NEWSIES: The Musical
“The World will know!”
Depois de
assistir ao musical, fui ler um pouquinho mais sobre a história e fiquei
surpreso ao descobrir que “Newsies”
tem o pezinho em um evento histórico real, que foi a greve dos jornaleiros de
Nova York em 1899. A história construída em cima desse pano de fundo histórico,
acompanhando o jovem Jack Kelly iniciando uma espécie de sindicato e lutando
contra um sistema opressor, foi lançada em um filme musical da Disney em 1992,
que no Brasil foi chamado de “Extra!
Extra!”. O filme ganhou uma adaptação para musical, que estreou na Broadway
em 2012. Eu sou apaixonado por musicais, e “Newsies”
é uma experiência lindíssima, repleta de vida, emoção, romance e luta, tudo
embalado por ótimas músicas e por números musicais de tirar o fôlego. Mais um musical da Disney que faz sucesso nos
palcos, ao lado de musicais como “O Rei
Leão” ou “A Bela e a Fera”.
O musical é
um verdadeiro espetáculo – e, enquanto assistia, tudo o que eu queria era estar
naquela plateia, podendo vibrar a cada número impecável, mas é impressionante
como a filmagem consegue transmitir parte dessa emoção, que nunca se igualará à
sensação de estar ao vivo em um teatro, mas que ainda assim nos toca. “Newsies” é grandioso. Com um elenco
grande, bonito e talentoso, figurinos lindos, estruturas físicas imensas e
muita coreografia, o musical transborda energia e nos deixa fissurados a cada
momento. Enquanto assistia, apaixonado a cada instante, eu não pude deixar de
pensar em outros musicais, como em “Mary
Poppins” e as coreografias dos limpadores de chaminés, ou “West Side Story”, que também é repleto
de dança – no entanto, “Billy Elliot”
(um dos meus musicais favoritos!) foi o que me acompanhou durante todo “Newsies”.
O elenco
original da Broadway (e a versão filmada lançada oficialmente) conta com Jeremy
Jordan (crush desde “Smash”) no papel principal, como o
jovem Jack Kelly, um rapaz de 17 anos que mora na rua e vende jornais para
sobreviver; ao seu lado, temos o sempre fofo e carismático Andrew Keenan-Bolger
(adoro ele interpretando “History of
Wrong Guys” no Broadway Backwards) como Crutchie (legendado como
“Bengalinha”), o melhor amigo de Jack que divide
uma “cobertura” com ele; outros nomes importantes do elenco são Ben
Fankhauser, interpretando Davey Jacobs, um rapaz que se junta aos jornaleiros
para poder trazer dinheiro para a família depois de o pai perder o emprego, e
Kara Lindsay, interpretando Katherine Plumber, uma jornalista que eventualmente
acaba se juntando aos jornaleiros e dando-lhes voz na imprensa.
A história é
um máximo! Mostra a união e a determinação de uma classe oprimida, e a força
que eles conquistam uma vez que se unem. Começamos acompanhando um grupo de
adolescentes órfãos que moram na rua e trabalham vendendo os grandes jornais da
cidade em troca de alguns centavos que lhe garantam o que comer naquele dia… e
esse dia-a-dia dos jornaleiros entregando notícias rende um dos melhores
números de abertura de um musical já visto na Broadway: “Carrying the Banner” é de arrepiar, e mostra a que “Newsies” veio! Liderados por Jack
Kelly, o grupo de jornaleiros faz de tudo para vender jornais – com a queda nas
vendas, no entanto, o “The World”, o jornal para o qual trabalham, resolve
aumentar os preços para os jornaleiros, passando a cobrar 60 centavos por 100
jornais ao invés de 50, como era até então… eles
vão ter que trabalhar muito mais para conseguir tirar o mesmo dinheiro de
antes.
E eles mal conseguiam dinheiro para comer
antes!
É aqui que o
jogo começa a virar, e eu adoro como a ideia de “Newsies” é a de jornaleiros que passam de entregar jornais a virar
notícia. E é interessante como cada um tem uma função nessa revolução que está nascendo… para deter
o abuso do ganancioso Joseph Pulitzer e inspirados pela greve dos bondes que já
dura três semanas, Jack Kelly decide
que eles também podem fazer algo parecido, e mostrar que eles não vão abaixar a
cabeça e aceitar essa decisão arbitrária e prejudicial sem mais nem menos.
