Comunidade.
Nossa,
destruído depois desse episódio… e fui pego tão desprevenido.
“Anne with an E” ganha um dos seus
episódios mais tristes ao fazer uma pausa de toda a trama da busca de Anne por
seus pais biológicos e mostrar um problema de saúde de Mary. Todo o episódio
está centrado nisso e na
comunidade
que nasce em torno dela, da maneira mais bela possível, para despedir-nos de
uma personagem querida e que vai deixar saudade… sofri ao lado de Mary e de
Bash, sofri ao lado de Gilbert, que já perdeu o pai naquela mesma casa e agora
perde mais alguém que ama, me emocionei com Anne e toda a devoção dela à
pequena Delphine. Foi um episódio sobre o amor e a despedida, com direito a
muitas lágrimas, tanto dos personagens quanto de quem estava do lado de cá,
assistindo a isso tudo.
Fui assistir Anne
para me sentir bem, saí destroçado.
Mas que
episódio lindo!
Está
chegando a Páscoa, e quando todos os preparativos começam, descobrimos que Mary
está muito doente… Gilbert Blythe
assumiu a cozinha da casa, embora não seja seu dom, e Bash é um marido
atencioso e incrível, distraindo Mary com pintinhos que ele traz do galinheiro,
por exemplo. Quando Mary está
muito mal
e eles precisam de alguma ajuda com a pequena Delphine, Bash a leva até Green
Gables para pedir ajuda, e eu devo dizer que Matthew estava
uma graça cuidando daquele bebê, e foi
legal ver como a presença de Delphine fez com que Anne e Marilla se obrigassem
a uma trégua naquele comportamento arisco que presenciamos ainda no início do
episódio, por causa das brigas que vêm acontecendo por toda a história de
“buscar os pais biológicos” e tudo o mais.
Achei
muito bacana ver o pessoal cuidando da Delphine.
Anne e
Marilla, no entanto, logo deixam Matthew sozinho com ela e partem para a casa
de Gilbert, para ver como Mary está e oferecer qualquer tipo de ajuda, enquanto
o próprio Gilbert vai até Charlottetown em busca do único médico não
preconceituoso das redondezas, que aceita atendê-la… as notícias, no entanto,
não são nada boas. Foi de PARTIR O
CORAÇÃO (e certo sentimento de incredulidade tomou conta de mim) ver o médico
dizer a Bash e Gilbert que
não havia nada
que ele pudesse fazer, e que Mary tinha apenas mais alguns dias de vida…
também foi horrível ver Gilbert tomar a frente por Bash e ir ele mesmo
conversar com Mary a respeito disso, e ela estava tão esperançosa que o médico
viria com algum remédio ou que ela logo sairia dessa, e Gilbert acaba chorando
ao contar para ela que
isso não vai
acontecer… sofri com o Gilbert contando.
Então, ele
vai até Green Gables, buscar Delphine, já que Mary quer vê-la e passar o que
lhe resta de vida com a filha. Matthew e Marilla partem imediatamente na
charrete, enquanto Gilbert prefere ir andando e Anne o acompanha… os momentos
dos dois são perfeitos; a maneira como Gilbert duvida de si mesmo, se
perguntando se será capaz de dar essa notícia a outras pessoas no futuro, já
que sonha em ser médico, e Anne é um amor com ele, fazendo-o entender que
“palavras bonitas” não teriam tornado a notícia menos dolorosa e que ele estava
anunciando isso para alguém que ama e não poderia ter sido fácil… quando eles
chegam até a casa de Gilbert, ele para antes de entrar, chorando, e, em
silêncio (o que é algo muito inusitado para Anne, mas ela entendia que era isso
o que ele precisava naquele momento), Anne o abraça… QUE CENA LINDA.
Dali em
diante, temos que nos acostumar com a ideia de que perderemos Mary e não há
nada que se possa fazer… e cada um está tentando lidar com isso como pode. Anne
tem momentos muito bonitos com Mary, conversando com ela, dando-lhe a ideia de
escrever uma carta de presente a Delphine, para que ela lesse quando crescesse,
ou as cenas de Anne registrando todas as receitas de Mary em um livro para dar
de presente à sua filha, que agora será “a protegida de Anne”. Gilbert, por sua
vez, tem ótimas cenas tanto com Mary quanto com Bash. Com Mary, ela fala o
quanto gosta dele e da relação dele com Bash, que são como irmãos; com Bash,
que está inconformado, frustrado e com raiva, Gilbert tem um momento importante
no qual o abraça, no qual fala sobre a morte do pai e o aconselha a
passar todo o tempo possível com Mary…
Ou ele se arrependerá depois.
Por isso,
Bash acaba entrando para ficar com Mary e Delphine… e tudo é belo, emocionante
e terrível. Também temos o momento em que Gilbert vai até o gueto atrás de
Elijah, porque Mary queria falar com o filho antes de morrer, e ele pede que um
amigo dele diga a Gilbert que “ele está fora da cidade” –
sério, detesto o Elijah e não estou com paciência para o drama que sei
que virá quando ele descobrir que a mãe
está morta e ele nem quis ouvir Gilbert para ir vê-la. E, claro, tivemos Jocelyn
e Constance, as amigas de Mary, vindo visitá-la, chorar e rir com ela, e tornar
aqueles últimos momentos ainda mais significativos… as cenas são bonitas e
divertidas, de alguma maneira, e eu adorei cada segundo lagrimoso. O episódio
equilibra bem a beleza e a dor, algo que
“Anne
with an E” sempre soube como fazer com perfeição, e o resultado é quase
poético.
Por fim,
Mary fala sobre Delphine, sobre a dificuldade de criar uma filha sozinha, e
sobre a necessidade de se ter uma “comunidade” a Bash –
mas ele tem, e ela está se consolidando ao redor de Mary nesse momento.
Movimentada por Jocelyn, Constance e Anne, a comunidade prepara uma festa de
Páscoa para Mary, no quintal da casa dos Barry, e é um evento lindíssimo, em
todos os sentidos: a maneira como todos se unem para tornar aquilo possível,
como todos os detalhes são cuidadosamente pensados, como a decoração é bela e
iluminada, e como todos estão presentes de corpo e alma para aquele momento.
Ali, quando todos cantam para Mary ou quando todos a ajudam a recitar seu
cântico favorito quando ela não consegue terminar, ela percebe que
a comunidade existe, e que Bash e Delphine
não estarão sozinhos… então, ela pode morrer em paz.
Despedida
tristíssima, mas bela. Um episódio tocante!
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