Lost 1x05 – White Rabbit

“If we can’t live together, we’re going to die alone”

Um episódio praticamente perfeito – e eu adoro como “Lost” consegue continuar se superando. É um início de temporada excelente que nos prende, fazendo com que nos importemos com os sobreviventes e com como vão viver enquanto estiverem na ilha (esse episódio traz todo o tema da escassez de água, que movimenta o acampamento e gera ótimas histórias), mas que também ansiemos pelo próximo flashback, pelo próximo personagem que vamos conhecer – e existe muito a se saber sobre cada um deles. “White Rabbit”, exibido em 20 de outubro de 2004, é um episódio centrado em Jack, seguindo o plot brevemente iniciado no episódio passado, quando Jack começou a ver um homem vestido de preto… uma visão que aparentemente só ele estava tendo. Os flashbacks desse episódio nos contam que esse homem é o pai de Jack, e o que aconteceu com ele.

O episódio começa com uma mulher se afogando no mar e Jack pulando para salvá-la, mas se deparando com o Boone também quase se afogando no meio do caminho, depois de ter tentado salvar a mulher e não ter conseguido… Jack, no seu contínuo senso de herói, acaba salvando Boone, levando-o de volta para a margem, mas quando ele tenta voltar para salvar a mulher no mar, ele não consegue – e isso pesa muito para ele, e é uma história que se conecta aos primeiros flashbacks que vemos de Jack, ainda na infância dele, quando o pai parece extremamente duro ao falar sobre fracasso e ser capaz de viver com isso, mas, no fim, ele acaba fazendo sentido – Jack tem a tendência a “bancar o herói” e “querer salvar todo mundo”, o que o torna um excelente médico e alguém muito útil na ilha, mas o quanto isso não o está consumindo?

Assim, Jack está irritadiço e querendo se livrar do cargo de liderança que em parte ele clamou para si e em parte lhe foi imposto… quando Jack sai para o meio da mata “seguindo seu coelho branco”, o pessoal da praia precisa encontrar uma maneira de se virar sem ele. Claire acaba passando mal, e Jack não está ali para ajudá-la, mas isso não é o pior – o pior é que a água, que já estava escassa, acaba desaparecendo, e isso gera todo um clima estranhíssimo no acampamento. A dinâmica é interessante e as cenas são incríveis, passando pelo Charlie sendo companhia para a Claire, o Jin conseguindo água para a Sun com o Sawyer, e o Sayid e a Kate acusando o Sawyer de ser quem roubou a água, o que, no fim, acaba não sendo verdade. Em parte, sabendo o que vem a seguir, essas pequenas cenas dos personagens em quem o episódio “não” é centrado parecem ainda mais incríveis.

A série consegue prender o público e fazer com que nos importemos com eles mesmo em pequenos momentos, mesmo quando os flashbacks ainda não apresentaram as profundidades de cada um deles…

QUE SÉRIE!!!

A jornada de Jack tem vários momentos interessantíssimos… perseguindo a imagem do seu pai que ele está vendo na floresta, Jack passa por alguns apertos, como quando ele cai de um penhasco, fica pendurado e é ajudado por Locke – Locke tem poucas cenas nesse episódio, e é impressionante como ele parece ainda mais misterioso agora que tivemos um episódio voltado a ele na semana anterior! É legal ver o Locke salvando o Jack, e a risada do Jack que, de certa maneira, causa uma agonia, porque ele não está rindo de alegria… não tem um pingo de alegria ali. Em paralelo, os flashbacks nos mostram a mãe de Jack pedindo que ele vá até a Austrália (!) para “buscar o pai”, e também descobrimos que Jack não fala com o pai há pelo menos dois meses… os detalhes do que aconteceu entre eles para que deixassem de se falar, no entanto, fica para outro episódio ainda nessa temporada.

No fim, o episódio caminha para um caminho mais sombrio e triste, tornando esse um dos episódios mais melancólicos e mais pesados desse início de temporada – mas é, certamente, um dos melhores episódios na história da série, porque além de ser brilhantemente dirigido e interpretado, a história é muito bem guiada, e os flashbacks utilizados com perfeição, dando cada vez mais profundidade ao que estamos vendo na ilha… eventualmente, descobrimos que o pai de Jack, Christian, morreu em Sydney, e é por isso que ele estava tão certo de que o homem que ele estava vendo não podia ser o seu pai. Duas cenas de Jack no passado são particularmente dolorosas: a primeira quando ele vai reconhecer o corpo do pai e chora (em paralelo a ele chorando no presente), e a segunda quando ele está brigando no aeroporto para que o deixem levar o corpo do pai embora para dar um funeral digno a ele…

A conclusão do episódio é de arrepiar. Jack, em sua constante perseguição ao seu “coelho branco”, acaba chegando a uma fonte de água fresca que vai salvar a vida dos sobreviventes. De quebra, ele também encontra o caixão do pai, mas ele está vazio, o que, acredito, o impede de ter uma sensação de fechamento completa, mas toda a jornada é importante e o amadurece, tanto que ele retorna com nova vida para o acampamento no fim da noite, a tempo de impedir que Boone seja linchado por ter sido ele quem roubou as águas… ali, JACK ASSUME A LIDERANÇA OFICIALMENTE, em um discurso lindíssimo sobre como eles não podem se voltar uns contra os outros, sobre como eles eram desconhecidos há uma semana, mas agora estão ali e precisam sobreviver, e só vão conseguir isso se eles se dividirem e se ajudarem – é a primeira vez que ouvimos em “Lost” o famoso “se não conseguirmos viver juntos, morreremos sozinhos”.

“Lost” segue impecável, todos esses anos depois. Um episódio perfeito.

 

Para mais postagens de Lost, clique aqui.

 

Comentários