Desaparecidos, Livro Um – Quando Cai o Raio (Meg Cabot)
“Querem minha declaração? Certo, aqui vai a minha
declaração: é tudo culpa de Ruth!”
Meg Cabot
sempre acerta! Com muito bom-humor e histórias criativas, a autora consegue nos
divertir livro após livro. Em 2001, Meg Cabot iniciou uma nova série, “Desaparecidos” (em inglês, “1-800-WHERE-R-U”), contando a história
de Jessica Mastriani, uma garota que é atingida por um raio e ganha o incrível
(ou não tão incrível assim, não sei) poder de saber onde crianças desaparecidas estão… numa manhã, ela
simplesmente desperta sabendo onde as duas crianças da parte de trás de uma
caixa de leite, Sean Patrick O’Hanahan e Olivia Marie D’Amato, estão, e é claro
que ela eventualmente vai se meter em uma série de confusões que nem esperava
porque, aparentemente, “ela sabe demais”. E
com um poder desses em evidência, ela pode tanto ser considerada uma suspeita
como pode gerar o interesse do governo para ser usada como uma “arma”.
O livro é um
máximo e de uma leitura deliciosa como todos os livros da autora… é um belo
início de saga, embora ele teria sido muito bem finalizado se não fosse por
aquelas duas últimas páginas que são um requerimento do Agente Especial Johnson
para continuar a investigando. Meg Cabot brinca com referências e tem uma
capacidade incrível de reproduzir a voz adolescente, de fazer com que nos
sintamos próximos de Jessica Mastriani… gosto muito da escrita da autora e de
como parece uma conversa com o seu
leitor, como se pudéssemos ouvir Jess falar enquanto lemos – em “Quando Cai o Raio”, o livro é narrado
como se fosse uma declaração que Jess
é obrigada a dar à polícia sobre tudo o que aconteceu, e é claro que ela divaga
como as protagonistas de Meg Cabot tendem a fazer – e é claro que nós adoramos cada segundo disso.
A ideia é
genial, bizarra, e a cara de Meg Cabot! Ela consegue misturar a voz adolescente
que se preocupa com o cara que vai ou não lhe oferecer uma carona, a melhor
amiga apaixonada por um dos seus irmãos e a garota que quer sua cadeira na
orquestra com toda uma trama que acaba virando assunto do FBI e que interessa
muito as autoridades americanas… provavelmente
não pelos motivos corretos. Inicialmente, Jess tenta viver sua vida
normalmente: uma carona na moto em alta velocidade de Rob Wilkins, um “caipira”
que está na detenção e em condicional, por algum motivo que ela desconhece,
aqui, uma ligação para o Disque-Desaparecidos ali… até que ela perceba que as
crianças estão realmente sendo encontradas nos lugares indicados por ela, uma
delas uma garotinha que ela disse que “estaria ao lado de uma árvore” e, na
verdade, estava enterrada embaixo dela…
É
desesperador, angustiante, e é mais ou menos ali que a vida de Jess Mastriani
muda completamente, porque ela acaba procurada pelo FBI, recorrendo à ajuda do
Sr. Goodhart, o seu conselheiro da escola, e recebe o apoio do seu pai e do pai
da melhor amiga, que é advogado, que impedem o FBI de levá-la para “fazer umas
perguntas”. Logo, a história vaza, está em todos os jornais, e Jess vira uma
celebridade… ou uma prisioneira. A
rua é bloqueada pela polícia quando os repórteres começam a se amontoar em
frente à casa dos Mastriani, tornando a vida de Jess e de toda a família um inferno, deflagrando, ainda, um
episódio em Douglas, seu irmão mais velho… assim, Jess acaba percebendo que, no
fim, ela não vai poder continuar vivendo a sua vida como sempre viveu, não
depois de todo mundo ter ficado sabendo dos seus “poderes”.
Uma das
passagens mais fortes e mais interessantes do livro acontecem quando ela
resolve responder a um dos repórteres e descobre a verdade sobre a história de
Sean Patrick O’Hanahan, a primeira criança que ela encontrou – na verdade, ele
estava morando com a mãe há 5 anos, e tudo o que a mãe tinha feito era levá-lo
para outra cidade para mantê-lo escondido do pai abusivo que batia nele, mas o
pai a acusou de sequestrá-lo, e agora
Jess acabou de estragar tudo… o menino foi devolvido ao pai abusivo, a mãe foi
presa injustamente, e ela tem que lidar com a culpa do que fez, e isso abre
imensas discussões, porque toda história tem dois lados – Jess está entregando
as localizações de tantas crianças, mas todas elas são crianças que querem ser
encontradas? Para Sean, certamente teria sido muito melhor permanecer com a
mãe…
E agora?
Como saber se entregá-las às autoridades é o
melhor para ELAS?
Eu amei do
início ao fim! E fico feliz em saber que poderemos reencontrar Jessica
Mastriani nas próximas histórias… a finalização de “Quando Cai o Raio” é satisfatória e fecha grande parte da
história, com bons momentos para Jess e Rob Wilkins, Jessica cumprindo a sua
promessa de ajudar Sean (o garoto abraçando ela, agradecido, é muito fofo!), e
um acordo que ela faz com os oficiais que garante que Sean não vai voltar para
o pai e Rob Wilkins não sofrerá consequências pela “invasão” à Base Militar. Em
troca, ela entrega alguns endereços de pessoas que o governo dos Estados Unidos
está buscando, mas ela é astuta o suficiente para entregar endereços apenas de pessoas que já morreram, o que garante
que ela não está estragando a vida de ninguém ao entregar sem que merecesse ser
entregue… como fez com Sean. Ela
aprendera a lição.
Meg Cabot
acertou de novo! Ansioso pelos próximos livros!
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