIRA! A comédia é o gênero que menos
sofre preconceito no cinema brasileiro, apreciada até por aqueles que se
recusam a se abrir e reconhecer obras como o clássico “Central do Brasil”, ou o mais recente “O Filme da Minha Vida”, entre tantos outros excelentes filmes. “Minha Mãe é uma Peça”, do Paulo
Gustavo, é uma das comédias de maior sucesso dos últimos anos, e não é difícil
entender o motivo quando a assistimos: é
risada do início ao fim. É um daqueles filmes que nos fazem bem, que nos
deixa sorridentes, quase altos. E
esse terceiro filme finaliza a saga
da Dona Hermínia com perfeição, trazendo a mesma qualidade na comédia dos
filmes anteriores (Paulo Gustavo é IMPECÁVEL como Dona Hermínia, podíamos
passar horas o assistindo e rindo dele!), e ainda tendo uma carga emocional
bastante bonita. É maravilhoso como Paulo Gustavo mescla o humor com a emoção,
e nos comove em várias partes do filme.
É um
fechamento lindíssimo.
Dona Hermínia
está sozinha. Os filhos saíram de
casa, estão “vivendo suas próprias vidas”, e ela precisa encontrar o que fazer,
como ir mil vezes ao mercado e à feira (AMEI a cena inicial, da feira, amei os
comentários sobre a Marcelina e sobre o Juliano!), para que possa se distrair e
para que o tempo passe… quando uma vizinha do prédio morre (a cena do elevador!), ela fica meio impressionada, e com medo de morrer sozinha em seu apartamento e
ser descoberta apenas na segunda-feira,
por isso, ela passa um tempinho na portaria… até que ela passe mal e acabe no hospital (“Tira o acesso pra você não ter problema comigo”). Pelo menos é uma
ótima maneira de reencontrar os filhos,
que surgem em seu quarto de hospital, ainda trazendo notícias bem fortes: Juliano está prestes a se casar com Thiago,
seu primeiro namorado; Marcelina, por sua vez, está grávida de três meses de um
homem que Dona Hermínia nem conhece.
“Tomou um picolé pelo menos antes de dar pra
ele, Marcelina?”
Gostei de
como o filme continuou os assuntos tratados no filme anterior, quando Dona
Hermínia começava a lidar com a síndrome
do ninho vazio, e agora tem aquele medo de ficar sozinha – sentindo falta
dos filhos, temos dois momentos muito bonitos de flashback. Um deles é do primeiro
dia de aula da Marcelina, que se mostrou independente demais, para o desespero de Hermínia. Outro foi uma
festa do Sítio do Picapau Amarelo a que Juliano quis ir vestido de Emília. A cena é triste, porque ela
sabia que o filho sofreria o preconceito de pessoas intolerantes, mas ela acaba
se saindo bem, homenageando a Emília
e o filho, cantando “Emília, a boneca
gente”, enquanto o filho dança e se diverte… aquela cena, mais a
finalização de volta no presente, com Juliano e Hermínia olhando para a foto e
ele comentando que “a festa teria sido um trauma se não fosse por ela”, me
fizeram chorar.
TÃO LINDO,
TÃO EMOCIONANTE! <3
Na primeira
parte do filme, Dona Hermínia é afastada pelos filhos, que não querem sua ajuda
para planejar o casamento ou para tomar decisões a respeito do bebê (o que é
bem insensível, por sinal… Dona Hermínia pode se meter bastante, sim, mas foi
cruel, a carinha dela me arrasou!), então ela tem que achar o que fazer. E as
coisas parecem ficar ainda piores porque ela se empolga com um possível solteirão charmoso que está se mudando
para o prédio (amei ela com aquele vestido preto, cabelo solto, maquiagem… “Perdeu o critério? Roupa de gala em plena
luz do dia?”), mas descobre que é apenas o Carlos Alberto! Ela também tenta
sair para dançar com umas amigas velhas,
e acaba dançando com o Carlos Alberto (só cenão!), e ela acaba discutindo com a
Iesa, porque descobre que ela está transando e ela não. “Eu quero que você não transe. Que aí você não transa, eu não transo,
fica tudo organizado em família!”
SENSACIONAL!
HAHAHA
E, claro,
temos aquela sequência maravilhosa da Dona Hermínia e da Dona Lurdes em
Hollywood. Ainda não é tão divertida quanto a cena de Nova York em “Minha Vida em Marte”, mas é quase tão
boa quanto! Temos o maravilhoso momento da foto na placa de Hollywood (“Somos eu, você e a placa, se só dá para
pegar duas coisas, melhor que seja eu e a placa”), a cena no Madame Tussauds,
e eu AMEI a cena do restaurante, da Dona Hermínia pedindo uma salada, ou, ainda melhor, ela pedindo
onde fica o banheiro e o garçom dando uma série de indicações em inglês: “Aí faz xixi na calça, né?” Por fim,
voltando para casa, temos a Dona Hermínia causando confusão no aeroporto por
causa do conteúdo de sua mala, zoando ainda o “cabelo de poodle” da mulher. E
eu gosto de como parecem cenas independentes, quase pequenas esquetes.
