Sítio do Picapau Amarelo (2003) – A Bela e a Fera: Parte 1
“Mal-agradecido! Será que, além de feioso, você também
é burro?”
O clássico
conto francês “A BELA E A FERA” chega ao “Sítio
do Picapau Amarelo”, e sofre suas alterações com a interferência de uma
bonequinha astuta e intrometida e um sabugo de milho falante e extremamente
inteligente! Na primeira semana da história, conhecemos a pavorosa Fera,
interpretada por Luigi Baricelli, e a doce e educada Bela, interpretada por
Priscila Fantin. Infelizmente, no entanto, a história não tem, ainda, a fluidez
de outras que a antecederam na temporada, como “A Lenda do Rei Arthur” ou “O
Primo do Carijó”, porque parecemos estar focados demais nas irmãs megeras,
metidas e arrogantes de Bela, a Flora e a Dulce, e a Bela vai conhecer a Fera
apenas lá no fim da primeira semana,
e tendo em vista que temos apenas 10 capítulos nessa história, não é muito
tempo para que ela se apaixone e quebre o feitiço!
Mas enfim.
No finzinho
de “O Primo do Carijó”, Emília foi a
primeira a ver que a Dona Carochinha, aquela barata cascuda, estava rondando o Sítio, e ela vai direto à Caverna
da Cuca, para pedir ajuda… é bom ver a Carochinha de volta, porque ela nos faz
lembrar da primeira temporada, lá da época do Reino das Águas Claras, quando a
bonequinha e a menina do nariz arrebitado ajudaram o Pequeno Polegar a escapar,
algo pelo qual a barata as odeia até hoje… e agora ela precisa da ajuda da Cuca
porque a Cuca é que mora nos arredores e vive enfrentando os arteiros netos de
Dona Benta, e a Dona Carochinha quer garantir que um feitiço se mantenha, mas
sabe que, com Emília e Narizinho por perto, isso talvez não aconteça por muito
tempo… então, ela explica para Cuca qual
é a história, e o que significa aquele misterioso Castelo que apareceu no
capoeirão.
“Sabe o que é? É uma história que começou há muitos e
muitos anos atrás. Era uma vez…”
“Ah, ela sempre começa assim!”
“Era uma vez, uma pobre mendiga que teve a ideia de
pedir um prato de comida no castelo de um jovem e belo nobre”
“Belo como? Loiro, moreno, alto, forte?”
Então, a Dona
Carochinha explica toda a história, explica sobre como o jovem que morava
naquele Castelo não só não deu o prato de comida para a mendiga, como ainda a
expulsou de lá com palavras rudes… e
quando Cuca pergunta se essa mendiga era uma amiga dela ou algo assim, ela diz
que “era ela mesma”. Então, a Dona Carochinha se vingou do rapaz o
transformando em uma fera horrenda, e agora ela precisa da ajuda da Cuca para
manter o feitiço, embora a Cuca ache que “se ele era tão belo, talvez seja um
desperdício deixá-lo transformado em fera”. Carochinha deu um prazo à Fera, até
que um retrato (Dorian Grey?) em sua biblioteca se transformasse por completo
também em Fera, para que uma moça se apaixonasse por ele e quebrasse o feitiço…
e esse prazo está se esgotando e parece
que ninguém se apaixonará por ele.
Agora que ele
se mudou para lá, no entanto, a barata teme que ele receba ajuda!
Enquanto
isso, o Saci vem avisar o pessoal do Sítio sobre algo que apareceu no
capoeirão, O CASTELO DA FERA, e quando a Emília vê a Cuca e a Carochinha rindo na frente do casarão, ela já quer
descobrir qual é o grande mistério; também acompanhamos a chegada de três
sobrinhas do Seu Elias, que estão vindo passar
uns dias com ele, e ele está preocupado porque mentiu que era rico e morava
em uma casa enorme. Quando Dulce, Flora e Bela descem do carro, é nítida a
diferença entre elas… desde a maneira como elas se vestem, porque Bela usa uma
roupinha mais simples, até a atitude. Dulce e Flora reclamam de absolutamente
tudo, como o calor, como acordar cedo, enquanto Bela desce do carro, olha ao
redor e comenta: “Que paisagem linda!”
