Sítio do Picapau Amarelo (2003) – O Primo do Carijó: Parte 2
Salvando a mula-sem-cabeça…
COM O JOÃO
MELADO, NEM O DIABO PODE! Eu gostei muito de toda a história de “O Primo do Carijó”. Foi uma trama bem
desenvolvida em apenas 10 episódios, de forma ágil, com personagens
carismáticos, um pouquinho de folclore brasileiro através da mula-sem-cabeça, e
essa representação do matuto brasileiro, que me fez pensar muito no Pedro
Malasartes… depois de o Coronel Teodorico ter comprado uma galinha que ele
acreditava botar ovos de ouro e ser
enganado (embora o João Melado nunca tenha dito, de fato, que a Madá botava ovos de ouro!), ele agora
acredita que as suas terras que arrendou para o primo do Zé Carijó são ricas em ouro. Por isso, ele vai
fazer de tudo para tirar o caipira de
lá… e, quando a Candoca reaparece, Teodorico ganha reforços, e os dois começam
os seus planos se fantasiando de diabos e
indo até lá para expulsar o João…
E TODA A
SEQUÊNCIA É DIVERTIDÍSSIMA. “Os senhores
vieram das profundezas dos infernos só pra falar pra sair das minhas terras.
[…] A troco de quê?” Eu adoro como, mesmo com aquela presença na casa, João Melado não sucumbe, não se assusta, e
continua com as suas interessantes espertezas… ele garante que não pode ir
saindo assim, não, e ainda chama Candoca de “Dona Diabética”, o que eu achei um
máximo. João Melado não recua, e diz que DALI ELE NÃO SAI, e então ele resolve
fazer uma proposta para os supostos diabos… ele
diz que sai se ele responder a 3 perguntas e eles as responderem corretamente.
Candoca nem se abala: “Deixa ele perguntar o que quiser, ele é um matuto, eu
sou da capital”. Então, João Melado começa a fazer perguntas simples, de “O que é, o que é”, para que o Coronel
Teodorico e Candoca respondam.
A primeira
pergunta é: “O que é, o que é, que cai em
pé e corre deitado?” As respostas do Coronel são HILÁRIAS (“Uma minhoca de paraquedas?”), mas
Candoca até que é boa no jogo, e responde rapidamente à primeira pergunta: “A chuva”. Depois, João Melado parte
para a segunda pergunta: “O que é, o que
é, que passa o dente na cabeça?”, ao que o Coronel responde “Uma dentadura voadora?”, mas Candoca
novamente sabe a resposta: “O pente”.
Por fim, então, a terceira e última pergunta: “O que é, o que é, quando está de cabeça para baixo está cheio, quando
está de cabeça para cima está vazio?”, e nem a Candoca sabe responder essa!
“Não sabe? e por que é que eu tô pagando
seus estudos na capital?” “Na capital?” “Na capital… do inferno! Infernópolis!”
Então, como não responderam à pergunta, João Melado os coloca pra correr.
As terras são suas.
Enquanto
isso, as crianças continuam interessadas em salvar
a mula-sem-cabeça… coisa da Emília. Zé até convida a Berta para ir com
eles, só para impressioná-la, e Berta diz que ela não quer, que eles “deviam
deixar a mula em paz”. Naquela noite, enquanto andam pela mata em busca da
mula-sem-cabeça, as crianças têm alguns encontros, como com o Coronel e a
Candoca vestidos de diabos, que aparecem para assustá-los, mas acabam fugindo
eles mesmos apavorados com a aparição da Cuca, e a Berta desaparece, justamente
para se transformar na mula. Dessa
vez, no entanto, ela perde o lencinho da sua cabeça, e quando Emília o
encontra, ela já sabe que só pode ser da
moça que se transforma em mula-sem-cabeça. Ou seja, encontrando a dona do
lenço, eles descobrirão quem é a mula! E
Berta já está quase inclinada a contar para eles…
“Eles vão descobrir tudo mesmo”
Emília,
então, tem outro plano para que o Zé possa realizar o seu sonho de se casar com
Berta, e finge que ele está muito doente.
