Han Solo: Uma História Star Wars (Solo: A Star Wars Story, 2018)

Uma deliciosa história de origem!

Han Solo e Chewbacca são dois dos personagens mais amados na história de “Star Wars”. Dois “foras da lei” viajando pelo universo na Millenium Falcon, eventualmente se tornando parte da Resistência contra o Império, mesmo que não fosse isso que almejavam inicialmente. Quando a Disney assumiu a franquia e anunciou novos filmes, o público se dividiu – eu estive entre os receosos que estavam empolgados em ter um gostinho a mais desse universo tão rico. Han Solo foi trazido de volta interpretado novamente por Harrison Ford, na “Trilogia Sequela”, e um daqueles filmes “extras” foi dedicado ao personagem… e, particularmente, EU AMEI. É bem diferente de “Rogue One”, certamente, e eu sei que tem muita gente que não gosta dele, mas eu achei “Han Solo: Uma História Star Wars” um filme divertido, com a cara do personagem, nos levando de volta para esse tipo de história e nos dando uma “história de origem” para a amizade de Han e Chewie.

E um Han Solo lindo e apaixonante.

Então, eu me diverti!

O filme começa em Corellia, um planeta onde as pessoas são obrigadas a roubar se quiserem sobreviver – essa sempre foi a vida de Han (até então, apenas Han), até que ele finalmente resolve fazer algo. Alden Ehrenreich deu seu tom ao personagem, embora pudéssemos perceber que era o mesmo Han Solo de sempre (gostei do cuidado nas cenas de batalha, especialmente, em que ele atirava do mesmo jeito que Han Solo sempre atirou), e eu gostei muito disso! Embora não seja muito distante da primeira vez que vemos o personagem em “Uma Nova Esperança”, sentimos um Han mais jovem, com um brilho nos olhos e cheio dos planos, o que diz muito sobre ele. A maneira sonhadora como ele planeja e como ele conquista aquilo a que se propõe. Acho que por isso ele é um personagem tão interessante: porque ele sempre vai fazer o que for preciso para conseguir o que quer… sem nunca deixar de lado seu bom coração.

Han planeja escapar de Corellia, levando com ele Qi’ra, a mulher por quem é apaixonado – e, mesmo ali no começo do filme, o coaxium já é importantíssimo. É com um pouco do combustível que Han consegue passar para fora dos portões, mas Qi’ra é capturada antes que possa fugir com ele, e então os caminhos se separam. Han segue para fora do planeta, porque se voltar, ele provavelmente nunca mais vai conseguir fugir, mas ele jura se tornar um grande piloto e retornar a Corellia para salvá-la… e é esse o seu objetivo durante os anos seguintes. Quando ele se alista para as guerras, sempre almejando o momento no futuro em que será um grande piloto, ele recebe o sobrenome “Solo”, na falta de qualquer outro… afinal de contas, ele se apresenta apenas como “Han” e diz que está sozinho e sem ninguém. Assim nasce o “Han Solo” que conhecemos.

As aventuras de Han Solo são interessantes, e eu fiquei com a impressão de que poderíamos ter mais filmes protagonizados por Han e Chewie. Han não segue muito um plano… ele tem um objetivo lá na frente e ele é capaz de improvisar com o que tem para atingi-lo. Por isso, ele acaba se tornando um desertor, porque não concorda com as atitudes do Império, e se junta inusitadamente a dois ladrões e um Wookiee, na tentativa de retornar a Corellia. O encontro com Chewbacca é interessante, e eu estava TÃO ANSIOSO por esse momento, que acontece ainda no início do filme… depois de eles lutarem um pouco um contra o outro, Han mostra que consegue entendê-lo (!), e os dois acabam se juntando para fugirem… afinal de contas, o Wookiee também está sendo mantido prisioneiro. Quando escapam, uma amizade nasce entre eles.

E nós sabemos o que isso significa!

O filme tem uma mitologia bem bacana… o Império está em ascensão, movimentos de rebelião começam a nascer por todo o universo, e coaxium parece ser um elemento-chave para ambos os lados da guerra… afinal de contas, é combustível hiperespacial. Assim, todos parecem interessados em um novo carregamento de coaxium: Beckett e Val, os ladrões com quem acabaram de se juntar, os piratas espaciais liderados por Enfys Nest, Dryden Vos… Han, por sua vez, só vê ali a oportunidade de conseguir o dinheiro de que precisa para comprar uma nave e cumprir sua promessa, voltando a Corellia. As coisas ficam mais estranhas quando Han Solo descobre que Beckett trabalha para Dryden Vos e que ele os matará se não conseguirem mais uma remessa de coaxium (quando o roubo da primeira dá errado), e quem parece estar trabalhando com ele é a própria Qi’ra.

