Vovó Saiu do Armário (Salir del Ropero, 2019)

O que importa é ser feliz!

Eu me diverti bastante e me apaixonei pela fofura de Célia e Sofía! “Vovó Saiu da Armário” é um filme de 2019 que chegou à Netflix agora, em 2021, e que conta a história de duas senhoras na casa dos 70 anos que sempre foram apaixonadas uma pela outra e que estão vivendo juntas há alguns anos, mas que querem oficializar esse amor… elas querem se casar e querem que todo mundo saiba o quanto elas se amam. Para isso, elas terão que ter coragem de “sair do guarda-roupa” (Célia inventa que “sair do armário” é para homens e “sair do guarda-roupa” é para mulheres, e é uma piada gostosinha e fofa durante o filme), enfrentar a família e elas estão mais dispostas a fazer isso, porque elas estão velhas demais para se importar com o que os outros pensam… tudo o que elas querem é ser feliz, e essa é a alma do filme, o que o guia de forma tão bonita.

Não é um filme melancólico, triste ou mesmo sério… ele é uma constante piada que me divertiu bastante! Os personagens são carismáticos, e é impossível não torcer por aquelas velhinhas tão felizes, apaixonadas e determinadas… também é bacana como o filme traz a religião de uma forma leve: não é um grande protesto, e tampouco é debochado. Na verdade, Célia sempre foi muito religiosa e ela está motivada com o casamento desde um pronunciamento (real) do Papa Francisco a respeito de que ele não é ninguém para julgar pessoas LGBT que busquem a Deus… Deus as fez assim e as ama. O discurso do Papa é trazido à tona em alguns momentos importantes do filme o que, de certa maneira, dá uma esperança não apenas a Célia, mas a toda a comunidade LGBT que por ventura seja religiosa – há muito preconceito a ser quebrado, muitíssimo, mas essa é uma fala importante do Papa.

O principal empecilho para o casamento vem de Eva, neta de Sofía, que está prestes a se casar com um escocês de uma família extremamente conservadora que ela acha que nunca vai aceitar o fato de ela ter uma avó lésbica. Assim, de maneira egoísta, ela está disposta a convencer a avó a não se casar, tendo a audácia de dizer que “a avó está sendo egoísta porque não pensa no quanto isso vai arruinar a sua vida”. Eva precisa urgentemente ser desconstruída, mas é uma boa visão do preconceito, que muitas vezes vem parcialmente velado num discurso parecido com “Tenho até amigos que são, mas…”. Além de tudo, Eva está se casando por puro interesse, em busca do que chama de “estabilidade”, e então acaba conhecendo o filho de Célia, Jorge, um antigo amigo de infância com quem ela acaba se reconectando e ele a ajuda a perceber umas coisas.

As cenas de Eva e Jorge são típicas de uma comédia romântica hollywoodiana, embora numa direção diferente por não se tratar, no fim, de um filme hollywoodiano, e muitos criticaram o fato de o filme, no fim, centrar em romance hétero… é uma crítica válida, mas que não necessariamente se sustenta quando assistimos ao filme, porque o romance de Célia e Sofía está lá e já está estabelecido, enquanto elas lutam pelo direito de se casarem, e elas são, sim, o foco desse filme, no fim. Eva é a personagem preconceituosa que não sabe que é preconceituosa e que precisa entender que o que importa na vida é ser feliz… e isso diz respeito tanto à sua avó quanto a ela mesma, que acaba deixando o relacionamento com o escocês para viver o que quer viver de verdade, que é um romance com Jorge. E, assim, ela acaba apoiando o casamento de Célia e Sofía.

Eu amei o filme. Eu acho que, com muito bom-humor, o filme apresenta um casal lésbico apaixonante, em busca da felicidade, e ainda trata assuntos delicados como o preconceito e a religião sem tornar o clima desnecessariamente pesado… é um filme leve, com bastante sol e um final romântico e repleto de esperança. É lindo ver Célia e Sofía passarem por tudo o que passam, mas se casarem no final, realizando o sonho da vida delas, em uma cerimônia pequena celebrada pelo padre da cidade, mas não na condição de padre, mas de vereador – é um casamento civil fofo, repleto de amor e que reconforta nossos corações. É triste que elas tenham passado uma vida inteira querendo assumir esse amor e não terem podido, o que me partiu o coração em alguns momentos (como quando Sofía conta a história delas para a filha), mas que bom que elas foram felizes e se casaram.

Felicidade a Sofía e Célia!

 

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