Vermelho, Branco e Sangue Azul (Casey McQuiston)
“Eu te amo, cacete!”
O romance
entre Alex Claremont-Diaz, o primeiro-filho dos Estados Unidos, e Henry, o
Príncipe da Inglaterra, em uma história ousada que fala de amor, de sexo, de
esperança, de ser você mesmo e enfrentar
o mundo, não importa o quão difícil isso seja… a história de Casey
McQuiston é uma delícia, tem um ritmo gostoso, e é bem diferente do que eu
esperava – eu acabei me surpreendendo com a rapidez de algumas coisas e com o
quão picante e detalhadas eram algumas sequências, assemelhando-se a contos eróticos que já lemos pela
internet, mas eu gosto muito de como a história de Alex e Henry floresce, se
desenvolve e chega a níveis sérios (e mundiais) eventualmente, com direito a
implicações políticas, preconceito enraizado versus o apoio reconfortante, e a tensão de uma acirradíssima e
desesperadora eleição para presidente dos Estados Unidos.
Não é o
livro que eu esperava, não vai figurar entre meus romances gays favoritos, e
certamente não chega à profundidade da discussão e da sensibilidade de livros
do David Levithan, por exemplo – até porque não sei se um dia eu amarei um
livro com temática gay mais do que amo “Dois
Garotos se Beijando” e tudo o que David Levithan colocou magistralmente
naquelas páginas envolventes. Mas Casey McQuiston faz uma estreia bacana com
uma história que nos deixa curiosos, que nos instiga… não dá para dizer que não
suspiramos com Henry, que não xingamos com Alex, que não torcemos durante toda
aquela campanha e que não nos excitamos
nas passagens mais quentes de que o
livro é recheado. Mal posso esperar
para ver o enfoque que será dado quando a adaptação finalmente acontecer pela
Amazon e, sinceramente, eu quero um pouco de tudo: diversão, revolta, política, romance e sexo.
Além disso,
Casey McQuiston faz o que muitos autores do gênero adoram fazer, e enche o seu
livro de divertidas referências, que passam por “Doctor Who” (afinal de contas, Henry é britânico!) e “Homem-Aranha”, e eu gosto de como a
autora recheia as festas jovens na Casa Branca de personagens “anônimos” que
são referências a pessoas da vida real, sem realmente nomeá-las – acredito que
ela nem poderia fazer isso. Então, o que acontece é vermos referências a “um
ator de ‘Stranger Things’” ou de “Jogos Vorazes” e coisas assim… afinal
de contas, as festas promovidas pelo “Trio da Casa Branca” são BALADADÍSSIMAS,
e é em uma dessas festas que o que está apenas nascendo entre Alex e Henry toma
forma, se torna concreto e, dali em diante, as vidas do primeiro-filho dos
Estados Unidos e do príncipe mais novo da Inglaterra nunca mais foram as
mesmas.
O livro não
é narrado em primeira pessoa, mas o ponto de vista é o de Alex Claremont-Diaz,
o que eu acho interessante para a paixão
que desenvolvemos por Henry – ele é apaixonante
mesmo antes de Alex aceitar que ele é
apaixonante, e conseguimos sentir aquela paixão nutrida e escondida mesmo
enquanto Alex fala sobre a “rivalidade” que tem com ele, o que até faria
sentido: dois jovens garotos importantes em seus países, constantemente
comparados, e Alex ainda sente que Henry é um imbecil e tudo o mais… é muito
rápido para que a história comece e para que acompanhemos o que a sinopse nos
fala: o momento em que Henry e Alex
acabam caindo em cima do bolo real no casamento do Príncipe Philip.
Acontece que Alex está bêbado e, admitindo ou não, já completamente obcecado por Henry, e tudo não passa de um divertido
e desastroso acidente.
Que eles
precisam consertar o mais depressa possível!
