“We are
here to be heard”
Não tem um
episódio de
“Anne with an E” em que
eu não queira falar sobre o quanto ESSA SÉRIE É PERFEITA. Vai ficar um vazio
tão grande quando eu terminar…
de fato
“Anne with an E” merecia uma quarta
temporada. Sempre com temas atuais e discussões pertinentes, a série nos
conquista continuamente na sua forma de contar histórias, e aqui vemos Anne
Shirley-Cuthbert tomar iniciativa depois de uma injustiça cometida contra Josie
durante a feira do último episódio, e quando grande parte da cidade parece se
voltar contra ela, Anne descobre que tem pessoas que a entendem, que concordam
com ela e com quem ela pode fazer a diferença. O episódio é lindíssimo,
intenso, triste e, eventualmente, reconfortante – e estou ansioso para ver como
isso se manterá nos próximos episódios, enquanto nos aproximamos da tão temida
conclusão.
Quando Anne
publica uma matéria sem autorização no jornal da escola, a cidade parece ir à
loucura – na sua matéria, baseada no que aconteceu com Josie no último episódio
(quando Billy tentou agarrá-la à força e, quando Josie o afastou, ele mentiu
para todo mundo que mais coisas tinham acontecido entre eles), Anne fala sobre
“o que é justo” e faz uma defesa lindíssima e necessária aos direitos das
mulheres de serem respeitadas, de escolher quem tem a autorização de tocar em
seu corpo e fala contra a ideia arcaica da sociedade (que, infelizmente, ainda
não mudou o suficiente mesmo nos dias de hoje) de que
uma mulher precisa de um homem para ser completa… Anne é
veementemente contra isso e fala sobre como as mulheres
já nascem completas, em um texto bem escrito e bem articulado no
qual defende a sua opinião e faz as pessoas pensarem.
Mas você sabe que as pessoas não querem
pensar… que a sociedade é hipócrita e conservadora.
Então, Anne
tem que lidar com consequências de suas ações… enquanto isso, também
acompanhamos um pouco mais de Prissy, e eu fiquei muito orgulhoso da pessoa que
ela se tornou, depois de toda aquela coisa de se casar com o professor, que
felizmente não deu certo. Fugir do casamento foi um primeiro passo importante,
mas a faculdade fez muito por Prissy, e eu estou tão feliz em vê-la bem, em
vê-la contra a própria família que apoia o Billy, e vê-la ao lado de Anne
naquele protesto do fim do episódio… são mudanças importantes que estão
começando a acontecer e ganhando força, e é lindo de se acompanhar. Ao mesmo
tempo em que é desesperador, porque a maneira condescendente como o irritante
do pai dela fala com ela, a trata e fala que “uma mulher não pode comandar a
empresa da família” é realmente revoltante.
Gilbert
Blythe tem um momento maravilhoso no episódio quando os caras da prefeitura (!)
impõem uma série de regras para que o jornal continue sendo publicado, que é
quando ele ajuda o pessoal do jornal a entender o que Anne fez e que
ela não fez nada de errado… em um
momento lindo (como não amar Gilbert Blythe?), ele lê trechos do jornal
mostrando para todos que eles concordam com o que Anne escreveu, que tudo o que
ela disse
estava certo, e,
principalmente, que eles não podem ficar contra Anne nesse momento, porque ela
defenderia qualquer um deles… é um momento muito bonito, e termina com a Anne
entrando pela porta da escola durante a reunião do jornal, com uma ideia para
“consertar as coisas”, e ela é surpreendida com abraços e agradecimentos,
especialmente das meninas que
finalmente
entenderam o que ela quis dizer.
Mas outras
coisas também estão dando errado em Avonlea… Diana e Jerry, por exemplo, eram
para ser o casal mais fofo e terno dessa série, e eu me emocionei ao vê-los
caminhando juntos, com a mão de um roçando na do outro, e o Jerry estava tão
feliz, mas durante uma conversa sobre
“Frankenstein”,
as coisas parecem começar a dar errado… Diana fez leituras mais profundas do
livro e parecia esperar que Jerry tivesse feito as mesmas (o que me parece
injusto!), e então ele começa a perceber que parece que ela gosta de beijá-lo,
mas não gosta das outras partes – como
conversar.
Fiquei de coração partido com o momento em que Jerry vai falar com Anne sobre
“a sua garota” e fala sobre como ela está sendo cruel, como parece sentir
vergonha dele…
e quando ele descobre que
Diana não contou sobre ele para Anne, ele tem certeza.
CARA, O
JERRY NÃO MERECE SOFRER!
Isso ainda
tem consequências mais profundas ainda, porque a amizade aparentemente tão
inabalável de Anne e Diana acaba também ficando balançada com a história, e não
só porque Anne fica chateada por ela não ter contado para ela, mas porque ela
se coloca no lugar de Jerry e teme que, no fim, ela esteja fazendo o mesmo com
ela…
quando Diana fala sobre como “as
diferenças entre ela e Jerry são óbvias”, ela realmente assume um discurso
que poderia estar saindo da boca da sua mãe, e é decepcionante… Anne,
naturalmente, percebe isso, e fica mesmo parecendo que ela nunca será o
suficiente para Diana, que ela nunca poderá ter orgulho de tê-la como amiga, e
que ela é apenas alguém que Diana está empurrando até o momento em que irá
embora para Paris e não precisará mais se preocupar com ela.
Assim como ela está fazendo com Jerry.
É uma briga
intensa e sofrida entre Diana e Anne.
Felizmente o
protesto organizado por Anne, mas apoiado pela Srta. Stacy, por Marilla e
Matthew e, é claro, por todo o pessoal do jornal, dá muito certo e é bonito de
se assistir… amei ver aquela união por uma boa causa, ver o apoio da família,
ver a Prissy chegando para se juntar a isso, eventualmente. Até Josie acaba se
unindo a eles no último momento, e eu acho que isso mostra o quanto Anne fez a
diferença…
não importa todos os problemas
que ela tenha causado, ela instigou a mudança em cada uma daquelas pessoas,
porque Josie está começando a se levantar contra a opressão. Temos aquela
cena em que Billy aparece na sua janela durante a noite, por exemplo, dizendo
que “ainda gosta dela” (!), e dizendo que pode consertar tudo, perguntando se
ela quer que ele faça isso, mas ela diz que
não
quer nada dele… quem diria que eu ficaria orgulhoso dela?
Anne lidera
o protesto mais lindo do mundo rumo à prefeitura, e eles só querem dizer algo:
FREEDOM OF
SPEECH IS A HUMAN RIGHT
O momento na
prefeitura é incrível, amei ver a Marilla se impondo, ver a Josie participando,
ver a Anne discursando, mesmo que brevemente, enquanto os demais seguram placas
que formam a frase
“Liberdade de
expressão é um direito humano”, com as bocas amarradas. Eles falam sobre
censura, Gilbert rasga as sugestões de temas propostas por aqueles homens
nojentos… Gilbert foi de grande ajuda durante toda essa jornada, e está bem
bonito acompanhar a maneira como os sentimentos de Anne e Gilbert estão
despertando, e como ambos estão os reconhecendo, finalmente…
aquela conversa dos dois do lado de fora da
casa da Srta. Stacy enquanto todos comemoram o sucesso do protesto é linda.
Uma pena que, no fim, aqueles homens babacas invadam a escola para roubar a
prensa e, novamente, calar a boca daqueles jovens.
Espero que eles possam lutar novamente.
Agora, no
entanto, uma outra tragédia se anuncia antes…
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