“If we
can’t live together, we’re going to die alone”
Um episódio
praticamente
perfeito – e eu adoro
como
“Lost” consegue continuar se
superando. É um início de temporada excelente que nos prende, fazendo com que
nos importemos com os sobreviventes e com como vão viver enquanto estiverem na
ilha (esse episódio traz todo o tema da escassez de água, que movimenta o acampamento
e gera ótimas histórias), mas que também ansiemos pelo próximo
flashback, pelo próximo personagem que
vamos conhecer – e existe muito a se saber sobre cada um deles.
“White Rabbit”, exibido em 20 de
outubro de 2004, é um episódio centrado em Jack, seguindo o
plot brevemente iniciado no episódio
passado, quando Jack começou a ver um homem vestido de preto…
uma visão que aparentemente só ele estava
tendo. Os
flashbacks desse
episódio nos contam que esse homem é o pai de Jack, e o que aconteceu com ele.
O episódio
começa com uma mulher se afogando no mar e Jack pulando para salvá-la, mas se
deparando com o Boone também quase se afogando no meio do caminho, depois de
ter tentado salvar a mulher e não ter conseguido… Jack, no seu contínuo
senso de herói, acaba salvando Boone,
levando-o de volta para a margem, mas quando ele tenta voltar para salvar a
mulher no mar, ele não consegue – e isso pesa muito para ele, e é uma história
que se conecta aos primeiros
flashbacks
que vemos de Jack, ainda na infância dele, quando o pai parece extremamente
duro ao falar sobre fracasso e ser capaz de viver com isso, mas, no fim, ele
acaba
fazendo sentido – Jack tem a
tendência a “bancar o herói” e “querer salvar todo mundo”, o que o torna um
excelente médico e alguém
muito útil
na ilha, mas o quanto isso não o está consumindo?
Assim, Jack
está irritadiço e querendo se livrar do cargo de liderança que em parte ele
clamou para si e em parte lhe foi imposto… quando Jack sai para o meio da mata
“seguindo seu coelho branco”, o pessoal da praia precisa encontrar uma maneira
de se virar sem ele. Claire acaba passando mal, e Jack não está ali para
ajudá-la, mas isso não é o pior – o pior é que a água, que já estava escassa,
acaba desaparecendo, e isso gera todo um clima estranhíssimo no acampamento. A
dinâmica é interessante e as cenas são incríveis, passando pelo Charlie sendo
companhia para a Claire, o Jin conseguindo água para a Sun com o Sawyer, e o
Sayid e a Kate acusando o Sawyer de ser quem roubou a água, o que, no fim, acaba
não sendo verdade. Em parte, sabendo o que vem a seguir, essas pequenas cenas
dos personagens em quem o episódio “não” é centrado
parecem ainda mais incríveis.
A série
consegue prender o público e fazer com que nos importemos com eles mesmo em
pequenos momentos, mesmo quando os flashbacks
ainda não apresentaram as profundidades de cada um deles…
QUE SÉRIE!!!
A jornada de
Jack tem vários momentos interessantíssimos… perseguindo a imagem do seu pai
que ele está vendo na floresta, Jack passa por alguns apertos, como quando ele
cai de um penhasco, fica pendurado e é ajudado por Locke – Locke tem poucas
cenas nesse episódio, e é impressionante como ele parece
ainda mais misterioso agora que tivemos um episódio voltado a ele
na semana anterior! É legal ver o Locke salvando o Jack, e a risada do Jack
que, de certa maneira, causa uma agonia, porque ele não está rindo de
alegria… não tem um pingo de alegria
ali. Em paralelo, os
flashbacks nos
mostram a mãe de Jack pedindo que ele vá até a Austrália (!) para “buscar o
pai”, e também descobrimos que Jack não fala com o pai há pelo menos dois
meses…
os detalhes do que aconteceu entre
eles para que deixassem de se falar, no entanto, fica para outro episódio ainda
nessa temporada.
No fim, o
episódio caminha para um caminho mais sombrio e triste, tornando esse um dos
episódios mais melancólicos e mais
pesados
desse início de temporada – mas é, certamente, um dos melhores episódios
na história da série, porque além de ser
brilhantemente dirigido e interpretado, a história é muito bem guiada, e os
flashbacks utilizados com perfeição,
dando cada vez mais profundidade ao que estamos vendo na ilha… eventualmente,
descobrimos que o pai de Jack, Christian,
morreu
em Sydney, e é por isso que ele estava tão certo de que
o homem que ele estava vendo não podia ser o
seu pai. Duas cenas de Jack no passado são particularmente dolorosas: a
primeira quando ele vai reconhecer o corpo do pai e chora (em paralelo a ele
chorando no presente), e a segunda quando ele está brigando no aeroporto para
que o deixem levar o corpo do pai embora para dar um funeral digno a ele…
A conclusão
do episódio é de arrepiar. Jack, em sua constante perseguição ao seu “coelho
branco”, acaba chegando a uma fonte de água fresca que vai salvar a vida dos
sobreviventes. De quebra, ele também encontra o caixão do pai,
mas ele está vazio, o que, acredito, o
impede de ter uma sensação de
fechamento
completa, mas toda a jornada é importante e o amadurece, tanto que ele retorna
com nova vida para o acampamento no fim
da noite, a tempo de impedir que Boone seja linchado por ter sido ele quem
roubou as águas… ali, JACK ASSUME A LIDERANÇA OFICIALMENTE, em um discurso
lindíssimo sobre como eles não podem se voltar uns contra os outros, sobre como
eles eram desconhecidos há uma semana, mas agora estão ali e precisam
sobreviver, e só vão conseguir isso se eles se dividirem e se ajudarem – é a
primeira vez que ouvimos em
“Lost” o
famoso
“se não conseguirmos viver juntos,
morreremos sozinhos”.
“Lost” segue impecável, todos esses anos
depois. Um episódio perfeito.
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