Fica
parecendo que Henry e Alex estavam brigando e, antes que isso se torne um
problema internacional, uma “solução” é sugerida: Alex terá que passar um fim
de semana com Henry, fingindo que é seu
melhor amigo… parece um pesadelo, mas a verdade é que é ali que Alex vai
começar a perceber que, na verdade, ele
não conhecia o Henry assim tão bem. O fim de semana é rápido, passa
depressa, e não dura as páginas que eu achei que durariam, mas é o suficiente
para que Alex comece a se questionar e comece a enxergar um Henry mais
“humano”, um Henry que é uma pessoa de
verdade, e não o que ele posa para a mídia… temos aquela ótima cena na
cozinha, durante a noite, com o sorvete, a cena do hospital na qual Alex vê
Henry falando com uma criança, e, claro, a cena em que eles ficam presos
apertados e juntos no almoxarifado, conversando sobre “Star Wars”.
E Alex fala
dos motivos pelos quais “odeia” o Henry.
Mas, quando vai embora, a verdade é que ele
já não o odeia tanto…
Tanto é que
ele dá o número do seu celular a Henry quando está indo embora.
E então, o
destino dos dois está selado. Eu gosto de como o livro é permeado por toda a
questão da Casa Branca, de a mãe de Alex ser a presidenta dos Estados Unidos, e de ele ter o sonho de seguir na
carreira política, aceitando cargo na campanha e tudo o mais, por exemplo. E a
relação de Alex com June, sua irmã mais velha, e Nora, a filha do
vice-presidente, sua melhor amiga. Mesmo assim, no entanto, o que mais nos
importa no livro é o romance de Henry e
Alex, e ele começa a se concretizar em mensagens que os dois começam a trocar…
Henry manda a primeira mensagem, comentando sobre como um personagem de “Star Wars” se parece com Alex; Alex
responde só dias depois, comentando uma foto em que Henry apareceu de sunga na
internet; e então eles começam a se provocar e se divertir enquanto trocam
mensagens, até que isso se torne constante.
Amo que eles
se chamem de “meu amor” num tom de deboche, que façam brincadeiras um com o
outro, e Alex acha que é só isso mesmo – Nora, no entanto, fala do seu “sorriso
besta” toda vez que olha para o celular… logo, eles estão tão vidrados nos
celulares e em conversar um com o outro, que parece que eles fizeram isso desde sempre… amo o caso do peru de Ação de
Graças, e o que isso tudo representa porque o Alex acaba ligando para Henry de madrugada, e os dois têm uma conversa
divertida e provocante. Depois, ele também liga para Henry quando as coisas no
jantar de Natal não dão muito certo,
e ali ele quer conversar, desabafar, é uma ligação muito mais séria que a outra – isso faz com que
eles se conectem. Logo, as ligações também se tornam frequentes, como as
mensagens, e eles percebem que já até têm piadas
internas.
June é quem
convida Henry para o “Baile de Gala da Jovem América” no ano novo, e Henry vem,
absolutamente lindo, e Alex não sabe
nomear o que está sentindo, mas sabe que algum
sentimento está ali… um calor, um nervosismo no estômago… eles passam a
noite juntos, dançando e se divertindo, e eu adoro momentos como quando Alex
pega na cintura de Henry para ajudá-lo a dançar, sem pensar e sem hesitar, e
como Henry se retesa ao toque, nervoso… também senti profundamente a reação de
Henry ao beijo à meia-noite que Alex e Nora trocam. Aquilo mexe com Henry, o
faz sair, confuso e incomodado, e Alex não consegue curtir mais a festa depois
daquilo, porque precisa encontrá-lo, precisa falar com ele, e então eles acabam
conversando no jardim, a conversa mais intensa e mais sincera que já tiveram
até ali, e quando Alex diz que “não entende” o que Henry está dizendo, embora o
Henry tenha sido muito claro, Henry diz que “ele está sendo burro”.
Então, ele segura seu rosto com as duas mãos
e o beija… a descrição que a autora faz do beijo é de arrepiar – detalhes
deliciosos de como Alex sente a língua de Henry em sua boca, sente os lábios
macios, e todas as sensações desconhecidas que o beijo desencadeia em Alex… é
só então que ele vai começar a entender o que está acontecendo, porque nunca
pensou em Henry assim – não conscientemente, pelo menos. Quando o beijo termina,
Henry o solta, diz um palavrão, pede desculpas e vai embora, sem dar a Alex a
oportunidade de enunciar o que está entendendo agora: que ele queria isso; queria MUITO isso. Agora, Alex tem que lidar
com sua própria sexualidade, perceber que ele
não é hétero, como supunha. E, na verdade, basta lembrar-se de Liam e de
sua época de escola para entender que ele
não é hétero mesmo e não sabe como pôde pensar que era.
