“I’m the
Doctor. I’m the one who stops the Daleks”
Eu queria
muito que o Chris Chibnall deixasse
“Doctor Who” e desse lugar a outro
roteirista… provavelmente está acabando a jornada de Jodie como a 13ª Doctor, e
ela veio acompanhada de um roteiro
fraco
e, infelizmente, é possível que ela seja lembrada como uma má encarnação do
Doctor, quando o problema é a escrita da série… não gostei da 11ª temporada, a
primeira de Chris Chibnall à frente da série, principalmente porque ele tratou
a sua temporada como se fosse um
reboot
e quis começar do zero, esquecendo-se de que
“Doctor Who” é uma série de mais de 50 anos de história que
precisam ser respeitados… não há nada de
errado em querer inovar, levar a história para caminhos surpreendentes, mas não
se pode simplesmente
ignorar o que
veio antes como se nunca tivesse existido, como se fosse uma série
completamente nova… porque não é.
A 12ª
temporada foi melhor que a 11ª, e conclui apresentando a trama da “Timeless
Child”, o que dividiu opiniões e, por enquanto, eu estou preferindo não
comentar… eu não sei o que Chris Chibnall vai fazer com isso, e pode ser algo
excelente, como também pode ser algo péssimo… e teremos que esperar a 13ª
temporada para saber. Mas acho que Chris Chibnall peca principalmente no
desenvolvimento dos personagens, e esse “Especial” de Ano Novo deixa isso mais
evidente do que nunca –
“Revolution of
the Daleks” é a última aventura de Graham e Ryan na TARDIS, e eles ganham
uma despedida tão fraca e sem graça que não conseguiu me arrancar uma única
lágrima… na verdade, eu não senti nada com a despedida de Graham e Ryan, e não
vou sentir falta deles – porque a escrita de Chris Chibnall falhou em fazer com
que eu
me importasse de verdade com
esses personagens.
Donna teve uma única temporada e eu sinto a falta
dela até hoje!
O episódio
traz um dos vilões mais clássicos de
“Doctor
Who” em uma história simples, sem cara de Especial, e sem a emoção que o
momento pedia… mas vale muito a pena por uma coisa: O RETORNO DO CAPITÃO JACK
HARKNESS.
Como sentimos falta dele! A
Doctor foi presa e está passando
meses
em uma cela, conversando com outros prisioneiros como Angela, um Weeping Angel,
e Bonnie e Clyde, dois Silence ou contando para si mesma histórias, como
“Harry Potter e a Pedra Filosofal”
(achei emocionante ouvir as inconfundíveis primeiras palavras do livro).
Enquanto isso, na Terra, Jack Robertson resolve usar um Dalek destruído em uma
aventura passada para
desenvolver armas
com o apoio de Jo, a Primeira-Ministra…
e
nós sabemos que não se pode confiar em Daleks… ainda que aquela seja apenas
uma carcaça supostamente vazia, uma máquina.
Para Graham,
Ryan e Yaz, 10 meses se passaram, e Yaz está obcecada, buscando a Doctor,
querendo ir atrás dela de alguma maneira, enquanto Graham e Ryan dizem que “ela
tem que deixar isso para lá e aceitar que a Doctor provavelmente está morta”, o
que eu achei um verdadeiro absurdo, se você me perguntar… eles pretendem,
então, continuar fazendo algo parecido com o que a Doctor fazia, mas sozinhos:
como lidar com Jack Robertson e essa nova
frota de Daleks que ele está apresentando como “drones de segurança”. A
ideia de Jack e Jo é a de construir máquinas com inteligência artificial para
proteger as ruas do país e tudo o mais, mas os Daleks são traiçoeiros – aquela
parte orgânica e cheia de ódio dos Daleks também vai retornar, e vai ser
através de uma espécie de “clone” que Leo, um cientista, faz com os restos
encontrados na carcaça.
Leo, por
sinal, se torna uma espécie de fantoche
para o Dalek líder da operação.
Creepy.
A parte da
prisão da Doctor dura pouco e não serve para nada, a não ser para fazer
referências a monstros antigos (e lembrar que
“Doctor Who” tem história) e, é claro, proporcionar um aguardado
reencontro: A DOCTOR E JACK HARKNESS. Os diálogos são perfeitos, tipo a Doctor
perguntando se ele faz plástica e ele respondendo
“Oh, you can talk! Now shut up and run!”, ou aquele momento fofo em
que Jack diz que sentiu muito a falta dela e a abraça… então, os dois partem
para a TARDIS e de volta para Londres, em busca da “família” de Doctor…
com 10 meses de atraso. Duas coisas
incríveis da chegada da Doctor: 1) o fato de a Yaz escutar o som da TARDIS se
aproximando antes de todo mundo, e então ela tem que lidar com a emoção, a
alegria, o alívio e a raiva, tudo de uma só vez; 2) o Jack MARAVILHOSO cantando
o Graham na primeira vez que o vê –
“Hey,
silver fox!”
