Anne with an E 3x03 – What Can Stop the Determined Heart

 

Comunidade.

Nossa, destruído depois desse episódio… e fui pego tão desprevenido. “Anne with an E” ganha um dos seus episódios mais tristes ao fazer uma pausa de toda a trama da busca de Anne por seus pais biológicos e mostrar um problema de saúde de Mary. Todo o episódio está centrado nisso e na comunidade que nasce em torno dela, da maneira mais bela possível, para despedir-nos de uma personagem querida e que vai deixar saudade… sofri ao lado de Mary e de Bash, sofri ao lado de Gilbert, que já perdeu o pai naquela mesma casa e agora perde mais alguém que ama, me emocionei com Anne e toda a devoção dela à pequena Delphine. Foi um episódio sobre o amor e a despedida, com direito a muitas lágrimas, tanto dos personagens quanto de quem estava do lado de cá, assistindo a isso tudo. Fui assistir Anne para me sentir bem, saí destroçado.

Mas que episódio lindo!

Está chegando a Páscoa, e quando todos os preparativos começam, descobrimos que Mary está muito doente… Gilbert Blythe assumiu a cozinha da casa, embora não seja seu dom, e Bash é um marido atencioso e incrível, distraindo Mary com pintinhos que ele traz do galinheiro, por exemplo. Quando Mary está muito mal e eles precisam de alguma ajuda com a pequena Delphine, Bash a leva até Green Gables para pedir ajuda, e eu devo dizer que Matthew estava uma graça cuidando daquele bebê, e foi legal ver como a presença de Delphine fez com que Anne e Marilla se obrigassem a uma trégua naquele comportamento arisco que presenciamos ainda no início do episódio, por causa das brigas que vêm acontecendo por toda a história de “buscar os pais biológicos” e tudo o mais. Achei muito bacana ver o pessoal cuidando da Delphine.

Anne e Marilla, no entanto, logo deixam Matthew sozinho com ela e partem para a casa de Gilbert, para ver como Mary está e oferecer qualquer tipo de ajuda, enquanto o próprio Gilbert vai até Charlottetown em busca do único médico não preconceituoso das redondezas, que aceita atendê-la… as notícias, no entanto, não são nada boas. Foi de PARTIR O CORAÇÃO (e certo sentimento de incredulidade tomou conta de mim) ver o médico dizer a Bash e Gilbert que não havia nada que ele pudesse fazer, e que Mary tinha apenas mais alguns dias de vida… também foi horrível ver Gilbert tomar a frente por Bash e ir ele mesmo conversar com Mary a respeito disso, e ela estava tão esperançosa que o médico viria com algum remédio ou que ela logo sairia dessa, e Gilbert acaba chorando ao contar para ela que isso não vai acontecer… sofri com o Gilbert contando.

Então, ele vai até Green Gables, buscar Delphine, já que Mary quer vê-la e passar o que lhe resta de vida com a filha. Matthew e Marilla partem imediatamente na charrete, enquanto Gilbert prefere ir andando e Anne o acompanha… os momentos dos dois são perfeitos; a maneira como Gilbert duvida de si mesmo, se perguntando se será capaz de dar essa notícia a outras pessoas no futuro, já que sonha em ser médico, e Anne é um amor com ele, fazendo-o entender que “palavras bonitas” não teriam tornado a notícia menos dolorosa e que ele estava anunciando isso para alguém que ama e não poderia ter sido fácil… quando eles chegam até a casa de Gilbert, ele para antes de entrar, chorando, e, em silêncio (o que é algo muito inusitado para Anne, mas ela entendia que era isso o que ele precisava naquele momento), Anne o abraça… QUE CENA LINDA.

Dali em diante, temos que nos acostumar com a ideia de que perderemos Mary e não há nada que se possa fazer… e cada um está tentando lidar com isso como pode. Anne tem momentos muito bonitos com Mary, conversando com ela, dando-lhe a ideia de escrever uma carta de presente a Delphine, para que ela lesse quando crescesse, ou as cenas de Anne registrando todas as receitas de Mary em um livro para dar de presente à sua filha, que agora será “a protegida de Anne”. Gilbert, por sua vez, tem ótimas cenas tanto com Mary quanto com Bash. Com Mary, ela fala o quanto gosta dele e da relação dele com Bash, que são como irmãos; com Bash, que está inconformado, frustrado e com raiva, Gilbert tem um momento importante no qual o abraça, no qual fala sobre a morte do pai e o aconselha a passar todo o tempo possível com Mary…

Ou ele se arrependerá depois.

Por isso, Bash acaba entrando para ficar com Mary e Delphine… e tudo é belo, emocionante e terrível. Também temos o momento em que Gilbert vai até o gueto atrás de Elijah, porque Mary queria falar com o filho antes de morrer, e ele pede que um amigo dele diga a Gilbert que “ele está fora da cidade” – sério, detesto o Elijah e não estou com paciência para o drama que sei que virá quando ele descobrir que a mãe está morta e ele nem quis ouvir Gilbert para ir vê-la. E, claro, tivemos Jocelyn e Constance, as amigas de Mary, vindo visitá-la, chorar e rir com ela, e tornar aqueles últimos momentos ainda mais significativos… as cenas são bonitas e divertidas, de alguma maneira, e eu adorei cada segundo lagrimoso. O episódio equilibra bem a beleza e a dor, algo que “Anne with an E” sempre soube como fazer com perfeição, e o resultado é quase poético.

Por fim, Mary fala sobre Delphine, sobre a dificuldade de criar uma filha sozinha, e sobre a necessidade de se ter uma “comunidade” a Bash – mas ele tem, e ela está se consolidando ao redor de Mary nesse momento. Movimentada por Jocelyn, Constance e Anne, a comunidade prepara uma festa de Páscoa para Mary, no quintal da casa dos Barry, e é um evento lindíssimo, em todos os sentidos: a maneira como todos se unem para tornar aquilo possível, como todos os detalhes são cuidadosamente pensados, como a decoração é bela e iluminada, e como todos estão presentes de corpo e alma para aquele momento. Ali, quando todos cantam para Mary ou quando todos a ajudam a recitar seu cântico favorito quando ela não consegue terminar, ela percebe que a comunidade existe, e que Bash e Delphine não estarão sozinhos… então, ela pode morrer em paz.

Despedida tristíssima, mas bela. Um episódio tocante!

 

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