Alex não
deixa de pensar em Henry e no beijo, o tempo todo, e então surta quando vê uma foto de Henry com uma “loira misteriosa” em uma
revista, porque parte dele, meio que irracionalmente, sente ciúmes – não quer que a boca de Henry esteja em outra
que não seja a dele. Durante muito tempo, Henry o ignora completamente, até que ele tenha que aparecer para um jantar diplomático na Casa Branca, e
Alex finalmente o vê, depois de tanto tempo.
“Henry
entra pela direita. Ele está vestindo um terno preto, harmonioso, elegante.
Perfeito. Alex quer rasgar aquela roupa toda. Seu rosto é reservado, mas fica
definitivamente pálido ao ver Alex no corredor de entrada. Seus passos vacilam,
como se quisesse fugir correndo. Alex está disposto a correr atrás”
Ao ver Henry
novamente, Alex consegue perceber e enumerar tudo o que lhe fascina em Henry, desde o sotaque britânico
até suas feições. E, depois do jantar, as coisas ficam supreendentemente
quentes, explícitas, excitantes – o que eu não estava esperando, mas foi uma
delícia de se ler. Com a ajuda de Amy, Alex consegue cinco minutos sozinho com Henry em uma sala e, quando Henry chega,
ele o joga contra a parede e o beija e é ardente,
intenso, apaixonado, sensual… cheio de desejo.
Mas não é apenas o beijo; é a maneira como Alex joga Henry em cima da mesa,
como abre suas pernas para se encaixar ali, como agarra sua cabeça e o beija, e
como eles se perdem nesse momento quente e sexual, como não querem parar, mas os cinco minutos eventualmente chegam ao fim
e Henry precisa “se acalmar” de alguma maneira.
Tipo cantando “God Save the Queen”.
Depois que
eles começaram, no entanto, eles não
vão poder parar, eles não vão poder refrear todos os hormônios da juventude que
anseiam um pelo outro… eles querem ir até
o final. Então, Alex manda Henry ficar
longe dele pelo resto da noite, para que ele “não faça coisas com ele na
frente de todo mundo”, mas manda o príncipe encontrá-lo em seu quarto às 23h, e
eu confesso que adorei acompanhar essas partes de Henry, que desmistificavam o
que conhecíamos dele – o que Alex
conhecia dele até então. Ali, ele perde sua majestade, sua elegância, e se
entrega a momentos com Alex, ao desejo mais humano. Às 22h48, Alex está nervoso
em seu quarto, andando de um lado para o outro, esperando a chegada de Henry,
se perguntando o que mais precisa fazer, se precisa tirar mais alguma peça de roupa, por exemplo… é a primeira vez que ele faz isso assim…
“Ele não
sabe ao certo se deveria tirar mais alguma peça. Não sabe que roupas as pessoas
usam quando convidam o inimigo declarado que virou melhor amigo de mentirinha
para seu quarto para transar, muito menos quando esse quarto é na Casa Branca,
muito menos quando essa pessoa é um homem e, muito menos, quando esse homem é a
porra do príncipe da Inglaterra”
Aquela primeira vez de Alex e Henry foi
MA-RA-VI-LHO-SA e descaradamente explícita – algo que se repetiria várias vezes
ao longo do livro porque, ao que parece, Alex
e Henry são dois jovens repletos de tesão. Na primeira noite dos dois,
Casey McQuiston nos entrega páginas e páginas
(são quase 10 páginas!) do encontro
detalhado deles, dos toques, das peças tiradas, das partes do corpo que são
tocadas, tudo o que um quer fazer e faz com o outro, todo o desejo e o prazer
que sentem, e é uma leitura excitante.
E eu gosto de como isso também é usado para aprofundar
a relação que existe entre Alex e Henry, porque podia ser carnal, podia ser o desejo dos jovens, mas temos aquele
momento em que eles transam na França,
por exemplo, mas estão bêbados e acabam se esquecendo de se separar, no fim, e
acabam dormindo juntos, na mesma cama,
acordando juntos.
