Agora e para sempre, Lara Jean (Jenny Han)
“A VIDA DE LARA JEAN NÃO PODIA ESTAR MELHOR. Agora que chegou ao último
ano do ensino médio, ela tem muito o que planejar: a visita da turma a Nova
York, o baile de formatura e a tradicional viagem para a praia no dia seguinte
– isso sem contar o casamento do pai com a sra. Rothschild. Mas não podemos
esquecer o mais importante: o que Lara Jean mais quer é ir para a unidade dos
seus sonhos com Peter, a menos de uma hora de casa, para poder visitar a
família nos fins de semana e assar cookies com gotas de chocolate perfeitos.
Tudo está indo às mil maravilhas. Pelo menos é o que Lara Jean imagina… até
receber uma notícia inesperada”
“Não seja a garota que vai para a faculdade namorando”
É
preocupante, em termos de trilogia adolescente sobre romance, que a parte do
“romance” de Lara Jean com Peter Kavinsky seja a parte mais chata de se ler… pode ter sido legal em “Para Todos os Garotos que Já Amei”, e
foi mesmo, mas já foi péssimo em “P.S.:
Ainda Amo Você”, porque o Peter se demonstrou um completo babaca, e felizmente
grande parte de “Agora e Para Sempre,
Lara Jean” é muito mais sobre a Lara Jean do que sobre o seu relacionamento
com Peter. Por isso eu acabo gostando bastante de grande parte do livro, que
tem sacadas geniais, boas referências, e retrata bem o sentimento de mudança, a
ida para a faculdade, o início da fase adulta, e tem momentos extremamente
emocionantes de que gostei bastante! Gosto do enfoque em outros temas que não
seja o namoro dos dois, mas, quando o livro se torna sobre isso na fase final,
acaba se tornando chato e cansativo de se ler…
Me parece
óbvio que Lara Jean e Peter não vão ficar
juntos. Vai ser um importante romance de escola lembrado para sempre com
carinho e, quem sabe, nostalgia, mas não foi feito para durar… mas é claro que os fãs adolescentes da
trilogia nunca vão aceitar isso, e por isso eu nem vou discutir. Sinto
muito, especialmente desde o segundo livro, que Lara Jean idealiza demais as coisas – assim, grande parte do namoro que ela
tem com Peter no último ano do Ensino Médio ao longo de “Agora e para sempre, Lara Jean” parece meio fantasioso, exagerado,
como se fosse mais como Lara Jean se
lembra dos acontecimentos do que como eles de fato ocorreram… e tudo bem,
às vezes esses quase devaneios nos fazem bem. Acho que Lara Jean amadureceu
muito como personagem ao longo dos três livros, e isso é ótimo – e está
expresso de forma clara em toda a questão da faculdade.
Gosto de
como as decisões da faculdade começam sendo em função de Peter e do que eles
têm, mas de como ela consegue desconstruir isso e tornar as decisões o que
devem ser: sobre ela e mais ninguém.
Mostra um
crescimento importante dela!
Duas coisas
me parecem muito mais importantes do que o romance de Lara Jean e Peter nesse
último livro: 1) o casamento do pai com Trina, a Sra. Rothschild; 2) a questão
toda da faculdade. E Jenny Han continua recheando os seus livros com
referências atuais e antigas, que deixam o livro mais interessante para quem
conhece as coisas a que ela se refere… ainda se fala muito em “Harry Potter” (as bibliotecas da UVA
que parecem com os salões de Harry Potter, o namorado de Margot, Ravi, que é um
lufano de coração, e assim por diante), mas Jenny Han acrescenta citações a “Anne de Green Gables” e chega a dizer,
por exemplo, que “Gilbert Blythe é o seu homem ideal”, mas, convenhamos: e de quem não é? Também lemos a respeito
de filmes como “Romeu + Julieta” e “Gatinhas e Gatões”, musicais como “Hamilton” e “A Noviça Rebelde” e rapidamente uma citação à “Fantástica Fábrica de Chocolate”.
E são
detalhes que eu amo na leitura de um
livro assim.
