E se todo dia fosse Natal?
Eu me
diverti e me emocionei… tudo o que eu esperava ao assistir
“Tudo Bem no Natal Que Vem”. O filme natalino da Netflix,
protagonizado por Leandro Hassum, vem com a proposta de mostrar
um pouquinho do natal brasileiro – sabe,
você está acostumado a assistir filmes natalinos em cenários com neve e frio,
mas não é a nossa realidade. Aqui, dezembro é insuportavelmente quente, além
dos supermercados cheios e as piadas do tiozão do pavê… assim, o filme se sai
muito bem representando momentos que
quase
todo mundo já viveu em natais de família e, aí, acerta em cheio na comédia;
do outro lado da trama, temos uma questão mais dramática e emocionante nos
moldes de
“Click”, e embora seja
bem parecido com
“Click”, de um modo geral, o filme traz uma mensagem que é sempre
válida e nos faz pensar em um pouco na vida.
E no que estamos fazendo com ela.
Leandro
Hassum interpreta Jorge, um homem que odeia o Natal, basicamente porque ele
nasceu no dia 25 de Dezembro e, bem…
quem
é que pode culpá-lo? O primeiro ato do filme mostra a Véspera de Natal de
2010, e é um dos momentos mais divertidos do filme, porque nos reconhecemos
naquelas situações… seja na bicicleta embrulhada para presente, nas crianças
correndo pela casa e fazendo algazarra ou no tio do pavê que
sempre precisa fazer a piada como se
fosse algo novo e hilário. Destaco, aqui, momentos como o Tio Victor fugindo
com o peru da ceia de Natal (!) ou, é claro, o Jorge tendo que subir no telhado
vestido de Papai Noel porque o cara que ia vir era namorado de não sei quem e
eles terminaram…
confesso que eu fiquei
com bastante pena do Jorge, sinceramente. Eu também estaria EXAUSTO depois
de um único dia como aquele.
Depois que
Jorge dorme, então, ele desperta achando tudo muito estranho, porque
as pessoas estão se comportando como se
fosse Véspera de Natal novamente… ele está confuso, perdido, e demora um
pouco para perceber que ele acordou no dia 24 de Dezembro de 2011 –
o natal seguinte. Jorge está preso em
uma espécie de
time loop, embora eu
não tenha certeza de que o evento se aplique, de fato, à noção de
time loop – mas a concepção é bastante
similar. Pelo segundo dia consecutivo, Jorge precisa viver uma Véspera de Natal
e, se todo ano esse dia parece
a mesma
coisa, tendo acabado de viver a Véspera de Natal do ano anterior, essas
similaridades ficam ainda mais gritantes… e, é claro, mais desesperadoras.
Jorge gostaria de entender o que está acontecendo e, principalmente, acabar com
essa
maldição que o faz acordar só
nos Natais.
E é o que
acontece pelos próximos muitos anos, a maioria dos quais
Jorge pula, tomando remédio para dormir – até que, em 2021, Laura,
sua esposa, resolva acordá-lo. O filme é bem construído, os momentos de comédia
são bem concebidos, e aqui chegamos àquela esperada parte do filme em que as
coisas começam a dar errado… aqui, ele percebe que as coisas com a esposa
não estão muito bem, e que ele tem uma
amante há 4 anos; no próximo natal, quando ele desperta, ele se separou de
Laura e está vivendo com Márcia, em um natal sofrível que não o faz feliz…
então, ele corre de volta para a família, mas percebe que já parece
tarde demais para consertar as coisas.
Destaco, aqui, a cena do Jorge com o filho, Leo, porque o Leo estava
incrível zoando o pai falando que tinha
sido expulso da faculdade por porte de drogas e ia voltar para o funk e tudo o
mais…
Jorge não sabe bem como, mas ele sente que
precisa consertar as coisas – ele precisa passar mais tempo com a família,
ele precisa dar atenção a Laura, ele precisa parar de se preocupar apenas com o
trabalho e com promoções para poder
viver.
Mas ele tem apenas 1 dia no ano para
consertar as babaquices que o “Outro Jorge” faz nos outros 364 dias.
Felizmente, ele consegue plantar uma semente de amor em Laura e as coisas
estão muito melhores no ano seguinte,
quando ele acorda em uma ilha distante, só ele e Laura, e é divertido e bonito…
durante alguns anos, ele desperta em lugares diferentes do mundo, curtindo a
vida ou apenas com Laura ou com ela e os filhos, Leo e Aninha.
E eu fiquei surpreso pelo fato de o filme
apresentar o Jorge bem, mesmo antes de acabar o seu ciclo, mesmo antes de
querer voltar e fazer tudo diferente.
Mas ele
estava aprendendo a sua lição…
A gota
d’água é quando ele desperta num Natal e não viajou. Então, ele descobre que
Aninha está morando com eles e teve um filho, e é um momento bonito – Jorge tem
um Natal tranquilo e em família, até descobrir que
a filha está com câncer e, ao que tudo indica, em um estado avançado…
durante todo o resto daquele dia, Jorge passa ao lado da filha, e temos um dos
momentos mais emocionantes do filme, que é quando Jorge diz que “não quer ir
dormir”, e então a convida para assistir ao
“Natal
do Shrek”, o filme que ela sempre gostou tanto e sempre pediu que ele visse
com ela…
mas que ele nunca viu. É um
dos momentos mais bonitos e mais tristes do filme e, embora ele não queira, ele
acaba adormecendo eventualmente e, quando desperta no natal seguinte,
ele encontra Laura cuidando do filho de
Aninha… e Aninha não está mais ali.
O filme é
bem bacana, gostei bastante! As reflexões que levanta, embora não inéditas, são
pertinentes – e se na vida real não temos como pedir para voltar do início e
fazer de novo, como em
“Click” ou em
“Tudo Bem no Natal Que Vem”, temos que
tentar aproveitar ao máximo histórias como essa para entendermos o que
realmente importa, e não é o trabalho, a promoção, o dinheiro…
mas a família, o momento que passamos com as
pessoas que amamos. Como esperado, Jorge, depois de aprender a sua lição e
desejar
ter feito diferente, tem a
chance de voltar ao Natal de 2010 usando um
pedido
de aniversário e, dessa vez, as coisas não serão a mesma… dessa vez, Jorge
vai prestar atenção nas coisas que realmente importam, vai estar com as pessoas
que ama, vai assistir ao filme com a filha e
vai até aprender a amar o Natal… por que não?
Filme muito
bom!
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