Adorei o Visconde indo falar com o João Melado, dizendo que o que o Zé tem é
“Emilite aguda, e crônica”, porque o Visconde sempre faz tudo o que a Emília mandar… naquele momento, ele estava
muito parecido com o que eu espero do Visconde desde que li os livros! Ele diz,
então, que o Zé Carijó pode estar com o pé na cova, e seu último desejo antes
de partir é ver a Berta… João Melado chora pela saúde do primo, e vai com a
filha visitá-lo (“Ocê tá parecendo um
garnizé despelado, primo!”), dizendo que, se ele vai morrer mesmo, eles
estão ali para fazer o que ele quiser…
e tudo o que Zé quer, segundo ele, É PODER SE CASAR COM A BERTA. Ele explica
que “quer morrer conhecendo a felicidade de um casamento”.
Mas é claro
que o João Melado é esperto demais para cair nessa! Ele diz que não permite o
casamento… afinal de contas, se o Zé vai morrer tão logo, ele não pode deixar.
Onde já se viu? Casar num dia e ser viúva no outro? Ele não quer isso para a
sua filha! Então, o Zé se entrega, pula da cama, dizendo que “era tudo mentira”,
e festeja, achando que se o único motivo de o Primo João dizer não era porque
ele ia morrer, então, se ele não vai morrer, a resposta é sim, mas João Melado não pensa em abençoar esse
casório. E o Zé precisa correr de um primo bem zangado com ele, recorrendo
à mediação da Dona Benta em uma cena bem divertida… Emília lamenta que o plano
não funcionou, mas agora ela está interessada em outras coisas mesmo… ela quer confirmar se a mula-sem-cabeça e a
Berta são mesmo a mesma pessoa… e são, pois é dela o lenço encontrado na
floresta.
Candoca,
depois do “encontro” com a Cuca na mata, decide que eles podem pedir a ajuda da Cuca para expulsar o João Melado de suas
terras cheias de ouro. Quando o Pesadelo cai numa armadilha deles e,
depois, os leva até a caverna da Cuca, eles explicam que “querem que ela faça
um servicinho para eles”, e então ela aparece na casa do João Melado, toda
toda: “Eu sou a Cuca. A mais perversa e lindona,
e vim à mando do próprio capeta!” Muito rapidamente, no entanto, percebemos
que O JOÃO MELADO VAI ENROLAR A CUCA. Porque ele é muito esperto, e sabe
exatamente onde atingi-la… ele diz que o diabo lhe dissera mesmo que ia mandar
“um bicho muito feio, mas muito feio”, e diz que a “diabética” disse que “era
tão feio, mas tão feio, que ele ia até passar mal, só de olhar”. Agora, no entanto, aparece essa “moça
lindona” na sua frente.
João Melado foi direto no ponto fraco da
Cuca.
“Loiro natural, gostou?”
João Melado,
esperto que só ele, vira amigo da Cuca e a deixa cada vez com mais raiva dos
dois diabos que apareceram na sua caverna… “Mocreia,
tribufu, crambulhão?! […] Baranga, eu? Aquela salva-vidas de aquário vai ver
quem é baranga!” Antes de a Cuca deixar as terras do João Melado, no
entanto, a mula-sem-cabeça aparece e assusta a jacaroa, e o João Melado
prontamente a acalma, a afasta, enquanto Emília e Visconde assistem fascinados,
porque aparentemente ele pode fazer o que
quiser com a mula-sem-cabeça. A Cuca, por sua vez, desiste de mandá-lo
embora, porque a mula-sem-cabeça quase o
esmagou e ele “salvou a sua vida”. Voltando à caverna, então, ela manda o
Teodorico e a Candoca, fantasiados de diabos, embora… ela não vai mais ajudar
aqueles dois a conseguirem de volta as terras das quais Teodorico queria tanto
se livrar a princípio.
Emília, ainda
cismada a tirar o freio da mula-sem-cabeça, vai falar com o João Melado, e diz
que viu o que ele fez com a mula, e por
isso precisa da sua ajuda para desencantar a moça. Quando ela ameaça
“contar para todo mundo que a mula é ele”, ele acaba aceitando o acordo, faz a
promessa à bonequinha de pano, mas conta tudo a Berta, dizendo que ele não pode ajudar as crianças de verdade…
para isso, então, eles precisarão ir embora mais
uma vez. No dia seguinte, quando Dona Benta incentiva o Zé Carijó a levar
um presentinho para Berta e ir conversar com ela, e pedir desculpas por ter se
passado por doente, Berta conta ao Zé que está indo embora, e que o pai foi
falar com o Coronel Teodorico para aceitar a sua proposta: “Eu vim dizer que eu aceito sua proposta. Ocê me dá o dinheiro que ocê
prometeu e eu saio das sua terras”.