Assim, Qi’ra se junta a Han Solo e os demais para a próxima parte do filme, quando eles precisam roubar coaxium não refinado e, portanto, instável – mas ele fará isso, não só para salvar a própria vida, porque teve a chance de não se envolver com isso, mas por Beckett e, também, para entender o que Qi’ra está fazendo ali… é assim que encontramos a MILLENIUM FALCON pela primeira vez em “Han Solo: Uma História Star Wars”. Aqui, a nave ainda pertence a um trambiqueiro que acumula fortunas e naves trapaceando em jogos de sabacc. Han Solo teria ganhado a nave dele se não fosse pelo mecanismo no braço que lhe entrega cartas que lhe deixam sempre ganhar o jogo… de qualquer maneira, com a ajuda de Qi’ra, Lando acaba se juntando à missão e, mesmo que ele não seja confiável, ele empresta a nave que torna a missão possível.

É aqui, com a Millenium Falcon, que temos alguns dos melhores momentos do filme. Amo a primeira vez que Han Solo a pilota, ou quando Chewbacca, nos seus 190 anos de idade, assume o papel de co-piloto… amo as manobras inusitadas e eficientes de Han, e a maneira como ele faz com a nave coisas que ninguém nunca fez. E quase todo filme de “Star Wars” tem um droide pelo qual nos apaixonamos. Se a Trilogia Clássica nos trouxe R2-D2 e C-3PO, por exemplo, a Nova Trilogia trouxe BB-8 e “Star Wars” trouxe L3-37 que, para mim, entra facilmente para o hall de droides carismáticos da franquia! Ela é divertida, revolucionária, e tem alguns dos comentários mais hilários do filme (dei ótimas risadas) e alguns dos momentos mais épicos, liberando outros droides e escravos durante o roubo de coaxium liderado por Han e Beckett, por exemplo.

L3 é MARAVILHOSA! *-*

Queria mais dela… fiquei triste com a sua morte.

Mas L3 acaba se tornando parte da Millenium Falcon, o que possibilita que Han Solo faça com a nave coisas ainda mais diferentes, e eles conseguem escapar de um monstro no melhor estilo H. P. Lovecraft enquanto vão o mais rápido possível para o planeta em que o coaxium vai ser refinado… e, ali, as coisas mudam drasticamente de figura. Reencontramos Enfys Nest, mas descobrimos que eles não são meros saqueadores/piratas, como se acreditava, mas pessoas que estão trabalhando no início da Rebelião, tentando impedir a ascensão do Império, e Han Solo acaba querendo ajudar – então, ele planeja enganar Dryden Vos e pegar o seu dinheiro, mas não lhe entregar o coaxium refinado. Para isso, Han Solo precisa pensar e antecipar uma série de coisas, e eu devo dizer que EU ADORO OS PLANOS DE HAN SOLO! Porque, de um jeito ou de outro, eles dão certo

O filme tem umas surpresas legais no final, toda a questão do “não confie em ninguém”, e então alianças são desfeitas e tudo o mais… gostei particularmente de como Han Solo enganou Vos e Beckett, com o coaxium verdadeiro, que eles achavam ser uma imitação, porque, como Han Solo disse, ele estava prestando atenção nas coisas que Beckett dizia e, como ele lhe ensinara, “as pessoas são previsíveis… inclusive ele”. Han Solo é incrível em todo esse clímax do filme, e Qi’ra também usa os ensinamentos de Vos contra ele, aprendendo que você precisa identificar o ponto fraco de seu adversário e explorá-lo e, naquele momento, o ponto fraco de Vos é ela mesma. Depois da morte de Vos, ela entra em contato com Maul (!) para assumir a sua posição, e então é por isso que nunca vimos Qi’ra na Millenium Falcon com Han Solo em “Star Wars”.

Gostei bastante do filme! Acho que Alden tem o carisma necessário para o personagem (eu fiquei encantado/apaixonado por ele e pelo personagem), e que a história é bem contada, sendo suficientemente independente para que seja uma boa aventura para quem não conhece todo o universo “Star Wars”, mas também com referências o suficiente para se encaixar em toda a mitologia conhecida e empolgar fãs de longa data. No fim do filme, Han Solo consegue deter Beckett (“Han shot first”) e entregar o coaxium a Enfys, mas ele e Chewbacca recusam o seu convite para se tornarem parte da rebelião… é engraçado pensar o quanto ele estará envolvido, eventualmente. Nesse momento, no entanto, ele quer retornar até Lando e desafiá-lo a um novo jogo de sabacc, mas sem trapaças dessa vez – amei como ele tira dele, sem ele perceber, o mecanismo que lhe entrega a carta extra, e a cara de Lando ao perceber isso tarde demais é FENOMENAL. Assim, de forma justa e honesta, Han e Chewbacca ganham a Millenium Falcon.

E saem voando por aí…

…rumo a Tatooine.

 

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