Turma da Mônica Jovem (2ª Série, Edição Nº 48) – Desafio Dimensional

O duelo do Cebola!

No melhor estilo “Yu-Gi-Oh!”, “Desafio Dimensional” é outra edição que eu adorei na “Turma da Mônica Jovem” – e eu estou muito feliz de poder estar dizendo isso recentemente! A edição é divertida, repleta de ação, tem traços incríveis, além de um constante clima de nostalgia repleto de referências que nos remontam não apenas a ótimas histórias da Primeira Série da revista, mas à primeira história mesmo, “Quatro Dimensões Mágicas”. Algumas “brincadeiras” do roteiro, inclusive, parecem dicas que estavam sendo plantadas a respeito de um possível reboot de “Turma da Mônica Jovem” – afinal de contas, estávamos a poucos meses do relançamento da revista para a 3ª Série, embora na época ainda não tivéssemos noção disso… “Desafio Dimensional” empolga, traz o Cebola em evidência, um pouco de mistério, muita aventura…

Amei!

A edição começa com o Cebola indo à loja de games para buscar um jogo de videogame pelo qual está esperando há muito tempo, mas ele descobre que o jogo já se esgotou e ele terá que retornar na semana seguinte – essa visita, no entanto, o leva de volta a um jogo chamado “Lendas Dimensionais”, e o seu ego imenso o faz desafiar Cleiton, um garoto misterioso e com o cabelo de duas cores (olha aí a referência, hein?) que está vencendo todo mundo no Lendas Dimensionais. O problema é que faz muito tempo que o Cebola não joga o jogo, ou então Cleiton é realmente muito bom… o fato é que o Cebola acaba perdendo depois de pouquíssimos minutos de partida, e ele decide que precisa de uma revanche: na próxima sexta-feira. Até lá, o Cebola se torna obcecado pelo jogo, treinando dia e noite com o Cascão, e não pensando em absolutamente mais nada…

Enquanto o Cebola treina incessantemente e se torna obcecado (de volta às raízes do Cebolinha, e a Mônica tem uma conversa até que bem legal com ele sobre isso), as pessoas começam a desaparecer do Limoeiro – e não é muito difícil sacar que isso tem algo a ver com o tal jogo de cartas. Eu gosto de como a edição não é uma grande lição de moral, como a sinopse pode sugerir, e como o jogo de cartas propriamente dito não é tratado como o “vilão” da história. A Mônica chega a falar sobre como não tem nenhum problema em o Cebola querer jogar com os amigos, em como é legal se divertir e tudo o mais… o problema é como o Cebola se comporta com essas coisas e como ele não parece encarar as coisas com olhos de diversão… ele só fala de vencer, por exemplo, e Mônica teme que, se ele for derrotado novamente, ele entre em uma revanche eterna contra o garoto.

Cebola só se distrai um pouco de seu treinamento obsessivo quando muitas pessoas próximas desaparecem… primeiro é o Xaveco, que passa a semana toda sem aparecer na escola; depois, também desaparecem o Jeremias, o Cascão, o Nimbus… e a Mônica. No dia da grande revanche, Cleiton aparece na escola já de manhã desafiando o Cebola e revelando que ele é a causa dos desaparecimentos: ele tem sequestrado pessoas do Bairro do Limoeiro. Agora, o Cebola é levado para uma outra dimensão na qual descobrimos que Cleiton é, na verdade, Dimas, que veio diretamente da Dimensão Mágica TCHALU – uma das Quatro Dimensões Mágicas que os jovens visitaram lá no início da “Turma da Mônica Jovem” (início mesmo, edições 1 a 4 da Primeira Série), quando enfrentaram a Yuka. Dimas desafia Cebola para um duelo… um duelo que vale tudo.

Os desenhos e o conceito da batalha de Dimas e Cebola nessa outra dimensão são incríveis. A ideia é um jogo de cartas no estilo “Yu-Gi-Oh!”, e em que os protagonistas são os personagens da “Turma da Mônica Jovem”. Os amigos de Cebola foram transformados em cartas e, consequentemente, nos guerreiros que ele terá que usar em sua luta, e ele precisa vencer a batalha para salvar os amigos; se perder, Dimas anuncia: “Tudo o que vocês viveram desde que foram para as Dimensões Mágicas será apagado das suas memórias com o meu Fusi”. É um tanto radical e tudo o mais, mas eu acho que era o roteiro já querendo dar dicas desse possível reinício da “Turma da Mônica Jovem”… talvez eles ainda não tivessem certeza de como iam fazer isso nessa época, talvez ainda fosse uma ideia em construção? De qualquer maneira, as sementes estavam ali…

E eles sabiam que teriam que voltar aos primórdios da revista!

Toda a batalha é repleta de nostalgia! Os amigos de Cebola são os guerreiros que ele usa, e quando eles são trazidos para o campo de batalha, eles estão usando os visuais de momentos que os marcaram, o que eu acho uma ideia muito legal. A Marina, por exemplo, vem com o vestido de sua festa de 15 anos que ela usou lá na 1ª Série da revista, e o Cebola faz de tudo para usar as características e habilidades de seus amigos para ajudar a vencer Dimas: seja o poder de desenhar de Marina ou a mágica de Nimbus, por exemplo. Enquanto os guerreiros de Cebola são Xaveco, Denise, Jerê, o Do Contra, os guerreiros de Dimas são vilões que a turma precisou enfrentar ao longo dessas mais de 140 edições, como o Doutor Bikkuri, a Bruxa Viviane, o Doutor Olimpo, a Cabeleira Negra… temos até o Capitão Feio se transformando no Poeira Negra…

A conclusão da história também é interessante, e os guerreiros mais poderosos do Cebola, como não podia deixar de ser, são Magali, Cascão e Mônica, que chegam ao tabuleiro nos visuais que usaram lá na primeira história da revista, “Quatro Dimensões Mágicas”. E É UM MÁXIMO. Cebola precisa fazer umas acrobacias e umas “manobras” inesperadas para vencer Dimas, mas ele consegue, com um plano infalível que, dessa vez, é realmente infalível. “Desafio Dimensional” parece ouvir um pouco dos fãs da “Turma da Mônica Jovem” que pedia por histórias de aventura, por grandes batalhas, por dimensões paralelas, e abusa da nostalgia enchendo a edição de referências a momentos icônicos que amamos lá na 1ª Série da revista, e parece já começar a preparar o terreno para um reboot… é a típica edição que poderia ter sido dividida em duas e se tornado uma saga.

Seria algo bem interessante de se acompanhar!

 

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