E aquilo é tão especial, tão mágico.
Aquilo
mostra que a relação não é só sexual. Que
existe sentimento ali.
QUE ELES
ESTÃO COMEÇANDO ALGO MUITO MAIOR QUE APENAS SEXO.
Alex observa
Henry dormir, com paixão, embora não entenda ou não a nomeie propriamente, e o
livro, apesar da linguagem sexual explícita ocasionalmente, consegue entregar
um relacionamento verdadeiro, em
momentos como o Alex observando o Henry dormir, ou longos telefonemas em que
eles conversam sobre coisas reais –
como quando Alex, que sempre é quem mais fala, consegue fazer Henry falar, e Henry fala sobre a sua família, sobre
a morte do pai, sobre a ausência da mãe, sobre a avó dura, sobre a irmã que
teve um problema com cocaína. Tudo. Henry se abre e aquilo é muito mais
profundo e muito mais sincero e os conecta muito mais do que qualquer cena de sexo. São horas no
telefone e Alex termina com um “Estou com
saudades”, que ele acaba temendo, mas por pouco tempo… só até que Henry responda com um “Eu também”.
Uma passagem
de que gosto muito é o momento em que June finalmente
fala com Alex sobre o seu relacionamento com Henry – afinal de contas, como
irmã, ele já percebera há muito tempo,
mas ela queria que Alex viesse conversar com ela sobre isso. Chega um momento,
no entanto, em que ela não pode mais, e a cena acaba sendo muito intensa,
porque ela está brava porque Alex a deixou plantada em um jantar, mas também
acaba sendo linda, porque a relação dos irmãos é de cumplicidade e entendimento,
e eles são muito fofos. Também tem a
importância de June dizer a Alex que eles
não precisam ser como pais, fazendo com que Alex questione, pela primeira
vez, o que ele achava que era uma decisão irrevogável em seu sonho de seguir carreira na política e
tudo o mais… ele fica pensativo, porque
talvez não seja, afinal, o que ele quer.
Falando em
família, Philip, o irmão mais velho de Henry, não é assim tão querido e
apoiador quanto June. A mãe de Alex, por sua vez, é muito mais compreensiva,
mas acaba o tirando da campanha para a reeleição, achando que eles não precisam
lidar com isso indo parar na mídia agora e tudo o mais… então, Alex acaba numa
casa no lago com o Trio da Casa Branca, Henry e o pai, e eu adoro como o pai de
Alex é super compreensivo e já tinha
notado que eles estavam tendo algo, e o apoia totalmente – até porque um
dos grandes amigos do pai é o Rafael Luna, um senador abertamente gay que,
inclusive, ele ajudou a eleger. Então ele
não podia ser hipócrita e ser contra o filho. Tudo fica assustadoramente
mais intenso durante essa estadia na
casa do lago, e tudo ao redor de Alex parece estar falando de “amor”, e ele
está se dando conta que é isso o que ele
sente.
A mãe, por
exemplo, disse que o apoiaria 100%, desde que ele tivesse certeza de que é para sempre e que vale a pena, porque ele está arriscando o seu futuro na política
como o planejou e ele tem que estar consciente de suas decisões – mas ele está.
Ele não para de pensar em Henry, em como o ama e cada vez que ele olha para
Henry ele se sente mais apaixonado,
por inúmeros motivos. Aquela coisa de olhar para a pessoa e sentir o coração
palpitar, sentir a certeza de que
você o ama e que quer estar com ele para
toda a vida. Ele diz isso a si mesmo, finalmente, e ele quase chega a dizer
isso para o Henry, no píer, durante a noite, enquanto eles nadam, mas Henry
meio que se desespera, se esquiva, e acaba colocando aquela “máscara” que usa
para posar para a imprensa e se afasta… a
perspectiva de Alex dizer que o ama o apavora, não porque ele não sinta o
mesmo.
Mas porque ele tem medo.