EU AMO O
JACK!
Gostei da
dinâmica de todos reunidos, mas eu basicamente só conseguia prestar atenção (ou
mesmo me importar) com Jack Harkness, e os diálogos perfeitos que ele
proporcionou, como quando Graham, Ryan e Yaz falam dos Daleks e ele comenta que
“foram eles que o mataram pela primeira vez”, e então alguém comenta que “ele
está bem para um cadáver”. O grupo acaba se dividindo… Doctor, Graham e Ryan
vão atrás de Robertson e a linha de produção de Daleks, porque a Doctor precisa
alertá-los que eles não sabem com o que estão lidando e Daleks são traiçoeiros
e cheios de ódio. Yaz vai com Jack ao Japão, onde o roteiro traz à tona a
eminente despedida de
companions, com
Jack falando sobre como eles não podem escolher quando acaba, mas eles são os
sortudos por poder viajar com a Doctor e, por isso, eles precisam aproveitar
enquanto podem.
“Enjoy the journey while you’re on it. ‘Cause the joy is worth the pain”
Jack e Yaz
descobrem que, ali no Japão, existe um laboratório de clonagem cheio de Daleks,
que pretendem se apoderar dos “drones de segurança” em formato de Daleks que
Robertson está produzindo sem parar… o Dalek que se apoderou de Leo foi quem
comandou tudo, e os Daleks estão sendo alimentados com os humanos que
trabalharam naquele laboratório, e não demora muito para que eles coloquem seus
planos em prática e os Daleks do Robertson (um novo modelo de Dalek, até que
bem interessante!) se tornem
verdadeiros
Daleks que só pensam em uma coisa: EX-TER-MI-NA-TE. Então, eles começam a
atacar humanos por todo o planeta, prontos para exterminar toda a raça humana e
ficar com a Terra para si…
a não ser que
a Doctor os impeça… afinal de contas, ela é a Doctor, independente de quem ela
foi antes, e é ela quem para os Daleks.
O plano da
Doctor é um tanto
estranho e, quiçá,
controverso…
mas ela estava salvando a
Terra. Para isso, ela usa Daleks Mercenários que ela chama para se livrarem
dos Daleks de Robertson, sabendo que eles são raças que se preocupam demasiado
com a “pureza”… os Daleks tradicionais que chegam à Terra ficam furiosos com o
que chamam de “Daleks impuros”, e então destroem todos que encontram pela
frente (
“The Dalek race must have purity.
Exterminate”).
É uma briga de Dalek
contra Dalek, enquanto Robertson, sempre interesseiro, tenta negociar com
os novos Daleks a sua segurança, em troca de entregar-lhes a Doctor…
eventualmente, a Doctor já tinha tudo planejado de como se livrar dessa segunda
leva de Daleks, e atrai todos para uma
cópia
de sua TARDIS, e então os destrói…
me
pareceu um pouco sanguinário para a Doctor, mas ela não tinha opção.
Eu acho.
Depois da
derrota dos Daleks, o episódio parte para a despedida dos companions, e esse é
um momento que deveria ser emocionante, devia arrancar lágrimas, nos deixar
destroçados,
e eu não consegui sentir
nada. A maioria dos fãs ainda sofre com a despedida de Rose Tyler. Eu sofri
particularmente com a despedida de minhas duas
companions favoritas, que foram Donna Noble, provavelmente uma das
despedidas mais tristes de
“Doctor Who”,
e Clara Oswald, que eu amo de todo o coração e que eu acho que teve uma
despedida digna em um episódio épico, cheio de reviravoltas, um final incrível…
também menciono a despedida dos Pond, que é outro momento arrebatador que me
arrancou lágrimas (Amy e Rory também deixaram muita saudade na TARDIS), e a
despedida de Bill, em um episódio elaborado que teve tudo a ver com a história
de
“Doctor Who” e dos Cybermen.
Mas e Graham
e Ryan?
Pra mim, foi só meh.
Eu nunca
aprendi a gostar deles de verdade, mas eu também não desgostava. Nunca
odiei nenhum deles. O que a escrita de
Chris Chibnall não fez foi com que eu
me
importasse, então era meio indiferente. Não os vejo fazendo falta na
TARDIS, nem mesmo vi como isso aconteceu, porque devemos apenas confiar em
diálogos do que
não vimos, o que não
funciona na televisão. Ryan decide deixar a TARDIS e “cuidar do planeta” ou
qualquer coisa assim, achando que isso não é mais para ele, e Graham, mesmo que
não fosse sua primeira escolha, resolve deixar de viajar com a Doctor também
para ficar com Ryan… Yaz é a única que decide continuar:
“I’m not ready to let you go yet”, e eu acho que eu me identifico
mais com ela… talvez tenhamos mais tempo para desenvolver a personagem na
próxima temporada então? Faltou emoção nesse final, infelizmente, mas a 13ª
temporada terá a oportunidade de fazer diferente.
O problema,
no entanto, é que continuamos com Chibnall.
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