Mas é claro
que Dona Hermínia não pode ficar muito tempo sem se meter na vida dos filhos, né? Por isso, ela resolve visitar
a casinha “no meio da selva” de Marcelina, levando uma chaleira de presente
para ela, mas dizendo que ela vai ter que
reformar a cozinha toda para poder ter aquela chaleira. As cenas são
divertidíssimas, seja com a Dona Hermínia reclamando do nome do bebê (Aruan?),
questionando a escolha de “parto ecológico”, porque “Marcelina não é
ecológica”, falando de chupeta e de mimar o seu neto (algumas coisas, inclusive,
são bem verdade, não?), e aquele maravilhoso chá de bebê que ela organiza para
a Marcelina, com direito àquele treinamento com um boneco que é um caos! A
bolsa de Marcelina estoura ali mesmo, e a Dona Hermínia a sala do parto para
assistir, porque está nervosa… ela é uma
mãe carinhosíssima, apesar de se meter demais.
Por isso, eu
sofri MUITO com a maneira como a Marcelina a tratou.
Me partiu o coração.
Em paralelo,
temos o casamento de Juliano, organizado por sua sogra, que é arrogante ao
extremo – amei como Dona Hermínia passou o filme todo a chamando de “vaca”,
“salafrária” e uma série de outros nomes… porque
a mulher é mesmo difícil! Ela faz de tudo para humilhar a Dona Hermínia em
inúmeras cenas, como no jantar na casa de Hermínia, mas eu adoro como ela
responde tudo à altura, e é um golpe atrás do outro, maravilhoso! Quando Ana a
convida para um jantar na sua casa,
mandando flores e tudo, Dona Hermínia faz o que todos queríamos fazer, e manda
uma cartinha, recusando o convite. “Eu
não gosto dela!” Ana, que adora ostentar, planeja o casamento de Thiago e
Juliano em uma casa chiquérrima em Búzios, e fica com um quarto imenso e com
bela vista, enquanto coloca Hermínia e as irmãs em um quartinho minúsculo de
três camas…
É uma salafrária mesmo…
[Destaque
para o cabelo de Hermínia e as irmãs na chegada a Búzios!]
Ana acaba
estragando o bolo do casamento, e Dona Hermínia é quem arruma tudo, e as duas
entram numa inesperada trégua, em cenas divertidíssimas do mercado, do policial
gato (a Waldeia!)… a mensagem final do filme é extremamente bonita. Paulo
Gustavo foi bastante criticado por ter tirado o beijo gay do casamento de
Juliano e Thiago, e eu realmente acho que isso
faz falta, mas, ao mesmo tempo, a mensagem é claríssima, e continua sendo
um belo apelo contra o preconceito. A cerimônia é rápida, mas Juliano faz um
discurso lindinho sobre quando contou à mãe que era gay, e ela teve medo,
porque o mundo é cruel, mas disse
que, ali dentro, “ela estava fechada com ele”. Foi EMOCIONANTE, e me fez
chorar, enquanto eu segurava a mão da minha mãe, ao meu lado. Também foi lindo
o discurso de Dona Hermínia, sobre como Juliano
escolheu o caminho do amor…
Foi um
momento lindíssimo.
Então,
Marcelina está vivendo sua própria vida,
com uma filha que ela quer criar de um
jeito alternativo; Juliano acabou de se casar. E a família está reunida, do
jeitinho deles, para um amigo oculto e uma ceia de Natal, e eu ADOREI o final
sem luzes, com a Dona Hermínia falando sobre o Ano Novo, e sobre como 0:01 ela estará mandando todo mundo pra puta que o
pariu… antes dos créditos, ainda temos algumas risadas com a “Dona Hermínia
da vida real”, e a bonita homenagem de Paulo Gustavo, encerrando mesmo esse
ciclo. Ele fechou a história dos personagens, ele dedicou o filme às pessoas de
sua vida que o inspiraram, e ele faz um fechamento lindíssimo e emocionante.
Ele fala da mãe, do pai, da madrasta, das tias e, por fim, do seu marido e de
seus filhos recém-adotados (os três, inclusive, apareceram no filme na cena de
Hollywood). Nunca parece que a review
de um filme como esse faz jus à obra, porque não dá para transcrever os
momentos, as expressões, o quanto amamos, o quanto nos divertimos, o quanto
rimos do começo ao fim, o quanto faz bem. Por isso, o texto tá aqui pra te
incentivar a ver o filme… porque só
vivendo pra saber.
É divertido.
É emocionante. Tem uma bela mensagem.
UM FILMÃO!
<3
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