João Melado e
Berta estão indo embora mesmo quando Emília diz que não vai permitir que o
“João Meleca” vá embora, afinal de contas: “Se
ele pensa que pode fugir de um compromisso comigo, ele está muito enganado!”
João Melado diz que não podem esperar até a próxima lua cheia para ajudar a
Emília, mas não seja por isso… Emília
resolve o “problema” na hora, usando o Faz-de-Conta e transformando aquele dia
em uma noite de luz cheia. Berta se assusta com a lua e sai correndo, e
todo mundo sai correndo em direção à mata atrás dela, enquanto ela se
transforma na mula-sem-cabeça… quando o pessoal do Sítio e o João Melado
encontram a mula, Emília coloca em prática o seu plano, que é o mesmo de antes:
usa o pó de pirlimpimpim para montar a mula-sem-cabeça (!) e tirar o freio.
“Não, não judia da minha mulinha, não!”
E A DANADA DA
BONEQUINHA DE PANO CONSEGUE!
João Melado celebra
o feito da bonequinha, porque “nem ele nunca tinha conseguido isso”, e eles encontram
a Berta chorando no meio, e quando o Zé pergunta o que ela está fazendo ali, Emília pergunta se “ele ainda não
entendeu”. Então a própria Berta conta que é a mula-sem-cabeça, enfeitiçada por
uma bruxa, MAS AGORA ELA ESTÁ LIVRE, GRAÇAS À EMÍLIA. A felicidade e o alívio
dela quando o pai conta do feito da Emília, e como ela a abraça… muito fofo. Mais tarde, João Melado
conta ao pessoal do Sítio do Picapau Amarelo como isso tudo aconteceu, e foi
por culpa dele, que fez um negócio desonesto com uma senhora que era uma bruxa, e então, para se vingar
dele, ela enfeitiçou a sua filha. Segundo o João Melado, desde então “ele nunca
mais enganou ninguém”. E não mesmo,
talvez… o Coronel Teodorico se enganou sozinho.
De novo e de
novo.
Com tudo
resolvido, mas como João Melado já tinha prometido ao Coronel que ia devolver
as terras, por um preço justo, João Melado e Berta terminam de arrumar todas as
coisas para poderem partir… e eu fiquei muito triste pelo Zé, todo
apaixonadinho, ouvindo a Berta dizer que ela
gosta de outro e, agora que não está mais enfeitiçada como antes, ela pode
começar a sonhar em se casar. Zé fica o tempo todo em silêncio, absorvendo
tudo, e é uma cena lindinha! Daí eles se despedem das crianças e vão embora… mas ainda tinha uma coisa que queríamos ver
nessa história: o Coronel Teodorico e a Candoca quebrarem a cara. Candoca
até oferece uma “carona” para as crianças de volta ao Sítio de Dona Benta, só
porque ela quer que o Visconde analise os seus “ouros” em seu laboratório, e
diga quantos quilates aquilo tudo ali
vale.
Mas o
Visconde tem uma surpresa para ela: não é
ouro de verdade, é “ouro de tolo”, pirita. E eu adorei a definição da Dona
Benta, de que era algo “só para enganar gente boba”. Desesperados, Candoca e
Teodorico querem ir atrás de João Melado, querem colocar a polícia atrás dele,
mas a verdade é que o João Melado nunca
disse que aquilo era ouro… foram eles que tiraram as próprias conclusões! E
as crianças defendem os caipiras que acabaram de ir embora, dizem que “ele
nunca disse que era ouro, portanto nunca enganou ninguém”. O Coronel Teodorico
está desolado e inconformado, mas a sábia Dona Benta, naturalmente, dá razão
para as crianças… “Como disse o Pedrinho,
o João Melado nunca faltou com a verdade. Ao contrário de algumas pessoas”.
Então, basicamente, o Coronel Teodorico não vai poder fazer nada contra eles…
<3
Quando eles
acham que vão ter paz, no entanto, Emília vê a Dona Carochinha rondando o
Sítio…
O que será que vem por aí?
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