E porque,
para Alex, tudo será diferente quando acabar a eleição. Para Henry, ele sempre
será da realeza. Quando Alex acorda na manhã seguinte na casa do lago, Henry já foi embora, de volta para o seu
país… durante muitos dias, Henry ignora Alex completamente. Não responde
mensagens, não atende ligações, e Alex vai ficando cada vez pior, até encontrar um bilhete que Henry tinha escrito antes disso tudo, e então ele acha que foi demais para ele, e acaba voando à
Inglaterra para falar com ele, para gritar embaixo da chuva e fazer escândalo
até chamar a sua atenção, para falar tudo o que está engasgado, mas que se
resume a algo que ele diz afinal: “Eu te
amo, cacete!” É uma cena forte, cheia de verdades ditas, declarações aos
berros, exasperadas, e eles falam sobre como não é fácil, sentimos o desespero e o medo, mas, ao mesmo tempo, ELES SE AMAM.
E vão lutar
por isso.
Inclusive,
ADORO essa tomada de decisão. Eles sabem que não vai ser fácil para o
primeiro-filho dos Estados Unidos e o Príncipe da Inglaterra, mas, também, eles têm a chance de fazer história!
Eles terão que ser revolucionários para lutar, enfrentar o que vier, mas com a
convicção de que vale a pena, porque
eles se amam – então, Henry e Alex passam uns momentos lindos e apaixonados na
Inglaterra, e Henry leva Alex a um museu que é um dos seus lugares favoritos no mundo, o que é bem emocionante,
e então Alex precisa voltar para casa, para a campanha da mãe, especialmente
agora que as coisas estão saindo dos trilhos porque parece que Rafael Luna os
traiu e foi para o lado dos republicanos, contra todas as possibilidades… eles
decidem que vão esperar um pouco: vão esperar a eleição passar, vão dar tempo a
Henry, mas então tomarão as rédeas da situação.
Naturalmente,
como era de se imaginar, as coisas acabam
não acontecendo como eles planejaram. A história vem à tona. A internet
começa a especular um relacionamento entre eles com fotos dos dois, e para
abafar o “escândalo”, eles acabam tentando encobrir de uma maneira incômoda, de
que nenhum deles gosta, mas que julgam necessária naquele momento. June sugere
que eles vendam a ideia de que ela
está namorando com Henry, usando fotos antigas dos dois dos encontros em grupo
entre os amigos, e fazendo parecer que Henry
apresentou o melhor amigo para a irmã. Nora, por sua vez, também se envolve
e fala para Alex levá-la para sair, e é claro que a internet vai à loucura e, por pouco tempo, parece que todo esse
esquema vai funcionar, por mais ultrajante e desconfortável que ele seja, mas,
no fim, acaba não funcionando.
Alex beija
Henry imprudentemente dentro de um carro e, então, a verdade vem à tona de uma forma que não pode mais ser negada. A
internet é tomada por fotos do beijo dos dois, e os e-mails quentes que
trocaram ao longo de meses também são expostos na íntegra na internet. E, sem
ter mais como e por que esconder, eles percebem que terão que enfrentar o que quer que venha pela frente… devo dizer
que, por mais difícil que tudo seja, eu também acabei me apaixonando por uns
personagens, como A PRESIDENTA DOS ESTADOS UNIDOS, porque a mãe de Alex é um máximo. Ela podia ter feito um
escândalo, ter brigado com Alex, mas não é assim que ela é, e ela sabe que não
é o ideal para a campanha e tudo o mais, mas ela demonstra, em falas e ações, que está mais preocupada com o Alex do que
com qualquer outra coisa – como deveria ser.
Porque Alex
foi exposto, invadido, violado – não importa se ele amava o Henry e se eles
queriam dizer a verdade: seria no tempo deles e nos seus termos, não com a
intimidade deles exposta de maneira tão suja
dessa maneira. Aqueles e-mails nunca
foram pensados para serem lidos por alguém que não fosse o Henry e o Alex.
Alex está em choque, e aqui acompanhamos algumas cenas bem difíceis, com
destaque para um momento em que, depois de lutar para segurar as pontas, Alex acaba caindo no chão no corredor que leva
para o seu quarto, e ali ele desaba e chora, e toda a família está ali para vir
abraçá-lo, para acolhê-lo, para mostrar que eles
estão ali por ele… todos que o amam e que sempre o amaram. E embora a
família de Alex seja um máximo e eles planejem dizer a verdade na imprensa, a
realiza inglesa se fechou completamente,
não fala com ninguém.
