Como se tornar um feiticeiro…
Divertido, repleto
de magia e digno de
Sessão da Tarde,
“O Mistério do Relógio na Parede” é uma
deliciosa adaptação da obra homônima de John Bellairs, de 1973. Enquanto
assistia ao filme, eu não pude deixar de pensar em outras produções do gênero,
como aquelas baseadas em obras de R. L. Stine, como
“Goosebumps”.
Há um
compartilhamento de estilos aqui. O filme nos cativa por suas cores, por
seus temas, pelos seus personagens, e pelo gostoso mistério do relógio na
parede e, mais do que isso,
o que ele
pode fazer – com pitadas de humor e de macabro, o filme apresenta um
equilíbrio incrível ao contar uma história consistente, além de nos deixar pensativos
no final, porque temos aqui um daqueles vilões que vão a extremos em suas ações
maléficas, mas por causa de uma ideia que não é totalmente equivocada, lá na
sua concepção.
O filme
acompanha o pequeno Lewis Barnavelt, interpretado por Owen Vaccaro (eu
pesquisei, mas aparentemente ele não tem nenhum parentesco com o Dylan
Minnette, apesar de eles serem tão parecidos!), um garoto de 10 anos que acabou
de perder os pais e que começa uma nova vida em uma nova cidade, morando com
seu tio, Jonathan Barnavelt (Jack Black). Eu adorei os cenários da casa, da
escola e da cidadezinha, e sofremos ao lado de Lewis, um garoto que além do
trauma de perder os pais ainda é o garoto novo na escola, considerado estranho
por causa dos óculos que sempre traz, e que só quer desesperadamente ser aceito
–
é a sua busca pela aceitação que o faz
tentar fazer amizade com o garoto mais popular da escola, Tarby Corrigan, e
essa é uma das coisas que vai fazer com que
tudo
comece a dar errado na vida de Lewis.
É muito
legal acompanhar Lewis na descoberta de
um
novo mundo na misteriosa casa em que está morando… durante a noite, ele vê
o tio andar pela casa com um machado, atacando a parede, o que pode ser um
pouco macabro, mas então ele logo entende o motivo: o antigo dono da casa, o perverso
Isaac Izard, escondeu um relógio nas paredes da casa, um relógio que está em
uma contagem regressiva para algo sinistro, mas que nem Jonathan nem Florence
Zimmerman (Cate Blanchett) conseguem encontrar… o filme ganha um tom muito mais
leve e mais divertido quando Lewis descobre que o tio é um feiticeiro e
Florence é uma bruxa –
e então ele quer
ser treinado para também se tornar um. São sequência bem gostosas de se
acompanhar enquanto ele vai aprendendo e testando coisas, sem saber os perigos
que ainda o esperam à frente.
Lewis acaba
tentando usar a magia para benefício próprio, o que, aparentemente, não era
proibido, mas é justamente a ingenuidade de um garoto de 10 anos, a dor da
perda dos pais e o constante desejo de
se
encaixar que são usados pelos vilões do filme – Lewis se torna, sem
perceber, o agente do caos quando, para impressionar Tarby, ele pega um livro
proibido na biblioteca do tio e pratica necromancia, despertando justamente o
maligno Isaac Izard…
agora, Lewis,
Jonathan e Florence precisam correr contra o tempo para impedir Isaac de
concretizar seu plano com o relógio nas paredes da casa – seja ele qual for.
No seu último ato, então, o filme consegue manter a diversão e a bizarrice, ao
mesmo tempo em que tem pegadas mais macabras, que é justamente o que me faz
pensar nas obras de R. L. Stine, enquanto o grupo enfrenta as forças do mal.
O clímax do
filme é bacana, com Lewis ajudando a decifrar o local onde o relógio está
escondido, afinal, mas também tendo que contar para a sua nova família que foi
ele que trouxe Isaac dos mortos e, de certa maneira, assumindo sua parte da
responsabilidade por isso – a reta final do filme é no grande e misterioso
relógio que Isaac pretende usar para “resetar a história do mundo”, ou qualquer
coisa assim, apagando os humanos da Terra para que não haja mais guerras,
tragédias e sofrimento… no fim, quando tanto Jonathan quanto Florence acabam
ficando impossibilitados de ajudar, o próprio Lewis precisa bancar o feiticeiro
e derrotar Isaac Izard e sua esposa… é um final interessante e um
amadurecimento importantíssimo para Lewis, que assume a família que tem com
Jonathan e Florence, além de fazer amizades que
realmente importam.
Um filme
muito bonitinho, gostei!
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