A Última Carta de Amor (The Last Letter from Your Lover, 2021)

Amor através dos tempos.

Eu adoro uma boa história de romance… baseado no livro homônimo de Jojo Moyes, “A Última Carta de Amor” é a emocionante história de uma jornalista que, por acidente, descobre cartas de um amor clandestino vivido na década de 1960 – e então ela quer saber cada vez mais sobre isso. Gostei muito do ritmo do filme, que conseguiu equilibrar bem a história contada no presente com a narrativa de 1965, desenvolvendo dois casais em paralelo e fazendo com que nos apaixonássemos por cada um dos quatro protagonistas… Ellie Haworth é uma jornalista debochada e divertida; Nick é o divertidíssimo responsável pelos arquivos do jornal, que aparentemente adora um formulário online; Jennifer Stirling é uma mulher presa em um casamento infeliz que descobre o amor graças a um jornalista; e Anthony O’Hare é o tal jornalista charmoso.

É uma narrativa razoavelmente simples, que nos conquista pela química entre seus protagonistas e por pequenos mistérios que vamos desvendando ao longo do filme: como aconteceu o acidente de Jennifer, por exemplo, ou por que Jennifer e Anthony não puderam ficar juntos no passado… não li o livro de Jojo Moyes, e já ouvi dizer (oi, mãe!) que o livro talvez seja mais rico em detalhes e traz algumas coisas interessantes como vermos o Anthony no presente sem sabermos que é o Anthony – detalhes que o filme resolveu simplificar para que sua história coubesse em 110 minutos. O resultado é muito bonito, de qualquer modo, e eu adorei essa sensação de “2 em 1”, porque estamos acompanhando duas épocas diferentes, cada uma com suas peculiaridades, e dois casais que não necessariamente compartilham muitas semelhanças. Eles só se “aproximam” por causa das cartas.

Ellie descobre uma primeira carta de amor por acaso, enquanto mexe nos arquivos do jornal em busca de algo para uma matéria que está escrevendo sobre uma editora que morreu recentemente – e adoro o fato de fazermos uma série de teorias, como a ideia de que essa editora pudesse ser a própria Jennifer, por exemplo, porque o filme faz questão de nos informar que “ela morreu de velhice”, mas é apenas uma tentativa de guiar-nos na direção errada… depois dessa carta, que é uma carta de um homem anunciando que está indo embora para Nova York e chamando sua amada para deixar sua vida infeliz para trás e partir com ele, Ellie precisa saber mais sobre o que aconteceu no passado… e ela recebe a inesperada ajuda de Nick, o excêntrico (e absolutamente carismático) responsável pelos arquivos no jornal, que acaba se envolvendo nessa busca toda.

A maior parte do filme, no entanto, está no passado… temos a sensação de que passamos mais tempo lá e que o presente serve de apoio para aquela história – quando normalmente é o contrário que acontece. Voltamos para quando Jennifer conheceu Anthony, seu Boot, para quando as cartas foram escritas, e, particularmente, eu achei um belo desenvolvimento daquele romance… além de o Anthony ser mesmo encantador e despertar em Jenn coisas que ela nunca sentiu, o romance floresce com calma, e começa com passeios, conversas, risadas, até que eles se rendam ao calor da paixão, eventualmente, não sem antes um primeiro beijo extremamente romântico, marcado por uma carta, em uma cena lindíssima… então, Anthony chama Jennifer para ir embora com ele para Nova York, para começar uma nova vida, e nos perguntamos por que ela não foi.

É tão dramática e triste aquela cena do Anthony esperando por Jennifer na estação de trem até o último segundo, eventualmente acreditando que ela não quis ir embora com ele, mas a verdade é que Jennifer estava de mala pronta, correndo à estação, pronta para fugir, e ela acaba sofrendo um acidente, perdendo a memória e sendo convencida de que Anthony morreu. É aqui que o presente volta a ganhar força no filme, mas primordialmente para responder às perguntas que as cenas do passado deixaram. Ellie consegue localizar Jennifer, que não quer mais mexer nessa história do passado e, depois, o próprio Anthony. Anthony conta mais detalhes da história dele, conta sobre o reencontro em 1969, quando ele volta a convidar Jennifer para ir embora com ele, mas ela já tinha uma filha nessa época e ele entendeu que não podia continuar insistindo…

…que Jennifer tomara sua decisão.

O que ele nunca soube, é claro, e Ellie descobre ao finalmente conseguir conversar com Jennifer e devolver-lhe as cartas que encontrou no jornal, é que Jennifer realmente tentou fugir com ele no dia seguinte, o procurou, mas ele já tinha ido embora – foi uma série de desencontros que separaram esse casal por mais de 50 anos… que história triste, não? Agora, no entanto, Ellie e Nick acham que eles precisam reuni-los – afinal de contas, nunca foi a falta de amor que os afastou, e nenhum dos dois sabe a história completa: ele não sabe que ela o procurou depois daquele encontro em 1969, por exemplo! Gosto muito de ver Ellie e Nick trabalhando juntos, e eles protagonizam algumas das cenas mais fofas do filme, como quando ela liga para ele, embaixo da chuva, e o está esperando do lado de fora da casa dele, e eles selam o romance com um beijo na chuva…

O que é bem cena de filme romântico mesmo.

Fiquei com a sensação de que eu gostaria de ter acompanhado mais de Ellie e Nick, porque apesar de serem extremamente fofos, o filme não foi sobre eles, no fim das contas, e eu sinto que ambos os personagens ainda tinham muito a oferecer – e se o livro tinha mais detalhes a serem adaptados, talvez fosse uma história que ficaria incrível em uma minissérie de, sei lá, uns 6 episódios… de todo modo, fico feliz por Ellie e Nick se encontrarem graças a toda essa história de “cartas de amor”, e achei lindo como eles participaram da história de Jennifer e Anthony, incentivando esse reencontro… Anthony escreve, no presente, uma última carta de amor, marcando novamente um encontro com Jennifer, no mesmo lugar onde eles se beijaram pela primeira vez – e por alguns segundos angustiantes, parece que Jennifer não vai chegar, mas ela chega, ela está lá… é lindo e emocionante ver o reencontro de Jennifer e Anthony naquele parque, e a felicidade de Ellie e Nick do lado de fora, por terem tornado aquilo real.

Muito bonito o filme!

 

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