E é apenas a Bela que olha para o Tio Elias e imediatamente o reconhece, depois
de tanto tempo.
Agora, o
Elias tem que aturar as sobrinhas chatas, mas é culpa dele por ter mentido para
elas… as garotas estão surtando por causa do “quarto que é um cubículo”, e
querem sair dali para um hotel ou, ao menos, uma casa decente, e, por algum
motivo muito louco, a Dona Benta oferece o seu Sítio para que elas passem a
noite… e eu realmente não a entendo.
Ela estava horrorizada com a atitude de Flora e Dulce, incomodada com a maneira
como elas tratam o tio, e então as convida para ficar na sua casa? Apenas Bela tem o mínimo de educação,
naturalmente. Ela comenta como o sítio de Dona Benta é lindo, como ela ama
o ar do campo, e as crianças imediatamente gostam de Bela, e a levam para
conhecer a aproveitar tudo que o Sítio do Picapau Amarelo tem a oferecer, como
os inusitados animais falantes, e até UM SACI DE VERDADE.
Bela acha o
lugar mágico, e Narizinho fala de
levá-la para conhecer o Reino das Águas Claras, enquanto o Pedrinho fala de
levá-la para conhecer o capoeirão e o castelo que apareceu lá misteriosamente,
e depois ela conversa com Dona Benta, fascinada por sua biblioteca e pelos
livros todos que pode ler, como “A Ilha
do Tesouro”, que pega emprestado para reler… enquanto isso, as suas irmãs
atormentam a Tia Nastácia, reclamando de tudo, inclusive do lanche que ela faz
com tanto carinho para elas… então, Emília resolve que “ela mesma vai levar o
próximo lanche delas”, e leva um sapo em uma bandeja, apenas para atormentar, e
não posso culpar a bonequinha… então, as duas insuportáveis resolvem ir embora
imediatamente, dizendo que “estão indo embora para a Mansão do Elias”, e Emília
e Visconde mal conseguem segurar o riso debochado.
A
transformação da Fera, em paralelo, está quase completa, e então Clarice, a
moça que trabalha na casa, decide sair para
pedir ajuda, e vai direto ao Sítio do Picapau Amarelo, onde encontra Emília
e Visconde – ela conta que mora no Castelo que acabou de aparecer por ali, e
que eles se mudaram do País das Fábulas, e ela está procurando alguém que ajude
o seu patrão… foi ela quem convenceu a Fera a se mudar para lá porque ouviu
histórias sobre como Emília e Narizinho enfrentaram a Dona Carochinha
anteriormente, quando ajudaram o Pequeno Polegar a escapar, e ela acha que só
eles podem ajudar a conseguir alguém para a Fera. O problema é que Emília está disposta a ajudar, mas ela tem um plano
totalmente errado, querendo casar uma das megeras das irmãs da Bela com a Fera.
Mas o destino vai cuidar de aproximar a Fera da pessoa certa.
A Bela.
Então, as
crianças acompanham a Clarice em direção ao Castelo, mas, enquanto estão na
mata, a Cuca lança um feitiço para que a mata “se encha de sombras e de animais
perigosos”, e então tudo escurece, parece noite, e eles precisam enfrentar
animais como uma onça pintada e morcegos… já no começo da aventura, o grupo
acaba se separando… Pedrinho e Narizinho
ficam para trás e precisam enfrentar uma cobra, e então decidem voltar para
casa, porque “a mata está muito estranha”. Mas
eles não sabem para que direção fica o Sítio, estão perdidos, graças ao feitiço
da Cuca! No outro grupo, vemos Clarice com Emília e Visconde, e Clarice
sabe chegar ao Castelo, pois marcou o caminho com pedrinhas… quando a Cuca faz as pedrinhas
desaparecerem, então, Emília usa o pouco de pó de pirlimpimpim que tem na sua
canastrinha para levá-los direto para o Castelo da Fera!
