De Que Te Quiero, Te Quiero – A linha de roupas de Irene Cáceres

“No hay motivos para que una madre abandone un hijo. No lo hay”

Irene Cáceres é, talvez, uma das personagens mais bem escritas de “De Que Te Quiero, Te Quiero”. Ela tem muita história, e elas são bem desenvolvidas. Em primeiro lugar, ela tem a história de sua filha, por exemplo, que ainda está viva, embora ela não saiba. A filha foi deixada por um senhor no presépio da igreja do Papa Juancho, o que faz a conexão com a história que Natalia conta a Diego sobre como Carmen a encontrou. É com emoção que Natalia lhe conta como a mãe a encontrou em um presépio na igreja, no lugar do menino Jesus, e por isso a nomeou “Natalia”. “Por eso me puso Natalia. Mi mamá me tomó como un regalo de Navidad”. E, diferente do que eu imaginei, Don Vicente não sabia que a filha de Irene tinha sobrevivido, e a notícia o causa um infarto e o manda diretamente ao hospital, embora ele não chegue a morrer e, nesse caso, infelizmente.

Vicente é um velho do cão, essa é a verdade. E é triste como, mesmo doente, ele faz todo mundo sofrer. Faz Diego sofrer ao confundi-lo com Rodrigo, por exemplo, que sempre foi seu favorito, e faz Irene sofrer quando ela vai ao hospital chorar por ele – a verdade é que ela o ama, quer apagar o passado, viver em paz, melhorar a relação deles… e realmente você pensa que ele vai querer isso, mas não. Em contrapartida, ele futuramente surtará com a ideia de Diego e a proposta dele à tia: começar uma linha de roupas na CAPRICO, tendo ela como desenhista. Ela fica insegura à princípio, mas resolve aceitar a proposta, e começa os trabalhos. Natalia não poderia estar mais feliz por poder vê-la todos os dias, e eu gosto desse carinho gratuito que uma sente pela outra, talvez como se os seus corações sentissem a conexão de mãe e filha que ainda desconhecem.

No fim, Natalia acaba sendo transferida de setor na empresa, e vai trabalhar com Irene, para que as duas possam se aproximar cada vez mais. Em uma conversa por causa de um comentário de Brigitte, Natalia diz a Irene que é adotada, e a expressão de Irene não podia ser de mais choque. É uma cena quase sofrida, porque Natalia fala brutalmente sobre o que pensa de “ter sido abandonada”, e diz que “No hay motivos para que una madre abandone un hijo. No lo hay”. Acho que isso eventualmente se resolverá pelo fato de Irene não tê-la, realmente, a abandonado… ela nunca soube que a filha sobreviveu. Nessa conversa, Irene conta a Natalia que também é adotada, e então entendemos que, por fim, Natalia e Diego não são primos de sangue. Ainda assim, quando eles puderem ficar juntos oficialmente e felizes, eles serão todos como uma só grande família.

Mas trabalhar com Irene não são só coisas boas. Inclusive, trabalhar com Brigitte é um problema indescritível, quase. A garota, totalmente insuportável, nutre uma inveja nada saudável por Natalia. Ela fica revoltada com a maneira como a mãe a “perdoa”, por exemplo, depois que Diego vai lá conversar com ela e explicar como são as coisas. E ela acha um absurdo que Natalia seja chamada para trabalhar na linha de roupas, sendo que ela não entende nada de desenho. E não mesmo, Natalia, admite, mas ela entende de confecção, e certamente é útil nesse processo todo. A verdade é que Irene quer mantê-la próxima a si. Brigitte não consegue entender isso, e nós sabemos que é problema que trabalhem juntas… dá para sentir, especialmente pelo olhar repleto de nojo que Brigitte sempre dispensa a Natalia, de forma injusta.

E o problema é que Brigitte não é, nem de longe, tão boa quanto ela quer pensar que é. Irene surta com um vestido feito errado porque ela mexeu com o desenho original, e diz que “as decisões são ela que toma”, e Brigitte ainda fica revoltada com isso… eu acho que Irene pode, sim, ser um pouco exagerada e desnecessariamente rude, mas ela tinha razão nesse caso. Esse caso, no entanto, tem repercussões maiores do que o esperado… Vicente acaba descobrindo o “acordo” de Diego e Irene, e como um perfeito MONSTRO, diz que não vai deixar sua empresa nas mãos de “uma alcóolatra, imatura e instável”, e desaprova que Irene trabalhe ali. Como, assim como ele diz, é ele quem manda na empresa, ele dissolve o projeto de roupas, e ainda diz a Irene que “se arrepende de tê-la adotado”, o que foi extremamente cruel e sem necessidade alguma.

Assim, com esse chilique todo, o projeto não morre, mas precisa seguir independente da Caprico. Para isso, Diego renuncia a seu cargo, para apoiar a tia, e Natalia oferece a sua própria casa para que elas trabalhem enquanto não encontram um lugar melhor. Gosto de vê-los trabalhando juntos, vê-los se divertindo, até certo ponto. Porque a inveja de Brigitte não permite que ela realmente aproveite isso tudo. Independente de Irene defender Natalia (“Lo único que Natalia hace es apoyarte, y se hay alguien que te quieres es ella”), Brigitte não escuta, até porque ela está vendo a história da sua vida se repetir: ela acha que Carmen prefere Natalia que ela, e Irene evidentemente gosta mais de Natalia, então Irene, de certa maneira, incentiva a explosão do monstro que é Brigitte como uma vilã menor quando lhe dá uma tremenda bronca sem jeito.

Pretensiosa e impulsiva, Brigitte se une a Diana…

Mas essa é outra história.

 

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