The Twilight Zone 2x09 – Try, Try
“You might
say that Claudia King has found herself on a kind of blind date. One set up not
by friend, family or coworker. This is a match neither made in Heaven nor the
Internet, but in the far darker web of The
Twilight Zone”
QUE EPISÓDIO
BOM! Até aqui (e não sei se o último episódio vai conseguir mudar isso), esse é
o meu episódio favorito na temporada…
eu acho que tudo funcionou nele perfeitamente. As atuações eram incríveis, a
trama era interessante, a pegada “The Twilight
Zone” era evidente, e o mais legal é que estamos falando de time loops, um tema de que eu gosto
bastante – mas com uma nova perspectiva…
literalmente. Acontece que é comum vermos obras de ficção que tratam o time loop, mas geralmente acompanhamos,
como protagonistas, aqueles que estão
presos no loop, nunca alguém de fora. Nesse episódio inovador, bem-escrito
e interessante, “The Twilight Zone”
inverteu a ordem das coisas, e foi isso que fez o episódio ser peculiar e muito
mais memorável: como protagonista, acompanhamos Claudia… e não é ela quem está presa no loop infinito.
O início do
episódio não nos fala diretamente de time
loop, e isso demora a ser confirmado no episódio, embora as evidências
estivessem lá desde o começo – assim que você percebe, é impossível deixar de
notar como sempre esteve lá. Claudia
está visitando museus e fazendo anotações sobre máscaras indígenas para a sua
dissertação, quando ela quase é atropelada por um caminhão por andar na rua
enquanto mexia no celular, e então ela é salva por um cara que parece perfeito… “Sidenote: almost died. And met
future husband”. E isso, desde o começo, me causou uma angústia tremenda,
porque, involuntariamente, eu estava sorrindo que nem um bobo naquela primeira
cena – mas, com a experiência em “The
Twilight Zone”, eu sabia que isso daria errado, que Mark seria algum tipo
de psicopata ou qualquer coisa assim.
E estava
certo.
Mas não sabia
como…
Claudia e
“Marc” voltam a se encontrar no museu, e então eles se aproximam… e podia ser
uma história bonita se não se revelasse,
no fim, tão doentia. No início do episódio, os dois parecem se conectar,
parecem ter um monte de coisas em comum, e eu ainda estava me perguntando que
caminhos seguiríamos – mas a perfeição
era demais para ser real. Uma das maiores pistas do início do episódio,
além do caminhão propriamente dito, é a garrafa de água que Marc consegue parar
com a mão e, logo depois, o chiclete que ele sabe que um dos caras visitando o
museu vai derrubar… as cenas vão sendo fofas quando ele escuta histórias de seu
passado, ou quando ele sugere que eles entrem na canoa que ela sempre sonhou em
entrar, prometendo que a guarda não ia
virar na sua direção pelo menos pelos próximos cinco minutos ou mais.
Como ele podia estar fazendo isso?
“You do have a secret. What’s your secret?”
Então,
percebendo que “tem que haver algum truque”, Claudia exige que Marc conte o seu
segredo… e, para mim, aquele foi o momento em que o episódio engrandeceu – eu
acho que foi a virada mais legal de
toda a temporada. Como eu comentei na introdução do texto: que bacana acompanharmos um time loop de outra perspectiva! Mark
Wheeler está vivendo aquele mesmo dia há
centenas de dias, por isso ele sabe coisas como o caminhão, a garrafa de
água e o chiclete; por isso ele conhece histórias sobre o passado de Claudia e
pode usá-las para tentar conquistá-la, e mesmo que ela esteja completamente
cética, ele prova que está dizendo a verdade em uma cena FENOMENAL na qual ele
lista uma série de coisas que estão para acontecer, além de uma série de
histórias sobre a vida de Claudia que, de outra maneira, ele não devia saber.
Ele já viveu aquele dia centenas de vezes.
Para Claudia, no entanto, é a primeira vez.
O episódio
ainda tem algumas viradas interessantes. Primeiro, percebemos o quanto aquela situação é difícil para
ambos… Mark tem que lidar com uma coisa, enquanto Claudia tem que lidar com
outra: por exemplo, Mark é “o cara
perfeito”, mas ele teve tempo de praticar, então isso é mesmo justo? Isso é
mesmo verdadeiro? Enquanto ela fala sobre a “prática”, vemos as cenas
acontecendo, como as dezenas de vezes que ele teve que tentar salvá-la do
caminhão na rua e chamar a sua atenção, até que conseguisse fazer do jeito certo… ou várias vezes em que ele tentou
fazer uma piada com as máscaras do museu até finalmente conseguir uma risada
dela com o nome “Bob Johnson”, e foi aí que ele ficou… tudo isso vai ficando mais estranho e mais bizarro a cada segundo.
E, eventualmente, aquilo se torna assustador. Ele diz que a ama, mas ela mal o
conhece.
Aqui, Mark
deixa cair suas máscaras, e é uma decepção, mas, infelizmente, não uma grande surpresa… Mark é a
representação machista de um homem que acredita que pode fazer o que quiser, com o agravante de ele estar vivendo esse
dia repetidas vezes, o que quer dizer que, quando fosse dormir, ele retornaria
para o início disso tudo e nada disso terá acontecido – ou seja, ele está vivendo sem consequências. Para ele, “nada do que ele
fizer hoje importa”. Mark muda completamente, se torna assustador,
violento, abusivo, o desespero toma conta do episódio, e tememos pela
conclusão, até que Claudia finalmente CONSEGUE SE LIVRAR DELE. Pelo menos aquela Claudia, daquele dia…
“outras” viriam, e ela esperava que elas pudessem dar conta sozinhas.
Claudia fica livre, Mark acaba preso, até
recomeçar novamente no dia seguinte… na sua prisão e solidão eterna.
O fim do
episódio ainda mostra um dia sem sua interferência: Claudia não seria atropelada por aquele
caminhão, o que quer dizer que ela não
precisava “ser salva” por ele, para começo de conversa, e isso foi meio que
uma surpresa para mim – isso quer dizer que, ali, de maneira doentia, Mark
decidiu que ela era sua vítima e, a partir de então, ele fez com ela o que ela
disse que ele podia fazer com esse seu “poder”: mentir e manipular. Desde o começo, desde a primeira interação,
nada foi de fato real… o episódio é maravilhoso, e transmite uma série de
emoções, mas sempre nos deixando boquiabertos pela condução inteligente do
roteiro… é exatamente isso o que eu espero de “The Twilight Zone”, e estou muito feliz que tenhamos tido um
episódio tão bom quanto esse tão pertinho do fim da temporada. Agora, vamos para o Season Finale…
“Claudia
King will, like most of us, proceed directly to a lifetime of tomorrows,
leaving Mark Wheeler to spend an eternity in a prison of his own design: the
inability, no matter how many tries he's given, to see beyond himself. An
endless loop of solitary confinement here in The Twilight Zone”
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