KINKY BOOTS The Musical
“The most
beautiful thing in the world, Charlie!”
A divertida
história de Charlie Price, o herdeiro de uma loja de sapatos prestes a falir, a “Price & Son”, e
de Lola, apaixonada por sapatos. Os
caminhos dos dois acabam se cruzando por mera coincidência e, depois de
conhecer Lola e assistir ao seu show em botas extravagantes e saltos
altíssimos, Charlie Price descobre a maneira ideal de salvar a sua loja da
falência: aproveitando um nicho não
atendido. Afinal de contas, drag queens se apresentam em saltos altíssimos
que não foram feitos para sustentar o seu peso, e por isso são razoavelmente descartáveis – se o
Charlie conseguir produzir botas de salto alto em boa qualidade, ele pode
salvar a sua empresa e atender às drag queens que não têm onde comprar esses
sapatos! Com música e letra de Cyndi Lauper, “Kinky Boots” tem vida e carisma, números musicais excelentes, e
inevitavelmente nos faz pensar em outros musicais, como “Priscilla”.
Eu achei,
quando vi o trailer do musical, que as crianças apareceriam por mais tempo, em flashbacks talvez (e eu acho que “Not My Father’s Son” era uma
oportunidade e tanto para trazê-las de volta), mas é excelente começar a
história conhecendo Charlie Price, de um lado, enquanto o pai lhe ensina o
ofício de sapateiro, uma coisa que ele
acha muito chata, e um garotinho que viria a ser Lola, do outro lado,
fascinado por sapatos, usando os sapatos vermelhos e de salto da mãe,
repreendido pelo pai… Charlie não tem muito interesse em tomar conta da loja de
sapatos, e está se mudando para Londres com a noiva, quando o pai subitamente
falece, e então recai sobre ele a responsabilidade – e o pior é que a fábrica está beirando a falência.
Então, ele precisa encontrar uma maneira, qualquer que seja, de salvar o legado
do pai!
Os atos são
muito diferentes um do outro, e eu gosto muito mais do primeiro. O primeiro ato
de “Kinky Boots” tem vida e cor,
músicas contagiantes, coreografias interessantes, enquanto o segundo ato toma
um rumo mais dark, mas amenizado,
então ele não consegue nem ser o sombrio
e pesado que outros musicais conseguem ser, e também deixa de ser o leve e
divertido musical que vinha sendo… o primeiro ato traz músicas empolgantes,
como “Land of Lola”, que é, para mim,
um dos melhores números do musical – e tem muito o estilo de “Priscilla”. Charlie a defende na rua
quando ela está sendo agredida por dois caras bêbados, e então ele acaba
entrando no clube para assistir ao seu show, e fica FASCINADO por ele. E,
embora naquele momento ele ainda não saiba disso, é dali que virá a sua
inspiração para salvar a fábrica e o legado da “Price & Son”.
Não tarda
muito para Charlie ter a luz, e então ele percebe que ele pode aproveitar esse
“nicho de mercado subvalorizado”, e fazer botas de salto alto para drag queens, e eu adoro como a ideia é
apresentada e é colocada em prática. Temos uma deliciosa reprise de “Land of Lola”, interrompida por
diálogos que avançam a história, e uns solos de Charlie que são apaixonantes de se ouvir. Então, Charlie
pede a ajuda de Lola, porque embora ele entenda da confecção de sapatos, ele
não entende de moda, e Lola faz umas
explicações MARAVILHOSAS durante “The Sex
is in the Heels”, ajudando o Charlie em desenhos que são incríveis… e
Charlie percebe que não vai conseguir
sozinho. Então, ele pede que Lola fique para ajudá-lo até um desfile em
Milão em algumas semanas, e embora ela relute no começo, até pelo preconceito
de uns, como o Don, ela acaba aceitando.
Por Charlie.