Gosto de como Jack Kelly é intenso e determinado, e de como todos confiam nele
e o escutam, mas também adoro como Davey Jacobs é importante para estruturar o
que quer que eles estejam começando agora: eles precisam se unir, eles precisam
fazer protestos, eles precisam ser ouvidos, porque se eles apenas pararem de
entregar jornais, eles serão substituídos por alguém que faça o serviço pelo
novo preço.
O musical
faz uma alegoria à história de Davi e Golias, porque eles são apenas adolescentes
até então sem voz tentando derrubar um grande magnata, um dos homens mais
poderosos da cidade, e realmente parece algo quase impossível inicialmente…
eles não têm grande adesão à greve, e outros rapazes não demoram para começar a
assumir seus postos, então Jack Kelly precisa convencê-los a se unir a eles… e
é bonito como isso vai acontecendo lentamente, e como Katherine Plumber, na
tentativa incessante de deixar as colunas sociais do jornal para cobrir
matérias que julga mais relevantes, acaba se juntando a eles e dando-lhes voz,
fazendo com que eles sejam vistos e
ouvidos pela primeira vez. É
emocionante quando Katherine os coloca na primeira página do jornal, com uma
manchete que chama a atenção: “NEWSIES STOP THE WORLD”.
“Newsies” é intenso, e o encerramento do
primeiro ato é doloroso de se assistir, quando eles parecem dar um passo
adiante, mas acabam sendo massacrados pela polícia, com o Bengalinha sendo
levado para o Reformatório, enquanto os demais conseguem escapar. Ali, Jack
Kelly se pergunta se realmente eles têm condições de vencer essa batalha, e o
segundo ato mostra que sim, no fim das contas. Jack chega a fazer um acordo com
Pulitzer, mas não tem coragem de trair os seus amigos que contam com ele, e
então eles usam uma prensa antiga no porão do próprio The World, o jornal de
Pulitzer, para imprimir panfletos, para convocar mais pessoas para a luta, para
dar início a uma greve geral que para
a cidade em 1899, chama a atenção do Governador Roosevelt, e consegue para os
jornaleiros as condições dignas de trabalho que estavam buscando.
No meio
disso tudo, o musical ainda encaixa um romance muito fofo entre Jack Kelly e
Katherine Plumber, uma garota que ele conhece na rua no início do musical,
enquanto vende jornais, reencontra mais tarde no teatro de Medda Larkin, e que
acaba se revelando filha de Joseph
Pulitzer mais tarde, depois de já ter se tornado a única repórter disposta
a ajudar os jornaleiros a ter voz. O romance é bonito em todos seus estágios:
nos estágios iniciais de provocações e flertes; na construção e no
amadurecimento proporcionado pelo conflito de quem Katherine é e não contou
ser; e na conclusão, quando eles se acertam. Inclusive, é um máximo como ela o
segue para se explicar e para dizer que, embora tenha omitido uma informação,
nunca mentiu para ele, e quando eles parecem prestes a brigar, ela o beija e as
coisas ficam bem durante “Somethins to
Believe In”.
Uma ótima
música, por sinal.
Falando em
músicas e números musicais, “Newsies”
dá um show! Além das já comentadas coreografias elaboradas e brilhantemente
sincronizadas, musicalmente o show é incrível. Amo “Carrying the Banner”, que é a apresentação dos jornaleiros e de
toda essa energia repleta de saltos, sorrisos e beleza. Também amo “King of New York”, no início do segundo
ato, trazendo uma sequência de sapateado que eu adoro, “Letter from the Refuge”, uma cena que não estava presente
originalmente na Broadway e que é um dos momentos mais fofos do musical (incrível
como Andrew consegue ser engraçado e triste ao mesmo tempo), todas as versões
de “Seize the Day”, mas a minha
favorita, de longe, é “The World Will
Know”, porque eu acho que essa música tem uma força impressionante e fala
muito sobre o que “Newsies” é afinal:
um musical poderoso e belo!
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