O
relacionamento do pai das garotas e da Sra. Rothschild, que agora estamos nos
habituando a chama de Trina, começou no outro livro, e se torna uma das partes
mais importantes de “Agora e para sempre,
Lara Jean”, E É TÃO LINDO. Eu continuo achando a Margot uma insuportável,
embora eu entenda o porquê de ela não
estar habituada à Trina e sentir ciúmes e que a casa não é mais dela e tudo o
mais… mas ela é extremamente desnecessária em quase todos os momentos que aparece,
e eu nunca gostei da Margot, desde o primeiro livro – a acha condescendente e
acho que ela fez muito mal a Lara Jean, embora a irmã a idolatre. Conhecemos
até um namorado de Ravi, um garoto bonito e fofo que é da Lufa-Lufa, como Lara
Jean descobre sem ter que perguntar, e eu não sei se acredito nessa parte: um lufano jamais aguentaria a Margot.
Mas falemos
do relacionamento do pai e de Trina: É TUDO MUITO LINDO. É bom ver que a Kitty
está radiante, e Lara Jean está tão feliz porque nunca viu o pai tão feliz na
vida… o pedido de casamento é um momento extremamente simples, mas um dos meus
momentos favoritos do livro, e eu quase chorei enquanto lia. Também
acompanhamos todo o processo de planejamento do casamento, Lara Jean tenta
assumir muitas responsabilidades até que o pai precise pedir que ela se acalme,
e vários momentos maravilhosos são fruto dessa história, seja a despedida de
solteira ou o casamento, lá no fim do livro, por exemplo.
Mas, agora,
a vida a obriga a mudar.
O livro
passa depressa por uma série de acontecimentos que poderiam ter durado mais do
que um capítulo, como uma viagem que os formandos fazem a Nova York, o baile de
formatura propriamente dito, o aniversário de 18 de anos de Lara Jean… uma das
minhas sequências favoritas no filme é quando Lara Jean é aceita na UNC, a
faculdade da Carolina do Norte, e ela acaba se aventurando em uma viagem com a
Chris para o outro estado, e tudo é tão intenso nessa sequência, tão
importante, e aqui podemos ver um crescimento real de Lara Jean: E EU FIQUEI
TÃO ORGULHOSO. É uma faculdade ainda mais longe da UVA do que a William and
Mary, mas Lara Jean se encanta pelo campus e pela cidade, e se lembra de um
conselho de Stormy sobre “não dizer não quando quer dizer sim”, então ela
decide ir para a UNC, mudando todos os planos que ela e Peter tinham feito
sobre ela pedir transferência para a UVA depois de um ano e tudo o mais…
E eu AMO que
Lara Jean tenha tomado essa decisão. Pela primeira vez, ela está escolhendo
algo pelo que ela quer, sem pensar
nos outros. E já tinha passado da hora de Lara Jean aprender a fazer isso! Se o
Peter não sabe entender isso… bem, sinto
muito (não sinto, na verdade).
Apoio Lara
Jean em sua decisão incondicionalmente.
Outra parte
do livro que eu gostei demais, embora tenha me deixado arrasado (complexo,
huh?), foi a morte de Stormy. Stormy foi tão importante na história de Lara
Jean e no segundo livro da trilogia, e é de partir o coração vê-la morrer,
quase não queremos acreditar… mas Jenny Han conduz brilhantemente o luto e a
cerimônia em sua homenagem que Lara Jean organiza em Belleview, com direito ao
perfeito John Ambrose McClaren de volta, agora com uma nova namorada – não
adianta, eu nunca vou gostar tanto do
Peter quanto eu gosto do John… meu
coração chegou a bater mais forte quando ele reapareceu, o que foi
totalmente estranho, porque o meu coração estava apertado pela morte de Stormy, e percebo que eu estava sentindo o
mesmo que Lara Jean, que estava triste pela morte de Stormy e, ao mesmo tempo, feliz com aquele reencontro com John.