“O que foi isso? Quem está aí?”
A Fera fica
FURIOSA ao ver que tem “visitas”, e a Emília o enfrenta, o chamando de
“mal-educado”, e a Fera responde rosnando
para ela e a expulsando, porque “não quer ninguém ali”, mas Emília não sai.
Os dois acabam brigando, Emília dá um pisão no pé da Fera, o que parece ser um
golpe doloroso (mas ela não é apenas uma levíssima boneca de pano?), e quando
se esconde na biblioteca com o Visconde, Emília não tarda em descobrir uma
passagem secreta e, consequentemente, o quadro com a pintura da Fera, que está
se transformando. A Fera está furiosa com Clarice por ter contado sua história
para aqueles invasores (“Mal-agradecido!
Será que, além de feioso, você também é burro?”), mas Emília explica que a
Carochinha já sabe que eles estão ali, e ela pretende conseguir uma noiva para
ele e quebrar o feitiço: “Você é rico,
não é? Eu conheço duas pestes… quer dizer, duas moças lindas e elegantes que
adorariam morar num castelo”.
Eventualmente,
a Fera aceita a ajuda, se essa é a sua única esperança de não ser uma Fera para
sempre, e em troca a bonequinha pede que ele encontre o Pedrinho e a Narizinho,
que se perderam na mata… enquanto isso, no Sítio, o Elias continua mentindo que
é rico, e diz que o Castelo no meio da mata, que as crianças foram explorar, é
dele, e a Bela, astuta, já percebe que ele
parece estar mentindo. Afinal de contas, a Emília já lhe contara que “o
castelo apareceu do nada, como mágica”. Então, Dona Benta e Tia Nastácia dizem
que Bela é uma moça muito boa e compreensiva, e ela merece saber a verdade…
então, Bela pede a ajuda do Rabicó para entrar na mata e ir atrás do tio, para
tirar essa história a limpo… justamente o
Rabicó! Não demora muito para que eles se percam na mata alterada pelo
feitiço da Cuca, e a Bela fica com medo.
Com o susto
por toda a situação tensa, Bela se assusta ao ver a Fera, que estava na mata
para buscar as crianças, e enquanto o Rabicó foge, Bela grita, desmaia e acaba nos braços da Fera, que se
encanta por sua beleza, cuida dela e a leva para o castelo, de forma até bem
cuidadosa… quando Bela desperta, e fala sobre o “pesadelo” que teve, Emília e
Visconde explicam que não foi um pesadelo,
e Bela se sensibiliza pelo nobre transformado em Fera, mas ela diz isso da
forma errada… quando ela diz que “dá até pena” e o chama de “coitado”, ele
escuta e fica, novamente FURIOSO… ele não
suporta que ninguém tenha pena dele, então ele surta, ele grita e ele
rosna, o que é apavorante para a Bela, que chora em desespero, com um ponto de
culpa misturada a medo. É essa atitude da
Fera que vai ter que mudar para que o feitiço se quebre.
Emília
conversa com a Fera, e dá uns conselhos sábios, como quando diz que “ele pode
ser como um abacaxi”, ou seja, feio e cascudo por fora, mas doce e bom por
dentro… adorei a alegoria! Enquanto isso, sem conseguir voltar para o Sítio do
Picapau Amarelo, Pedrinho e Narizinho são capturados pelo Pesadelo, que os leva
até a Cuca e a Dona Carochinha… a Cuca pensa em transformar a Narizinho
novamente em pedra, e a Dona Carochinha quer mesmo se vingar da intrometida menina do nariz arrebitado, mas ela tem
uma ideia melhor: ela pode negociar com a Dona Benta, e usar os dois para trocar
pela Emília… então, ela garantirá que a
Emília nunca mais interfira em seus planos. Logo depois, o Pesadelo também
traz o Rabicó, além do Tio Barnabé e do Zé Carijó, que tinham entrado na mata a
pedido de Dona Benta, atrás das crianças…
Que confusão!
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