Young Royals 1x04

“Eu gosto muito de você. E isso é de verdade”

É agora que as coisas desandam, né? Mas eu me permiti curtir esse último episódio em que Wilhelm e Simon estavam o cúmulo da fofura e do amor. É um episódio intenso e pesado, seguindo os acontecimentos do fim do episódio anterior, mas é tudo feito com uma sensibilidade incrível, concedendo beleza a um momento doloroso da vida de Wilhelm, o mais novo Príncipe Herdeiro da Suécia. Com a morte do irmão mais velho, Erik, Wilhelm é o sucessor ao trono, e várias responsabilidades, algumas ridículas, recaem sobre ele – ele tem que “dar orgulho” ao país, por exemplo, e sequência à linhagem de sua família. Assim, mesmo depois daquele momento lindo em que Simon canta com o coral no memorial organizado na escola para Erik, Wilhelm vai até ele e diz que “ele não pode continuar fazendo isso”. E pede que apague as mensagens dele.

Foi profundamente doloroso… eu queria proteger o Simon de todo mal, e ali eu vi que o coração dele estava se partindo – mas é claro que daria muito trabalho se apaixonar por um príncipe. O episódio trabalha com a dor de Wilhelm, então, e com o peso da responsabilidade que ele nunca quis, enquanto acompanhamos outras tramas, como a do namoro de August com Felice (um desastre, sinceramente), ou o Simon em sua busca eterna para conseguir que August lhe pague o dinheiro que ele deve. E, então, ele talvez esteja prestes a se afundar mais nessa trama toda quando vai à casa do pai, para pedir que ele não mande mensagens para Sara, e o encontra bêbado e desmaiado. Simon aproveita e pega mais remédios de sua gaveta e os entrega para August, dizendo que ele vai precisar vendê-los para pagar o que lhe deve… ou então conta para todo mundo que ele está falido.

Amo o Simon tomando atitude!

Mas, infelizmente, essa ameaça deve voltar contra ele.

Wilhelm é convidado para uma festa em uma espécie de sociedade secreta que reúne filhos de famílias reais sob um juramento de lealdade e de proteção às famílias reais, e é toda uma sequência estranha que causa uma série de sentimentos em Wilhelm… em uma das cenas mais fortes e mais interessantes do episódio, Wilhelm conversa com August e fala sobre a morte do irmão, sobre como ele o provocava e sobre como ele não queria estar ali, como ele sente que “ainda vai estragar tudo”. E “Young Royals” representa muito bem a dor de Wilhelm, os seus sentimentos confusos que envolvem o que ele sente em relação à morte do irmão e, também, o que ele sente em relação a Simon… não foi fácil para ele se afastar, dizer a Simon que ele devia apagar as suas mensagens, deletar o seu contato do telefone, e lembrar-se de tudo o que eles viveram…

E quando Wilhelm acaba provando um remédio que o deixa loucão durante a “festa”, isso tudo parece vir à tona… os seus sentimentos reais, além da agenda real, quem ele realmente é e o que realmente quer fazer. Ele está sozinho no campus da escola, andando pelo campo de futebol, provando a terra e percebendo que tudo é de mentira, e aqui temos uma das cenas mais íntimas e mais belas de “Young Royals”. Primeiro, a sequência de Wilhelm, que quer dizer demais… depois, o momento em que ele liga para Simon de madrugada (ele sabia o número de cor, pelo jeito) e Simon consegue perceber como ele não está bem, mas a droga em seu corpo lhe tirou qualquer filtro, e então ele diz o que realmente quer dizer: que tudo é de mentira, que as pessoas são de mentira, mas que ele gosta de Simon, que ele gosta muito de Simon… e isso é de verdade.

O fato de Simon não pensar nem por um segundo antes de se levantar, pegar sua bicicleta e ir até o campo de futebol é perfeito. Ele está ali sem qualquer intenção, ele está lá, conscientemente ou não, sabendo que ele ainda vai se machucar, mas Wilhelm precisava dele e ele queria estar lá, mesmo que Wilhelm não tivesse pedido. A maneira como ele encontra Wilhelm no chão do campo de futebol e o ajuda a se levantar, como Wilhelm fica surpreso por ele ter vindo e toca seu rosto, o agradecendo, e a maneira fofa como Simon o leva de volta para o dormitório e o coloca para dormir. E dorme próximo a ele, como se velasse seu sono, e se prepara para ir embora na manhã seguinte. Antes que Simon possa ir embora, no entanto, o Príncipe Wilhelm pede que ele fique até que ele pegue no sono novamente… e pede que ele o abrace.

Novamente, é uma cena muitíssimo bem-feita de “Young Royals” que precisa ser elogiada. A química dos rapazes é inigualável, real, palpável, e assim como no toque das mãos ou no primeiro beijo, no segundo episódio, sentimos cada momento daquela interação, e isso nos remete a experiências próprias… fiquei olhando para o Wilhelm abraçando o Simon, pensando na maneira como ele devia estar sentindo o cheiro do seu cabelo, do seu pescoço, e esse é um daqueles momentos em que as terminações nervosas do nosso corpo se eriçam – o momento em que parece que sentimos cada milímetro do nosso corpo que está tocando o corpo do outro. Muito mais do que sexual, é um momento de intimidade que vai muito além do físico… é algo profundo, sensível e belo. E os atores entregam isso em todos os detalhes, como os dedos das mãos se entrelaçando.

E então eles se entregam… Simon retoma o que Wilhelm lhe disse no dia anterior, e Wilhelm quase se afasta, envergonhado, culpado ou o que for que ele estava sentindo e não devia estar, mas Simon diz que está tudo bem, que “também gosta muito dele”, e então Wilhelm sorri, então a tensão se alivia, e eles podem curtir um ao outro. É só então que eles partem para um toque mais físico, para o contato sexual, mas “Young Royals” entrega isso com um cuidado tão perfeito que a cena é quase poética. A sequência seria perfeita e feliz, com as mãos de Simon passando pelas costas de Wilhelm, o Wilhelm descobrindo o corpo de Simon, com a mão e com a boca, se não fosse pelo August do lado de fora, descobrindo tudo pela janela. Fico angustiado só de pensar o que ele vai fazer com essa informação e, pior, com esse vídeo. Não sei se Wilhelm e Simon voltam a ter um momento de paz e felicidade como esse tão cedo.

Mas quem sabe um dia?

 

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