Olha, fãs
adolescentes e imaturos do livro vão discordar, e eu é que não vou discutir com
criança que ainda não saiu da escola, não sabe nada da vida e acha que tudo é
para sempre, mas aquela cena de Lara Jean e John Ambrose em Belleview deixa
muito claro que eles ainda vão se
encontrar na vida e, quem sabe, terminarem juntos – quando for a hora. Lara
Jean e Peter Kavinsky são um namoro imaturo de escola, e dá para ver que eles
não foram feitos para “durar” em uma série de pequenos momentos, como o ciúme
desnecessário que Peter sente ao saber que John Ambrose pode ir para William
and Mary, a faculdade para a qual Lara Jean ia, a princípio. E lendo
profundamente, nas entrelinhas, eu percebo que a nova Lara Jean, mais madura, também sabe disso, mas quer curtir esse
amor enquanto ele existe, enquanto eles estão apaixonados.
Peter é
passageiro, de escola.
Lara Jean e John Ambrose foram feitos um
para o outro.
Lembra
quando o John disse a Lara Jean no segundo livro: “Acho que aquele não foi nosso momento. E acho que agora também não é.
Mas talvez um dia seja”? Acho que um dia vai ser mesmo.
Eventualmente,
o livro se torna sobre Lara Jean e Peter, e fica chato pra caramba, porque o Peter
volta a ser um babaca imaturo do mesmo jeito que ele era em “P.S.: Ainda Amo Você” – talvez um pouco
menos escroto que no segundo livro, mas igualmente babaca. Peter sempre foi
descrito por Lara Jean como confiante, sempre conseguindo o que quer, tendo
todo mundo aos seus pés, e talvez garotas adolescentes achem um máximo, mas
convenhamos: não é o ideal de homem para
se namorar/casar. E Peter Kavinsky demonstra uma espécie de machismo velado
em toda a questão da faculdade, porque ele se irrita que as coisas não tenham
sido como ele planejou, que Lara Jean repense o fato de se transferir para a
UVA: ele está seguindo seus sonhos, mas aparentemente Lara Jean não pode seguir
o seu. E o livro “justifica” seus atos tentando dramatizar a relação dele com o
pai e dizendo que ele está “com medo” do que vai ser dele e Lara Jean no
futuro.
Mas isso não apaga o fato de que ele foi um
babaca.
Pequenas
coisas que ele faz me incomodam, seja enrolar na assinatura do anuário (!), ou
não dar os parabéns a Lara Jean por ela ter passado na UNC – é uma faculdade e
tanto e ele devia estar feliz por ela! Independente
de qualquer coisa, se ele não consegue ficar feliz por essa conquista dela e
pelo fato de ela ESTAR feliz, ele realmente a ama? Peter não dá os
parabéns, vai a uma festa e bebe demais, deixando Lara Jean ir embora sozinha
porque não quer que ele dirija bêbado… é interessante que Jenny Han colocou nas
páginas que Lara Jean percebeu essas
coisas, e ficou sentida com isso, embora tente ignorar. Depois da formatura, na
“Semana na Praia”, Peter está distante, chato e totalmente infantil, além do
ciúme que ele tem de John Ambrose e que não consegue esconder. É sério que o Peter precisava fazer careta e
dar um peteleco na foto de John criança que Lara Jean colocou no scrapbook
deles?
ERA UMA FOTO
DE TODOS ELES CRIANÇAS, CARAMBA!
Como eu
disse, eu sempre vou amar mais o John Ambrose, então se eu já não gosto de
Peter em momentos normais, quando é contra John eu simplesmente não posso
suportar… enquanto o Peter está sendo um idiota
completo durante a semana na praia, Lara Jean acaba encontrando o John
Ambrose McClaren em uma festa, e ele faz o que ela queria que o Peter tivesse
feito quando descobre sobre a UNC: ele fica feliz, ele a parabeniza. Para
piorar tudo, Peter os encontra e então desce a um nível vergonhoso, faz
piadinhas sem graça para tentar diminuir o John quando ele apresenta a sua
namorada (o filme que endeusa o Peter provavelmente vai cortar isso tudo), e
felizmente Lara Jean acaba fazendo sua própria piada contra Peter, para fazê-lo parar… e quando, no
caminho de volta para casa, Peter diz a Lara Jean que “ele só estava sendo
sincero”, Lara Jean diz que também vai ser sincera com ele e se impõe, dizendo
que “insegurança não combina com ele”.
Eu AMO que
Lara Jean se imponha contra Peter, que fale sobre as suas atitudes das quais
não gostou…
É um
amadurecimento importante de Lara Jean!