E Alex sabe
que eles vão querer negar a história.
Agora, no
entanto, ele tem muita gente para ajudá-lo! Então, Alex é levado pessoalmente até a Inglaterra, para
exigir ser recebido no Palácio de Buckingham se ninguém atende aos telefonemas.
No telefone, Henry e Alex conversam com a ajuda de seus amigos, e é
reconfortante ver que ambos pensam o
mesmo sobre a situação: eles não querem mais mentir sobre isso, sobre eles,
portanto VÃO DIZER A VERDADE. Não importa que não seja fácil, não importa
as pessoas que tenham que enfrentar e o preconceito nojento de parte do mundo:
eles vão fazer o que for preciso para ficarem juntos – porque eles têm o
direito de serem felizes. Temos a rainha conservadora, o maldito irmão nojento,
mas a mãe de Henry finalmente sai do estado inerte em que estava desde a morte
do pai e resolve agir, porque Henry
precisa dela nesse momento.
E eu AMEI
vê-la falando, enfrentando a mãe…
Mas também
temos eles mesmos – Henry enfrentando o Philip, por exemplo, é uma das melhores coisas de todo o livro, e nos
sentimos como o Alex naquele momento, assistindo à coragem de Henry: orgulhosos e com tesão. Também é
emocionante ver como eles não arredam pé por mais que a rainha seja antiquada,
e como existe uma multidão que os apoia, na internet, na televisão e enchendo
as ruas, inclusive em frente ao Palácio de Buckingham… ver aquelas pessoas torcendo pelo romance de Alex e Henry e os apoiando
é profundamente emocionante – um momento que vai me fazer chorar na
adaptação da Amazon, certamente! Então, com muito custo, a rainha consegue ser
dobrada… nos Estados Unidos, por sua vez, algumas outras coisas vêm à tona,
graças a uma investigação de Nora que mostra que foi Richards, o candidato
republicano, que armou isso tudo.
Foi ele que
tirou Alex do armário para tentar vencer as eleições, mas isso acaba se
voltando contra ele da melhor maneira possível! Também amei saber que Rafael
Luna, o senador gay que era amigo de Alex e que ele tanto admirava, não os traiu, afinal, e que ele estava
na campanha de Richards para expor suas sujeiras – inclusive, é ele quem torna
essa descoberta possível e quem dá a confirmação oficial de que eles precisam
para levar o caso até a imprensa. Assim, Alex pode assumir oficialmente seu
namoro com Henry, em um discurso lindo escrito por June, enquanto Henry está ao
seu lado, assistido em todo o país e em
todo o mundo, posando como namorado do primeiro-filho dos Estados Unidos.
Como Alex também vai posar para fotos e tudo o mais, como o namorado do
príncipe da Inglaterra… eles estão felizes. Tudo é novo, mas as possiblidades
são infinitas.
E ELES PODEM
VIVER O AMOR DELES!
O romance de
Alex e Henry é lindíssimo e, finalmente, pode prosperar, não precisa mais ser
escondido, negado, e a felicidade que isso proporciona a ambos (e a nós) é
indescritível. Quatro semanas depois, estamos em uma “nova realidade”, planos
interessantes sendo feitos para o futuro, e é inevitável não pensar que tudo
parece um pouco utópico, que é fantasioso pensar que o romance gay do
primeiro-filho e do príncipe seria tão
bem aceito, mas a verdade é que DEVERIA SER e, por isso, gostamos de ler…
gostamos de saber que existe esperança, porque queremos viver em um mundo em
que o fato de Alex amar Henry não é um
escândalo, não precisa ser notícia, não precisa dividir opiniões – afinal
de contas, eles são duas pessoas que se amam, que querem ser felizes, e por que
isso deveria ser diferente do que
qualquer outro relacionamento?
Não deveria
ser. Não é. E “Vermelho, Branco e Sangue
Azul”, por fim, prega isso.
Isso é o que
queremos. Esse mundo, essa reação. Essa paz para sermos felizes como somos, sem
precisar se esconder, sem precisar temer o que as pessoas vão achar… simplesmente se amando e vivendo.
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