O fim da Barraca do Beijo.
O que eu gosto em
“A Barraca do Beijo” é algo que faz com
que muitas vezes as pessoas não gostem do filme:
o fato de os personagens serem bastante humanos. Pego o Lee como exemplo,
quando algumas pessoas criticam algumas atitudes dele em relação a Elle, e eu
acho que às vezes ela pode, sim, ser problemática, mas isso não quer dizer que
a amizade deles não seja verdadeira e não seja
linda – eu adoro o Lee, e adoro a amizade dele com Elle. De modo
geral, os personagens de
“A Barraca do
Beijo” são assim: cheios de falhas, com ocasionais comportamentos tóxicos,
mas são como a gente…
pessoas que cometem
erros, por mais que estejamos tentando fazer o nosso melhor. Dito isso, eu
tenho três coisas a dizer sobre esse terceiro filme: a) eu adoro o Lee; b) eu
odeio o Noah; e c) eu gostei do filme – e talvez seja uma das poucas pessoas a
terem gostado.
Na verdade, desde o lançamento do
filme eu tenho acompanhado na internet, tentando ao máximo fugir de
spoilers, que
quase ninguém gostou do filme – talvez isso tenha baixado tanto as
minhas expectativas e tenha feito com que eu gostasse mais dele, não sei. Mas o
filme traz bons momentos entre Lee e Elle, especialmente na primeira parte,
além de alguns momentos emocionantes na despedida da casa da praia e quando
Elle decide tomar umas decisões que têm mais a ver com ela do que com Noah ou
Lee…
como ela devia ter feito desde o
começo. É bom ver que a personagem teve um pouco de amadurecimento antes do
encerramento da trilogia e fez algo inteiramente por ela, e o que eu realmente
não gostei no filme foi daquele
“epílogo” de seis anos depois que eu achei desnecessário, ainda mais se estava
ali só para
sugerir que Elle e Noah
ficaram juntos.
Não queria que eles ficassem juntos.
O filme começa no início das
últimas férias de verão antes da faculdade – Elle precisa escolher entre
Harvard e Berkeley e cuidar da casa na praia da família de Noah até que ela
seja vendida. É um lugar cheio de memórias que os pais de Lee e Noah estão
pensando em vender, mesmo que todos os jovens sejam contra, e eles acabam se
voluntariando para cuidar da casa e ajudar na venda, o que lhes garante um bom
tempo naquela
maravilhosa casa na
praia e ótimos momentos para fazer aquele
o
melhor verão de todos os tempos. Gosto muito de como a casa é repleta de
memórias e essas memórias são evocadas constantemente, e de como existe muito
da amizade de Elle e Lee naquelas paredes – e grande parte do filme é sobre
isso. Começa quando eles vão limpar o quarto de jogos e reencontram uma lista
do que fazer no verão que fizeram na infância.
Como Elle é pressionada para
responder às faculdades para as quais foi aceita, ela acaba escolhendo Harvard,
o que deixa o Lee bem mal, então Elle desenterra essa lista na expectativa de
“compensar” para ele, e eu devo dizer que aqui, nessa primeira parte do filme,
tivemos algumas das cenas mais legais de todas… cenas simples como eles pulando
de um penhasco no mar, tomando raspadinhas até o cérebro congelar ou cenas
muito mais elaboradas como duas das minhas cenas favoritas no filme: a cena em
que eles competem no kart como os personagens do Mario Kart, o que eu achei
MARAVILHOSO DEMAIS, e a cena em que Lee e Elle lideram um
flash mob no restaurante – bem, eu sempre adoro cenas musicais. São
várias cenas muito legais de Elle e Lee, embora em algum momento Elle já esteja
exausta e Lee não quer abrir mão de
nada.
O verão está sendo até que
bem divertido inicialmente, até que duas
pessoas reapareçam: Chloe e Marco. Não acho, sinceramente, que o problema sejam
Chloe ou Marco, mas a relação de Elle e Noah que
não está dando certo de jeito nenhum… Noah acaba sendo um tremendo
de um babaca, como já sabia que ele era desde o segundo filme, e eu acho bem
difícil
torcer por ele quando ele age
como um babaca continuamente, como naquela cena do Mario Kart, por exemplo.
Custava tanto assim ter colocado a
fantasia?! Noah é bem possessivo, bem escroto e, infelizmente, Elle é bem
submissa e parece não enxergar o tipo de relação tóxica em que está, porque
tudo o que o Noah faz continuamente é fazê-la sofrer, depois ele vai lá e
prepara um grande “pedido de desculpas” que só dura até ele agir como um babaca
novamente.