E quando
surge a proposta de “pedir transferência para a UNC”?
Algumas
pessoas acham “romântico”. Outras pessoas percebem que Peter está com medo e é
possessivo. A mãe de Peter conversa com Lara Jean sobre ele não poder fazer isso, porque ele ficaria
um ano sem poder jogar, perderia sua bolsa de atleta, e a família não pode
pagar uma faculdade fora do estado… a mãe de Peter não tinha O MENOR DIREITO de
pedir a Lara Jean que ela terminasse com Peter, DE JEITO NENHUM, mas algumas
coisas que ela disse eram verdade e deixam Lara Jean pensativa… eu temi que a
conclusão do livro fosse trazer qualquer um dos dois trocando de faculdade,
abandonando sonhos por um namoro de escola. Seria errado de qualquer maneira.
Peter tem um futuro na UVA, Lara Jean tem um futuro na UNC, e eles podem tentar
continuar juntos à distância, enquanto der certo… e se um dia não der mais, não vai significar que não foi verdadeiro.
Foi grande,
intenso, importante enquanto durou. Peter sempre vai ser o primeiro namorado de
Lara Jean, seu primeiro amor…
A reta final
do livro traz Lara Jean terminando, de fato, com Peter, mas só porque está
bêbada depois de ter roubado bebidas de outros copos durante a despedida de
solteira de Trina (Margot defende Trina com o pai, mostrando o amadurecimento,
também, de Margot!). Parte dela, no entanto, está pensando no que sua mãe
dizia: “Não seja a garota que vai para a
faculdade namorando”. Em uma cena LINDÍSSIMA que ela compartilha com Trina
no dia anterior ao casamento, ela conta um pouco sobre tudo o que está
acontecendo entre ela e Peter, e ela diz algo que me chamou muito a atenção:
ela diz que “acha que tudo começou a dar errado quando ela passou para a UNC,
porque esse não era o plano deles”. Essa
fala por si só demonstra como o relacionamento dela e de Peter pode ser tóxico…
Lara Jean estava tão GENUINAMENTE FELIZ pela UNC que o Peter NUNCA podia
fazê-la sentir assim… fazê-la se sentir
culpada por ter conquistado algo.
Mas ele faz…
de todo modo. Fico contente que Jenny Han termine o livro com Lara Jean e Peter
namorando, mas sem nenhuma promessa de que é para sempre, e sem que Lara Jean
abra mão de nada do que quer para isso. Não é porque Peter não gosta que ela
tenha “fugido do plano” que ela deixa de fazer algo que realmente quer fazer.
Ela está decidida, está fazendo a coisa certa, e quem precisa se adaptar, se
quiser continuar com ela, é o Peter. Ela
não pode abrir mão de sonhos, oportunidades e futuro. Ela precisa pensar
nela, precisa ser feliz, e o orgulho que eu sinto dela por ter feito isso, por
ter entendido e vivido isso! Talvez a Lara Jean de dois anos antes não tivesse
agido dessa forma, mas a nova Lara Jean agiu… e eu fico muito feliz!
Uma das
últimas partes do livro é a linda cerimônia de casamento de Trina com o pai das
garotas… “Agora e para sempre, Lara Jean”
é um ótimo livro e encerra lindamente a história de Lara Jean, com passagens
divertidas, emocionantes e um amadurecimento da protagonista que está entrando
em uma nova fase de sua vida, cheia de aventuras e de novidade… não gosto do
romance de Lara Jean com Peter Kavinsky, mas, felizmente, Jenny Han fez com que
esse último livro fosse sobre muito mais
que isso… podemos ver a maneira como Lara Jean se relaciona com outras
pessoas além de Peter, e, principalmente, consigo mesma: Lara Jean está
descobrindo quem ela foi, quem ela é e quem ela pode ser no futuro – ela está
abrindo as asas, saindo de sua zona de conforto, alçando voos altos e seguindo
sonhos que nem sabia que tinha… e eu fico muito orgulhoso dela! Desejo sucesso
a Lara Jean na UNC, tenho certeza de que uma garota como ela vai ser brilhante
no futuro!
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