Heads will roll.
Baseado no
conto
“The Legend of Sleepy Hollow”,
de Washington Irving e publicado em 1820,
“A
Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” é uma adaptação muito boa de um dos
clássicos da literatura de língua inglesa. O filme de 1999, que conta com 69%
de aprovação no Rotten Tomatoes, é uma obra clássica de Tim Burton – um visual
sombrio e exagerado característico do diretor, em um filme em que as cores
escuras predominam, a não ser quando se quer dar ênfase ao sangue jorrando das
cabeças que rolam…
algo muito similar ao
que eu já comentei em uma review sobre “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da
Rua Fleet”, outro filme do diretor protagonizado por Johnny Depp, alguns
anos mais tarde. A história de
“A Lenda
do Cavaleiro Sem Cabeça” é considerada
um
clássico do terror, mas o filme acaba se destacando, principalmente, por
seu delicioso tom de mistério.
A história
começa quando Ichabod Crane, um policial de Nova York, é chamado à cidadezinha
de Sleepy Hollow para investigar mortes recentes na região:
pessoas que estão aparecendo decapitadas.
Todos parecem acreditar firmemente que se trata do lendário Cavaleiro Sem
Cabeça, mas, como um homem movido pela razão e pela ciência, Ichabod Crane
tende a acreditar que existe alguma explicação para isso tudo… ele só precisa
descobrir qual é. Mesmo assim, os mistérios se sobrepõem e cada vez fica mais
difícil para Ichabod negar que
algo de
muito sinistro está de fato acontecendo – afinal de contas, as
circunstâncias das mortes são suspeitas, o ferimento resultante do abrupto
corte da cabeça tem suas peculiaridades, e os crimes não condizem com o que
Ichabod Crane está habituado a lidar em seu trabalho em Nova York…
…mas, como o
lembram, ele não está mais em Nova York.
Eu gostei
bastante do estilo do filme, embora acredite que o filme não se sai realmente
bem como
um filme de terror. Tim
Burton é excelente em criar uma atmosfera sombria e até doentia, mas ele é
exagerado a ponto de ser cômico em algumas ocasiões, então não conseguimos
olhar para o filme com olhos de terror – o que não quer dizer que o filme não
tenha as suas qualidades. Como sempre, Tim Burton cria uma atmosfera sinistra e
situações bizarras, e era sempre eletrizante ver o Cavaleiro Sem Cabeça saindo
cavalgando por Sleepy Hollow, atrás de quem quer que fosse a sua próxima
vítima…
e, ao longo do filme, algumas
cabeças rolam. E, em determinado momento, uma morte acontece
na frente de Ichabod Crane, o que quer
dizer que ele não pode continuar
negando
que o Cavaleiro Sem Cabeça, sobre o qual
todos
estão falando, realmente existe.
Mesmo assim,
ele não acha que o tal Cavaleiro esteja matando sem um critério, sem um padrão
– e é isso o que ele investiga cuidadosamente ao longo da trama do filme,
descobrindo que o Cavaleiro Sem Cabeça está agindo a mando de alguém
de carne e osso, alguém que roubou o seu
crânio de seu túmulo, e Ichabod busca uma conexão entre as vítimas para que
possa entender quem está por trás desses assassinatos no fim das contas. A
história cresce pendendo tanto para um lado mais sombrio e místico, como quando
Ichabod descobre
a árvore que sangra e
esconde as cabeças dos mortos, como uma conexão entre os dois mundos,
quanto para um lado mais realístico que tem tudo a ver com uma herança e um
testamento que foi alterado recentemente, e que pode apontar para o pai de
Katrina Van Tassel, sua amada, como o possível mandante dos crimes do Cavaleiro
Sem Cabeça.
No fim,
Ichabod Crane precisa lidar muito mais com a ganância e o egoísmo do ser humano
do que com uma figura mística e poderosa que emerge de outro mundo para decepar
cabeças no mundo dos vivos. O clímax de
“A
Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” é um momento exagerado e intenso que,
preciso dizer,
eu adorei – sabendo,
finalmente, quem está por trás de tudo, Ichabod precisa correr contra o tempo
para salvar Katrina e devolver ao Cavaleiro Sem Cabeça o seu crânio e selá-lo
para sempre
do lado de lá da passagem.
De quebra, ele consegue se livrar de quem estava por trás dos assassinatos em
uma cena dramática e interessante (que também me lembra o fim de
“Sweeney Todd”), e levar Katrina para
viver ao seu lado em Nova York, enquanto eles presenciam o início de um novo
século e de uma nova vida… não é meu filme favorito de Tim Burton, mas é um
filme muito bom!
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