O Mistério do Relógio na Parede (The House with a Clock in its Walls, 2018)

Como se tornar um feiticeiro…

Divertido, repleto de magia e digno de Sessão da Tarde, “O Mistério do Relógio na Parede” é uma deliciosa adaptação da obra homônima de John Bellairs, de 1973. Enquanto assistia ao filme, eu não pude deixar de pensar em outras produções do gênero, como aquelas baseadas em obras de R. L. Stine, como “Goosebumps”. Há um compartilhamento de estilos aqui. O filme nos cativa por suas cores, por seus temas, pelos seus personagens, e pelo gostoso mistério do relógio na parede e, mais do que isso, o que ele pode fazer – com pitadas de humor e de macabro, o filme apresenta um equilíbrio incrível ao contar uma história consistente, além de nos deixar pensativos no final, porque temos aqui um daqueles vilões que vão a extremos em suas ações maléficas, mas por causa de uma ideia que não é totalmente equivocada, lá na sua concepção.

O filme acompanha o pequeno Lewis Barnavelt, interpretado por Owen Vaccaro (eu pesquisei, mas aparentemente ele não tem nenhum parentesco com o Dylan Minnette, apesar de eles serem tão parecidos!), um garoto de 10 anos que acabou de perder os pais e que começa uma nova vida em uma nova cidade, morando com seu tio, Jonathan Barnavelt (Jack Black). Eu adorei os cenários da casa, da escola e da cidadezinha, e sofremos ao lado de Lewis, um garoto que além do trauma de perder os pais ainda é o garoto novo na escola, considerado estranho por causa dos óculos que sempre traz, e que só quer desesperadamente ser aceito – é a sua busca pela aceitação que o faz tentar fazer amizade com o garoto mais popular da escola, Tarby Corrigan, e essa é uma das coisas que vai fazer com que tudo comece a dar errado na vida de Lewis.

É muito legal acompanhar Lewis na descoberta de um novo mundo na misteriosa casa em que está morando… durante a noite, ele vê o tio andar pela casa com um machado, atacando a parede, o que pode ser um pouco macabro, mas então ele logo entende o motivo: o antigo dono da casa, o perverso Isaac Izard, escondeu um relógio nas paredes da casa, um relógio que está em uma contagem regressiva para algo sinistro, mas que nem Jonathan nem Florence Zimmerman (Cate Blanchett) conseguem encontrar… o filme ganha um tom muito mais leve e mais divertido quando Lewis descobre que o tio é um feiticeiro e Florence é uma bruxa – e então ele quer ser treinado para também se tornar um. São sequência bem gostosas de se acompanhar enquanto ele vai aprendendo e testando coisas, sem saber os perigos que ainda o esperam à frente.

Lewis acaba tentando usar a magia para benefício próprio, o que, aparentemente, não era proibido, mas é justamente a ingenuidade de um garoto de 10 anos, a dor da perda dos pais e o constante desejo de se encaixar que são usados pelos vilões do filme – Lewis se torna, sem perceber, o agente do caos quando, para impressionar Tarby, ele pega um livro proibido na biblioteca do tio e pratica necromancia, despertando justamente o maligno Isaac Izard… agora, Lewis, Jonathan e Florence precisam correr contra o tempo para impedir Isaac de concretizar seu plano com o relógio nas paredes da casa – seja ele qual for. No seu último ato, então, o filme consegue manter a diversão e a bizarrice, ao mesmo tempo em que tem pegadas mais macabras, que é justamente o que me faz pensar nas obras de R. L. Stine, enquanto o grupo enfrenta as forças do mal.

O clímax do filme é bacana, com Lewis ajudando a decifrar o local onde o relógio está escondido, afinal, mas também tendo que contar para a sua nova família que foi ele que trouxe Isaac dos mortos e, de certa maneira, assumindo sua parte da responsabilidade por isso – a reta final do filme é no grande e misterioso relógio que Isaac pretende usar para “resetar a história do mundo”, ou qualquer coisa assim, apagando os humanos da Terra para que não haja mais guerras, tragédias e sofrimento… no fim, quando tanto Jonathan quanto Florence acabam ficando impossibilitados de ajudar, o próprio Lewis precisa bancar o feiticeiro e derrotar Isaac Izard e sua esposa… é um final interessante e um amadurecimento importantíssimo para Lewis, que assume a família que tem com Jonathan e Florence, além de fazer amizades que realmente importam.

Um filme muito bonitinho, gostei!

 

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