E por falar
em Charlie, nós temos a história de Lauren SE APAIXONANDO POR CHARLIE. A noiva
de Charlie se mostra ser uma chata, eventualmente – ela está preocupada demais
em se mudar para Londres, e ela não tem nenhum respeito pelo legado da “Price
& Son”, e não pensa em ouvir as ideias inovadoras de Charlie… então, nós realmente não nos importamos com
ela. Em paralelo, temos a destrambelhada da Lauren. Eu acho que a sua
história é bem mal aproveitada no musical, porque ela tem poucas cenas
relevantes, apenas um solo, e Charlie nunca percebe, de fato, que está se
envolvendo com ela também… é apenas um crush
não correspondido de Lauren, que ela apresenta na HILARIANTE cena de “The History of Wrong Guys”. É um dos
MELHORES NÚMEROS no musical, mas ele parece perdido, quase que aleatório,
infelizmente.
Mas que é
bom, é!
No fim do
primeiro ato, muita coisa acontece… Charlie descobre que o pai pensara em
vender a fábrica, sua noiva está tentando levar isso adiante de qualquer
maneira, e Lola aparece para trabalhar vestido
com roupas masculinas, mas isso não diminui o escárnio de pessoas
preconceituosas como o Don. Mas Charlie é um bom amigo com Lola, e também é um
bom filho, porque decide não vender a
loja, e então a loja toda trabalha lindamente para confeccionar o primeiro
par de “Kinky Boots”, botas vermelhas e maravilhosas, ao som de “Everybody Say Yeah”, e parece que tudo
vai ficar bem… mas não fica. Eles
estão trabalhando demais, Don ainda detesta ter a Lola por ali, e o segundo ato
começa com um desafio entre eles, num ringue de boxe, e Charlie sabe que Lola
deve ganhar essa luta, porque o pai a fez
treinar boxe como uma profissional.
Essa parte do
musical é um pouco carregada e arrastada, sem preparação o suficiente, a meu
ver, mas é interessante porque tem reverberações para a conclusão,
posteriormente. O acordo de Don e Lola é que um pode desafiar o outro a qualquer coisa se vencerem a luta, e embora
Lola esteja inicialmente vencendo, ela deixa o Don ganhar, e é um murro muito maior na sua cara, especialmente
quando ele vem perguntar o porquê de
ela ter feito isso, e ela diz que é “porque não queria que ele chegasse no
trabalho no outro dia e fosse desrespeitado” ou qualquer coisa assim. ÓTIMO! E
então, Lola tem o direito de dar o seu
desafio, que já estava escrito em um papel: e o seu desafio é inteligente, porque ela pede que o Don “aprenda a
respeitar as pessoas pelo que elas são”. E, inusitadamente, isso realmente
vai acontecer até o fim do musical!
Com o tempo,
e com o desfile de Milão se aproximando, AS COISAS COMEÇAM A DAR ERRADO. Lola
toma decisões com as quais Charlie não concorda, Charlie manda todo mundo
trabalhar exaustivamente e constantemente
pede que eles refaçam os produtos, e, para completar, ele fica no limite quando Nicola chega e termina com ele. Assim, Charlie passa
dos limites (e é impossível defendê-lo nesse momento) e discute com Lola,
dizendo coisas humilhantes para ela, na frente de todos, e então ele perde a
pessoa que sempre esteve lá ao lado dele,
desde o começo… e que estava tomando decisões importantíssimas! Sozinho, no
entanto, Charlie ganha o que é UM DOS MELHORES E MAIS EMOCIONANTES NÚMEROS
MUSICAIS DO ESPETÁCULO: “Soul of a Man”,
no qual ele fala dele e do pai, é verdadeiramente emocionante!
Lauren é quem
o encontra depois disso tudo e o convence a voltar para a fábrica, e então as
coisas acabam se ajeitando… Don aprendeu a “respeitar as pessoas pelo que elas
são”, inclusive o Charlie, e convenceu todos a voltarem para a fábrica, para
terminar as botas a tempo do desfile. Quando eles se preparam para partir para
Milão, Charlie deixa uma mensagem de desculpas chorosa para Lola, que está
cantando em um asilo, onde o pai está, em uma cena emocionante para ambos. O
final do musical traz o Charlie entrando ELE MESMO usando as Kinky Boots, o que
é quase um desastre, mas Lola e suas amigas aparecem para salvar o desfile, em BOTAS MARAVILHOSAS, e o musical termina com “Raise You Up / Just Be”, que me lembra
MUITO “You Can’t Stop the Beat”, em
vários sentidos… gosto de como o final é animado, dançante, de como terminamos
sorrindo.
Um musical
leve, divertido.
Gostei
bastante! <3
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super!
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