Um ciclo eterno.
O filme abandonou qualquer
possibilidade construída durante
“A
Barraca do Beijo 2” de que Elle ficasse com Marco – mas ainda acho que o
Marco acaba sendo uma pessoa muito mais legal que o Noah. Talvez não para
sempre, porque é mais fácil ser legal quando você está
tentando conquistar uma pessoa, eu acho, e era o que ele estava
fazendo. Mas ele esteve presente em momentos especiais para Elle dos quais Noah
se recusou a participar, e ele se mostrou bastante a apoiá-la… eu gostei das
cenas em que eles conversaram, embora Elle já não tivesse mais nenhuma dúvida
sobre com quem queria ficar, até porque aquela desconfiança toda contra a Chloe
já tinha desaparecido. De todo modo, o filme acrescenta uma briga durante o
vôlei em que Marco dá um soco em Noah meio que para convencer o público de que
“o Marco não é para a Elle”.
Mas as atitudes babacas do Noah parecem ser esquecidas… ele também
foi bem babaca.
(Na verdade, ele mereceu
aquele soco)
Eventualmente, Marco precisa se
afastar quando percebe que
estragou tudo,
Noah termina com Elle ao descobrir que ela também já tinha sido aprovada em
Berkeley, para que ela “tivesse a liberdade de escolher para que faculdade ir”,
e as coisas com Lee também não andam lá tão bem porque ela falta a uma dança no
lugar deles, por exemplo, e ele a
acusa de estar sendo egoísta quando
tudo
o que ela fez o verão todo foi tentar fazer as pessoas felizes. Muito foi
cobrado de Elle durante
o filme todo,
e, em algum momento, foi mesmo sufocante ver como
todo mundo parecia esperar algo dela, então foi bom que ela tivesse
algumas brigas que parecem a ter finalmente
libertado
– pela primeira vez, ela pode tomar uma decisão por conta própria: sua escolha
passa a ser sobre ela e seu futuro, não sobre “ficar com Noah” ou “ficar com
Lee".
Gosto de como a mãe de Noah e
Lee, que é a mulher que durante anos foi a figura materna de Elle também,
desempenha um papel bonito nisso tudo e conversa com ela falando sobre como ela
falava de ir a Harvard sem falar sobre ela mesma, sobre suas intenções, seus
sonhos, suas paixões… e quando Elle pensa sobre isso, ela percebe que ela não
quer ir nem para Harvard nem para Berkeley, no fim das contas:
ela vai tentar uma vaga na USC, onde talvez
ela possa ser designer de jogos. Gostei muito de ver essa Elle um pouquinho
mais decidida no fim do filme, mesmo que ainda estivesse
de coração partido por causa do Noah, e gostei de vê-la ligar para
Lee para contar tudo para ele, e ele compartilha de sua alegria, como a Regra
Nº 18 pede –
como toda verdadeira amizade
pede: ficar feliz pelas conquistas dos seus amigos. Então, Elle vai para a
faculdade.
Até aqui, eu tinha adorado o
filme… e eu acho que o final poderia ter sido esse.
Era um final realista, e deixava
brecha para qualquer mente sonhadora que esperava que, sei lá, “Elle e Noah se
encontrassem depois da faculdade” (certamente eu não era essa pessoa).
Infelizmente, retornamos para
últimos minutos desnecessários que se passam
seis anos depois de toda a ação que acompanhamos no restante do
filme. Descobrimos um pouco do que aconteceu nesse tempo, vemos Elle e Lee se
reencontrarem e ela fala sobre como eles mudaram, mas a amizade deles
não e é
como se o tempo não tivesse passado (amizade de verdade é assim!),
mas então
o Noah também aparece – não
quero nem comentar muito sobre isso, mas é deprimente que Elle olhe para o Noah
depois de
seis anos com aqueles
mesmos olhos apaixonados e que o filme sugira que eles terminam juntos, porque
seis anos são mais do que o suficiente para
que uma pessoa siga em frente, mas a impressão é que ela passou esses seis
anos esperando por ele… por que não podia ser um fim mais aberto?
Por que Elle não podia
simplesmente estar sozinha, bem-sucedida e feliz?!
Para a minha reviews de “A Barraca do Beijo”, clique
aqui.
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