Um Crime Para Dois (The Lovebirds, 2020)

Como fugir de um crime que você não cometeu?

QUE COMÉDIA DELICIOSA! Em maio, a Netflix lançou “Um Crime Para Dois”, uma comédia sobre um casal em crise que acaba se envolvendo, por acidente, em um crime, e agora eles precisam fugir da polícia enquanto tentam desvendar o mistério em volta do porquê o Bigode matou o Bicicleta, para provar sua inocência… o filme é divertido e pode ser extremamente bizarro em alguns momentos – e são justamente essas situações exageradas e estranhas que tornam o filme mais absurdo e, consequentemente, mais divertido. Tem um pouquinho de tudo e a comédia consegue fazer aquilo que toda comédia deveria: NOS FAZER RIR. Dei ótimas risadas em “Um Crime Para Dois”, me encantei pelos personagens (brilhantemente interpretados por Kumail Nanjiani e Issa Rae) e torci por eles – tanto em relação ao crime quanto ao relacionamento.

O filme, de certa maneira, parece uma série de esquetes – e essa “divisão” toda resulta em algo maior que se encaixa no último ato do filme, quando eu já estava até sem esperanças de entender por completo o crime e as motivações do criminoso… porque, eventualmente, não é isso que importa – o que importa mesmo é a dinâmica de Jibran e Leilani e como eles lidam (ou não lidam) com os problemas. A primeira parte do filme é uma deliciosinha comédia romântica resumida em aproximadamente 5 minutos. Os primeiros encontros, primeiros flertes, primeiro beijo… de quando Jibran e Leilani se conheceram até quatro anos depois, quando os reencontramos discutindo e parece que essa é a vida deles agora. Durante uma discussão no carro, eles percebem que estão cansados disso tudo, e terminam o relacionamento, num momento emotivo, interrompido…

Aqui, o filme toma um rumo totalmente diferente. Eles atropelam um bicicleteiro (MEU DEUS, O SUSTO!), que não quer ser ajudado por eles, nem ser levado para o hospital, porque ele continua pedalando – o mais longe que puder. Então, o carro de Jibran e Leilani é invadido por um homem que se diz policial (embora não mostre nenhuma prova do que diz), e começa uma alucinante perseguição pelo Bicicleta – e os dois ficam fazendo comentários hilários, se sentindo os “heróis”… até perceberem que talvez estejam do lado errado. Achei fortíssima a cena em que o Bigode atropela o Bicicleta inúmeras vezes – eu estava tão em choque que me perguntei se eu conseguiria rir tanto assim do filme, mas eu consegui. E muito. A começar pelas expressões HILÁRIAS de Jibran e Leilani, e tudo em que eles se meteram depois que o Bigode fugiu e os deixou na cena do crime.

Eles ficam desesperados… um casal se aproxima e vê o bicicleteiro morre e assume que eles sejam os assassinos, e eles percebem que essa é a conclusão óbvia a que todos vão chegar: afinal de contas, eles estavam lá e o carro era a arma do crime. Então eles fogem: sua única opção é provar que são inocentes, então eles se metem em UMA SÉRIE DE CONFUSÕES DIVERTIDÍSSIMAS. Ignorando ligações da polícia (a Leilani mentindo sobre estar em casa e fingindo surpresa que “o carro sumiu” me lembrou aquele meme da mulher que vê um buraco na rua: “Eu tô chocada! Eu tô passada!” e o Jibran pegando o celular e jogando no milk-shake é impagável!), e se perguntando o que eles podem fazer, e aproveitando que eles estão com o celular do cara morto, eles resolvem tentar investigar a morte dele – quem sabe eles descobrem algo.

As cenas são UM MÁXIMO. Temos aquela cena da loja e as roupas HILÁRIAS que eles escolhem, temos aquela cena dos dois encontrando os amigos e inventando toda uma história para que um deles os ajude a desbloquear o celular, temos um encontro com os possíveis vilões que os ameaçam com óleo quente ou um coice de cavalo, e aquele momento icônico dos dois tentando invadir a casa do Bicicleta… é uma série de eventos enquanto eles tentam desvendar o mistério, enquanto descobrem que, apesar das brigas, eles sempre gostaram muito um do outro e ainda se amam, e eu acho que o grande trunfo do filme é justamente o fato de Kumail Nanjiani e Issa Rae funcionarem tão bem juntos e serem tão naturalmente engraçados – o humor do filme está, em grande parte, no humor físico e nas expressões de ambos, e eles ARREBENTAM.

Me diverti demais.

A jornada dos dois acaba os levando a uma seita, que é UMA DAS MELHORES CENAS DO FILME. Esse é um dos maiores exemplos do que eu falei sobre “situações absurdas”. Passei grande parte do filme exclamando “What the fuck?” no meio de risadas sinceras, porque não podia acreditar como tudo podia continuar se tornando mais bizarro e complicado para eles… a cena da seita tem todo um mistério, fiquei apreensivo e RI MUITO dos números chamados transando lá no meio de todo mundo e a Leilani dizendo que “não estava achando isso ruim” e, o melhor de tudo: “Será que vão chamar mais números?” HAHAHA ESSE FILME É MARAVILHOSO! E é bem aqui na seita que eles acabam sendo descobertos, quando descobrem que eles usaram o código de alguém morto para entrarem, e eles são enganados para tirarem suas máscaras e revelar suas identidades.

Quando a polícia invade o teatro e todos os membros da seita já conseguiram escapar, Jibran e Leilani são levados para a delegacia, e aqui temos a cereja do bolo: a mulher falando que estavam procurando eles o dia inteiro porque “foram testemunhas de um crime importante e queriam colocá-los sob proteção” – a expressão deles ao descobrirem que nunca foram suspeitos porque tinha uma câmera no lugar do crime, e eles confessando um monte de coisas e compartilhando informações demais… a conclusão do filme é incrível. O mistério se resolve quando descobrimos que o Bigode era mesmo um policial, além de um membro da seita, e ele estava chantageando o pessoal da seita. De todo modo, Jibran e Leilani precisam trabalhar juntos para vencê-lo e voltar para casa em segurança, e é LINDA a conexão que eles redescobrem nesse dia louquíssimo!

O filme é bizarro, exagerado, divertido e, ironicamente, fofo!

AMEI! <3

 

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