“Love someone new”
Um belo
conto sobre o amor, a perda e o momento em que você tem que abrir o seu coração
e aprender a amar novas pessoas… “A Caminho da Lua” é uma animação
musical lançada pela Netflix, com algumas músicas bonitas e envolventes, um
hall de personagens carismáticos (com destaque, pelo menos para mim, a Chin e
Gobi) e uma animação bem viva e colorida, construindo todo um cenário muito bom
para contar a história de uma garota, Fei Fei, que alguns anos depois de perder
a mãe, vê o pai começando a se interessar por uma outra mulher… e,
inicialmente, ela não entende e não aceita, acha que é uma traição ao amor que
ele e a Ma Ma tinham, e é por isso que ela precisa entrar em uma jornada
mitológica até a lua, em busca de Chang’E, na esperança de que possa ensinar
algo para o pai – no fim, quem acaba aprendendo algo é ela mesma.
A introdução
do filme é uma graça, e me faz pensar um pouco em
“Up” – não por semelhanças na história, propriamente dita, mas pelo
conceito todo de algo bonito, feliz, que acaba com a morte de um ente querido.
A família nos é apresentada olhando para a lua no quintal de casa, em uma
conversa muito bonita na qual a Ma Ma conta a Fei Fei a história Chang’E, e eu
adoro como esses filmes conseguem trazer um pouco da cultura de seus países,
porque eu não conhecia Chang’E, a deusa chinesa da Lua… e a história é muito
bonita! Chang’E é uma mulher que vive na lua, depois de tomar uma poção da
imortalidade e perder o amor de sua vida, Houyi, que morreu aqui na Terra há
muito tempo – acredita-se que ela está lá em cima nesse exato momento,
esperando pela volta do seu grande amor… uma história trágica e romântica que
Fei Fei compara à de seus pais.
Porque, com
o passar dos anos ao som de
“Mooncakes”,
a mãe de Fei Fei adoece, morre e, quatro anos depois, Fei Fei já voltou a ser
uma garota alegre, cheia de ideias, até que ela é confrontada com uma nova
realidade:
uma namorada para seu pai; com
direito a um irmãozinho arteiro, Chin, que faz coisas como soltar um sapo na
cozinha e correr de cabeça contra uma parede, achando que pode transpô-la.
Fei Fei não quer nem saber do pai namorando outra pessoa, por isso planeja ir
até a lua (!), onde poderá encontrar Chang’E e provar para todo mundo que
ela é real, e talvez, então, o pai
se lembre de sua mãe e do amor que eles
sentiam um pelo outro, e desista dessa ideia. Eu gosto muito da determinação e
do início da jornada de Fei Fei, que só consegue, de fato, chegar até a lua
(levando consigo o irmãozinho entrão) com a ajuda da própria Chang’E.
Dali em
diante, parece que o filme muda drasticamente, o que me deixou até confuso em
relação às minhas opiniões, a princípio. Chang’E é representada de uma forma
bastante moderna, ao som de
“Ultraluminary”,
e o filme se enche de cores, de criaturas mitológicas, de bolinhas da lua que
falam, e uma caça ao tesouro que é uma condição d Chang’E: ele quer um
presente, mas
um presente em específico,
e só assim ela entregará a Fei Fei uma foto que elas tiraram, para que ela
possa provar ao pai que Chang’E existe – durante a jornada em busca do
misterioso e desconhecido presente, Fei Fei conhece Gobi, uma criaturinha fofa
e carismática, no melhor estilo
sidekick
de animação (sabe, o Burro Falante do
“Shrek”
ou o Olaf em
“Frozen”), que a ajuda,
a acompanha, canta uma música linda para ela (
“Wonderful”) e a ajuda a entender um pouco mais de Chang’E.
Toda essa
parte aventuresca e colorida chama a atenção visualmente e certamente terá um
apelo gigantesco para crianças – como a partida de pingue-pongue de Chin e
Chang’E ou o voo em sapos gigantes de Fei Fei e Gobi. Para a história do filme
e a beleza de sua mensagem, no entanto, importa o entendimento de Fei Fei, que
vem, afinal, com o entendimento da própria Chang’E de que
ela não poderia mais estar com Houyi. O presente que Chang’E
buscava era a metade de seu amuleto, que Fei Fei encontra no bolinho da lua que
a nova namorada do pai lhe dera, e isso permite que Chang’E reencontre o seu
amado. Depois de uma música emocionante (
“Yours
Forever”), no entanto, Chang’E percebe que Houyi não é material e ele
não poderá ficar, mas ele lhe diz algo
importante:
que ela precisa seguir em
frente… algo que ela não entende, no momento.
Depois de um
momento de profunda tristeza, tanto de Chang’E quanto de Fei Fei, que é bem
representado com as duas isoladas, abraçando os joelhos e chorando, em
silêncio, elas entendem o que Chin e Gobi representam, afinal… ao som de
“Love Someone New”, que é de longe A
MELHOR MÚSICA DO FILME, as duas ajudam a outra a entender o que é o amor e onde
ele está. Chang’E ajuda Fei Fei a entender que é hora de ela deixar a vida
seguir, e que se ela encontrar uma maneira de
dar amor, ela encontrará a família, e mesmo que não seja da mesma
forma que era antes, será sua família. Gosto, particularmente, da parte da
música que diz
“If you give love, you’ll
never lose love, it only grows more and more”, porque aceitar o namoro do
pai e o seu novo “irmãozinho” não significa desrespeitar a mãe ou esquecê-la:
ela sempre vai amá-la e, por mais que doa a
sua ausência, seu espírito sempre estará lá.
Isso não
significa, no entanto, que ela não possa amar
alguém novo…
O amor
sempre pode crescer… amor não se
substitui, se adiciona.
A sequência
é LINDÍSSIMA, certamente o momento mais emocionante do filme, e fiquei muito
feliz em ver o Chin fazendo de tudo para invadir aquele lugar, “sem barreiras”,
para salvar
a sua irmã – e o abraço
dos dois, quando ela finalmente entende e aceita esse amor. Da mesma maneira,
antes de ir embora, Fei Fei ajuda Chang’E a entender que ela passou esse tempo
todo fechada em si mesmo, esperando por Houyi, e ignorando o amor que estava
ali, bem na sua frente… o amor de Gobi e todas aquelas outras criaturinhas que
vivem na lua e que a amam
profundamente.
A mensagem é linda, e eu me emocionei com esse final, com o amadurecimento que
essa jornada trouxe tanto a Fei Fei quanto a Chang’E, e fiquei feliz de ver Fei
Fei no próximo Festival da Lua, com sua nova família – e, ainda assim, o
espírito da mãe continua lá, sempre com eles, e tem uma cena
linda de Fei Fei com o Ba Ba sobre isso!
Muito fofo o
filme! <3
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