Anne with an E 3x02 – There is Something at Work in my Soul which I Do Not Understand

 

“Eu te amo!”

Essa será, possivelmente, a temporada mais intensa na história de “Anne with an E” – com os vários acontecimentos do episódio passado, Anne decidiu que queria saber mais sobre a sua família biológica, e essa é uma jornada que ela planeja empreender agora, de uma maneira um tanto confusa e pronta para, quem sabe, partir alguns corações. Eu entendo a Anne, a sua curiosidade, mas não concordo exatamente com a sua ideia de buscar “uma prova de que ela foi amada”, porque ela só precisa olhar ao redor, em Green Gables, para perceber que essas “provas” já estão ali… Marilla e Matthew são sua família e a amam mais que tudo, e deixam isso evidente constantemente. Justamente por isso, eles apoiam sua decisão e, com uma série de conselhos, eles a deixam partir, acompanhada, de volta para o orfanato onde passou grande parte de sua vida…

…em busca de respostas.

Gilbert e Cole são parte dessa viagem – Cole muito mais do que Gilbert. Gilbert é quem acompanha Anne no trem, de Avonlea até Charlottetown e, então, a casa da Tia Josephine. Ele vai à cidade todos os sábados para uma espécie de “estágio” como médico, e pode acompanhar a garota, e é engraçado notar como isso é divertido para Gilbert… ou, pelo menos, ele acha que vai ser divertido, mas Anne parece muito disposta a dizer-lhe que “ela não precisa dele”, até que ela diga isso de uma maneira tão enfática que acaba o magoando. Quando ele se vira, mal se despedindo, para ir embora da casa da Tia Josephine, eu fiquei triste por ele. Então, ele acaba chamando uma outra garota para sair, Winifred Rose, enquanto está na cidade, e ele não pode controlar o sentimento de satisfação por ter, finalmente, tido um encontro – mesmo que não tenha sido perfeito.

Mas eu gosto de ver o Gilbert sorridente, com uma flor no bolso, cantando e dançando pela casa.

Enquanto isso, Bash precisa lidar com o retorno de Elijah, o filho mais velho de Mary, e eu preciso dizer que eu detesto o Elijah. Pelo pouco que sabemos, ele sempre causou problemas à mãe, e agora não é diferente, quando retorna e recebe todo o carinho e amor de Mary, mas percebemos sua acidez em comentários e olhares maldosos, que se intensificam com o passar das horas enquanto tem que lidar com Bash e, por fim, com Delphine: a irmã que ele não sabia que tinha ganhado recentemente. Depois de beber bastante, Elijah acaba sendo muito grosseiro com Mary, e é uma sequência angustiante que nos dá nojo do cara, e ele ainda termina indo embora, abandonando a mãe e toda a chance que ele tinha de levar uma nova vida na fazenda, além de roubar coisas do pai de Gilbert – coisas que tinham uma grande importância sentimental para o garoto.

Sacanagem.

Em contrapartida, temos momentos muito mais divertidos protagonizados por Muriel Stacy, Matthew e Rachel – a Srta. Stacy está empenhada em consertar uma prensa, para que o jornal que publicam na escola possa ter uma maior circulação, e eu gosto da parceria dela com o Matthew, especialmente naquela cena do início do episódio no qual ele vai buscá-la, de carroça, e ela passa o caminho inteirinho falando sem parar, mudando de assunto depressa, comentando as paisagens e o quanto “aquela floresta é poética” ou qualquer coisa assim… é um paralelo perfeito com a cena do Piloto no qual Matthew vai buscar Anne na estação de trem. QUE MOMENTO PERFEITO! Além desse momento, é claro, ganhamos excelentes momentos de Muriel e Matthew arrumando a prensa no celeiro, ou da Srta. Stacy rindo da Rachel e sua fixação por encontrar-lhe “companhia”.

Cenas incríveis.

Anne, enquanto isso, reencontra a querida Tia Josephine e Cole Mackenzie, seu amigo que não via há muito tempo – o Cole está grande, bem, e feliz por estar morando ali, por conhecer novas pessoas, por tudo. É TÃO BOM VER O COLE TÃO FELIZ. E é tão bonito rever um pouco dessa amizade que foi tão importante e tão intensa na segunda temporada… agora que Anne está em uma jornada bem íntima e complicada, é bom que ela tenha ao lado alguém que se importa tanto com ela, como o Cole se importa. Os dois vão juntos até o orfanato no qual Anne viveu durante muitos anos, e as cenas são bem pesadas, porque Anne precisa reviver algumas coisas traumatizantes e enfrentar fantasmas como a garota que a atormentou por muito tempo, apenas para descobrir, eventualmente, que a diretora do orfanato não tem nenhum registro a seu respeito.

Aquilo e ouvir a diretora perguntar a um outro homem se, quando a criança crescer, ele prefere que ela diga a verdade ou que ele morreu (!) deixa a Anne transtornada – e se tudo o que ela se “lembra” são histórias que ela inventou para si mesma, meras fantasias tolas como a história da “Princesa Cordelia” e, na verdade, seus pais nunca a amaram de verdade como ela acredita? A cena é triste, e Cole é um AMIGÃO, tendo uma conversa lindíssima (e necessária) com Anne quando ela parece à beira de um surto… ele a lembra de como ele a entendeu e como o ajudou a se aceitar como é, e fala sobre como as suas fantasias e suas histórias não são tolas ou patéticas, como ela diz, mas algo bonito e grandioso, porque sua imaginação a ajudou a superar e a atravessar todos os momentos difíceis pelos quais ela passou naquele lugar… o abraço dos dois é lindo.

Então, Cole sugere que eles vão até a igreja e continuem procurando, porque a igreja mantém registros acerca de famílias e nascimentos, e Anne diz que fará isso no próximo sábado – então, ela retorna para casa, e temos uma finalização de episódio bem dramática. Ao rezar, naquela noite, Anne fala sobre o seu medo de não pertencer a lugar algum, e pede por uma prova de que “ela foi amada”, o que é cruel com os Cuthbert, tendo em vista o quanto eles a amam… e ela pertence a algum lugar: Green Gables. O mais cruel é que Marilla tenha escutado isso tudo, e ela já estava se sentindo mal e preocupada com toda essa história de a Anne buscar a família, então ela usa uma coisa pequena, como o artigo que Anne escreveu para a escola, para gritar e castigá-la, a proibindo de sair de casa, e quando Anne, inconformada, pergunta o porquê de ela estar fazendo isso, ela grita:

“Porque eu te amo!”

Tanta coisa que a Marilla queria poder dizer, mas não sabe como… mas ela ama aquela garota, mais que tudo nessa vida, assim como o Matthew, que chegou a falar brevemente sobre isso enquanto ajudava a Srta. Stacy a consertar a prensa para a escola. Mas não sei se Anne está preparada para entender isso, com a angústia que está sentindo no momento e ânsia por respostas, mas provavelmente seja algo a que sua jornada a levará: o entendimento de que os Cuthbert são sua família, que eles o amam e que ela pertence àquele lugar. Mesmo assim, acho que a temporada nos trará muitos mais momentos difíceis, dramáticos, intensos e sofridos como os desse episódio, porque Anne está crescendo, e está numa fase da vida em que, além de tudo ser mais intenso, é normal ter dúvidas, querer saber mais sobre quem você é… curioso para ver o que a temporada tem a oferecer.

E já preparado para as lágrimas que certamente virão!

 

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